Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Conexão com Deus - a Religião é isto!

A palavra religião vem do termo latino "Re-Ligare", que significa "religação". Trata-se aqui  da “abertura” do ser humano para o divino,  onde o homem está buscando a restabelecer o  contato com Deus.  Os jovens de hoje diriam:  a religião é “conectar-se” novamente com Deus. Religar o homem a Deus, aí está a razão pela qual a religião existe.

Assim como  a arte, a filosofia e a ciência, também a religião faz parte  inseparável  da cultura humana. Ela existe – e podemos dizer isso com toda a certeza - desde que  existe o ser humano,  e é a expressão da sua insaciável sede da felicidade total,  definitiva e eterna.


“As religiões mundiais foram os pilares das culturas do mundo, de forma que, se as eliminamos, os arcos caem e o edifício se derruba”.
(Christopher Dawson, o filósofo da história)

Não faltou na história da humanidade momentos, em que um ou outro filósofo ou pensador  ateísta , ou algumas correntes filosóficas que negam  a existência de Deus,  proclamaram a chegada do fim da religião e da fé.  Também em nossos tempos existem  vozes parecidas  e tem gente travando combate feroz contra  a fé  em Deus e a religião.  Mas o que vemos  é  que, apesar de todo o progresso e o avanço científico, o fenômeno religioso sobrevive e cresce, desafiando previsões que anunciavam  seu fim.  A grande maioria da humanidade professa alguma crença religiosa direta ou indiretamente e a religião continua presente no seu seio. E mais, continua  promovendo  diversas  campanhas,  inspirando vários movimentos humanos e mantendo suas posições e status político e social. 

Como sentimento consciente de dependência ou submissão que liga a criatura humana ao Criador, a religião certamente só deixará de existir, quando o ”coração do homem repousar em Deus” – segundo as palavras de Santo Agostinho.
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O texto abaixo fala assim sobre a religião: 


(3)

(...) Existe uma expressão popular: “O homem tem que ter a religião”. Se pensarmos um pouco sobre isso, veremos que com o conceito da religião são ligadas as mais diversas imaginações. Para uns a religião é uma questão de emoções, de uma exaltação interior, que principalmente se manifesta nos momentos festivos. Para outros, significa ela um conjunto de mandamentos e proibições. Para muitos, a  religião consiste em confessar uma doutrina. Para outros ainda, significa um modelo de vida baseado numa relação de amor e caridade em relação ao próximo, onde  não deve se fazer nenhum mal para ninguém. Tudo isso não é, no entanto, o mais essencial. Na religião, em princípio, no primeiro lugar não se trata do ser humano, mas de Deus. A religião é um livre e consciente ‘dirigir-se’ do ser humano para Deus.
 
As religiões existem desde o início da humanidade. Já o antigo escritor romano Cícero  afirmava que não existe nenhuma nação sem religião. Esta opinião ainda hoje é verdadeira.

Teve momentos, no passado, que se afirmava que nas ilhas  distantes existissem as tribos sem noção de conceito de Deus e sem religião.  Depois se soube, no entanto, que essas tribos nativos tinham  uma religião, apenas era muito secreta e oculta. Somente mais tarde ainda, quando os  pesquisadores europeus conseguiram conquistar a confiança dessas  tribos, aqueles homens  revelaram-lhes  as suas mais íntimas e sagradas idéias que tinham sobre Deus, e  também os detalhes dos ritos e cerimônias.

Até mesmo as perseguições não conseguiram nunca destruir a religião. Mesmo uma pessoa a mais superficial sempre se depara com a pergunta sobre Deus. O fato de muita gente, nas últimas décadas, abandonou o cristianismo foi provocado  pela busca de uma religião substituta, provando com isso que o homem não se viu livre de Deus. Até mesmo os adversários da religião freqüentemente revelam com a sua postura agressiva, que intimamente não resolveram ainda “isto” o que  eles combatem.

Como podemos explicar o fato que a religião se espalha universalmente? Fica claro que a necessidade de se entender com Deus tem a sua base na natureza humana. No íntimo da sua vida o ser humano tem esse sentimento que de Deus saiu e a Ele voltará.  As  palavras de Santo Agostinho são muito atuais: “ É inquieto o meu coração, enquanto não repousar em Ti, meu Senhor”.  Como os planetas circulam em  volta do sol, assim a nossa razão movimenta-se  em volta do seu centro – em volta de Deus. Se  tirarmos esse centro, tudo vai se dissipar, muitas questões  continuarão sendo  enigma e  dúvidas.

O fato de muitas religiões

Se, por um lado, a consciência da existência de Deus era e continua sendo  a mesma e uniforme nos seres humanos, por outro,  as concepções sobre Deus e as formas de culto a Deus são muito diversas. São tão diversas, como diferentes são os homens e as suas capacidades, o grau de instrução, nacionalidade e meio cultural. Sim, porque apesar de se esforçar ao máximo a mente humana  não tem condições para ter uma imagem nítida de Deus. Nenhuma das suas concepções pode ser fiel retrato da plena realidade de Deus. Isso explica o porque da existência de muitas e diferentes  religiões.

Mesmo se as manifestações das religiões possam ser as mais divergentes, todas elas tem em comum a consciência de que o homem deve se sempre dirigir a Deus e se esforçar para adorá-lo de maneira digna, conduzindo a sua vida de acordo com esses princípios.

É por isso que o Concílio Vaticano II afirmou que a Igreja “não rejeita nada daquilo, que nessas religiões é verdadeiro e santo”. (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.47-49)*

Continua...

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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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