Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

É possível provar a existência de Deus?


Para mim, como para muitas outras pessoas neste mundo, não passa pela cabeça que alguém possa negar a existência de Deus. No entanto, há pessoas que negam. Tem gente que não consegue  nem entender e nem aceitar esta possibilidade, então afirma que não acredita na existência de Deus. O processo é muito mais complicado como parece, porque uma opinião e/ou atitude deste tipo nem sempre só depende da pessoa.  E, às vezes, ela nem tem culpa que não consegue “chegar” a Deus, crer  n’Ele.  Pensemos, por exemplo, no ambiente em que alguém foi educado, nos contextos culturais, nas influências e modismos com os quais alguém pode se esbarrar na vida.

Será que podemos provar a existência de Deus? Para uns – sim. Para outros – não. Para uns basta olhar a natureza, contemplar a vida e deduzir que isso prova a existência do autor de tudo isso, a quem chamamos de Deus, Pai, Criador.  Até mesmo  o processo de toda a evolução (que a Ciência pode e tem obrigação de investigar) e de toda a história do universo, do mundo e da humanidade pode ter como autor o Deus Criador!  Para outros, que não conseguem ver nada além da matéria e os seus efeitos – isso não prova nada: Deus não existe. A vida é temporária, efeito do “acaso” e da evolução – e só. Termina com a morte.

Não podemos provar para alguém que não quer que Deus existe, assim como ninguém pode negar as provas que bastam para comprovar esse fato para mim.
Então, é possível provar a existência de Deus?

O texto abaixo nos ajuda a pensar mais sobre essa questão.
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(1)

(...) Logo, no começo respondemos: não se pode provar no sentido que encontramos nas ciências matemáticas-naturais. As provas pertencem ao mundo das coisas, Deus, porém, não é coisa passível a manipulação. Deus é ‘TU’ pessoal. Mesmo os importantes problemas da vida humana não podem ser resolvidos como se resolve um quebra-cabeça; sempre  ainda fica algum ‘se’, ‘mas’.  Quanto pequeno, portanto,  é o nosso conhecimento sobre Deus, adquirido através das provas de existência de Deus.  No  entanto, existe a  ‘experiência de Deus’ do dia-a-dia do ser humano. Quando as ‘provas’ são direcionadas somente à razão, a ‘experiência’ envolve o ser humano inteiro, com todas as suas potencialidades. Não se pode nem criar e nem anular uma experiência desse tipo somente com a razão, porque atrás dela encontra-se a sabedoria da vida inteira.

Vivemos no mundo de progresso cientifico e tecnológico, e sentimo-nos  orgulhosos disso. Porém, a era da técnica imprimiu a sua marca também no ser humano. O homem se tornou concreto, sóbrio, preciso. Ele, no entanto,  agora também facilmente pensa que a realidade somente é o que pode ser  demonstrado experimentalmente; o que não se pode medir e pesar – não é realidade.

Ora,  somente com  esses critérios as ciências naturais, a técnica e tecnologia não têm condições para estudar tudo. Elas abordam somente uma parte da realidade – o mundo material e experimental; a vida, porém, tem um leque muito maior. E nem precisa apontar  os temas como  o sentido da vida e  o último destino  do ser humano.  Porventura,  pode-se colocar dentro das fórmulas químico-físicas  os valores humanos, como amor, fidelidade, sinceridade, beleza e senso de responsabilidade? O físico pode explicar o som das palavras de uma pessoa, usando aparelhos e ferramentas de laboratório, e conhecer a ‘mecânica’ das vibrações das cordas vocais, mais jamais consegue  decifrar o sentido dessas mesmas palavras.

 Tanto mais Deus encontra-se fora do alcance dos métodos das ciências naturais. Não se pode fazer com ele o mesmo que se faz com qualquer outro material experimental no laboratório.    A sua existência não pode ser provada nem pela física, nem pelas análises químicas. No entanto, Deus não se encontra do outro lado de qualquer experiência humana, porque podemos deduzir sobre a sua existência  baseando-nos em reflexão lógica. Não há necessidade de  falar, por causa disso, que a ciência e a fé são coisas opostas, quando, obviamente, as duas respeitam as suas fronteiras. M. Planck, autor da teoria quântica, disse: “ (..) Aonde for e onde alcançamos com o nosso olhar, nunca encontraremos oposição entre a ciência e a religião, e sim, ao contrário, nos pontos essenciais encontramos concordância. (...) Para aquele que acredita Deus  surge já no início, para o físico – no final de todas as investigações.”.

Apesar do que foi dito acima,  devemos dizer que não se pode com  isso ter a resposta pronta, necessária  e inevitável – DEUS.  Se fosse assim, certamente não existiriam ateístas. Deus não se impõe assim, que não se possa rejeitá-lo. Exatamente isso constitui “fraqueza de Deus”, que  ele mesmo arriscou  pela liberdade humana.  Se Deus fosse totalmente compreensível para o homem, este não poderia negá-lo.  Mas, mesmo apesar disso, o ser humano pode alcançar um grau elevado de conhecimento em relação a Deus. Esse  conhecimento, no entanto,  não se realiza sem a participação do homem. (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.29-30)*

Continua ...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.
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