Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O ser humano em busca de Deus


Fico pensando: a humanidade é o coletivo de todos os seres humanos. Fazemos parte dela. Cada um de nós, tendo a sua individualidade,  olha para a sua vida e a sua existência, observa também os seus semelhantes e o mundo que o cerca, do seu ponto de vista (como se fosse um ‘cientista’ dentro do seu próprio laboratório particular) e tenta entender a si mesmo e  o  que tem ao redor. Acredito que justamente ali, no seu íntimo, cada um de nós realiza – conscientemente ou não – essas buscas, pesquisas e descobertas para responder às perguntas que nos norteiam. Ali também tentamos verificar a ‘validade’ das outras opiniões e doutrinas, dando ou não a nossa aprovação. Finalmente, na  medida possível, formamos as nossas opiniões e conceitos, sempre prontos para ‘voltar’ ao nosso ‘laboratório’, se for necessário.

É deste jeito que eu imagino a humanidade  procurando as ‘pegadas’ de Deus e buscando a sua presença: todos os homens e mulheres fazem isso, no seu íntimo. Agora, como isso acontece, que tipo de ‘cientistas’ somos nós, no nosso ‘laboratório’, a que resultados chegamos – isso depende da nossa inteligência, da nossa capacidade e da nossa aptidão. E, já que somos criaturas, os nossos ‘resultados’ dessa busca de Deus também, às vezes, são medíocres, infelizmente. Isso acontece quando o homem se enche de soberba, querendo se passar por Deus, ou ocupar o seu lugar. Assim é desde o início da humanidade: o ser humano quer “ser como deuses, conhecedor do bem e do mal”. (Gen3, 5).
E nós, quais são as nossas atitudes nesta busca? Estamos conseguindo encontrar Deus?

Deus está em toda a parte, mas o homem somente o encontra onde o busca. 
(Textos Judaicos)
Deus é puríssima essência. Para os que têm fé nele, Deus simplesmente é. 
(Mahatma Gandhi)
Se você não acorda cedo, nunca conseguirá ver o sol nascendo. Se você não reza, embora Deus esteja sempre perto, você nunca conseguirá notar sua presença.
(Paulo Coelho)


O texto abaixo aprofunda esta questão:
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(...) Sem abordar ainda a revelação cristã,  vamos primeiramente tratar aqui como o ser humano pode experimentar Deus em sua vida e no mundo.
Para isso, o homem deve mobilizar todas as suas forças:  a razão, a vontade e o sentimento.  Trata-se aqui da decisão fundamental, da qual depende toda a nossa vida – e as decisões resultam da vontade.

O filósofo E. Bloch afirma: “Existe um tipo de conhecimento, que só  é possível  alcançar se existir o interesse”. É preciso, portanto, estar pronto também para encontrar Deus.  Algumas pessoas, no entanto, têm interesse justamente para Deus não existir. E por quê? – Porque  reconhecer a existência de Deus acarreta certas conseqüências. Poderia significar, por exemplo, a necessidade de mudar toda uma vida em curso, o que para muitas pessoas seria uma exigência indesejável. Muita gente, conscientemente ou inconscientemente, tenta proteger-se contra Deus,  tanto os que acreditam, como os ateus.

O homem, então, precisa ter o interesse em encontrar Deus. Além disso, também, precisa demonstrar a prontidão para amar e confiar.  Porque quem ama, enxerga mais - chega a conhecer com mais clareza.  O amor e o conhecimento se ajudam mutuamente.  É lógico que não é possível obrigar alguém a amar. O amor só é possível como o resultado da decisão livre. É por este motivo que até mesmo Deus pode ficar “despercebido” para o homem.

Existem numerosas barreiras que nos obstruem o caminho que leva a Deus. Primeiramente levanta-as o próprio ser humano: quanto mais  se movimenta e roda em volta de si mesmo – tanto menos consegue ver o que está acontecendo bem  perto dele. A realidade estreita-se cada vez mais para ele, porque ele passa a julgar tudo em função da sua  utilidade.  Não são poucas pessoas que vêem o seu próximo unicamente como o seu concorrente: aquele que pode deixá-las no prejuízo. Elas não conseguem ver o conjunto da vida com bastante nitidez, porque no seu horizonte tem lugar apenas para os seus interesses pessoais. Uma pessoa assim pode também perder de vista o próprio Deus.  E o homem somente pode encontrar a Deus, quando para de pensar em si só, e quando procura a desvendar o que não entende.

Outras pessoas estão cansadas, sobrecarregadas e  oprimidas com o peso  da luta diária pela sobrevivência,  e por isso  não são capazes de tratar qualquer assunto à sério. No entanto, só alguém que vigia, pode encontrar Deus.

Enfim, existe ainda um grupo de homens  e mulheres exageradamente envolvidos no trabalho profissional. Eles não tem tempo absolutamente nenhum para pensar sobre as questões deste tipo. Na sua vida não tem lugar para Deus. A escritora francesa F. Sagan disse uma vez ao repórter: “Deus – nunca penso sobre Ele”.

Das posturas vitais citadas acima encontramos alguma coisa em cada um de nós. Valeria  a pena de nós nos livrarmos  disso.  Mais importante, talvez, seria deixar de lado as reflexões baseadas na teoria, e tomar a  coragem para  encarar diretamente essa “questão de Deus”. Conseguimos conhecer uma pessoa somente quando temos com ela o contato. Podemos experimentar a presença de Deus – quando passamos nos relacionar com Ele. (...)


(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.30-31)*

 Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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