Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Podemos saber tudo sobre Deus?

É mais uma questão que nem sempre fica bem esclarecida para nós. Principalmente, porque poucas vezes nos debruçamos sobre ela para fazer uma boa reflexão e procurar uma resposta suficiente.  E depois, quem crê em Deus tem, muitas vezes, uma sensação de que  ‘sabe’ muito (ou ‘quase’ tudo) sobre Ele;  e quem não acredita – esse  ou  não quer saber, ou  sustenta que é impossível saber qualquer coisa sobre Deus, e – então – é melhor nem ‘esquentar a cabeça’.

Podemos saber tudo sobre Deus?  É obvio que qualquer pessoa vai responder que não, que não é possível.  Nunca poderemos saber tudo sobre Deus. E menos ainda saber como Deus é. Somos criaturas, mesmo que as mais inteligentes neste mundo – somos criaturas e limitadas. Quem pensa que podemos saber bastante – é muito iludido. Podemos saber sobre Deus alguma coisa:  “sentir” a sua presença, descobrir os seus “rastros”  no universo, na natureza e nas condições da nossa existência humana - na medida em que os nosso sentidos  e a razão nos permitem.   Podemos saber bastante sobre a vontade e o Projeto de Deus, porque a nossa leitura  do mundo que nos cerca e das nossas ânsias  pode ser feita, agora,  à luz da revelação que  veio através de Jesus Cristo. Para nós, cristãos, a Encarnação do Filho de Deus, Jesus Cristo, que foi morto na cruz e ressuscitou,  é fundamental  e diz respeito a toda a humanidade.  Ele veio  a nós e falou a “nossa”  língua, nos deu mais informações e detalhes, o suficiente para ter a certeza de que precisamos  ‘caminhar’ nesta  vida com Deus, realizando a sua vontade e o seu projeto, e um dia teremos com Ele um encontro definitivo.  E isso é tudo que sabemos sobre a vontade de Deus,  através dos nossos conceitos humanos  (não temos outros). No entanto, não sabemos nada (ou quase nada) sobre como Deus é - não Deus da nossa imaginação e dos nossos conceitos, mas Deus Verdadeiro.  Por isso, a única atitude correta do ser humano diante de Deus deveria ser a humildade.

Uma vez Jesus disse:  “A Deus ninguém nunca viu. O Filho Unigênito que está no seio do Pai foi quem no-lo deu a conhecer” (Jo 1,18).   Jesus nos revelou quem é  Deus   por meio da sua humanidade e nos fala do Pai e do Espírito Santo (Jesus  nos fala  como quem vive entre nós e fala nossa língua). Só assim foi possível  a comunicação. O que importa para nós, na verdade, é saber a outra coisa sobre a qual  o apóstolo João  refletira muito, e depois deixou por escrito na sua carta:   “A caridade procede de Deus e quem ama nasce de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor” (1 Jo 4, 7b-8).  E como conseqüência disso é justamente um novo sentido da vida humana:  “Considerai com que amor nos  amou o Pai, para sermos chamados filhos de Deus. E de fato o somos” (1 Jo 3,1).

Precisamos, às vezes, “parar”  talvez um pouco mais,  para pensar sobre isso...                          É fundamental para a nossa vida.
WCejnog

O texto embaixo ajuda-nos na reflexão sobre este tema:



(7)

(...) Podemos saber tudo sobre Deus?  De jeito nenhum. Simplesmente tomamos conhecimento que alguém como Ele deve existir, mas não é possível  compreendê-lo. Deus supera toda a imaginação humana. Sim, é mais fácil dizer o que Ele não é, do que o que é.  Por isso, hoje,  alguns sugerem para não falar nada sobre Ele. Mas, não seria isso um grande  desentendimento? Não significaria reconhecê-lo sem importância? Nós, humanos, estamos interessados exatamente em tudo o que ainda é desconhecido ou pouco explorado.Ou devemos nos ocupar somente com as verdades banais, sem significado?

Pensando bem, quando falamos de Deus deveríamos ‘perder a voz’. Sabia disso a velha teologia,  quando dizia que sobre Deus podemos formular somente opiniões negativas: tudo o que é humano e imperfeito tem que ser estranho para Ele. Assim, chegamos a dizer:  Deus é ilimitado, infinito, inconcebível, insondável. – Por outro lado, essa teologia mostrou sobre Deus  tudo que para nós parece perfeito  e no grau superlativo: Deus é todo-poderoso, todo-ciente, todo-presente...   Aqui se deduz sobre o Criador pelas criaturas, porque Ele próprio há de possuir em perfeição tudo isso, o que nos foi dado.

Mas,  será que isso não é apenas  uma tentativa de falar de Deus através das imaginações do ser humano?  Bem, isso só  tem valor quando temos consciência de que as nossas especulações e conclusões sobre Deus são insuficientes. É verdade que aplicamos aqui os conceitos humanos, mas, infelizmente, não dispomos de outros. E mais, nisso tudo  temos que saber que todas as nossas idéias sobre Deus  contêm mais dissimilaridade do que similaridade que pode existir entre Deus e homem (analogia). Apesar de tudo, essas opiniões não são falsas, porque apontam na direção certa, mesmo se não abrangem toda a realidade divina. Deus sempre ainda continuará diferente daquele que toda a nossa sabedoria humana poderia  imaginar. Ele continuará mistério insondável. Atrás de cada nome que lhe atribuimos, Deus ao mesmo tempo se manifesta e se esconde.

Por isso a Bíblia se serve, com simplicidade, de um número muito grande das mais impressionantes imagens para dizer sobre Deus algo, que nunca conseguiríamos conhecer com a nossa razão. Muitos desses quadros e imagens tem características humanas, por exemplo, quando disseram que Deus tem coração, que pensa sobre nós, que alguma coisa O entristece, que está irado, que cuida de nós, etc. Essas expressões, já de antemão, supõem que devem ser entendidos como mistério. Os autores bíblicos sabem que os conceitos e ideias desse tipo são apenas meios auxiliares. Eles apenas apontam para Deus, que continua em si e sempre será insondável.  Aqui não se trata, de jeito nenhum, da imagem infantil e ingênua de Deus. Trata-se aqui mais da expressão, conceitos  e ideias, que nos querem tornar Deus mais próximo. (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p.36-37)*

Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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