Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O chamado à fé. A fé em Jesus Cristo vivo.


Continuando a reflexão sobre Jesus Cristo, quero abordar a questão da fé.  Sem  a fé em Jesus Ressuscitado não haveria cristianismo. A fé torna-se indispensável e fundamental para o homem vivenciar um encontro pessoal com Cristo vivo.

É bom lembrarmos novamente que Jesus Cristo é o único que se diferencia totalmente de todos os outros líderes e fundadores de outras religiões que existem no mundo. Jesus é único que transcende a morte e promete o mesmo destino ao ser humano.  Nunca existiu alguém outro  igual a Jesus Cristo.  Somente Ele,  Deus que se tornou homem, foi morto  na cruz  e ressuscitou ao terceiro dia.  A morte não teve a última palavra. Jesus está vivo! 

A ressurreição de Cristo mostrou quem realmente Ele é: “Não temas, eu sou o primeiro e o ultimo, o vivente, estive morto, mas eis que vivo pelos séculos dos séculos.” (Ap 1, 17-18).       

Com isso, todos os que acreditam em Jesus Cristo não precisam ter medo da morte, porque podem confiar nas suas palavras que falam da vida eterna. A pessoa que se encontra com Jesus Cristo ressuscitado  passa a acreditar n’Ele profundamente.  Jesus que venceu a morte – Jesus vivo – assegura a vida eterna também para todos aqueles que acreditam n’Ele.

Jesus Cristo vivo, que venceu a morte, sai ao encontro do ser humano e faz surgir nele a fé. Ele sai ao encontro de cada um de nós. E mesmo quando não sabemos tudo sobre Ele e muita coisa ainda não conseguimos entender, podemos ter a certeza de que “Ele é o Senhor!” E nos resta fazer apenas um pedido: Senhor, aumentai a nossa fé!

Mas acreditar em Cristo não depende somente do ser humano.  Estamos diante dum mistério: ao homem cabe a procurar por Deus, abrir-se à verdade, “estar disponível” para o encontro, o que é necessário e indispensável, mas ainda não é  suficiente. A nossa fé só pode ser autêntica e mais profunda, se for dada por Deus, se for fortalecida por Ele. É o próprio Cristo que nos comunica essa fé.

Neste contexto cabe a nós, a cada um de nós pessoalmente, examinar a nossa fé cristã. Acreditamos mesmo nesse Jesus vivo, o mesmo que se deixa encontrar no Novo Testamento? Conseguimos  encontrá-lo?

Por que somente através da fé podemos saber mais sobre Jesus e entender melhor quem realmente Ele é?  Continuaremos refletir sobre isso.
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O texto abaixo traz mais detalhes :


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A fé em Jesus Cristo

A fé em Jesus Cristo constitui o ponto fundamental e principal do cristianismo. A virada que aconteceu na existência de Jesus torna-se também uma virada na existência do ser humano  que acredita.  A aparição de Jesus significa ao mesmo tempo o aparecimento da fé. A partir deste momento começou a pregação de fé em Jesus, daqui saíram os Evangelhos, daqui foi escrito todo o Novo Testamento. A partir deste momento “toda a causa de Jesus vai para frente” (Marxsen). Isso constitui um ponto nevrálgico do cristianismo vivo.

Por causa do fato da ressurreição acontece também a correção de muitas impressões e opiniões erradas que surgiram anteriormente  em relação a Jesus. A imagem torna-se cada vez mais completa. Como acontece com um desenhista talentoso, que  na frente de um público perplexo, de repente, com um último movimento de lápis, torna compreensível o conteúdo e a forma final do quadro, assim também acontece com um ser humano  que é chamado à fé, quando ele experimenta e mergulha nesse acontecimento máximo, isto é, quando olhando para a imagem de Jesus, vê que Deus brilha no rosto de Jesus Cristo: "Pois Deus, que disse: 'das trevas brilhe a luz', foi quem fez brilhar a luz em nossos corações para darmos a conhecer a ciência da glória de Deus na face de Jesus Cristo" (2 Cor 4,6).

Ao olharmos separadamente para os fragmentos estamos perdendo a nitidez, o pensamento se confunde, o sentimento fica perturbado, a vontade fica indecisa.  Porém, quando olhamos para a totalidade de Jesus, uma coisa perfeitamente combina com a outra, e a gente deseja expressar para Ele  um novo “sim”.  No entanto,  a fé em Jesus  é  dom  e nada  aqui  pode-se  forçar ou obrigar a acontecer;  não é a obra do ser humano, não vem “da carne nem osso nem sangue” (Mt 16,17). 

Jesus faz que o homem e a mulher creiam.  Isto é o primeiro dado e o primeiro fato.  É o próprio Jesus vivo quem nos encontra.  Ele é a  primeira causa da fé que desperta para a vida. (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 74-75)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Ressurreição de Jesus – uma questão decisiva. Por quê?


Jesus Cristo, este que se deixa encontrar no Novo Testamento, é um homem extraordinário e incomum e reivindica uma atenção total e exclusiva  de todos os seres humanos, da cada pessoa que O encontra.

Ele se manifesta aos homens através das suas palavras e atos. São as palavras maravilhosas e confiáveis que constituem a sua doutrina. São os sinais e atos extraordinários e poderosos que deixavam  todas as pessoas maravilhadas. Os sinais – milagres  serviam para  ilustrar, explicar e esclarecer as palavras que saíam da sua boca. As suas palavras, por sua vez, ajudam a interpretar o que os milagres deviam expressar. O maior de todos os milagres de Jesus foi a sua Ressurreição – o ponto máximo da fé cristã. Por que esse fato é tão importante?

Aliás, estamos atualmente no tempo de Quaresma (Calendário Litúrgico). É o tempo de preparação para a Páscoa. Imagino que a reflexão sobre a ressurreição de Jesus Cristo possa servir a todos nós como uma oportunidade para repensarmos a nossa fé e pedirmos a Deus que  Ele a torne mais forte e sólida.

Afinal, por que a Ressurreição de Jesus é tão importante? Porque demonstra o imenso poder de Deus, o poder de ressuscitar os mortos. É Deus, e só Ele, que tem absoluta soberania sobre a morte. A ressurreição de Jesus  é um testemunho da ressurreição de seres humanos, que é uma doutrina básica da fé Cristã.  Todas as outras religiões foram fundadas por homens e profetas cuja vida terrena terminou no túmulo. O Cristianismo, no entanto, possui um fundador que transcende a morte e promete que os seus seguidores farão o mesmo. Como Cristãos, conforta-nos o fato de que Deus se tornou homem, morreu pelos nossos pecados, foi morto e ressuscitou ao terceiro dia.  O túmulo não podia segurá-lO para sempre. A morte não teve a última palavra. Jesus está vivo!  Todas as pessoas que acreditam n’Ele não precisam ter medo da morte, porque serão ressuscitadas à vida eterna. Essa é a grande diferença! Esta é a sólida esperança que o cristianismo traz ao todo ser humano!  E é por isso também que é muito importante respondermos ao chamado de Deus, que nos convida à fé!

Mas novas perguntas surgem diante de cada um de nós:  acreditamos mesmo em Jesus Ressuscitado? E se acreditamos – como é esta nossa fé? É sobre estas perguntas será a próxima postagem.

O texto abaixo fala mais e de modo fantástico do tema da ressurreição de Jesus. Não podemos deixar de ler.
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Ressurreição de Jesus   

A ressurreição de Jesus é um acontecimento real, um fato e, como tal, constitui a base da fé e da pregação cristã através dos séculos.  Se não fosse ela -  a nossa fé seria em vão (1 Cor 15,14), seria vã também toda a pregação de Jesus. O próprio Jesus seria, nesse caso, morto e transformado em pó.

O testemunho mais velho, histórico sobre a ressurreição encontramos em 1Cor 15, 3 s.  Foi escrito em volta do ano 56/57 depois de Cristo. Neste fragmento de sua carta São Paulo apresenta  o que ele mesmo recebeu e assumiu. A fé em Jesus ressuscitado certamente devia ter sido apresentada desde o início em alguma forma primitiva de fé, e constituía algo inicial, uma confissão da fé pré – cristã .  São Paulo escreve aqui:

“Transmiti para vocês, no início, isso o que eu mesmo recebi: que Cristo morreu – de acordo com a Lei – pelos nossos pecados, que foi sepultado, que ressuscitou em terceiro dias conforme as Escrituras;  e que apareceu ao Céfas e depois aos Doze, depois apareceu a mais de 500 irmãos simultaneamente, a maioria deles está viva até agora, alguns já morreram. Depois apareceu a Tiago, depois a todos os apóstolos. Enfim também, depois de todos, apareceu também a mim como a um feto abortado”.

Quando se trata de tempo, não é possível afirmar mais de perto quando isso ocorreu. Os relatos do Evangelho foram redigidos depois.

Porém, todas as informações sobre a ressurreição anunciam o Senhor que está presente, que se mostrou vivo e permanecerá assim mesmo que o novo modo de sua vida não é nada fácil para ser entendido. Apesar da decepção e derrota de todas as expectativas dos seus discípulos e pessoas mais próximas, como se fosse o centro desta decepção e descrença,  Jesus vem a eles pela porta fechada por causa do medo mais vivo que antes: come, bebe e conversa com eles e, depois, quando eles o reconhecem e ficam cheios de alegria, Ele desaparece diante dos seus olhos.

Novamente encontra-os, permite que O reconheçam. Quando querem desistir e fugir (discípulos de Emaús) Ele aparece de repente atrás deles, os alcança, ultrapassa, fica com eles, mas de novo desaparece. Quando O querem  prender, Ele escapa. Enfim, a nuvem O esconde diante dos seus olhares dirigidos na sua direção.  Dos seus discípulos e amigos  exige-se  que  apostem na fé, que permaneçam confiantes,  que vão pelo mundo inteiro para anunciar este Jesus vivo, baseando-se no fato de que Ele – apesar de ser invisível – permanecerá com eles sempre e que de novo voltará.

Então, Jesus os mantém tensos. Sopra neles a força da vida, transforma, faz eles tão vivos como Ele é vivo, e fica cuidando para que não percam o espírito quando ficarem sozinhos e quando trabalharem para que a Boa Nova do Reino de Deus,  que  se aproxima, fosse anunciada a todas as pessoas. 

Isto constitui a essência de diversos relatos dos acontecimentos da Noite Pascal,  que parecem – a primeira vista -  contraditórios,  porque em função  desse  ou doutro olhar, acentuam mais isso ou aquilo, ou tiram estas ou aquelas  conclusões deste acontecimento. Por fim, no entanto, todos esses relatos combinam entre si. Não querem  se ocupar com as coisas que antecederam a ressurreição, mas unicamente pregar o Ressuscitado, que vive e vivifica.

Para entender gradativamente o que aconteceu depois do terceiro dia, isto é, em tão curto tempo do momento da morte de Jesus,  as testemunhas precisaram pelo menos 40 ou 50  dias. Um tempo assim é necessário ao mundo, e a cada época, para explicar a todos os homens e mulheres este acontecimento e chamá-los  e convidá-los, para crerem naquilo que aconteceu.

Apresentamos aqui, rapidamente, os mais importantes momentos desta notícia sobre Jesus vivo.

Jesus morreu e foi sepultado. Deus, porém, O ressuscitou, e Ele permite que as pessoas O vejam, aparece. Os discípulos acreditam nele. Falam isso aos outros. Assim a notícia de que Jesus foi “elevado e transformado” torna-se ouvida, e – graças ao gradativo esclarecimento da fé – assume-se esta fé para que ela, como “esclarecimento” quem é Jesus  e o que Ele significa,  fosse transmitida para frente e anunciada a todos os demais.  O acontecimento verdadeiro, o fato real, o qual foi no início testemunhado por poucos, torna-se  testemunho expresso através das palavras,  que recebem cada vez maior significado. Esse fato é entendido como sinal e assim é apresentado aos outros a fim de  sensibilizá-los em relação a Jesus e mostrar  que é possível experimentar a fé.

O ponto mais alto na vida de Jesus, interpretado às vezes como um momento de crise, é ao mesmo tempo o ponto extremo de existência humana, o ponto da crise da fé. Aqui tudo se decide.

Jesus  permite ser visto vivo. Vemo-Lo quando Ele aproxima-se do ser humano como vivo.  E este ser humano vai  ter que decidir se vai ignorar esse acontecimento, ou se vai tratá-lo   com seriedade, querendo entendê-lo, deixando-se fascinar por ele como o Tomé que antes não acreditava.

Encontrando-se de frente para Jesus Ressuscitado o homem  precisa tomar decisão: se o  seu coração começará chorar n’Ele, se os seus olhos se abrirão (como os dos discípulos de Emaús) e se vai conseguir admitir que é Ele mesmo. Porém, se não optar pessoalmente por Ele baseando a sua fé na convicção, ficará só e  não verá nada além do túmulo vazio.

No acontecimento, no fato, na realidade que nós chamamos de “ressurreição”, torna-se público, por fim, quem é Jesus, quem Ele era e quem será: O Primeiro e Último, e Vivo (Ap 1,18).  Quem  encontra e experimenta  Jesus ressuscitado, este se torna profundamente crente. Para ele este Jesus surge como sinal da esperança de que todos os que crêem n’Ele também ressuscitarão dos mortos. Jesus Ressuscitado torna-se sinal da esperança também para o nosso mundo, que parece mergulhado na morte e na infelicidade.  (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 72-74)*
Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A grande importância de Jesus.


Quando lemos o Novo Testamento com o propósito de buscar sinceramente a verdade e despidos de qualquer preconceito, diante de nós surge  Jesus Cristo autêntico, um homem único e extraordinário,  que apresenta-se à humanidade como Filho de Deus, que conhece o Pai e  permanece no mais íntimo contato com Ele.

Este Jesus se revela ao mundo  através dos atos e das palavras, e muitos que O vêem passam  a acreditar n’Ele. Os seus milagres e as suas palavras  geram a fé.   Deste  modo Jesus se revela ao ser humano  e este pode conhecer quem realmente Ele é.

É muito importante notarmos a gratuidade da bondade de Deus: Ele dirige a todos os homens a possibilidade de “ver e acreditar”. Uns aceitam, se alegram, testemunham e partem em missão de divulgar a Boa Nova do Reino de Deus. Outros não aceitam, rejeitando a proposta, ficam indiferentes. Têm outros ainda que assumindo a rejeição,  partem para o combate contra Jesus Cristo e a sua doutrina.
Esta última atitude nada mais significa que o cúmulo de ignorância e arrogância  que uma criatura finita, que é o ser humano , pode pretender a fazer em sua curta e frágil existência.  Esquece o homem das palavras  dirigidas ao todo ser humano:  “Tu és pó e ao pó hás de voltar” (Gen 3,19). 

Somente Deus que é Amor pode comunicar a vida. E  justamente Jesus Cristo, o Filho de Deus Pai, garante ao homem: “A vontade do Pai é que todo aquele que vê o Filho e acredita nele  tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 40), e também: "Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá; e quem vive e crê em mim, não morrerá eternamente." ( Jo  11, 25-26).
                                               
Então, Deus, na pessoa de Jesus Cristo dirigiu  à toda humanidade essa possibilidade de “ver e acreditar”,  para que todos pudessem crer. Esta é a verdade diante da qual ninguém pode ficar indiferente.

O texto  abaixo, de Ferdinand Krenzer,  pode enriquecer muito a nossa reflexão. É muito bom.
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O grande significado de Jesus

A reivindicação de Jesus de se considerar o único Filho de Deus - é algo muito incomum, improvável e até chocante. Sai da boca de um louco ou até mentiroso, ou então corresponde à verdade.

Que Jesus  não é um mentiroso oferecendo ao mundo afirmações absurdas fica claro quando analisamos a sua figura humana. Nunca também Ele foi acusado de ser mentiroso, a não ser quando fizeram isso com malícia, mas sem provas nem fundamentos.

Então, aqui só pode ser revelada uma realidade superior. Quando se trata de Jesus, Ele não só pronunciou toda uma série de coisas muito significantes, mas, ao mesmo tempo, também agiu.  Os seus “próprios atos” (R. Pesch) são explicação de tudo isso que Ele anunciava, são gestos de alguém incomum, são sinais do Reino de Deus que já se inicia, são marcas da salvação. Entrou aqui em ação um homem “maravilhoso”, “cheio de Deus”, e desta plenitude concede aos outros seres humanos. Aqui não age algum charlatão ou irresponsável, alguém que quer demonstrar para as pessoas alguma coisa  para enganá-las pensando no seu próprio interesse. Aqui tem um homem desinteressado, que generosamente dá e distribui, mas que não aceita fazer nada por encomenda, quando se exige dele os sinais (Mc 8,11).  Livre e espontâneo, Ele opera coisas surpreendentes que exigem fé; as coisas inconcebíveis que apontam para as outras, maiores ainda, e onde essas constituem apenas um humilde começo.

Os relatos dos milagres no Novo Testamento surgiram, certamente,  apoiando-se nos relatos semelhantes da literatura daquele tempo. Mas com a sua clareza, humildade e simplicidade se diferenciam positivamente das lendas (mitos  ou invenções  ligados à vida dos grandes “milagreiros”). Os relatos dos milagres no Novo Testamento apresentam os acontecimentos reais, apresentados no primeiro plano, porém, o seu sentido exato não está no fato de cura, ou quando Jesus acalma a tempestade, ou quando multiplica o pão. Os milagres indicam que Jesus, que se apresenta e fala deste modo,  tem o poder e  o direito para trazer para a terra a soberania de Deus, a paz e a salvação para os homens.

Os atos de Jesus, nos quais se manifesta o seu poder, ilustram a sua palavra, explicam-na, esclarecem e interpretam, fazendo que estas palavras se tornem notadas, alcançáveis e compreensíveis. E vice – versa, as obras de Jesus são interpretadas com ajuda de suas palavras e graças a isso  torna-se mais claro o que elas querem expressar.  As duas coisas se ajudam mutuamente.  Nos relatos das testemunhas  Jesus vivo apresenta-se como Jesus de atos e de palavras, manifestando-se no ato de fé.  As suas obras e palavras  geram a fé.  A própria fé constitui o milagre, que Jesus faz para o homem; o milagre não é, no entanto, “o predileto da fé”.  Jesus fala como alguém que tem poder e age de acordo com isso. Para Ele dizer significa fazer. O que disse - foi dito, o que fez – foi feito. Ele é alguém de quem  pode-se dizer: o que  fez é  inegável, e quando fez - aquela data  é inesquecível. Jesus é plenitude dos  milagres, e consegue fazer milagre de salvar o mundo.

Tudo o que Jesus realmente fez  preserva a marca da sua ação e significa muito (na verdade significa tudo). Muitas pessoas creram nele  e O seguiram.  Com isso Ele se revela ao mundo.  Agindo constantemente Jesus vai se revelando aos homens e lhes mostra quem realmente Ele é.  Fica clara também a importância  que Ele tem na libertação do homem e da mulher e do mundo inteiro, levando-os ao estado chamado de salvação.

Vamos analisar aqui uma cena, onde a palavra e ação de Jesus se misturam em uma coisa só. É o texto de Jo 9,1-41.
    Jesus – a luz do mundo está em frente ao homem cego de nascença, que não enxerga nada. Da terra (matéria que estava ao seu alcance) e da própria saliva (força vital) elabora a pomada curadora. O cego recupera a visão.
    Durante a discussão  e o processo que sucederam o milagre, tentou-se  estabelecer o que realmente ocorrera  e quem é aquele, que consegue fazer as coisas assim. O curado também faz perguntas e, compensando a ignorância, professa a fé em Deus, e fala das conseqüências.
    Os outros, no entanto, permanecem cegos, não querem ver nem ouvir, e como conseqüência do seu preconceito fazem julgamento de si próprios, permanecem no pecado, isto é, permanecem longe de Jesus e longe da salvação que Ele opera.

Para todos foi dirigida a proposta para que vissem e acreditassem. Uns decidiram aceitar essa proposta, outros a rejeitaram. Para isso Jesus veio. Ele mesmo chama atenção para esta verdade. Para isto foram escritos os Evangelhos;  para que os que não enxergam, apesar disso, pudessem acreditar. Para que todos pudessem acreditar: “ Jesus lhe disse: ‘Porque me viste, acreditaste. Felizes os que não viram e creram’. Muitos outros sinais ainda fez Jesus na presença dos discípulos mas não foram escritos neste livro. Estes porém foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,29-31).

Deste modo entenderam Jesus os primeiros cristãos, homens da fé. Assim também testemunham sobre Ele e tentam convencer os outros. 

Enfim, é preciso também mencionar o maior sinal de Jesus, a sua RESSURREIÇÃO, que  prova que Ele  vive e em cada momento pode aparecer diante do ser humano, exigindo dele a fé.  (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 50-52)*
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento. 

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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As reivindicações de Jesus. A coisa é séria!



Anteriormente notamos que  ao ler o Novo Testamento e sobretudo os Evangelhos, diante dos olhos do leitor surge  Jesus Cristo extraordinário  e incomum, que impressiona a todos tanto com as características da sua pessoa, como também com a sua doutrina,  incomparável com as outras  doutrinas religiosas existentes no mundo. Mais ainda: Ele atua de um modo como se  com  Ele e n’Ele,  o próprio Deus estivesse presente, afirmando que se encontra  numa  única, misteriosa e  especial relação com Deus, a qual  se realiza de maneira que ultrapassa qualquer imaginação, a ponto de constituir com Deus uma certa identidade.

Isso tudo nos faz ficarmos impressionados e admirados, mas também continua deixando muitas pessoas chocadas, pois não é fácil entender quem realmente é Jesus. E quando começamos a entender – temos dificuldade de aceitá-lo, ou tentamos interpretá-lo da nossa maneira. No entanto, este Jesus Cristo diz: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30) – o que isso quer dizer? O que mais Jesus fala de si mesmo? Ele quer ser reconhecido como único e faz claras exigências para qualquer um que se encontre com Ele frente a frente.  Como entender isso? 

Assim como nas postagens  anteriores também agora  sirvo-me do texto de Ferdinand Krenzer para servir de base para o nosso tema. Uma leitura atenta  pode nos ajudar muito na busca pela resposta à pergunta: Quem realmente é Jesus Cristo.
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As reivindicações de Jesus. 

Apesar de que não é fácil identificar nos Evangelhos as palavras que realmente saíram da boca de Jesus, podemos  mesmo assim e com razão, aceitar de que também as suas afirmações aprofundadas, alargadas, alongadas e relacionadas a alguma coisa, foram não somente  atribuídas a Ele, mas que  também expressam a sua intenção e que são bem entendidas, bem pronunciadas e corretamente interpretadas palavras de Jesus histórico. “Tudo o que realmente Jesus disse” (Schwarz), disse do jeito que fosse entendido, transmitido para frente, e depois também melhor aceito. A sua palavra “não passa” (Mc 13, 31), sempre terá valor. As primeiras testemunhas olhavam para a boca e as mãos de Jesus, leram dos seus olhos cada gesto apontado para o futuro, e por isso elas tinham esse direito de entender tudo o que Ele lhes manifestava como um convite e impulso para refletir, meditar e agir.

A palavra autêntica de Jesus - assim dizem os exegetas - em que ressoa a sua própria voz, com certeza é tudo isso que não deriva do mundo em que Jesus vivia e nem do pensamento da Igreja primitiva,  permanecendo inexplicável.  Mas também o que permanece ligado a esta ou aquela opinião contemporânea ou até posterior ao Jesus, apesar de toda essa dependência, também pode ser a mais pura, esclarecedora e atuante  fala de Jesus.  As diversas formas de falar e expressões que existiam no tempo de Jesus , por serem elas a mensagem dele, hoje são usadas com uma certa reserva, corrigidas e purificadas de interpretações errôneas. Existe uma quantidade de palavras que, sem nenhuma dúvida, foram pronunciadas pelo Jesus e que constituem o autêntico pré-documento, que saiu da sua boca. Acrescenta-se aqui ainda uma série de ditados e comparações que normalmente não eram usadas comumente.                 

De qualquer modo, parece que Jesus, Ele próprio, falava provavelmente pouco e de forma mais sugestiva, não falando até o fim,  preservando a liberdade.  As suas palavras eram carregadas de conteúdo e assim ficaram:  cheias de expressão, fáceis para memorizar, fáceis também para serem esquecidas, e,  ao mesmo tempo, convidando para a reflexão quando são lembradas. “São uma arma perigosa, mas,  simultaneamente, libertadora”(Metz). Isto que Jesus fala é considerado como “a última palavra de Deus”. Justamente isso é que choca, desequilibra os homens, confunde. Jesus formula uma pergunta principal, que pode ser respondida unicamente ou com  rejeição ou com  fé.

“O tempo se cumpriu e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no Evangelho. Sigam-me”. (Mc 1,15.17). É isso que constitui o centro e núcleo do Evangelho. Um desafio que tira o homem do equilíbrio, uma assustadora provocação de Jesus.

Quem assim fala, este sabe o que está dizendo, mesmo quando parece que “perdeu sentidos” (Mc 3,21). Fala com rara auto-consciência, como Filho, que conhece o Pai, como representante de Deus. Fala como quem que sabe quem é Deus e o que Deus espera das pessoas  e o que quer para elas. Fala com convicção de que Deus está presente, vai estar presente e virá, para salvar todos os homens e mulheres.

A plenitude chamada de Reino de Deus, entendida como amor para com o ser humano, existe lá onde está Jesus: perto, alcançável, no meio do mundo e da história, real já aqui e agora,  mas ainda não totalmente. Esse Reino de Deus já começou, mas ainda não se realizou plenamente. Quem fala deste jeito, como Jesus, deve ser alguém extraordinário e único. De vez enquanto se serve de expressões que são compreendidas unicamente quando se supõe que Ele permanece no mais íntimo contato com Deus, numa total e contínua concordância com Aquele, a quem chama de “Abbá” (querido pai, papai).

Aqui ficam claros os pronunciamentos diretos do próprio Jesus, as suas afirmações e garantias, que encontramos nos trechos do Evangelho, como por exemplo: “Filho, perdoados estão os teus pecados” (Mc 2,5); “Tudo me foi entregue pelo Pai. De modo que ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém  conhece  o Pai senão o Filho  e aquele a quem o Filho quiser revelar” (Mt 11,27); “Tu o disseste. Entretanto eu vos digo: um dia vereis o Filho do homem sentado à direita do poder e vir sobre as nuvens do céu”  (Mt 26,64);  “Ninguém subiu ao céu senão quem desceu do céu, o Filho do homem”  (Jo 3,13); “Em verdade, em verdade vos digo: o Filho nada pode fazer por si mesmo. Ele só faz o que vê o Pai fazer. E tudo o que o Pai faz, faz igualmente o Filho” (Jo 5,19);  “Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou” (Jo 8,58);   “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30); “Mas, se as faço, já que não credes em mim, crede nas obras para saberdes e reconhecerdes que o Pai está em mim e eu no Pai” (Jo 10,38); “ (...) Quem me viu a mim, viu o Pai. Como então dizes: mostra-nos o Pai?” (Jo 14,9); “E agora, Pai, glorifica-me junto a ti, concedendo a glória que tive contigo antes que o mundo fosse criado” (Jo 17,5).

Repletas de pretensões, sobretudo, são essas suas expressões que começam do “Eu sou”, ou então simples dizer: “Sou eu”. Pretendem assim se ligar diretamente ao nome  Javé, o que já existe no próprio nome “Jesus”, que significa “Javé ajuda e salva”. 

Falando: “Eu sou aquele que será”, sou este que “era e é e será” - na pretensão de Jesus – o próprio  “Deus conosco”  torna-se presente no meio das pessoas.   E quando Jesus fala não usa e dirige apenas “as palavras de Javé”, como falavam os profetas, mas fala em seu próprio nome: “Amém, Eu vos digo”; “Eu, porém, vos digo”. 

Ele trata também da sagrada Lei de Deus,  não a anula, mas lhe confere uma dimensão mais profunda. Nem Moisés teve coragem de fazer uma coisa assim. Aqui está alguém “mais” do que qualquer um dos mensageiros de Deus.  Aqui fala alguém delegado por Ele.

Jesus, para não ser mal entendido, evita responder diretamente a pergunta quem é Ele. Responde, então, com a pergunta: e vocês, o que acham? Ou então dá uma dica: venham e vejam, respondam o que vocês viram e ouviram.  Jesus dá também o recado: bem-aventurado é aquele que não se escandaliza por causa de mim.  Por que vocês estão com medo? Vocês são de pouca fé. Será que vocês não viram?  Até quando ainda  tenho que suportar a sua descrença?  Ele, contudo, não força  ninguém. Exige uma resposta livre, onde espera que se descubra e veja nele este alguém extraordinário.

Jesus se serve de parábolas, quadros e comparações.  Este jeito misterioso e especial de falar, que é muito próximo da vida e por isso fácil de entender para os ouvintes, faz que essas suas exigências e a sua revelação tornam-se gradativamente cada vez mais nítidas e claras. Ele sabe muito bem o que quer dizer, e em pensamento sempre tem mais do que inicialmente os ouvintes podem compreender.

Servindo-se de exemplos reais e compreensíveis, Jesus anuncia a aproximação extraordinária de Deus com o homem e também do homem com Deus. Ele próprio, enfim, é a parábola e exemplo do amor de Deus que se doa ao ser humano.  Ele próprio é “soberania de Deus” (Orígenes) que começa. E provoca os homens para que ajam do mesmo modo que Ele.

Em tudo isso, mencionado acima, indiretamente está presente a pretensão de Jesus, de que nele encontra-se o próprio Deus.  Assim também, com certeza, Ele foi entendido pelos seus ouvintes. Este foi o motivo exato  de acusação: “Acaso és maior  do que o pai Abraão, que morreu? E os profetas também morreram. Quem pretendes ser? (Jo 8,53). Isso também foi a mais profunda causa da sua rejeição, processo e morte.  É assim que  isso ressoa na acusação e veredicto afixado na cruz: “Jesus Nazareno, o rei dos judeus” (Jo 19,19).  Então, tão chamado Messias.

Alguém  que se declara assim, e é diferente daquele que foi esperado, este torna-se insuportável. Talvez por isso o homem percebendo de que se trata, confesse depois, ao anoitecer:  “Na verdade este homem era Filho de Deus” (Mc 15,39).  Mas, para todos os outros, essa pretensão de Jesus ficou como ofensa a Deus: “E unânimes o julgaram merecedor de morte” (Mc 14,64).

Quando a Jesus são dirigidas  todas as acusações e pergunta: Quem na verdade tu és?,  “Donde és tu?” (Jo 19,9),  Ele não fornece nenhuma resposta, mas se cala.  Com este digno e significativo silêncio Ele apaga de uma só vez toda a conversa supérflua, todas as falsas suposições, todo ingênuo desentendimento. É  assim porque ninguém pode pegar Jesus, prender e imobilizar.

Ele escapa de todos os esquemas. A sua existência é inegável, mas ao mesmo tempo, impossível para explicar.  Somente quem abraça humildemente a fé  n’Ele, este consegue gradativamente chegar a decifrar o que  tem de especial em Jesus, quem Ele realmente é, o que disse, e o que pretendia com isso expressar.

Jesus é aquele que simultaneamente desaparece e vai aparecendo. Por isso torna-se também compreensível o porquê Ele rejeita, ou trata com reserva, os vários nomes honrosos  e títulos, que esperavam pelo esperado enviado de Deus. Provavelmente não usou nenhum deles em relação  a sua própria pessoa.

Jesus não quis ser “messias” nem “terrestre” e nem “religioso”, ao contrário, proibia que o chamassem  assim (compare Mc 1,24-25). Nem “Filho de Davi”, “Rei”, “um dos profetas”, ou até o título “Filho de Deus” pareciam-lhe adequados, porque podiam ser atribuídos aos outros enviados de Deus. Provavelmente, Jesus  considerava como mais adequado o título “o Filho do homem”, que mostrava – graças ao seu duplo significado – tanto o homem sofrido, que vive concretamente, como também esta figura eterna, que saiu de Deus, e diante da qual o ser humano deve assumir uma posição.  Este título também era  o mais acertado para a sua “função de Intermediário”. Mas, mesmo este título, considerado como palavras autênticas de Jesus, isto é, que saíram da sua boca, não é certo. Jesus é simplesmente Ele mesmo, o seu mistério permanece mistério, e só gradativamente está sendo compreendido.     “A quem buscais? Responderam-lhe eles: A Jesus Nazareno. Jesus lhes respondeu: Sou eu. (...)  Se, pois, é a mim que buscais, deixai que estes se retirem” (Jo 18, 4-8).

Os títulos mencionados acima existem no Evangelho somente no sentido que foi submetido à apuração, correção, ao enriquecimento, e à complementação.  Enfim, com o seu nome está fortemente ligada a palavra grega que serve para descrever o messias, e as duas se fundem  em uma só – única em seu gênero – o nome de duas partes: “Jesus Cristo”,  expressando de forma descritiva o ser  extraordinário e  incomum.

De qualquer modo, no Novo Testamento foi preservado, guardado, interpretado e transmitido às futuras gerações  tudo isso o que o próprio Jesus disse mesmo, e não outra coisa. È  justamente este conteúdo também que hoje comunica-se ao homem contemporâneo; o conteúdo que  absolutamente não foi falsificado nem deturpado.  (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 67-70)*

Continua...

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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Jesus do Novo Testamento – incomum e único. É impressionante!



Continuando a nossa reflexão sobre Jesus Cristo, é necessário notarmos agora como Ele surge por trás das informações e relatos contidos no Novo Testamento. É o caminho que nos pode levar ao seu encontro. É fascinante!

Já ficou muito claro que Jesus Cristo, aquele que se deixa encontrar nos Evangelhos para todas as pessoas que realmente O procuram  e querem  encontrar,  é,  sem dúvida,  extraordinário  e original até o fim. Na medida em que a sua figura torna-se mais nítida e concreta,  o ser humano fica fascinado, sentindo que está frente a frente com Alguém muito maior.

Agora, faço convite para procurarmos juntos as respostas para as perguntas como estas: Como é este Jesus de Nazaré? Quais são as suas características? O que é tão diferente nele, que O torna único e deixa os homens ficarem surpresos e até espantados?

O texto abaixo, de Ferdinand Krenzer, nos presenteia com uma abordagem simples e direta  sobre Jesus Cristo do Novo Testamento. Vale a pena ler até o final!
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Jesus do Novo Testamento

Tentaremos  agora, baseando-nos no Novo Testamento, desenhar em traços gerais a figura de Jesus, desse homem extraordinário, apesar de que nem todos  os detalhes nos são acessíveis.  A imagem de Jesus Cristo é um pouco diferente  no coração de cada pessoa; é mais ou menos nítida, assim como ao longo dos séculos tivemos as mais variadas apresentações iconográficas da figura de Jesus. Cada uma dessas  imagens acentua mais algum aspecto específico, e absolutamente nenhuma delas constitui o seu fiel reflexo. Podemos lembrar aqui o poema do Novalis e dizer:

“Posso Te contemplar  em mil quadros,
meu  Jesus, onde estás bem apresentado.
Mas nenhum deles pode expressar-Te assim,
como dentro de minha alma estás presente.”

O que, então, está acontecendo com este Jesus de Nazaré?  Estamos aqui diante da pergunta que Ele faz também para nós: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15). Então queremos chegar mais perto dele: “Queremos ver Jesus” (Jo 12,21). É muito interessante poder  ver Jesus transcendendo o seu tempo e o seu povo, descobrir  a  sua pátria  terrestre e espiritual da qual Ele sucede “segundo carne” , e com isso mostrar como estão se cumprindo nele todas as expectativas de todos os séculos em relação a sua vida.

Inicialmente, Jesus aparece do jeito simples e normal, e não se destaca da vida das outras pessoas de Nazaré; é considerado filho de carpinteiro e os seus parentes são bem conhecidos. Porém, num certo momento Ele começa a traçar os seus próprios caminhos e lança exigências incomuns, até  mesmo  assustadoras.

 Jesus de Nazaré

 Algumas características da figura humana de Jesus ao mesmo tempo que parecem claras para os leitores do Novo Testamento, continuam incompreensíveis, confusas e inexplicáveis. Ele é, em todas as coisas, semelhante aos irmãos, “mas sem pecado”  (Hb 2,17; 4,15).

Em tudo semelhante: 

De acordo com todas as testemunhas Ele é, sem dúvida, um verdadeiro homem. Mas não tem sentido tentar hoje imaginar como realmente era a sua aparência física.  Os Evangelhos neste aspecto fornecem apenas algumas dicas gerais. Não possuímos nenhuma sua imagem autêntica ou a fotografia, entretanto está certo de que fisicamente Jesus era saudável  e como pessoa provocava  grande impressão.

Também  não se levanta nenhuma dúvida quanto a sua saúde psíquica.      A sua mente aguda transparece e impressiona tanto no seu trato com os adversários, como no fato de que seus ensinamentos e parábolas foram sempre entendidos.  Jesus demonstra  uma vontade inflexível, que não tem nada de teimosia ou falta de sensibilidade.  Isso prova a força e a constância do seu caráter e da sua personalidade incomum.

Precisa ainda acrescentar aqui  a profundidade e a riqueza de seus sentimentos e o coração bem aberto, voltado  para tudo que se refere ao homem e ao mundo. Uma prova viva de tudo isso são os relatos que falam dos seus encontros com as pessoas e também as suas parábolas. Em Jesus não tem nada de louco ou de sonhador fanático, como muitos gostariam de considerá-lo. Ele se destaca  de todos pela  grande sensibilidade para com a felicidade humana e com o sofrimento – está alegre com os alegres, e fica triste com os tristes. Conhece o valor da amizade, como também a dor de rejeição maliciosa, a qual não pretende retribuir. Ficamos muito impressionados, quando lembramos aqui os encontros de Jesus com as diferentes pessoas, particularmente com as mulheres.  Ao mesmo tempo Ele está aberto à natureza e à cultura, isto é, aberto ao mundo.

Se é errado considerar Jesus um reformador social ou apóstolo do humanitarismo, também de jeito nenhum não pode se negar que da sua boca  sai a afirmação de todos os valores terrestres.  Aqui é singular a sua relação com a culpa do ser humano.  Mesmo que Jesus sente fortemente o horror ao pecado quando este está escondido no mais íntimo do coração do homem, a sua compreensão e o perdão  dirigidos ao pecador também sempre são igualmente grandes.  Não há ninguém outro na terra que pode libertar o homem e novamente dar-lhe uma outra  chance. Os últimos, os excluídos, esquecidos, os indivíduos da margem, são os mais próximos para Ele.   Ele “veio para buscar e salvar o perdido” (Lc 19,10).



Com exceção do pecado

 Em Jesus, com tudo que acontece nele próprio, não tem nem vestígio do pecado. Ele não tem o sentimento de culpa, não tem a necessidade de conversão. Nem os seus amigos, nem os seus adversários não podem provar para Ele que tenha algum pecado (Jo 8,46). Isto é praticamente inacreditável. Humanamente falando – não se encontra isso nunca, em nenhum lugar.  
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                 
Então, Jesus é alguém extraordinário, incomum. Isso fica ainda mais claro quando  se examina detalhadamente a sua doutrina. Ela é incomparável na sua simplicidade e procedência – até mesmo na opinião dos adversários do cristianismo – e fica solitária no meio de todas outras doutrinas religiosas do mundo inteiro.



Quanto ao seu conhecimento, Jesus supera a todos os homens e é um fenômeno inexplicável, porque nem a sua origem, nem o processo de educação e formação não justificam isso. Apesar de grande parentesco com o modo de pensar do Antigo Testamento e com as correntes intelectuais  do seu tempo (por exemplo a seita do Qumran, perto do Mar Morto), a sua doutrina é incomum, ultrapassa tudo o que antes era conhecido. Ensina “como quem tem autoridade” (Mt 7,29). E “ninguém não falava assim, como este homem fala”(Jo 7,46). Todos O entendem, tanto uma pessoa simples, sincera e piedosa, como um filósofo em busca. Todas as pessoas, em todas as épocas, encontram fartamente aqui um rico conteúdo e material deixado por Jesus, que deve ser explorado.  

Um milagre intelectual.

Basta um olhar mais atencioso, mais “de perto”, para a vida de Jesus – e logo podemos sentir nele um  força vitoriosa e singular. Encontramos aqui alguém, que exatamente vive  tudo aquilo o que ensina. 


Um milagre moral.  


Ele coloca o acento não só para o cumprimento dos mandamentos no interior do coração, como também Ele próprio é encarnação das orientações e conselhos, mas sem exagero, sem cair na devoção exagerada e formal. Ao contrário, Jesus deixa o lugar para a consciência e para a decisão pessoal.  A doutrina e a vida constituem uma unidade tão grande em Jesus, que ninguém fica surpreso quando Ele do anunciador e pregador passa a ser anunciado e proclamado.

Por mais que tentamos contemplar a pessoa de Jesus com na sua plena e total humanidade, isso não esgota o seu tema. Quem quer ser imparcial e avaliar a profundidade de todos os testemunhos sobre Jesus, vai encontrar as coisas que surpreendem e assustam, assim como os seus discípulos quando O viram andando sobre as águas: “Subiu com eles à barca e o vento se acalmou. Todos foram tomados de grande espanto.” (Mc 6,51).

Sempre essa era a primeira reação das pessoas que ficaram em frente de Jesus, o que, como exemplo, se reflete no Evangelho segundo Marcos. Jesus não é somente um homem, mas alguém mais. Fica evidente que na pessoa do homem real – Jesus - tem algo mais profundo, diferente e maior.

Deus em Jesus Cristo

Por fim, este Jesus julga todas as categorias de pensamento. Não se encaixa em qualquer concepção já pronta, não é possível colocá-lo dentro dos esquemas estabelecidos.  Aqui deve ter “algo mais” do que somente o homem (compare: “No dia do juízo os ninivitas vão levantar-se contra esta geração e condená-la. É que eles fizeram penitência ante a pregação de Jonas, e eis aqui mais do que Jonas”). Neste caso aparece uma exigência incomum, que é notada imediatamente também pelos seus contemporâneos, que reagem  aceitando-a ou rejeitando. Aqui alguém afirma sobre si mesmo que é um Salvador decisivo e último. Isto significa que Jesus é mensageiro da última vontade de Deus e, simultaneamente, Ele é quem satisfará os mais profundos anseios do ser humano. Ele afirma também que se encontra  numa  única, misteriosa e  supra-humana relação com Deus, a qual  se realiza de maneira que ultrapassa qualquer imaginação, a ponto de constituir com Deus uma certa identidade. Jesus atua de tal jeito como se  com  ele e nele,  o próprio Deus estivesse presente, e de uma maneira diferente como até agora, e fala e age já pela última vez e de forma inédita.

Atrás desta pretensão encontra-se a pessoa inteira de Jesus. Nunca antes aconteceu uma coisa assim, e desde aquele tempo continua sendo algo incomum e único.  Além de Jesus, na história da humanidade, ninguém mais se apresentou assim e falou deste jeito. Nunca também nenhum homem teve uma pretensão deste tipo, conservando ao mesmo tempo extrema humildade e naturalidade. Isso é chocante e mexe muito com qualquer ser humano, exigindo uma resposta e posição adequada de qualquer um que se encontre frente a frente com Jesus.  (...)

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 64-67)*

Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Jesus – Alguém extraordinário! Nós O conhecemos?


Para saber quem e como realmente era Jesus, e também o que Ele tem a dizer ainda hoje para cada ser humano, precisamos abrir o Novo Testamento e ler, sobretudo, os Evangelhos.  Mas precisamos fazer isso livres de qualquer preconceito. Não se pode enxergar se os olhos estão vedados. Não é possível sentir a textura colocando nas mãos luvas grossas. Não encontraremos Jesus se não O procurarmos de verdade.

Portanto, lendo os Evangelhos com a intenção de encontrar Jesus Cristo, Ele surge diante de nós de modo surpreendente. Talvez até seja totalmente “diferente” daquele outro que ocupava até agora o  seu lugar na nossa vida, quem sabe?  E por quê? Porque Jesus do Evangelho é Alguém extraordinário mesmo! Ele é diferente. É um homem muito “fora do comum”, que supera todos os nossos esquemas e tentativas de “adequá-Lo” às nossas condições e necessidades.

Depois de conhecer  Jesus Cristo do Evangelho não restará mais nenhuma dúvida de que Ele é a maior e a mais sublime Boa Nova que o ser humano pode conhecer. Esta é a grande novidade do cristianismo! E quando o homem O encontra – tudo o resto torna-se relativo e pequeno. Com Jesus Cristo a própria vida e o mundo adquirem o outro sentido, mais profundo, e o homem parte para a Missão, isto é, não poderá  mais  ficar calado,  indiferente e omisso diante do chamado de Jesus para a construção do Reino de Deus.

Será que nós O conhecemos? – eis a pergunta. Muitos falam d’Ele e afirmam que O conhecem, mas será que isso é verdade?  Não cabe a nós julgar. Mas é extremamente necessário procurarmos a resposta pessoalmente, na vida de  cada um de nós, pois Jesus deixa-se encontrar para quem O procura. 

Quem é Jesus Cristo?  A reflexão continua nas próximas postagens, mas antes, faço o convite para fazermos uma leitura atenta e consciente do texto abaixo. Vale a pena ler!

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Jesus extraordinário

É impossível alguém inventar Jesus, aquele que conhecemos dos Evangelhos. Mesmo se aceitássemos os Apóstolos como autores que escreveram os Evangelhos, poderíamos supor  que pensariam eles em algo mais interessante, mais sensacional do que logo nesse Jesus - desconhecido Judeu da periferia do Império Romano, filho de um carpinteiro; alguém que faz tanta exigência, sem prometer nenhuma vantagem material; alguém que aos poucos foi colocando muitas exigências em relação à própria vida humana, tanto pessoal como social; alguém que foi  entendido mal por quase todos, que foi rejeitado e, enfim, quem foi crucificado, taxado como difamador e traidor  e tratado como um criminoso qualquer.

Também não se pôde explicar os relatos sobre a ressurreição de Jesus somente com a consciência  dos seus seguidores. A explosão da fé e confiança em Jesus depois da tamanha decepção ficaria sem sentido se realmente na sua base não existisse um fato real, o qual em seguida foi submetido a uma  reflexão espontânea, revisado  e descrito com muita surpresa e não sem dificuldades (por isso existem variantes no texto).    

Quem lê o Evangelho sem preconceito logo nota,  em cada verso, esta veracidade de descrição. Se comparar com os outros textos, imediatamente poderá constatar nos relatos que estão nos apócrifos (não verdadeiros, inventados)  o exagero e a falta de verdade.  Até  os lugares nos Evangelhos, onde foram ‘costurados’ os vários materiais transmitidos, são perfeitamente notados como efeito de trabalho de composição de todo esse material em um só Evangelho. Isso prova também a continuidade e a pureza de tudo aquilo que realmente aconteceu.

No Novo Testamento Jesus é apresentado freqüentemente do ponto de vista das diferentes posições e sob diversos  aspectos;  para os mais diversos fins e para esses ou aqueles destinatários; sublinha-se esta ou aquela sua característica.   Os aspectos são diferentes. A figura de Cristo torna-se objeto de observação de todos os lados. O som de nome Jesus toma diversas vibrações, recebe algum acento especial, dependendo da situação. No entanto, no centro permanece sempre Ele mesmo; nunca se pode O olhar suficiente e ficar satisfeito; nunca se pode ouvir tudo dele; nunca se consegue  entendê-Lo na sua totalidade. Ele é o único e o mesmo Jesus que se apresenta nos vários Evangelhos: nesse diversificado testemunho de fé do Novo Testamento.  Por fim, todos os testemunhos dizem a respeito dele mesmo, tocam nele, procedem dele.  Atrás da letra do Evangelho escrito oculta-se uma figura viva, que não  podia ser  inventada, justamente esse Jesus de Nazaré, esse “problema”, o qual precisamos entender. 

No entanto, é preciso ver Jesus na posição oposta à todas outras figuras inventadas, fantásticas, porque Ele é “incomparável” e isto  eleva-O  muito acima de todos os homens de todos os tempos.  Ele não é apenas uma das “pessoas autoritárias” (Jaspers). Ele permanece enquanto as outras passam, e supera todas elas.  Que isso se refere aos grandes deste mundo (na política, ciência, na arte), torna-se visível no momento, quando se descobre e enxerga as numerosas sombras que ofuscam o brilho dessas pessoas. Porém, incomparavelmente alto, acima de todos os ídolos, encontra-se Jesus. 

Até mesmo  quando O comparamos com os grandes fundadores de outras religiões, Ele é muito superior. O fato é que Ele se diferencia deles não só com a sua humana inocência. Nem  Lao Tse  e Confúcio, nem Zaratustra ou Buda, e menos ainda o Maomé, não conseguiram alcançar, apesar de toda a sua genialidade,   a perfeição e superioridade que caracterizam a vida de Jesus.  Não são iguais a Ele também quando se trata de incomparável formulação do seu ensinamento: absolutamente nunca  nenhum deles exigiu um direito absoluto para falar como quem tem a palavra final,  em nome de Deus e para permanecer unido a Deus de maneira que ultrapassa toda a imaginação humana. Mais ainda, estas exigências  de Jesus não são, em nenhum caso, arrogantes ou soberbas. Ele é simplesmente diferente de todos os outros “grandes”, sem pretender tirar nada da sua grandeza. Ele surge de outra raiz, vive em outra dimensão.  

A sua distância em relação ao povo judeu também é notável. Mesmo que Jesus lembrava muito da sua descendência do povo de Abraão, de Moisés e David, e mesmo que os adeptos de judaísmo (judeus) tentam hoje  post factum aceitá-lo como “irmão Jesus” (Buber), contudo Ele continua renegado, blasfemado; alguém a quem não se perdoa o fato  de colocar a mão na Lei, pronunciar as palavras, que unicamente são próprias a Deus, e  quem exige para si um lugar que não foi destinado nem para Messías prometido.  Ele é este renegado pelo povo judeu, que morre “fora” (Hb 13,13), que foge quando querem o prender, que sobreviverá a queda de Jerusalém, e que dirigirá os seus passos na outra direção, e não para o povo escolhido anteriormente. 

Jesus olha mais e quer falar para todas as pessoas e a todos quer oferecer a salvação.   Ele sai-se com muita vantagem em todas as comparações, é original e excepcional até o fim. Em relação a Ele  toda a imaginação humana falha e  não é possível colocá-Lo dentro do molde nenhum. É preciso reconhecer que Ele é como é.
            
Quem, então, deseja encontrar Jesus para poder tomar a sua decisão pessoal, não tem outra alternativa a não ser procurar o Novo Testamento. Infelizmente, muitas vezes o Novo Testamento tornou-se “velho” porque tratamos ele com uma intimidade exagerada, como se todo ele já fosse conhecido desde sempre. Para a pessoa que procura encontrar Jesus verdadeiro é muito importante que o Novo Testamento realmente se torne de novo como “novo” e precisa ser lido como “novo”, sem preconceitos, sempre e sempre de novo, profundamente e com a determinação. O Novo Testamento precisa ser lido agora com paciência e prontidão para pensar e olhar bem Jesus, com prontidão para escutar o que Ele fala; acalmando-se, conversando baixinho e meditando. É importante permitir que  gradativamente penetre para o nosso interior a  impressão impossível de ser apagada, causada pela sua figura, que vai tornando-se cada vez mais nítida.
            
É preciso ficar pronto para fazer-lhe perguntas, discutir com Ele, enfrentá-Lo; ou, então, simplesmente estar pronto para rezar e que, assim,  um dia talvez degustar de verdade e poder penetrar nesse Verbo, que procede da boca de Deus, e para vivenciar um momento de encontro decisivo com Jesus no ato de fé. (...)

                                           
(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris,  Éditions Du Dialogue, 1981, p. 50-52)*

Continua...
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*Obs.:Para embasar as minhas pequenas reflexões (simples, diretas e questionadoras) acerca de perguntas que, suponho, perturbam a todos nós, sirvo-me  do  livro do Ferdinand Krenzer- “Morgen wird man wieder Glauben”  e,  usando aqui uma edição desse livro no idioma polonês (Taka jest nasza wiara), faço uma tradução livre (para o português) apontando  alguns trechos, muito bem elaborados pelo autor. É um prazer seguir o seu pensamento.

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