Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O caminho para a Fé. – O texto de Ferdinand Krenzer.


Nos dias de hoje a questão de fé em Deus (ou de falta de fé) toca ou norteia muitas pessoas e é uma questão que aparece sob várias formas. Para uns, esta é uma questão muito importante e vital tanto para a sua vida, como também para a vida de todo ser humano. Para  outros,  ter ou não ter fé em Deus não tem a mínima importância na sua vida, já que a visão científica e materialista do mundo é capaz de levá-los a menosprezar ou até mesmo negar o lado espiritual da vida. Para outros ainda, que se encontram nesse campo de diversidade de interpretações e opiniões – como se estivessem sob uma espécie de “fogo cruzado”, a questão de fé oscila entre vontade e a necessidade do seu coração de  “ficar bem com Deus” e crer “apesar de tudo” – de um lado, e as dúvidas, comodismo e a tendência de evitar todo e qualquer tipo de compromisso que uma fé madura poderia exigir – do outro lado. Enfim, cada pessoa tende a entender do seu jeito a questão da sua fé em Deus e elaborar a sua própria interpretação dessa fé no íntimo da sua consciência, salve o caso, talvez, em que não deixa nenhum espaço para indagações a este respeito.

Para falar mais sobre este tema trago para o blog Indagações o texto “O caminho para a Fé” escrito por Ferdinand Krenzer¹, retirado do livro  “Taka jest nasza wiara”².  Quero lembrar que uma boa parte desse livro foi publicada no blog Indagações nas postagens anteriores nos últimos quase dois anos.

Não deixe  de ler.
WCejnog

O caminho para a Fé

Todo cristão, às vezes, enfrenta dúvidas em relação a sua fé. A fé recebida através do batismo não  é algo o que não se possa perder. Como diz São Paulo, “Este tesouro nós o trazemos  em vasos de barro, para que apareça claramente que este extraordinário poder provém de Deus e  não de nós.”(2 Cor 4,7), isto é, os vasos podem se quebrar. Isso depende de muitas circunstâncias, mas, sobretudo, do fato de que o ser humano é um ser limitado. As coisas materiais facilmente podem nos ofuscar  a visão de Deus. Por isso deveríamos nos esforçar persistentemente a superar essas influências e levar o nosso olhar, sem deformações, na direção do  que  é essencial – na direção de Deus.

Pode acontecer que o que é visível, o que atrai os nossos  olhos e mente, impõe-se-nos como algo mais importante do que o próprio Deus, nosso Criador. Às vezes aqui também se manifesta a preocupação com as consequências de levar uma vida de acordo com a fé, porque  essas nos atrapalhariam no caminho: “Ah!,  eu precisaria desistir de tantas coisas! Não, isso não farei”,  ou então falta-nos tempo e tranquilidade para realmente repensar todas essas perguntas. Resumindo, existem muitos elementos que  funcionam como “freios” e que sâo capazes de se impôr na área entre o conhecimento e a vontade – de um lado, e a própria vida – do outro. (...) É bom lembrarmos que o conhecimento intelectual é apenas uma das faculdades do  ser humano. A verdade é que a aceitação da fé é  algo mais do que somente a aceitação racional. Sim, a aceitação da fé é um acolhimento feito pelo ser humano inteiro. A fé é algo mais que o saber ou conhecimento, pois ela flui da  própria essência da pessoa: participam dela todas as forças espirituais. Portanto, basear-se no conhecimento sobre a fé é apenas uma ajuda parcial no caminho para alcançar uma fé sólida. (...)
Pensemos  agora no caminho, que nos leva muito mais diretamente à certeza da fé.

A Fé é Graça

Nunca se esqueçam rezar pedindo a fé, porque, no final  das contas – como costumamos de sublinhar – ela é uma Graça, um dom.  O fato de alguém ter a verdadeira fé não acontece tão simplesmente; ela não nos vêm pronta para as nossas mãos.  São poucas as pessoas, como São Paulo que resistia à fé, que a fé lhe é dada pela Graça num instante repentino e iluminado ou em uma concreta experiência de vida, como algo que o dominou e venceu. A maioria dos homens têm que lutar por ela, têm que se preparar internamente para ela.

Todavia, existem também pessoas que simplesmente não são capazes aceitar esse dom. São todos aqueles contentes de si, que dizem que nada lhes falta, que nunca experimentam a falta de Deus ou nunca sentem “saudade”.  Para a Graça de Deus encontar  no ser humano um lugar para si,  é  necessário que o homem, antes de tudo, entenda e sinta  esse “vácuo” como um tipo de  carência. Na oração, pois, a alma do homem abre-se como uma vasilha destinada apenas para ser “preenchida”.

Crer para alcançar a fé

Lucas, no capítulo 24 (13-35) do seu Evangelho conta como Jesus encontrou os discípulos de Emaús. “Seus olhos, porém, estavam como que vendados e não o reconheceram” (24,16), apesar de que Ele estava andando ao seu lado, explicando-lhes as Escrituras  e dizia: “Então não era necessário que o Cristo padecesse todas essas coisas e entrasse na glória?” (24,26). Os seus olhos continuaram não enxergando;  ai,  “estando com eles à mesa, tomou o  pão, rezou a bênção, partiu e lhes deu...” – e nesse momento “abriram-se os  olhos deles e o  reconheceram, mas Ele desapareceu”. Os seus olhos se abriram – este é o jeito que aponta para a Graça de Deus, que traz a ajuda de fora, e sem a  qual a fé não  é possível. No entanto, isto se realiza durante a “partilha do pão com Ele”. Na prática, da fé o ser humano chega a certeza da fé.

Portanto, a fé é algo que devemos praticar para com isso entendermos as últimas conexões, e chegarmos à certeza da fé!  Não levarão  a esta certeza da fé as reflexões teóricas; elas são apenas os pontos de  apoio e exercícios preliminares. A fé é algo mais que o conhecimento. Ela abrange não só o intelecto, mas o ser humano inteiro. O homem, por sua vez,  deveria deixar que essa fé possa o alcançar em tudo o que  ele é. Assim, o ser humano inteiro deve adentrar para o centro da fé; deve começar a  praticar essa fé, mesmo que, eventualmente, no início isso fosse só para “testar”, “como se fosse”. Caso  contrário, vai conhecê-la apenas fragmentada ou muito parcial, e, sendo assim, terá apenas uma visão fragmentada e não completa, o que não o deixará ficar convicto.

Por sua vez, ao praticar e vivenciar a fé, experimentamos quais  são os frutos que ela nos traz e como, graças a ela, tudo recebe um sentido. A fé nos permite dissipar as  numerosas dúvidas vitais e perceber a grande  importância de viver na sua luz. Por fim, sentimos como a nossa própria vida recebe o seu último sentido. E essa comprovação da fé na prática da vida diária - como se fosse a prova  real de um problema - traz ao ser humano (quando isso para ele é possível  e conforme a  ideia de fé que ele tem) uma certeza mais profunda e  mais autêntica, e também mais humana e sublime, do que certezas que todas as especulações exclusivamente intelectuais podem lhe forncer.

Assim sendo, mesmo quando alguém, como todo ser humano, experimenta e vivencia a fé “como uma lâmpada,  que resplandece nas trevas até despontar o dia” (2P 1,19), ele vai poder dizer com a certeza bem madura: “Eu sei em  quem acreditei”.

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 361-362)
_____________________
¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria. [N. Do T.]

² O  texto  “Caminho para a Fé” constitui o último capítulo do livro de Ferdinand Krenzer Taka jest nasza wiara, uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre para o português, com uma pequena atualização dos dados, quando necessário.  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”.
O livro do Ferdinand Krenzer fascina pelo seu jeito simples e direto, e agrada ao leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina. [N. Do T.]


domingo, 27 de outubro de 2013

Parábola do Fariseu e do Publicano. – Reflexão do José Antonio Pagola.


 "Mas o publicano ficou a distância. Ele nem ousava olhar para o céu, mas batendo no peito, dizia: 'Deus, tem misericórdia de mim, que sou pecador'.
Eu digo que este homem, e não o outro, foi para casa justificado diante de Deus. Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado". (Lc 18, 13-14).

Trago para o blog Indagações mais uma reflexão curta, porém, muito boa, que pode nos ajudar muito a entender o significado das palavras de Jesus Cristo. De autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, foi  publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler.
WCejnog

IHU – Notícias
Sexta, 25 de outubro de 2013

Quem sou eu para julgar?

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 18,9-14 que corresponde ao 30º Domingo do Tempo Ordinário, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

A parábola do fariseu e do publicano habitualmente desperta, em não poucos cristãos, uma repulsa grande para com o fariseu que se apresenta ante Deus arrogante e seguro de si mesmo, e uma simpatia espontânea para com o publicano que reconhece humildemente o seu pecado. Paradoxalmente, o relato pode despertar em nós este sentimento: “Dou-Te graças, meu Deus, porque não sou como este fariseu”.

Para escutar corretamente a mensagem da parábola, temos de ter em conta que Jesus não a conta para criticar os setores fariseus, mas para sacudir a consciência de “alguns que, tendo-se por justos, se sentiam seguros de si mesmos e desprezavam os outros”. Entre estes encontramos, certamente, não poucos católicos dos nossos dias.

A oração do fariseu revela-nos a sua atitude interior: “Oh, Deus! Dou-Te graças porque não sou como os outros”. Que tipo de oração é esta de acreditar-se melhor que os outros? Até um fariseu, fiel cumpridor da Lei, pode viver numa atitude pervertida. Este homem sente-se justo ante Deus e, precisamente por isso, se converte em juiz que despreza e condena os que não são como ele.

O publicano, pelo contrário, só diz: “Oh, Deus! Tem compaixão deste pecador”. Este homem reconhece humildemente o seu pecado. Não se pode vangloriar da sua vida. Encomenda-se à compaixão de Deus. Não se compara com ninguém. Não julga os outros. Vive na verdade ante si mesmo e ante Deus.

A parábola é uma penetrante crítica que desmascara uma atitude religiosa enganadora, que nos permite viver ante Deus seguros da nossa inocência, enquanto condenamos, a partir a nossa suposta superioridade moral, todos os que não pensam ou atuam como nós.
Circunstâncias históricas e correntes triunfalistas alheias ao evangelho fizeram-nos a nós, católicos, especialmente propensos a essa tentação. Por isso, temos de ler a parábola, cada um numa atitude autocrítica: Por que nos acreditamos melhores que os agnósticos? Por que nos sentimos mais próximos de Deus que os não praticantes? Que há no fundo de certas orações para a conversão dos pecadores? O que é reparar nos pecados dos outros sem viver convertendo-nos a Deus?

Recentemente, ante a pergunta de um jornalista, o Papa Francisco fez esta afirmação: “Quem sou eu para julgar um gay?”. As suas palavras surpreenderam quase todos. Ao que parece, ninguém esperava uma resposta tão simples e evangélica de um Papa católico. No entanto, essa é a atitude de quem vive em verdade ante Deus.



sexta-feira, 25 de outubro de 2013

“Franciszek kontra biskupi” – Artykuł Tadeusza Bartosia. Warto przeczytać.



Uważam za aktualne i wielkiej wagi wszystkie pytania, jakie Tadeusz Bartoś¹ stawia w artykule “Franciszek kontra Biskupi”, opublikowanym  na internetowej stronie Przeglądu.

Jako że żyjemy w okresie nacechowanym wielką dynamiką zmian zachodzących we wszystkich prawie dziedzinach życia społecznego i jesteśmy również świadkami zmian zachodzących w Kościele Katolickim, które zaczęły mieć miejsce po wyborze nowego papieża - Franciszka, na pewno niezmiernie ważnym wyzwaniem dla wszystkich katolików w Polsce (i nie tylko w Polsce!) jest wyrobienie sobie pełej, obiektywnej i przede wszystkim sprawiedliwej opinii na ten temat.

Jestem zdania, że im więcej wiemy na dany temat, tym szersze staje się pole naszego widzenia i tym łatwiej jesteśmy w stanie znalezć obiektywne i prawdziwe odpowiedzi na wiele nurtujących nas pytań. Powinniśmy więc otwarcie szukać prawdy, zawsze odrzucając falsz i zwykłe domysły.
Przynoszę wyżej wymieniony artykuł do blogu Indagações–Zapytania, aby ułatwić lekturę tym, którzy jeszcze nie mieli dostepu  do tej materii.
Zachęcam do spokojnej  lektury.
WCejnóg 
Przegląd - Tygodnik







Komisja kardynałów pracuje nad reformą kurii rzymskiej. W niedługim czasie przedstawi wnioski. Już teraz jednak ciekawość skłania nas do prognozowania tego, co będzie. Jak daleko sięgną zmiany i czy w ogóle są możliwe? „Dłużej klasztora niż przeora” – to kościelne powiedzenie naświetla problem reformatora Franciszka. Dotychczas udawało się jedynie tym, którzy dążyli do wzmocnienia władzy, jeśli więc dziś spodziewamy się ruchu w przeciwną stronę, możemy sobie wyobrazić, z jaką siłą przyjdzie śmiałkowi się zmierzyć.

Franciszek jest postrzegany przez kurialne frakcje jako śmiertelne zagrożenie. Stosuje broń paraliżującą struktury dyskretne i mafijne. Jawność. Codziennie relacjonuje mediom postępy z „pola walki”. Kroki podejmowane przez papieża widzimy także w Polsce. To przez niego pytamy biskupów, dlaczego jeżdżą tak drogimi samochodami i pobierają pieniądze za usługi religijne.


Czego możemy się spodziewać po Franciszku

Komisja kardynałów pracuje nad reformą kurii rzymskiej. W niedługim czasie przedstawi wnioski. Już teraz jednak ciekawość skłania nas do prognozowania tego, co będzie. Jak daleko sięgną zmiany i czy w ogóle są możliwe?

Na początku zapytajmy z emfazą, czy nie na tym polega urok tej najstarszej instytucji Zachodu, trwającej nieprzerwanie od połowy pierwszego tysiąclecia, że nie podlega ona dowolnym reformom, z nieodpartą siłą bowiem niesie w sobie logikę własnego systemu, polegającą na kumulowaniu władzy, jej centralizacji, poszerzaniu wpływów, aż do postulowanego stanu idealnego, którym ma być pełne zwierzchnictwo Wikariusza Chrystusa nad całą ludzkością. Żeby Chrystus był „wszystkim we wszystkich”, wyniesiony ponad ziemię jako Król i Pan. Wizja polityczna stapia się tu idealnie z religijną.

„Dłużej klasztora niż przeora” – to kościelne powiedzenie naświetla wymownie problem reformatora Franciszka. Dotychczas udawało się jedynie tym, którzy dążyli do wzmocnienia władzy, jeśli więc dziś spodziewamy się ruchu w przeciwną stronę, możemy sobie wyobrazić, z jaką siłą przyjdzie śmiałkowi się zmierzyć. Trzeźwy osąd każe być sceptycznym. Oligarchiczna grupa rzymskiej kurii traci przywileje, zmiany budzą więc opór. Ten zaś nie musi być jawny, skuteczna obstrukcja polegać może na pełnym poparciu dla wniosków, uznaniu słuszności kierunku, wsparciu i... robieniu swojego. Wychowani w autorytarnej mentalności biskupi nie potrafią funkcjonować poza silnie zhierarchizowanym, poddanym pełnej kontroli układem społecznym. Swoboda wypowiedzi i działania przeżywana jest przez nich jako chaos i anarchia. Dobrze pamiętamy retorykę lat 80. w naszym kraju, gdzie ówczesne władze systematycznie przed owym chaosem i anarchią przestrzegały.

Papież mało strachliwy

Rozliczne wypowiedzi papieża Franciszka zaskakują, wymagają więc jakiejś szerszej interpretacji. Na nią jednak jest za wcześnie. Znajdujemy się w ogniu wydarzeń, w momencie wypowiedzenia wojny i rozpoczęcia pierwszych potyczek. Papież przemawia do swoich gwardzistów, by nie ulegali plotkom, a więc by sami nie plotkowali, nie knuli i mieli oko na tych, którzy knują, szemrają po kątach, tworząc front opozycji. Papież dymisjonuje podejrzanych o pedofilię, zamyka zagraniczne konta banku watykańskiego (dziś wysoce prawdopodobna jest jego likwidacja – idea franciszkańska za tym przemawia). Codziennie dostajemy nową porcję takich informacji.

Wydaje się, że Franciszek rozumie mechanizmy rządzące kurią, mechanizmy władzy. Niewątpliwie jest więc postrzegany przez kurialne frakcje jako śmiertelne zagrożenie. Tym bardziej że starszy pan, wesoły, bezpośredni, sympatyczny, „niepompiasty” (przepraszam za ten neologizm), jest w dodatku mało strachliwy. Stosuje broń paraliżującą wszelkie struktury dyskretne, mafijne czy paramafijne. Jawność. Codziennie relacjonuje mediom postępy na „polu walki”. W takiej sytuacji „spiskowcy” (zwolennicy status quo) mają związane ręce. Bezradni we wzbierającej wściek­łości, miotać się będą przygnieceni logiką wydarzeń, na które nie mają wpływu. Światło zabija podziemne zwierzęta, paraliżuje głębinowe ryby.

Franciszek krytykuje bez ogródek wady kleru. To przez niego pytamy dziś biskupów, dlaczego jeżdżą tak drogimi samochodami, dlaczego pobierają pieniądze za usługi religijne. Pytamy „podpuszczeni” przez papieża, sprowokowani „niefrasobliwością” Jego Świątobliwości.

Owszem, ogólne wypowiedzi o ubóstwie, naśladowaniu Chrystusa przez kapłanów, które co roku pojawiają się w listach na Wielki Czwartek – to jest naturalne. Ale żeby bezpośrednio czepiać się publicznie podwładnych, uderzać w miejsca wrażliwe, odsłonięte, których nie sposób ochronić?

Franciszek łamie niepisaną zasadę lojalności korporacyjnej, ową zmowę milczenia zżerającą niejedną grupę zawodową, choćby lekarzy, którzy nic nie powiedzą w sądzie o błędach kolegów. Reakcją kleru musi być frustracja i poirytowanie. Co ciekawe, powinno być także osłabienie hamulców lojalnościowych. Nie należałoby więc nadmiernie się dziwić, gdyby niektórym naszym hierarchom wymknęło się publicznie krytyczne słowo wobec Franciszka.

Będą reformy

Czy papieżowi uda się reforma? Są argumenty przeciw, ale są też za. Badania Yves’a Congara, wybitnego teologa katolickiego drugiej połowy XX w., wskazują, że struktura władzy Kościoła katolickiego była z reguły emanacją (imitacją) struktury władzy społeczeństwa danej epoki. W średniowieczu Kościół był feudalny, w nowożytności stał się monarchią absolutną podobnie jak inne państwa w Europie. Dzisiaj więc, w epoce demokracji, Kościół nolens volens także upodobni się do otoczenia. W warunkach wolności autorytarne struktury na zasadzie dekompresji są rozsadzane od wewnątrz. Zabraknie kadr wychowanych w autorytarnych i patriarchalnych relacjach. Reakcjoniści buntujący się przeciw zmianom sprowokowanym przez ostatni sobór nie mają w dłuższej perspektywie szans.

Wszystko to oczywiście przy założeniu liberalnej tezy istnienia stałego postępu społecznego, nieodpartej siły potrzeby wol­ności w człowieku, która stopniowo będzie przezwyciężać potrzebę autorytarną, familiarno-zaborczą. Nie zapominajmy: to założenie jest tylko wyrazem nadziei, nie istnieje dziejowa konieczność.

Na razie jednak zmienia się wyraźnie mentalność ludzi wychowywanych w duchu wolnościowym. Coraz gorzej odnajdują się oni w autorytarnym świecie, w klimacie braku szacunku dla odrębności i prawa indywidualnego wyboru sposobu życia. A tradycyjne kuźnie autorytaryzmu, organizacje typu Opus Dei czy rekrutacja do seminariów młodzieży z ubogich środowisk (zwłaszcza z Trzeciego Świata, lecz także z Polski), dla której jest to awans i nauka życia od podstaw, mogą nie wystarczyć.

Papież Franciszek zapowiada reformy. I najwyraźniej jest zdeterminowany. Nie do końca znamy ich kierunek, możemy się jedynie domyślać. Klarowna w jego przesłaniu była dotychczas kwestia ubóstwa i powiązanego z tym, niech raz jeszcze użyję nieistniejącego w języku polskim, brzydkiego jak noc słowa „odarystokratyzowania” duchownych. A więc zmiany stylu bycia.

Tu jednak nasuwa się istotne pytanie. Czy rzeczywiście są tak wielkimi wartościami ubóstwo i owa niearystokratyczność, a więc pokora, uniżenie itp.? Czy bogactwo i wyższość w hierarchii społecznej są czymś z gruntu złym? Te kwestie nie pojawiają się w dyskursie publicznym, a powinny. Ryzyko resentymentu jest bowiem przeogromne – nienawidzimy bogatych, bo sami nie potrafimy nimi być, czy to z powodu lenistwa, czy nieudolności. Nie mogąc ścierpieć bogatych, mówimy, że to złodzieje, ludzie z gruntu źli itd. Choć sam Franciszek kieruje się raczej osobistym doświadczeniem nędzy Trzeciego Świata aniżeli jakimś poglądem na temat „obiektywnej” wartości ubóstwa czy bogactwa.

Jest jeszcze tani sentymentalizm i pięknoduchostwo recepcji słów papieża. Odbiorcy jego przesłania mogą wcielać je w życie za pomocą prostego naśladownictwa. A więc stare buty, stary samochód, bezpośredniość kontaktów telefonicznych itp., odgrywanie zaplanowanej roli, wzmożenie pozerstwa, stylizowania się na ubogiego czy pobożnego – rzecz nieznośna w chrześcijańskiej kulturze od wieków. Zachowujemy się tak, by spełnić oczekiwania otoczenia.

Tymczasem bez zmiany społeczno-ekonomicznych uwarunkowań, popychających duchownych do owego pompiastego stylu życia, reformy Franciszka mogą pozostać jedynie pobożnym życzeniem. Jakie zmiany są potrzebne? Na dłuższą metę najskuteczniejsza jest zależność ekonomiczna (przepraszam za pesymizm w ocenie ludzkiej natury – bohaterowie, herosi to jednak przede wszystkim postacie z budujących opowieści). Parafianie wypłacają pensję proboszczowi – i wymagają. Proboszcz zatrudniony przez parafię na kilkuletnią kadencję będzie miły i sympatyczny, a wynoszenie się nad pracodawcę nie będzie mu w głowie, bo można go odwołać jeszcze przed końcem kadencji. Taka to dziwna jest ludzka natura i nie zmieni się jej nawet największym zaklinaniem duchów.

To tylko jedno z możliwych rozwiązań – najprostsze, pewnie jest ich więcej. Czy łatwo będzie wprowadzić podobne reformy? Z pewnością nie. Właśnie tutaj może się potknąć reforma Franciszka. Psychika autorytarnego duchownego nie zniesie takich rewolucji, raczej go rozbije, doprowadzi do stresu, depresji, utraty woli życia. Postęp dokonuje się przez wymianę pokoleń.

Bez celibatu

Reforma dotychczasowego sposobu funkcjonowania Kościoła wymaga rozhermetyzowania kasty zawodowej duchownych, którzy lojalność korporacyjną przedkładają nad zobowiązania moralne i religijne. Zapewne papież Franciszek jest tego świadom. Od czasu Soboru Watykańskiego II istnieją podstawy teologiczne do pełnoprawnego uczestnictwa świeckich w zarządzaniu diecezją i parafią. Z punku widzenia teologii katolickiej możliwe są wybory proboszczów, biskupów, choć faktycznie potrzeba by zmiany prawa. Mówi się, że świecka kobieta ma zostać kardynałem (bycie kardynałem to funkcja, a nie stopień święceń). Wszystko to byłoby czynnikami osłabiającymi hermetyczność kasty duchownych.

Formułę organizacji życia społecznego, w której proporcjonalnie wszyscy członkowie społeczności mają wpływ na jej zarządzanie, nazywa się demokracją. Słowo to jednak nie jest lubiane w środowiskach kościelnych, brzmi niebezpiecznie, budzi obawy przed anarchią, zdobyciem wpływów przez ludzi niepożądanych. To przesadne lęki. Problemem są mentalność i przyzwyczajenia.

Warunkiem sine qua non rozhermetyzowania środowiska duchownych jest zniesienie celibatu.
Bez tego żadna reforma nie może się udać. Duchowni bez rodzin, zwłaszcza ci nastawieni na karierę w organach kościelnej władzy, żyją głównie problemami swojej korporacji, nie mają życia osobistego, są pozbawieni intymności i prywatności, co wzmacnia niepomiernie mechanizmy zamknięcia, knucia, plotkarstwa. Jeśli papież jest świadom złożonego mechanizmu instytucji kościelnych, a wiele wskazuje na to, że rozumie je lepiej, niżby mogło się wydawać, niewątpliwie zniesie celibat.

Księża milczą

Kolejny krok to sprzyjanie otwartej dyskusji. Promocja dialogu wewnątrzkościelnego, miejsc debaty, gdzie każde pytanie może zostać postawione, a każda teza podana w wątpliwość. W społeczności, w której nikt nie może powiedzieć spontanicznie i bezpośrednio tego, co myśli, bo ryzykuje utratę stanowiska albo ostracyzm środowiskowy, patologia opisywana barwnie przez Franciszka rozkwita bez przeszkód.

Kościół katolicki cierpi na brak instytucjonalnej i efektywnej możliwości wymiany myśli, zobowiązującej do wyciągania wniosków, wprowadzania zmian poprzez głosowania proporcjonalne do stopnia zaangażowania w życie kościelne. Chodzi o prawo do krytyki, która nie jest ryzykowna dla zabierających głos (zwłaszcza duchownych), nie jest tłumiona – przeciwnie, jest formalnie wspierana.

W Polsce mamy ponad 20 tys. księży. Nie wszystkich cechuje mentalność stronników ks. Rydzyka. Ich głosu jednak nie usłyszymy. Obowiązuje rodzaj zmowy milczenia (ryzyko jest zbyt wysokie), nie porusza się kwestii kłopotliwych, nie wypowiada własnego sądu. Nikt zresztą o to nie pyta przeciętnego wikarego bądź świeckiego. Sytuacja taka, jeśli trwa odpowiednio długo, jest czynnikiem demoralizującym. Zmienia osobowość człowieka, pozbawiając go samodzielności myślenia, a także owej cnoty męstwa, bez której żadna z cnót nie potrafi zakwitnąć. Za tradycyjnym katechizmem powiedzielibyśmy, że to grzech cudzy – milczenie wobec zła.

Dziś jedyną możliwością oddziaływania na to, co się dzieje w Kościele, pozostaje odwoływanie się do mediów. Nie ma innego publicznego forum, na którym świeccy czy duchowni mogą zabierać głos, tak by ich usłyszano. Dlatego odważni duchowni, np. ks. Lemański, ks. Isakowicz-Zaleski czy także ks. Mądel, odwołują się do opinii pub­licznej. Jeśli jednak – z braku innych możliwości – wewnętrzne problemy staną się przedmiotem ciągłej telewizyjnej debaty, będzie to patologizujące dla środowisk kościelnych – wywoła nadmierne skonfliktowanie, narastającą nieufność, aż do nienawiści, oskarżenia o zdradę itd. Media powinny raczej relacjonować wewnątrzkościelną debatę, a nie ją organizować.

Odwaga staniała, wolno więcej


Oburzenie opinii publicznej wobec zakazów wypowiedzi nakładanych na niektórych duchownych to nowość w naszym kraju. Tymczasem problem wolności wypowiedzi jest dolegliwością Kościoła katolickiego od wieków. Nakazywano milczenie wybitnym teologom XX w., twórcom tekstów soborowych. Kiedy niemiecki teolog Hans Küng apelował o refleksję nad ośmieszającym Kościół dogmatem o nieomylności papieża, został usunięty z katedry teologii. Nie było wtedy w naszym kraju obrońców wolności słowa.

Dziś jest inaczej. Odwaga staniała. Coś nie do pomyślenia w przestrzeni publicznej jeszcze kilka lat temu, przynajmniej do śmierci Jana Pawła II, mianowicie otwarta krytyka Kościoła w głównych mediach, staje się chlebem powszednim.
Granica wyraźnie się przesuwa. Wolno więcej. Dziennikarze robią się rezolutni, bo już można, a tematy antyklerykalne okazują się chwytliwe. To, co było kiedyś myślą wywrotową, staje się mainstreamem.

Nawet katoliccy publicyści, choć nie wszyscy, złapali wiatr w żagle. Pisze Jarosław Makowski w kontekście zakazów nałożonych na ks. Mądela: „Skoro Bóg nie nałożył człowiekowi granic w myśleniu, to tym bardziej jest dziwne, że kaganiec na wolność myślenia zakłada Kościół”.

Czy jednak rzeczywiście dziwne jest, że Kościół nakłada kaganiec? Przecież robi to od dawna. W Kościele katolickim brak wolności myślenia i wypowiedzi jest normą (być może teraz to się zmieni, choć pewności nie ma). Wolności słowa sprzeciwiał się Pius IX w słynnym Syllabusie, ścigał ją Pius X przy pomocy Sapiniery. Każdy z następnych papieży, z wyjątkiem może Jana XXIII, miał swój wkład w tłumienie wolności myślenia i mówienia w Kościele. Długi pontyfikat Jana Pawła II doprowadził praktycznie do zaniku wolnej myśli teologicznej, wychował natomiast całe pokolenie usłużnych karierowiczów (karierowicz to człowiek, który nie mówi, co myśli, lecz mówi to, co przełożony chce usłyszeć).

Znającego historię teologa nie powinno więc dziwić, że „kaganiec na wolność myślenia zakłada Kościół”. To elementarne reguły kościelnej dyscypliny obowiązujące do dziś.
Nie da się uciec od tego problemu deklaracją o Bogu wolnomyślicielu. Trzeba by śmielszej perspektywy – pytania o charakter związku Boga z Kościołem, czy przypadkiem nie są już po rozwodzie.

Trzeba głębiej się zastanowić nad sensem kościelnego ducha.
Ma on swoje wewnętrzne autorytarne racje. Posłuszeństwo Bogu przez posłuszeństwo przełożonym, dyscyplina, samowyrzeczenie – to serce katolickiej duchowości. Przypomniał o tym trafnie bp Hoser w kontekście niesubordynacji ks. Lemańskiego. Kościół nie jest z ducha wolności (ks. Lemański jakby nie do końca się orientował, w jakiej organizacji funkcjonuje), a słowa o wolności w dyskursie religijnym (np. „Prawda was wyzwoli”) mogą być mylące. To tzw. wolność wewnętrzna, kwitnąca, jak uczy Kościół, tym bardziej, im bardziej ktoś poddaje się zewnętrznej opresji autorytarnej struktury (a więc poleceniom przełożonych, najlepiej niewygodnych, nieprzyjemnych itp.).
Tak jednak być nie musi. I to może się zmienić.

Rewolucja w mentalności

Przemiany dokonujące się w polskim społeczeństwie pokazują coraz wyraźniej, że „demilitaryzacja” kościelnych struktur jest warunkiem koniecznym do zachowania wiarygodności katolicyzmu. W naszym kraju trwa pełzająca rewolucja mentalnościowa. Dzięki swobodzie wypowiedzi pojawiają się w przestrzeni publicznej alternatywne wizje świata. Każdy mówi, co uważa, a niekiedy także to, co mu ślina na język przyniesie.

Niechybnie więc coraz większa część opinii publicznej uznawać będzie za groteskowy Kościół tłumiący swobodę wypowiedzi. Dawne czasy minęły bezpowrotnie. Nie sposób dłużej kontrolować stanu umysłów Polaków, jak miało to miejsce jeszcze w epoce pontyfikatu papieża Polaka, kiedy to polska dusza trwała w harmonii religijnej jedności – pospołu wierzący i niewierzący, praktykujący i niepraktykujący, z głębokim zrozumieniem wartości najwyższych.

Potrzeba zatem nowego otwarcia. Papież Franciszek jest dla wielu wierzących nadzieją na zmiany. Ich możliwość czy niemożliwość to pytanie, na które tekst ten miał odpowiedzieć, lecz odpowiedzieć nie potrafił – pogubiony w argumentach za i przeciw. Przyszłość pozostaje jednak wciąż czymś niepokojąco nieprzewidywalnym.
______________
¹Autor jest filozofem, profesorem Akademii Humanistycznej im. Aleksandra Gieysztora w Pułtusku

Źródło: Przegląd - Tygodnik 

 

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O caminho da Fé. - Texto de Ferdinand Krenzer. Muito bom!



Hoje trago aqui o texto de autoria de Ferdinand Krenzer¹.  É interessante.  Não deixe  de ler.
WCejnog

******************

O caminho  para a Fé

Todo cristão, às vezes, enfrenta dúvidas em relação a sua fé. A fé recebida através do batismo não  é algo o que não se possa perder. Como diz São Paulo, “Este tesouro nós o trazemos  em vasos de barro, para que apareça claramente que este extraordinário poder provém de Deus e  não de nós.”(2 Cor 4,7), isto é, os vasos podem se quebrar. Isso depende de muitas circunstâncias, mas, sobretudo, do fato de que o ser humano é um ser limitado. As coisas materiais facilmente podem nos ofuscar  a visão de Deus. Por isso deveríamos nos esforçar persistentemente a superar essas influências e levar o nosso olhar, sem deformações, na direção do  que  é essencial – na direção de Deus.

Pode acontecer que o que é visível, o que atrai os nossos  olhos e mente, impõe-se-nos como algo mais importante do que o próprio Deus, nosso Criador.  Às vezes aqui também se manifesta a preocupação com as consequências de levar uma vida de acordo com a fé, porque  essas nos atrapalhariam no caminho: “Ah!,  eu precisaria desistir de tantas coisas! Não, isso não farei”,  ou então falta-nos tempo e tranquilidade para realmente repensar todas essas perguntas. Resumindo, existem muitos elementos que  funcionam como “freios” e que sâo capazes de se colocar e impôr na área entre o conhecimento e a vontade – de um lado, e a própria vida – do outro. (...) É bom lembrarmos que o conhecimento intelectual é apenas uma das faculdades do  ser humano. A verdade é que a aceitação da fé é  algo mais do que somente a aceitação racional. Sim, a aceitação da fé é um acolhimento feito pelo ser humano inteiro. A fé é algo mais que o saber ou conhecimento, pois ela flui da  própria essência da pessoa: participam dela todas as forças espirituais. Portanto, basear-se no conhecimento sobre a fé é apenas uma ajuda parcial no caminho para alcançar uma fé sólida. (...)
Pensemos  agora no caminho, que nos leva muito mais diretamente à certeza da fé.

A Fé é Graça

Nunca se esqueçam rezar pedindo a fé, porque, no final  das contas – como costumamos de sublinhar – ela é uma Graça, um dom.  O fato de alguém ter a verdadeira fé não acontece tão simplesmente; ela não nos vêm pronta para as nossas mãos.  São poucas as pessoas, como São Paulo que resistia à fé, que a fé lhe é dada pela Graça num instante repentino e iluminado ou em uma concreta experiência de vida, como algo que o dominou e venceu. A maioria dos homens têm que lutar por ela, têm que se preparar internamente para ela.

Todavia, existem também pessoas que simplesmente não são capazes aceitar esse dom. São todos aqueles contentes de si, que dizem que nada lhes falta, que nunca experimentam a falta de Deus ou nunca sentem “saudade”.  Para a Graça de Deus encontar  no ser humano um lugar para si,  é  necessário que o homem, antes de tudo, entenda e sinta  esse “vácuo” como um tipo de  carência. Na oração, pois, a alma do homem abre-se como uma vasilha destinada apenas para ser “preenchida”.

Crer para alcançar a fé

Lucas, no capítulo 24 (13-35) do seu Evangelho conta como Jesus encontrou os discípulos de Emaús. “Seus olhos, porém, estavam como que vendados e não o reconheceram” (24, 16), apesar de que Ele estava andando ao seu lado, explicando-lhes as Escrituras  e dizia: “Então não era necessário que o Cristo padecesse todas essas coisas e entrasse na glória?” (24, 26). Os seus olhos continuaram não enxergando;  ai,  “estando com eles à mesa, tomou o  pão, rezou a bênção, partiu e lhes deu...” – e nesse momento “abriram-se os  olhos deles e o  reconheceram, mas Ele desapareceu”. Os seus olhos se abriram – este é o jeito que aponta para a Graça de Deus, que traz a ajuda de fora, e sem a  qual a fé não  é possível. No entanto, isto se realiza durante a “partilha do pão com Ele”. Na prática, da fé o ser humano chega a certeza da fé.
Portanto, a fé é algo que devemos praticar para com isso entendermos as últimas conexões, e chegarmos à certeza da fé!  Não levarão  a esta certeza da fé as reflexões teóricas; elas são apenas os pontos de  apoio e exercícios preeliminares. A fé é algo mais que o conhecimento. Ela abrange não só o intelecto, mas o ser humano inteiro. O homem, por sua vez,  deveria deixar que essa fé possa o alcançar em tudo o que  ele é. Assim, o ser humano inteiro deve adentrar para o centro da fé; deve começar a  praticar essa fé, mesmo que, eventualmente, no início isso fosse só para “testar”, “como se fosse” - caso  contrário, vai conhecê-la apenas fragmentada ou muito parcial. Deste jeito, com uma visão fragmentar, a  pessoa não consegue ver  nenhum quadro por inteiro, e por isso também não fica convencida.

Por sua vez, ao praticar e vivenciar a fé, experimentamos quais  são os frutos que ela nos traz e como, graças a ela, tudo recebe um sentido. A fé nos permite dissipar as  numerosas dúvidas vitais e perceber a grande  importância de viver na sua luz. Por fim, sentimos como a nossa própria vida recebe o seu último sentido. E essa comprovação da fé na prática da vida diária - como se fosse a prova  real de um problema - traz ao ser humano (quando isso para ele é possível  e conforme a  ideia de fé que ele tem) uma certeza mais profunda e  mais autêntica, e também mais humana e sublime, do que certezas que todas as especulações exclusivamente intelectuais podem lhe forncer.

Assim sendo, mesmo quando alguém, como todo ser humano, experimenta e vivencia a fé “como uma lâmpada,  que resplandece nas trevas até despontar o dia” (2P 1,19), ele vai poder dizer com a certeza bem madura: “Eu sei em  quem acreditei”.

(KRENZER, F. Taka jest nasza wiara, Paris, Éditions Du Dialogue, 1981, p. 361-362)²
­­­­­­­­­­­­­­­­___________________
¹  Krenzer Ferdinand (nascido em 22 de maio de 1921 em Dillenburg, Hesse, 08 de maio de 2012 em Hofheim am Taunus) foi um teólogo católico alemão, sacerdote e escritor na aposentadoria. [N. Do T.]

² Obs.: As reflexões do Ferdinand Krenzer fascinam pelo seu jeito simples e direto, e agradam o leitor, ajudando-o a entender melhor o caminho da fé cristã e compreender os temas mais difíceis desta doutrina.

Os textos publicados neste blog são tomados do livro Taka jest nasza wiara, desse autor; uma edição no idioma polonês, do qual faço uma tradução livre (para o português), com uma pequena atualização dos dados, quando necessário.  O título original: “Morgen wird man wieder Glauben”. [N. Do T.]