Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O Ano Velho vai embora, o Novo chega... E quanto à vida?


Quando o show dos fogos de artifício no céu escuro desta noite extasia as multidões embaixo...
Quando os momentos simbólicos  tornam-se como se fossem os mais importantes na vida...
Quando  a explosão de alegria, abraços e votos de um Ano Novo Feliz  enchem os corações e são transmitidos por quase todos os Meios de Cominicação...

Que tal pegar um bom poema, como fundo, e pensar na vida?
WCejnog
Parolagem da Vida

Como a vida muda.
Como a vida é muda.
Como a vida é nula.
Como a vida é nada.
Como a vida é tudo.
Tudo que se perde
mesmo sem ter ganho.
Como a vida é senha
de outra vida nova
que envelhece antes
de romper o novo.
Como a vida é outra
sempre outra, outra
não a que é vivida.
Como a vida é vida
ainda quando morte
esculpida em vida.
Como a vida é forte
em suas algemas.
Como dói a vida 
quando tira a veste
de prata celeste.
Como a vida é isto
misturado àquilo.
Como a vida é bela
sendo uma pantera
de garra quebrada.
Como a vida é louca
estúpida, mouca
e no entanto chama
a torrar-se em chama.
Como a vida chora
de saber que é vida
e nunca nunca nunca
leva a sério o homem,
esse lobisomem.
Como a vida ri
a cada manhã
de seu próprio absurdo
e a cada momento
dá de novo a todos
uma prenda estranha.
Como a vida joga
de paz e de guerra
povoando a terra
de leis e fantasmas.
Como a vida toca
seu gasto realejo
fazendo da valsa
um puro Vivaldi.
Como a vida vale
mais que a própria vida
sempre renascida
em flor e formiga
em seixo rolado
peito desolado
coração amante.
E como se salva
a uma só palavra
escrita no sangue
desde o nascimento:
amor, vidamor!


(Carlos Drummond de Andrade)


Odchodzi stary rok, nadchodzi nowy... czas ucieka!



Kiedy pokaz sztucznych ogni ekstazuje ...
Kiedy symboliczne chwile są jakby najważniejsze w życiu...
Kiedy szał radości i wzajemne życzenie sobie pomyślności na “jutro”  wypełnia serca i wszystkie środki komunikacji...

Przypominam sobie słowa poezji, tak dla zadumy:
WCejnog


“Ja wiem"

Ja wiem, że w wiecznym kole przemian
zapadnie wszystko jakby w morze,
że minie czas i minie ziemia,
i to, com kochał i com tworzył.

Próżno bym, pełen wielkich tęsknot,
jak ślad na piasku wieczność tropił,
bo ludzki trud i ludzkie piękno
jest jak na wiatr rzucony popiół.

Więc dobrze okruch szczęścia dostać,
umiejąc fałsz od prawdy dzielić.
I życie szczere mieć i proste
jak uścisk dłoni przyjaciela.

(Tadeusz Borowski)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Oração à Nossa Senhora, do papa Francisco.


Hoje trago  para o blog Indagações-Zapytania uma oração especial e muito bonita, que pode ser meditada e interiorizada principalmente  nestes dias ainda marcados pelo clima natalino, pela expectativa do fim de mais um ano, como também pela festa litúrgica dedicada à Maria, Mãe de Deus, que é celebrada sempre no primeiro dia do Ano Novo. ´
Para quem não sabe, com esta oração o papa Francisco terminou a  Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, promulgada em Roma  no  dia 24 de novembro de 2013.

O que  ela expressa? Como o  papa vê hoje o papel da Igreja no mundo atual? Será que esta não deveria ser uma oração não só do papa, mas de todo o povo de Deus que forma a Igreja? - Estas são as indagações que podemos fazer ao ler a oração embaixo, ou, talvez, orar junto com o papa Francisco...

WCejnog


Virgem e Mãe Maria,
Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida
na profundidade da vossa fé humilde,
totalmente entregue ao Eterno,
ajudai-nos a dizer o nosso «sim»
perante a urgência, mais imperiosa do que nunca,
de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.

Vós, cheia da presença de Cristo,
levastes a alegria a João o Baptista,
fazendo-o exultar no seio de sua mãe.
Vós, estremecendo de alegria,
cantastes as maravilhas do Senhor.
Vós, que permanecestes firme diante da Cruz
com uma fé inabalável,
e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição,
reunistes os discípulos à espera do Espírito
para que nascesse a Igreja evangelizadora.
Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados
para levar a todos o Evangelho da vida
que vence a morte.
Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos
para que chegue a todos
o dom da beleza que não se apaga.

Vós, Virgem da escuta e da contemplação,
Mãe do amor, esposa das núpcias eternas
intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo,
para que ela nunca se feche nem se detenha
na sua paixão por instaurar o Reino.

Estrela da nova evangelização,
ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão,
do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres,
para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da terra
e nenhuma periferia fique privada da sua luz.

Mãe do Evangelho vivente,
manancial de alegria para os pequeninos,
rogai por nós.

Amém. Aleluia!



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Boas Festas! Wesołych Świąt!


"O materialismo do Papai Noel e a espiritualidade do Menino Jesus." - Artigo do Leonardo Boff. Vale a pena ler!


Hoje,  às vésperas do Natal, trago para o blog Indagações–Zapytania um texto muito interessante e apropriado para ser lido nestes dias, quando a atmosfera das festas natalinas está tomando conta de tudo e de todos. Foi publicado recentemente pelo  autor, Leonardo Boff, que é teólogo, filósofo e escritor, no seu blog.
Não deixe deixe de ler!
WCejnog






Blog  leonardoBOFF.com

O materialismo do Papai Noel e a espiritualidade do Menino Jesus

21/12/2013

Um dia, o Filho de Deus quis saber como andavam as crianças que outrora, quando andou entre nós,“as tocava e as abençoava” e que dissera:”deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino de Deus”(Lucas 18, 15-16).

À semelhança dos mitos antigos, montou num raio celeste e chegou à Terra, umas semanas antes do Natal. Assumiu a forma de um gari que limpava as ruas. Assim podia ver melhor os passantes, as lojas todas iluminadas e cheias de objetos embrulhados para presentes e principalmente seus irmãos e irmãs menores que perambulavam por aí, mal vestidos e muitos com forme, pedindo esmolas. Entristeceu-se sobremaneira, porque verificou que quase ninguém seguira as palavras que deixou ditas:”quem receber qualquer uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe”(Marcos 9,37).

E viu também que já ninguém falava do Menino Jesus que vinha, escondido, trazer na noite de Natal, presentes para todas as crianças. O seu lugar foi ocupado por um velhinho bonachão, vestido de vermelho com um saco às costas e com longas barbas que toda hora grita bobamente:”Oh, Oh, Oh… olhem o Papai Noel aqui”. Sim, pelas ruas e dentro das grandes lojas lá estava ele, abraçando crianças e tirando do saco presentes que os pais os haviam comprado e colocado lá dentro. Diz-se que  veio de longe, da Finlândia, montado num trenó puxado por renas. As pessoas haviam esquecido de outro velhinho, este verdadeiramente bom: São Nicolau. De família rica, dava pelo Natal presentes às crianças pobres dizendo que era o Menino Jesus que lhes estava enviando. Disso tudo ninguem falava. Só se falava do Papai Noel, inventado há mais de cem anos.

Tão triste como ver crianças abandonadas nas ruas, foi perceber como elas eram enganadas, seduzidas pelas luzes e pelo brilho dos presentes, dos brinquedos e de mil outros objetos que os pais e as mães costumam comprar como presentes para serem distribuidos por ocasião da ceia do Natal.

Propagandas se gritam em voz alta, muitas enganosas, suscitando o desejo nas crianças que depois correm para os pais, suplicando-lhes para que comprem o que viram. O Menino Jesus travestido de gari, deu-se conta de que aquilo que os anjos cantaram de noite pelos campos de Belém”eis que vos anuncio uma alegria para todo o povo porque nasceu-vos hoje um Salvador… glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa-vontade”(Lucas 2, 10-14) não significava mais nada. O amor tinham sido substituído pelos objetos e a jovialidade de Deus que se fez criança, tinha desaparecido em nome do prazer de consumir.

Triste, tomou outro raio celeste e antes de voltar ao céu deixou escrita uma cartinha para as crianças. Foi encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos casebres dos morros da cidade, chamadas de favelas. Ai o Menino Jesus escreveu:

Meus queridos irmãozinhos e irmãzinhas,

Se vocês olhando o presépio e virem lá o Menino Jesus e se encherem de fé de que ele é o Filho de Deus Pai  que se fez um menino, menino qual um de nós e que Ele é o Deus-irmão que está sempre conosco;

Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente nos pobrezinhos, a presenca escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles;

Se vocês fizerem renascer a criança escondida no seus pais e nas pessoas adultas para que surja nelas o amor, a ternura, o carinho, o cuidado e a amizade  no lugar de muitos presentes;

Se vocês ao olharem para o presépio descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e mal vestidas e sofrerem no fundo do coração por esta situação desumana e se decidirem já agora, quando grandes, mudar estas coisas para que nunca mais haja crianças chorando de fome e de frio;

Se vocês repararem nos três reis magos com os presentes para o Menino Jesus e pensarem que até os reis, os grandes deste mundo e os sábios reconheceram a grandeza escondida desse pequeno Menino que choraminga em cima das palhinhas;

Se vocês, ao verem no presépio todos aqueles animais, como as ovelhas, o boi e a vaquinha pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela Menino Jesus e que todos, galáxias, estrelas, sois, a Terra  e outros seres da natureza e nós mesmos formamos a grande Casa de Deus;

Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda e recordarem que sempre há uma Estrela como a de Belém sobre vocês,  iluminando-os e mostrando-lhes os melhores caminhos;

Se vocês  aguçarem bem os ouvidos e escutarem a partir dos sentidos interiores, uma música celestial como aquela dos anjos nos campos de Belém que anunciavam paz na terra;

Então saibam que sou eu, o Menino Jesus, que  está chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, à Casa do Pai e Mãe de infinita bondade para sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida.

Belém, 25 de dezembro do ano 1.
                                   
Assinado: Menino Jesus




sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Krzycz, Proroku! – Refleksja jaką pozostawia Adwent.



Krótka, wspaniała  refleksja, jaką pozostawia nam Awent ...

Wyjęta z Power Point (PPS) –    site Sióstr Benedyktynek z Montesserrat (Hiszpania):
(Tłumaczone z j. portugalskiego)
 WCejnog


Krzycz, Proroku
 
Dostałeś przeznaczenie od innego silniejszego słowa:
twoją misją jest być prorokiem,  słowem Boga żywego.
Pójdziesz niosąświatło w zupełnym oddaniu,
bo twój głos jest głosem Boga i głos  Boga nie śpi.
 
IDŹ POPRZEZ ŚWIAT, KRZYCZ  LUDZIOM
ŻE MIŁOŚĆ BOGA NIE MA KOŃCA,
ANI  GŁOS BOGA NIE ZANIKA.
 
Idź swoim szlakiem, proroku, po gorącym piachu,
i nadal rzucaj ziarna na świecie
a pokażą się owoce.
Nie bój się kiedy nasza wiara zastyga przed twoim głosem
bo uciekamy przed  bólem a głos Boga nas boli.
 
IDŹ POPRZEZ ŚWIAT, KRZYCZ  LUDZIOM
ŻE MIŁOŚĆ BOGA NIE MA KOŃCA,
ANI  GŁOS BOGA NIE ZANIKA.

Kontynuuj śpiewając, proroku, pieśni życia czy śmierci,
nadal głoś ludziom
że Królestwo Boże już nadchodzi.
Nie odbiorą ci głosu i nie musisz bać  się nikogo,
bo twój głos pochodzi od Boga i głos Boga nie ginie.
 
Emilio Vicente Matéu


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

“José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.” – Comentário bíblico de Asun Gutiérrez Cabriada.


“- José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou  é fruto do Espírito Santo.” (Mt 1,20)
  
A situação é dramática: Maria está grávida e José, o seu noivo e  futuro pai adotivo de Jesus, não sabe o que fazer. Ele está em dúvida em relação a que atitude deve tomar, porque segundo a lei deveria  pelo menos repudiá-la. Mas, como não ouvir a voz de Deus? – A sua resposta será “Sim”, o “Sim” do homem justo e correto diante de Deus.

Para refletir sobre esta passagem bíblica do Evangelho segundo Mateus (Mt 1,18-24), trago para o blog Indagações uma reflexão muito interessante de Asun Gutiérrez Cabriada.
Não deixe de ler.
WCejnóg

[Os interessados podem  ler esse texto em aprestentação de PPS, acessando o  site das Monjas Beneditinas do Montesserrat:  http://www.benedictinescat.com/montserrat/imatges/Dom4advA13port.pps 
 Trabalho muito bonito!)

Uma mulher alcançada plenamente pelo Espírito, por dom de Deus e colaboração sua, foi Maria de Nazaré.
O Espírito terá alcançado a nossa pele se toda a nossa pessoa respira e vive o ar de Jesus, ou seja, se – como se passou com Maria de Nazaré – nos deixamos configurar pelo Espírito de Deus até que Cristo se forme em nós e nos vá convertendo em criaturas novas.


Então viveremos os valores evangélicos de um modo quase natural, sem voluntarismos nem perfeccionismos mas como fruto de ter descoberto a verdade do nosso ser, de nos termos deixado alcançar pela força do alento de Deus  que nos prometeu em Jesus e que a primeira comunidade acolheu com assombro de tal modo que aprendeu a respirar o “ar de Jesus” até que o seu Espírito se revelou em cada um dos seus membros à “flor da pele”.
  
Emma Martínez Ocaña


Comentário
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo:
Maria, sua mãe, estava noiva de José

Ainda que não intervenha diretamente, Jesus é o protagonista deste texto. O seu nome começa e conclui o relato.
Entre os judeus, esta promessa supunha um compromisso matrimonial, de tal maneira que se o par tinha um filho ou uma filha, era considerado filho legítimo dos dois.
Em caso de infidelidade, a lei de Moisés previa duas opções: a denúncia pública e consequente lapidação (Dt 22,12-21); ou a separação em segredo (Dt 24,1).
José escolhe a segunda. Nele, a misericórdia triunfa sobre o julgamento.

antes de terem vivido em comum,
encontrara-se grávida
por virtude do Espírito Santo.

Está em marcha uma iniciativa misteriosa e criativa de Deus a favor de todos os seres humanos. Tudo na vida de Jesus, toda a sua vida, é obra do Espírito que está sempre com Ele.
Acolhamos, com a mesma fé, abertura e amor de Maria, a acção do Espírito para que possa atuar e fazer maravilhas em nós.
Mas José, seu esposo,
que era justo e não queria difamá-la,
 resolveu repudiá-la em segredo.

José é justo porque observa a lei, que obrigava o marido a dissolver o matrimónio em caso de adultério e porque suaviza o rigor da lei evitando a difamação pública.
José é justo, fundamentalmente, porque aceita o plano de Deus, mesmo que não o entenda, o desconcerte e desarranje todos os seus planos.
De José aprendemos a não julgar nem ferir as pessoas, a nos pôrmos no lugar dos outros, a aceitar o que não entendemos de nós mesmos e dos outros, a tomar decisões, a saber viver um projeto de casal, a lutar pelos nossos sonhos, o valor da discrição, da reflexão, do silêncio...

Tinha ele assim pensado,
quando lhe apareceu num sonho
o Anjo do Senhor, que lhe disse:
- José, filho de David,
não temas receber Maria, tua esposa,
pois o que nela se gerou 
é fruto do Espírito Santo.
Ela dará á luz um Filho
e tu por-lhe-ás o nome de Jesus,
porque Ele salvará o povo
dos seus pecados.

Para se tornar presente, Deus não se serve de grandes personagens, mas de um jovem  e simples casal que se conhece, se enamora e se casa.
O nome de Jesus – Deus salva - exprime o seu destino e a sua missão.
José aceita o projeto de Deus, mesmo que não coincida com o seu nem o entenda. 
Todos temos um nome no coração de Deus – conhece-nos e chama-nos pelo nosso nome - e uma missão a cumprir.
Deus continua a necessitar da nossa capacidade de amar, de acreditar, de criar,  de servir, para continuar a nacer no mundo tornando possível a sua mensagem de ternura, proximidade, paz, justiça e libertação.

Tudo isto aconteceu
para que se cumprir
o que o Senhor anunciara
por meio do Profeta, que diz:
A Virgem conceberá
e dará à luz um Filho,
que será chamado Emmanuel
(que quer dizer: Deus connosco)

A nossa fé não consiste em crer que Deus existe, mas em descobrir com imensa alegria que, em Jesus, Deus se faz proximidade e ternura. Nunca estamos sós.  Deus está sempre conosco, partilhando e solidarizando-se com a vida, dificuldades, alegrias, aspirações e anseios de cada pessoa. Caminha com cada ser humano, com cada criatura, dando força, esperança, apoio, luz...

Quando despertou do sono,
José fez como o Anjo do Senhor
 lhe ordenara
e recebeu sua esposa.

Se, como Maria e José, nos abrimos ao Mistério, ao Espírito, Deus vem à nossa casa, nasce em cada um de nós e enche a nossa vida de
encontro, de alegria, de esperança e de sentido.
E em cada um de nós nasce Deus.


Escuta
Decisão
Ação

Maria, mulher da escuta,
faz que se abram os nossos ouvidos;
que saibamos escutar a Palavra de teu Filho Jesus entre os milhares de palavras deste mundo;
faz que saibamos escutar a realidade em que vivemos,
cada pessoa que encontramos,
especialmente quem é pobre,
necessitado, e tem dificuldades.

Maria, mulher da decisão,
ilumina a nossa mente e o nosso coração,
para que saibamos obedecer à Palavra
de teu Filho Jesus sem vacilações;
dá-nos a valentia da decisão,
de não nos deixarmos arrastar
para que outros orientem a nossa vida.



Maria, mulher da ação,
faz que as nossas mãos e os nossos pés
se movam “depressa” para os outros,
para levar a caridade e o amor de teu Filho Jesus,
para levar, como tu,
a luz do Evangelho ao mundo. Amém.


Papa Francisco

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Natal: Festa da humanização de Deus e da alforria da humanidade. – Artigo de José Lisboa Moreira de Oliveira. Muito bom!




O Natal está chegando. Dentro de alguns dias estaremos celebrando a grande Festa que deveria ser o “Aniversário” de Nascimento do Menino Jesus. Digo “festa”, porque atualmente talvez para a  maioria das pessoas este é o tempo de feriado, de presentes, de visitas, de enfeites e “papais Noéis”, de muita comida e bebida, de ‘comilança’ (tanto para quem tem condições para isso, como também para quem não tem, porque vai recorrer  ao crédito!), enfim – uma festa!. Aliás,  atualmente a ‘preparação’ para o Natal começa cada vez mais cedo, já em Novembro, bem planejada pelos setores do mercado comercial e econômico. Na verdade, o que está em jogo é conseguir vender mais, ganhar mais, alcançar mais lucros do que no ano passado, etc, etc.  E sem perceber, nós nos deixamos manipular ou permitimos que nos manipulem...  Justificando, dizemos: É tempo de Natal! 
Mas a  pergunta é esta: Que tipo de Natal é este? Que sentido ele tem para nós? (será que ainda tem?).

Para fazer uma boa reflexão sobre o assunto acima, nada melhor do que poder ler um bom artigo. Para isto, trago agora para o blog Indagações o texto “O natal: Festa da humanização de Deus e da alforria da humanidade”  de José Lisboa Moreira de Oliveira, que o autor publicou algumas semanas atrás no seu blog O Chamado. Vale a pena conferir!
WCejnog



O Chamado
sexta-feira, 29 de novembro de 2013.
 
Natal
 
Natal:  Festa da humanização de Deus e da alforria da humanidade
 
José Lisboa Moreira de Oliveira
Filósofo, teólogo, escritor, conferencista e professor universitário
 
O Natal está de volta. O tempo passa tão rápido, pois a técnica nos dá a sensação de maior velocidade. Anos atrás o tempo custava passar, pois os ritmos eram mais lentos. Andávamos a pé ou a cavalo. Hoje se a internet está lenta ou o avião atrasa alguns minutos, nós ficamos nervosos e impacientes. O risco é de não aproveitarmos bem o tempo que temos e de não curtirmos cada momento de nossa existência. Como membros de uma sociedade estressada, vivemos sempre em função do quem vem logo depois, e não nos damos conta do momento presente e nem guardamos na memória o que vivemos. Terminamos por ser desmiolados e permanentemente nervosos.
 
Nós nos habituamos a celebrar o Natal como sendo a festa do nascimento de Jesus. Porém, não sabemos exatamente quando e onde ele nasceu. Não existem registros confiáveis que nos possam assegurar que Cristo tenha nascido no dia 25 de dezembro. O que se sabe com certeza é que neste dia, no mundo greco-romano, festejava-se o nascimento de Mitra, o deus indo-europeu da luz celeste, considerado o guardião da verdade e inimigo da mentira. Baixo-relevos, ainda conservados, mostram Mitra, ajoelhado diante do Sol em profunda adoração. O culto a Mitra não acontecia em templos, mas em grutas naturais e, posteriormente, em grutas artificiais escavadas nas rochas com essa finalidade (GALIMBERTI, Umberto. Rastros do sagrado. São Paulo: Paulus, 2003, p. 134-138).
 
Também não sabemos com segurança se Jesus nasceu em Belém. Hoje a maioria dos estudiosos da Bíblia acredita que a afirmação do nascimento de Jesus em Belém seja apenas uma construção teológica, inspirada na profecia de Miquéias (5,1), com o objetivo de relacioná-lo com o rei Davi e, assim, identificá-lo com o Messias esperado pelo povo hebreu (PAGOLA, José Antonio. Jesús. Aproximación histórica. Buenos Aires; Claretiana, 2009, p. 41-44). O mais provável e lógico é que Jesus tenha nascido em Nazaré (Jo 1,46). 
Esse tipo de recurso teológico era muito natural naquela época. Um recurso que nós, hoje, podemos estranhar porque trabalhamos com o princípio positivista de que só é verdadeiro o que pode ser empiricamente comprovado, enquanto os escritores da época trabalhavam com simbologias e metáforas. Para eles o importante não era um dado histórico exato, mas o significado simbólico e metafórico de um determinado fato ou personagem. Também não existem registros de que Jesus tenha nascido numa gruta. Essa lenda surge bem depois pela associação da figura de Jesus com o deus Mitra que, como vimos, era cultuado em grutas.
 
Quando o cristianismo se expandiu neste ambiente encontrou esta festa e fez um processo de inculturação. Transformou o nascimento de Mitra na festa do nascimento de Jesus, considerado pelos cristãos a “luz que brilha nas trevas” (Jo 1,5) e que era cheio de pura “graça e verdade” (Jo 1,17). Assim o dies natalis(dia do natal) de Mitra foi sendo transformado em dia do nascimento de Cristo. O culto ao Sol, típico do solstício de inverno do hemisfério norte, foi transferido para a pessoa de Jesus. 
O objetivo dessa extraordinária construção cultural foi introduzir sem muita violência e sem muito impacto sociocultural o culto cristão no ambiente greco-romano. Aliás, cabe dizer que o cristianismo, inteligentemente, realizou o mesmo processo para tantas outras coisas.
 
Sei perfeitamente que alguns cristãos detestam que se fale dessas coisas. Eles acreditam que uma fé genuína pode ser mantida no século XXI com “estórias da carochinha”. Pensam que o cristianismo pode se conservar escondendo certas verdades. Se assim fosse o cristianismo não estaria em crise na Europa, ambiente onde ainda se insiste, dentro das Igrejas, em proclamar como verdade absoluta aquilo que é apenas periférico. Com isso o cristianismo deixa de ser a religião da esperança, da salvação e do sentido da vida, uma vez que, tendo acesso ao conhecimento, as pessoas sabem que não se pode acreditar como sendo historicamente reais estórias como a de “Alice no país das maravilhas”. Se o cristianismo, ao invés de insistir obsessivamente na veracidade histórica de certos episódios, soubesse apresentar o significado simbólico-antropológicoque está por detrás de certas narrativas, ele conseguiria dar aos homens e às mulheres de hoje muito mais esperança (1Pd 3,14-17).
 
Nesta perspectiva é importante dizer que no Natal não celebramos um fato cronológico. Isso pode ficar totalmente em segundo plano. Na festa litúrgica do Natal não celebramos uma data, mas um evento único e extraordinário, que só o cristianismo proclama: “Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher e sujeito à lei, para pagar a alforria daqueles que estão sujeitos à lei, para que nos seja dado ser filhos adotivos” (Gl 4,4-5). Portanto, o que celebramos no Natal, antes de tudo, é o fato de que o Filho de Deus se humanizou, ou seja, se tornou como nós. E com este fato extraordinário celebramos outro não menos importante: a alforria de toda a humanidade e a sua elevação à categoria de filiação divina.
 
Ao nascer de mulher, isto é, ao assumir a condição humana, Cristo declara totalmente absurda qualquer forma de escravidão das pessoas. De modo que se pode afirmar que o Natal é a celebração da humanidade do Filho de Deus e da divinização da humanidade. Porque Cristo se tornou igual a nós em tudo, exceto no pecado (Hb 4,15), os homens e as mulheres foram elevados à condição de filhos e de filhas de Deus. Por essa razão, para o cristianismo, é inaceitável qualquer coisa que violente a dignidade humana.
 
Desta forma o Natal é a celebração dos relacionamentos humanosmaduros, ou seja, da tomada de consciência de que, em Cristo nascido de mulher, todos nós nos tornamos irmãos e irmãs. Não importa em que data Jesus tenha nascido. Isso, na celebração litúrgica do Natal, é totalmente insignificante. O que importa mesmo é a tomada de consciência de que Deus se humanizou e espera que também nós nos humanizemos. Que as nossas relações sejam sempre mais fraternas, carregadas de afeto e de bondade, de amor e de misericórdia. A troca de presentes na noite de Natal deveria simbolizar esse compromisso. Deveria expressar este nosso sonho, este nosso desejo, este nosso esforço de construir novas relações.
 
Porém, lamentavelmente não é o que acontece. O que continuamos a ver é a mercantilização e a comercialização do Natal. Trocar presentes virou uma obrigação formal, sem nenhuma carga de afeto e de ternura. Por isso a melhor maneira de se celebrar o verdadeiro sentido do Natal seria quebrando essa regra mercantilista e consumista, trocando-a pela gratuidade, pelo amor e pela humanização de nós mesmos. Isso é o que há de mais genuíno e original na celebração natalina. Que tal, ao invés de trocar presentes, trocar muito amor, muita ternura, muito carinho e muita compaixão? Que tal no dia de Natal procurar alguém que conhecemos e que está sofrendo muito por falta de humanidade das pessoas? Que tal dar um abraço bem carinhoso nessa pessoa, olhar em seus olhos e dizer que a amamos?
 
Fonte: Blog O Chamado