Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 30 de maio de 2015

O essencial do credo. - Reflexão de José Antonio Pagola. Vale a pena ler!




“Necessitamos, talvez, recuperar o essencial do nosso credo para aprender a vivê-lo com alegria nova.” – José Antonio Pagola

Festa da Santíssima Trindade

Abaixo, uma reflexão bem concreta e muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 28, 16-20  (as últimas recomendações de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir!

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IHU - Notícias
Sexta, 29 de maio de 2015

O essencial do credo

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 28, 16-20 que corresponde a Festa da Trindade, Ciclo B, do Ano Litúrgico. 
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Ao longo dos séculos, os teólogos cristãos elaboraram profundos estudos sobre a Trindade.  No entanto, bastantes cristãos dos nossos dias não conseguem captar o que tem que ver com as suas vidas essas admiráveis doutrinas.

Ao que parece, hoje necessitamos ouvir falar de Deus com palavras humildes e simples, que toquem o nosso pobre coração, confuso e desalentado, e reconfortem a nossa fé vacilante. Necessitamos, talvez, recuperar o essencial do nosso credo para aprender a vivê-lo com alegria nova.

“Creio em Deus Pai, criador do céu e da terra.”  Não estamos sós ante os nossos problemas e conflitos. Não vivemos esquecidos, Deus é nosso “Pai” querido. Assim O chamava Jesus e assim O chamamos nós. Ele é a origem e a meta da nossa vida. Criou-nos a todos só por amor, e espera a todos com coração de Pai no final da nossa peregrinação por este mundo. O Seu nome é hoje esquecido e negado por muitos. Os nossos filhos vão-se afastando Dele, e os crentes, não sabemos contagiá-los com a nossa fé, mas Deus continua a olhar a todos com amor. Mesmo que vivamos cheios de dúvidas, não temos de perder a fé num Deus Criador e Pai, pois teríamos perdido a nossa última esperança.

Creio em Jesus Cristo, Seu único Filho, nosso Senhor.” É o grande presente que Deus fez ao mundo. Ele contou-nos como é o Pai. Para nós, Jesus nunca será um homem mais. Olhando para Ele, vemos o Pai: em nossos gestos captamos a Sua ternura e compreensão. Nele podemos sentir o Deus humano, próximo, amigo. Este Jesus, o Filho amado de Deus, animou-nos a construir uma vida mais fraterna e ditosa para todos.  É o que mais quer o Pai. Indicou-nos, também, o caminho a seguir: “Sejam compassivos como o vosso Pai é compassivo”. Se esquecermos a Jesus, quem ocupará o Seu vazio? quem nos poderá oferecer a Sua luz e a Sua esperança?

“Creio no Espírito Santo, Senhor e dador da vida.” Este mistério de Deus não é algo longínquo. Está presente no fundo de cada um de nós. Podemos captá-lo como Espírito que alenta as nossas vidas, como Amor que nos leva até aos que sofrem. Este Espírito é o melhor que há dentro de nós.



sexta-feira, 29 de maio de 2015

Os preferidos de Deus. Artigo de Gustavo Gutiérrez. Muito bom!



O artigo Os preferidos de Deus, de Gustavo Gutiérrez,  que hoje trago para o blog Indagações-Zapytania é muito interessante e pode ser bastante útil para as pessoas que  procuram compreender melhor a questão de Teologia da Libertação.  Apesar de essa ser uma publicação já um pouco antiga, acho que as colocações e abordagem continuam muito atuais.
Não deixe de ler.
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IHU - Notícias
Quinta, 05 de setembro de 2013
   
Os preferidos de Deus. Artigo de Gustavo Gutiérrez


É necessário conhecer as razões da pobreza em nível social, econômico e cultural. Isso exige instrumentos de análise que nos são fornecidos pelas ciências humanas, mas, como todo pensamento científico, elas trabalham com hipóteses que permitem compreender a realidade que buscam explicar. Isso equivale a dizer que elas são chamadas a mudar diante de fenômenos novos.
A opinião é do teólogo dominicano peruano Gustavo Gutiérrez, um dos "pais fundadores" da Teologia da Libertação, autor de Teologia da Libertação: Perspectivas (Ed. Loyola). O artigo foi publicado no jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano, 04-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.










Gustavo Gutiérrez, o pai da teologia da libertação


Eis o texto.

Não estamos com os pobres se não somos contra a pobreza, dizia Paul Ricoeur há muitos anos. Ou seja, se não rejeitamos a condição que oprime uma parte tão importante da humanidade. Não se trata de uma rejeição meramente emotiva. É necessário conhecer as razões da pobreza em nível social, econômico e cultural. Isso exige instrumentos de análise que nos são fornecidos pelas ciências humanas, mas, como todo pensamento científico, elas trabalham com hipóteses que permitem compreender a realidade que buscam explicar. Isso equivale a dizer que elas são chamadas a mudar diante de fenômenos novos.

É o que acontece hoje diante da presença dominante do neoliberalismo que vem sobre as costas de uma economia cada vez mais autônoma da política (e, antes ainda, da ética), graças ao fenômeno conhecido pelo termo, um pouco bárbaro, "globalização".

A situação assim designada, como sabemos, vem do mundo da informação, mas tem poderosas repercussões sobre o campo econômico e social, e em outros âmbitos da atividade humana. No entanto, a palavra é enganosa, porque faz acreditar que nos orientamos rumo a um mundo único, quando, na realidade, e no momento atual, comporta inevitavelmente uma contrapartida: a exclusão de uma parte da humanidade do circuito econômico e dos chamados benefícios da civilização contemporânea.

Uma assimetria que se torna cada vez mais pronunciada. Milhões de pessoas são, assim, transformadas em objetos inúteis, ou descartáveis após o uso. Trata-se daqueles que ficaram fora do âmbito do conhecimento, elemento decisivo da economia dos nossos dias e o eixo mais importante de acumulação de capital.

Deve-se notar que essa polarização é consequência da forma em que estamos vivendo hoje a globalização, que constitui um fato que necessariamente não deve assumir os contornos atuais de uma crescente desigualdade. E, como sabemos, sem igualdade, não há justiça. Sabemos disso, mas o problema assume hoje uma urgência cada vez maior.

O neoliberalismo econômico postula um mercado sem limites, chamado a se regular sozinho e submete qualquer solidariedade social nesse campo a uma dura crítica, acusando-a não só de ser ineficaz com relação à pobreza, mas até de ser uma das suas causas. Que houve abusos nesse campo é claro e reconhecido, mas aqui estamos diante de uma recusa de princípio que deixa sem proteção os mais frágeis da sociedade.

Um dos corolários desse pensamento, e um dos mais dolorosos e agudos, é o da dívida externa, que oprime e mantém as mãos amarradas das nações pobres. Dívida que cresceu de maneira espetacular, dentre outros motivos, por causa das taxas de juros manipuladas pelos próprios credores. O pedido do seu cancelamento foi um dos pontos mais concretos e interessantes da decisão de João Paulo II de celebrar um jubileu, no sentido bíblico do termo, para o ano de 2000.

Essa desumanização da economia, em vigor há algum tempo, que tende a transformar tudo em mercadoria, inclusive as pessoas, foi denunciada por uma reflexão teológica que mostra o caráter idólatra, no sentido bíblico do termo, desse fato. As circunstâncias atuais não só tornaram mais urgente esse chamado, mas também forneceram novos elementos de aprofundamento.

Por outro lado, assistimos hoje a uma curiosa tentativa de justificação teológica do neoliberalismo econômico que, por exemplo, compara as multinacionais ao Servo de YHWH, atacado e vilipendiado por todos, enquanto delas viriam a justiça e a salvação. Sem falar da chamada teologia da prosperidade, que tem vínculos muito estreitos com a posição recém-lembrada. Isso levou, às vezes, a postular um certo paralelismo entre cristianismo e doutrina neoliberal.

Sem negar as suas intuições, é preciso se interrogar sobre o porte de uma operação que nos lembra aquela que, no extremo oposto, foi feita, há anos, para refutar o marxismo, considerado também como uma espécie de "religião", que, além disso, teria seguido, passo a passo, a mensagem cristã (pecado original e propriedade privada, necessidade de um redentor e proletariado etc.). Mas essa observação, é claro, não tira nada da necessidade de uma crítica radical das ideias dominantes hoje no âmbito da economia. Ao contrário.

Uma reflexão teológica a partir dos pobres, preferidos por Deus, se impõe. Ela deve levar em consideração a autonomia da disciplina econômica e, ao mesmo tempo, ter em mente a sua relação com o conjunto da vida dos seres humanos, o que comporta, acima de tudo, levar em consideração uma exigência ética.

Da mesma forma, evitando entrar no jogo das posições que acabamos de mencionar, não devemos perder de vista que a rejeição mais firme às posições neoliberais ocorre a partir das contradições de uma economia que se esquece cinicamente e, a longo prazo, de maneira suicida dos seres humanos, particularmente daqueles que não têm defesas nesse campo, isto é, hoje, a maior parte da humanidade.

Trata-se de uma questão ética no sentido mais amplo do termo, que impõe que entremos nos perversos mecanismos que distorcem a partir de dentro a atividade humana chamada economia. Esforços corajosos de reflexão teológica são feitos nesse sentido entre nós.

Nessa linha, a da globalização e da pobreza, também devemos colocar as perspectivas abertas pelas correntes ecologistas diante da destruição, igualmente suicida, da natureza. Elas nos tornaram mais sensíveis a todas as dimensões do dom da vida e nos ajudaram a ampliar o horizonte da solidariedade social que deve compreender um respeitoso vínculo com a natureza.

O problema não diz respeito apenas aos países desenvolvidos, cujas indústrias causam tantos danos ao habitat natural da humanidade. Envolve a todos, também os países mais pobres.

É impossível hoje refletir teologicamente sobre o problema da pobreza sem levar em conta essas realidades.




segunda-feira, 25 de maio de 2015

PRZYBĄDŹ DUCHU ŚWIĘTY. – Modlitwa/refleksja na czas Zielonych Świąt. Autor: José Antonio Pagola. Wspaniała!



Zesłanie Ducha Świętego

Wspaniała modlitwa do Ducha Świętego. Jej autorem jest José Antonio Pagola.  Ale, tak naprawdę, słowa tej modlitwy  mogą nam służyć do głębokiej refleksji.

(Tłum. z j. portugalskiego)
Źródło: IHU – Notícias
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Przyjdź Duchu Święty. Obudź naszą słabą, małą i chwiejną wiarę. Naucz nas żyć, wierząc w niezgłębiona miłośc Boga Ojca do wszystkich swoich synów i córek, tak tych co przynależą do Twojego Kościoła, jak  i tych co pozostają poza Nim.  Bo jeżeli ta wiara zgaśnie w naszych sercach,  wkrótce ona  również umrze w naszych wspólnotach i kościołach.

Przyjdź Duchu Święty. Spraw żeby  Jezus  stał się centrum Twojego Kościoła. Żeby nic ani nikt Go nie zastępował ani nie zamazywał. Nie pozwalaj na to, by Twoja obecność wśród nas, była nam obojętna i nie pociągała nas do twojej Ewangelii, nie wzbudzając w nas pragnienia nawrócenia byśmy mogli iść za Nim. Obyśmy nie uciekali przed Jego Słowem, ani nie odchodzili od jego przykazania miłości. Niech nie zanika w świecie  jego pamięć.

Przyjdź Duchu Święty. Otwórz nasze uszy byśmy mogli usłyszeć Twoje  wezwania, te które dochodzą do nas dzisiaj, w formie pytań, cierpień, konfliktów i sprzeczności istniejących w życiu mężczyzn i kobiet naszych czasów. Spraw, byśmy umieli być  otwarci na Twoją moc  i w ten sposób nieśli nową wiarę, której tak bardzo potrzebuje to nasze nowe społeczeństwo.  Byśmy, w twoim Kościele, żyli bardziej zwracając uwagę na to, co sie rodzi, niż na to co umiera,  mając serce umacniane nadzieją, a nie podkopywane  nostalgią.

Przyjdź Duchu Święty. Oczyść serce twojego Kościoła. Postaw między nami prawdę. Naucz nas rozpoznawać nasze grzechy i ograniczenia. Przypominaj nam, że jesteśmy jak wszyscy: ludźmi kruchymi, przeciętnymi i grzesznikami. Uwalniaj nas od pychy i fałszywego bezpieczeństwa. Naucz nas chodzić wśród ludzi z większą pokorą i w prawdzie.

Przyjdź Duchu Święty. Naucz nas w nowy sposób spojrzeć na życie, na świat, a przede wszystkim na ludzi. Byśmy nauczyli się patrzeć tak jak Jezus patrzył na tych, którzy cierpią, którzy się smucą, którzy płaczą, którzy upadają, którzy żyją samotnie albo są przez innych zapomnieni. Jeśli zmieni się nasz sposób patrzenia, tym samym zmieni się również serce i oblicze Twojego Kościoła. Jako uczniowie Jezusa, musimy bardziej promieniować – wskazując na Jego obecność,  na Jego  zrozumienie i solidarność w stosunku do tych, którzy są najbardziej potrzebującymi. Staniemy sie wtedy bardziej podobni do naszego Mistrza i Pana.


Przyjdź Duchu Święty. Uczyń z nas Kościół, którego drzwi są zawsze otwarte i odznaczający się współczującym sercem  i zaraźliwą, silną nadzieją. Oby nic  ani nikt  nie był w stanie odciągnąć nas od planów Boga, czy też sprawić, byśmy się wyminęli z projektem Jezusa: uczynić świat  bardziej sprawiedliwym i godnym, pogodniejszym i bardziej sprawiedliwym, budując drogi dla Królestwa Bożego.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Vem Espírito Santo. – Uma comovente oração para a Festa de Pentecostes. Autor: José Antonio Pagola.



“Vem Espírito Santo. (...) Faz-nos viver abertos ao teu poder para gerar a fé nova que necessita esta sociedade nova. Que, na tua Igreja, vivamos mais atentos ao que nasce que ao que morre, com o coração suportado pela esperança e não minado pela nostalgia.” – do texto abaixo.

Pentecostes

No lugar de reflexão trago hoje para o blog Indagações-Zapytania uma maravilhosa oração. Na verdade, ela também é uma profunda reflexão.
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola. Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e interiorizar.
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IHU - NOTÍCIAS
Sexta, 22 de maio de 2015

Invocação ao Espírito

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20, 19-23 que corresponde ao Domingo de Pentecostes, Ciclo B, do Ano Litúrgico. 

O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto





Vem Espírito Santo.    Desperta a nossa fé débil, pequena e vacilante. Ensina-nos a viver confiando no amor insondável de Deus nosso Pai a todos os seus filhos e filhas, estejam dentro ou fora da tua Igreja. Se se apaga esta fé em nossos corações, depressa morrerá também em nossas comunidades e igrejas.


Vem Espírito SantoFaz que Jesus ocupe o centro da tua Igreja. Que nada nem ninguém O suplante nem O obscureça. Não vivas entre nós sem atrair-nos para o teu Evangelho e sem converter-nos para segui-lo. Que não fujamos da sua Palavra, nem nos desviemos do seu mandato de amor. Que não se perca no mundo a sua memória.

Vem Espírito Santo. Abre os nossos ouvidos para escutar os teus chamamentos, os que nos chegam hoje, desde as interrogações, sofrimentos, conflitos e contradições dos homens e mulheres dos nossos dias. Faz-nos viver abertos ao teu poder para gerar a fé nova que necessita esta sociedade nova. Que, na tua Igreja, vivamos mais atentos ao que nasce que ao que morre, com o coração suportado pela esperança e não minado pela nostalgia.

Vem Espírito Santo. Purifica o coração da tua Igreja. Coloca verdade entre nós. Ensina-nos a reconhecer os nossos pecados e limitações. Recorda-nos que somos como todos: frágeis, medíocres e pecadores. Liberta-nos da nossa arrogância e falsa segurança. Faz que aprendamos a caminhar entre os homens com mais verdade e humildade.

Vem Espírito Santo. Ensina-nos a olhar de forma nova a vida, o mundo e, sobretudo, as pessoas. Que aprendamos a olhar como Jesus olhava aos que sofrem, aos que choram, aos que caem, aos que vivem sós e esquecidos. Se muda o nosso olhar, mudará também o coração e o rosto da Tua Igreja. Os discípulos de Jesus, irradiaremos melhor a sua proximidade, a sua compreensão e solidariedade para com os mais necessitados. Iremos parecer-nos mais ao nosso Mestre e Senhor.

Vem Espírito Santo.  Faz de nós uma Igreja de portas abertas, coração compassivo e esperança contagiosa. Que nada nem ninguém nos distraia ou desvie do projeto de Jesus: fazer um mundo mais justo e digno, mais amável e ditoso, abrindo caminhos ao reino de Deus.



terça-feira, 19 de maio de 2015

Falando sobre a mística. – Entrevista com Marco Vannini. Muito interessante e esclarecedora.


Para relembrar, trago hoje para o blog Indagações uma entrevista (concedida em 2013, por e-mail, para IHU On-Line) com Marco Vannini - um renomado estudioso italiano da mística especulativa.

O tema da mística, de modo geral, sempre suscita diversas opiniões, não poucas vezes até conflitantes. Para as pessoas religiosas, na maioria das vezes, o místico era (ou é) uma pessoa santa, vivenciando um forte contato com o transcendente, com Deus; para os racionalistas e descrentes - não passava (ou passa) de um ‘louco’, ou ‘confuso’.

Afinal, o que é mística? Como entendê-la? O que pensar sobre os ‘testemunhos’ dos místicos, e, até, sobre toda essa experiência mística, que algumas pessoas têm?  Essas são algumas indagações.
Acho que as colocações do Marco Vannini podem ajudar bastante a quem procura entender a questão da mística.

Não deixe de  ler.
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IHU - Entrevistas
Sábado, 14 de dezembro de 2013

"Ninguém nunca viu a Deus". Para a mística a verdade é sempre interior. Entrevista especial com Marco Vannini



"Se eu devo fazer uma hierarquia, direi que algumas das principais palavras-chave da mística são: amor, desapego, humildade, Uno, vazio", descreve o estudioso italiano da mística especulativa.


Marco Vannini não considera que a mística seja uma experiência do mistério.  “O assim chamado mistério é colocado por nós, e a nós são dadas as respostas. Certamente, há coisas que ignoramos, e a realidade de Deus é uma delas, pelo que podemos falar sempre e em qualquer caso somente da nossa experiência, evitando como a peste a tentação de dizer que ela é a ‘experiência de Deus’”,   sustenta Vannini em entrevista por e-mail à IHU On-Line.

“A experiência do espírito é o conhecimento da nossa mais real essência, que é a essência humana, além de cada distinção acidental de cultura, religiões, modos de vida, todos relacionados com a contingência espaço-temporal, e também além da diferença de gênero, que subsiste em nível corpóreo e, em certa medida, também em nível psíquico, mas é inexistente no nível espiritual”, complementa.

Na avaliação de Marco Vannini, a experiência da ausência é, na realidade, a mesma do “nada”. “A experiência do nada não é somente negativa, trágica, mas pode ser sim extremamente frutífera, como purificadora de todos os ídolos, de toda a pretensa certeza”, considera.
Para o editor da obra de Meister Eckhart, na Itália, vivemos em momento em que a história e a ciência erodiram a crença que a fé proporcionava. “‘O deserto cresce’,  Nietzsche já advertia há um século e meio que cada parte é responsável pela a ausência de propósito, o nada no seu sentido mais trágico”, sustenta. “Quando várias correntes místicas compreendem cada uma o específico da outra, entendem que são gotas do mesmo mar”, avalia o entrevistado.

Marco Vannini é um dos maiores estudiosos italianos da mística especulativa.  Além de ter editado Mestre Eckhart e muitos outros místicos, ele é autor de inúmeros estudos, tais como La morte dell’anima. Dalla mistica alla psicologia (Ed. Le Lettere, 2004); Storia della mistica occidentale (Ed. Mondadori, 2005); Mistica e filosofia (Ed. Le Lettere, 2007); La mistica delle grande religioni (Ed. Le Lettere, 2010); Prego Dio che mi liberi da Dio (Ed. Bompiani, 2010), dentre outros. Em português, foi traduzida a sua Introdução à mística (Edições Loyola, 2005).

Neste ano Marco Vannini publicou os seguintes livros: Lessico Místico. Le parole della saggezza (Le Lettere: Firenze, 2013), Oltre il Cristianesimo. Da Eckhart a Le Saux (Bompiani: Milão, 2013) e, juntamente com Corrado Augias, Inchiesta su Maria. La storia vera della fanciulla che divenne mito (Rizzoli: Milão, 2013).

 Confira a entrevista.

IHU On-Line - Em que sentido a mística é uma experiência do Mistério? Como a modernidade compreende essa vivência?

Marco Vannini - Não direi absolutamente que a mística seja a experiência do mistério. O assim chamado mistério é colocado por nós, e a nós são dadas as respostas. Certamente, há coisas que ignoramos, e a realidade de Deus é uma delas (Deum nemo vidit unquam, diz São João ("Ninguém jamais viu a Deus" - Jo, 1,18 - Nota da IHU On-Line), pelo que podemos falar sempre e em qualquer caso somente da nossa experiência, evitando como a peste a tentação de dizer que ela é a  “experiência de Deus”.

Podemos, todavia, dizer que é experiência de uma profundidade — ou de uma altura — vertiginosa que vivemos como experiência da realidade mais essencial de nós mesmos, e, juntamente, como experiência de uma bem-aventurança de outra maneira absolutamente desconhecida. Por certo, ela se refere implicitamente à luz eterna, ao Bem, ou seja, ao que chamamos comumente Deus, mas não podemos, a rigor, deduzir nenhuma teologia e, nesse sentido, o mistério permanece um mistério.

Acredito que a modernidade não aceita — e com razão — as afirmações dos teólogos, ou dos que se dizem místicos, de apresentar sua própria vivência como experiência de conhecimento de Deus, experiência de Deus, mas, em vez disso, compreende perfeitamente, e até aceita de bom grado, por seu caráter de verdadeiro conhecimento mil vezes superior ao das psicologias superficiais, a experiência mística como experiência de nós mesmos, no sentido recém-indicado.

IHU On-Line - Quais são as palavras fundamentais, o léxico que pode descrever a mística?

Marco Vannini - No meu Lessico Misticio. Le parole della saggezza (Léxico Místico. As palavras da sabedoria, em tradução livre), publicado este ano, descrevi umas sessenta palavras importantes para a mística, mas também poderíamos acrescentar outras. Elas são todas importantes, pelo menos no sentido de que a realidade é uma só, pelo que todas as palavras e os conceitos estão indissoluvelmente ligados uns aos outros, e não é possível isolá-los, por assim dizer, e descrevê-los isoladamente, sem, em conjunto, referirem-se também às outras. Se eu devo fazer uma hierarquia, direi que algumas das principais palavras-chave são: amor, desapego, humildade, Uno, vazio.

IHU On-Line - Em outra entrevista à nossa publicação, o senhor afirmou que a experiência do espírito vai muito além das distinções espaço-temporais e de gênero. Qual é a importância de se pensar uma mística para além dessas categorias?

Marco Vannini - Como dizia acima, a experiência do espírito é o conhecimento da nossa mais real essência, que é a essência humana, além de cada distinção acidental de cultura, religiões, modos de vida, todos relacionados com a contingência espaço-temporal, e também além da diferença de gênero, que subsiste em nível corpóreo e, em certa medida, também em nível psíquico, mas é inexistente no nível espiritual.
É evidente que esse conhecimento estabelece uma comunhão entre todos os seres humanos, em todos os lugares (e em todos os tempos), infinitamente superior àquela que se desejaria fundar sobre categorias de caráter político-social (por exemplo, a do direito) ou moral-religioso (por exemplo, o assim chamado ecumenismo), pois estão elas mesmas sujeitas ao condicionamento espaço-temporal.

IHU On-Line - Por que é preciso partir da antropologia clássica para compreender a mística?

Marco Vannini - Porque a antropologia clássica — bem como a cristã que dela se deriva — tem a experiência do ser humano como corpo, alma, espírito, enquanto aquela que prevalece em nossos tempos ignora simplesmente a realidade espiritual, e permanece no dualismo corpo-alma, de fato, corpo-psique. Assim o espírito, em vez de ser o que é, ou seja, o constituinte essencial do homem, desaparece em meio à névoa da indeterminação — também em nível teológico (o Espírito Santo). É necessário, portanto, primeiro ter uma experiência do espírito, e isso somente é possível ao se recuperar a conexão entre filosofia e misticismo, sem o que essa se perde no sentimentalismo.

IHU On-Line - Por que a instituição eclesiástica sempre suspeitou da mística enquanto tal?

Marco Vannini - Em primeiro lugar, porque a mística é como a filosofia — na verdade, a mística é filosofia, como acertadamente revela Pierre Hadot (1) — e, como tal, não reconhece nenhuma autoridade acima da correta razão. Em segundo lugar, porque para a mística a verdade é sempre interior, e o próprio Deus interior intimo meo, como disse Agostinho (2), para o qual a relação com Deus existe somente na interioridade, sem mediação alguma, e isso, obviamente, tira não só o peso da Igreja, como também da Escritura. Em terceiro lugar, enfim, para a mística, a experiência paulina da unidade e da liberdade do espírito é intrínseca: quid adhaeret domino, unus spiritus est, e ubi spiritus domini, ibi libertas (2Cor 3,17 - Nota da IHU On-Line), e esse segundo elemento, a liberdade, é sempre percebido como perigoso, tanto pela autoridade eclesiástica, quanto pela civil.

IHU On-Line - Qual é o legado místico de Etty Hillesum (3), Ângela de Foligno (4) e Marguerite Porete (5)? Quais são as peculiaridades da relação dessas mulheres com a transcendência?

Marco Vannini - Trata-se de três figuras femininas muito distantes não somente no tempo — Ângela e Marguerite do século XIII ao século XIV, Etty do século XX — mas também de características pessoais, meio ambiente, cultura, até mesmo religião, visto que Etty era de família judia.

Diria em primeiro lugar que elas, juntas, mostram como a experiência mística tem sempre elementos essenciais comuns, não obstante as diferenças espaço-temporais, como disse anteriormente. Com a transcendência há uma relação apenas no sentido da ausência que poderíamos expressar, utilizando as palavras de outra grande mulher mística de nosso tempo, Simone Weil (6): “O contato com as criaturas nos é dado pelo sentido da presença, o contato com Deus nos é dado pelo sentimento da ausência. Em comparação com essa ausência, no entanto, a presença é mais ausente que a ausência”. Essa é também a herança mais importante que recebemos delas.

IHU On-Line - Qual é a importância do Nada na mística dessas três mulheres? E qual é a atualidade dessa compreensão e relação com a transcendência?

Marco Vannini - A resposta a essa pergunta está, pelo menos implicitamente, já contida na precedente. A experiência da ausência é, na realidade, “a mesma do nada e não há dúvida de que ela seja de singular atualidade no tempo presente, quanto o era na época do niilismo”. Essas mulheres mostraram que a experiência do nada não é somente negativa, trágica, mas pode ser sim extremamente frutífera, como purificadora de todos os ídolos, de toda a pretensa certeza. Acontece, portanto, que se mantém a orientação da inteligência, de toda a alma, em direção ao Absoluto, ou seja, a fé. Como não lembrar o que ensina São João da Cruz (7)? A fé não produz certezas, mas conduz na noite, isto é, no nada, mas é precisamente nessa noite, nesse nada, que resplandece a luz.

IHU On-Line - Como tais experiências místicas podem inspirar e dar sentido à existência em nosso tempo?

Marco Vannini - Também essa pergunta conecta-se às duas precedentes, e a resposta é similar. Estamos realmente em um momento em que a história e a ciência erodiram a crença de que a fé proporcionava até ontem. “O deserto cresce”, Nietzsche (8) já advertia há um século e meio que cada parte é responsável pela a ausência de propósito, o nada no seu sentido mais trágico. Eis então que um testemunho como o de Etty, que descobre a presença de Deus no meio do campo de concentração nazista onde ela mesma está trancada por ajudar os seus compatriotas, e naquele horror foi capaz de pensar e escrever que estava bem assim, que tudo estava bem, assume um relevo verdadeiramente extraordinário, muito mais autêntico e convincente do que tanta teologia, para não falar das psicologias.

IHU On-Line - Qual é a principal peculiaridade sobre a mística de Maria, mãe de Jesus?

Marco Vannini - Maria é mesmo o arquétipo da mística pelos traços que lhe caracterizam a figura — a única testemunhada nos Evangelhos — ou seja, humildade e desapego. São esses os elementos que compõem o vazio na alma, ou seja, matam o amor a si próprio e deixam o espaço à graça de Deus. Não é coincidência que ela é, desde o princípio, chamada de “cheia de graça”. Os grandes místicos de todos os tempos, de Orígenes (9) a Meister Eckhart (10) a Angelus Silesius (11), compreenderam muitíssimo bem como o nascimento do Filho, do Logos, não estava somente uma vez no ventre de Maria, mas em todo o tempo, em cada instante, em cada alma humilde e distante, que criou o vazio em si própria.

IHU On-Line - Que aproximações poderiam ser tecidas entre a mística cristã, a brahmane (12) e a budista? Nesse sentido, quais são as sutilezas da mística de Mestre Eckhart e Herni Le Saux (13)?

Marco Vannini - Diria que, se for verdade, como é verdade, a mística é sempre substancialmente igual a si mesma, de modo que os grandes místicos de todos os tempos assemelham-se “desde quase a identidade”, como dizia Simone Weil; por outro lado, é também verdade que os vários místicos colocam ênfase em diferentes aspectos da experiência única. Reconhecer a realidade do espírito, matar o egoísmo de apropriação, extinguir o desejo, tornar vazio a si próprio são elementos presentes em cada mística, porém desenvolvidos e enfatizados em alguns mais que em outros. Sob esse aspecto diria que o cristianismo, o bramanismo e o budismo são complementares.

Coloquei De Eckhart a Le Saux como subtítulo do meu último livro Oltre il cristianesimo (Milano: Editora Bompiani, 2013) para evidenciar como, da Idade Média até hoje, a experiência de um “eu sou” no fundo da alma, é completamente idêntica a das palavras de Jesus: “Antes que Abraão existisse, eu sou”, constituía o núcleo essencial do cristianismo — “mais além” o cristianismo como teologia ligada aos tempos e lugares. A importância de Le Saux não é maior que a de Eckhart, mas, para nós, talvez, a mais significativa, uma vez que se trata de um nosso contemporâneo, com uma imagem de mundo que certamente não é medieval, e então passada por intermédio da cultura e da espiritualidade da Índia, que foi a que revelou o verdadeiro significado do cristianismo.

Quando várias correntes místicas compreendem cada uma o específico da outra, entendem que são gotas do mesmo mar.
  
Notas:

1.-  Pierre Hadot: filósofo francês, é um dos co-autores do livro Dicionário de ética e Filosofia Moral. São Leopoldo: Unisinos, 2003. Sus pesquisas concentraram-se primeiramente nas relações entre helenismo e cristianismo,em seguida, na mística neoplatônica e na filosofia da época helenística. Elas se orientam atualmente para uma descrição geral do fenômeno espiritual que a filosofia representa. Em português pode ser lido o livro de sua autoria O que é a filosofia antiga? (São Paulo: Loyola, 1999). Para uma resenha da obra confira a revista Síntese 75(1996), p. 547-551. A resenha do original francês é de Henrique C. de Lima Vaz. (Nota da IHU On-Line)

2.-  Santo Agostinho [Aurélio Agostinho] (354-430): Bispo, escritor, teólogo, filósofo foi uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Ele foi influenciado pelo neoplatonismo de Plotino e criou o conceito de pecado original e guerra justa. Confira a entrevista concedida por Luiz Astorga à edição 421 da IHU On-Line, de 04-06-2013, intitulada A disputatio de Santo Tomás de Aquino: uma síntese dupla, disponível em http://bit.ly/11CA1f8. (Nota da IHU On-Line)

3.-  Etty Hillesum (1914-1943): foi uma jovem judia, cujos diários e cartas descrevem a vida em Amesterdan, durante a ocupação alemã.Em Setembro de 1943, Etty foi deportada para Auschwitz, vindo a falecer em Novembro desse ano. (Nota da IHU On-Line)

4.-  Ângela de Foligno (1248-1309): foi uma mística e santa cristã nascida em Foligno, na Umbria, Itália. Morreu em Foligno, na Itália, no dia 4 de janeiro de 1309. O seu corpo incorrupto encontra-se exposto na Igreja de São Francisco dessa mesma cidade. Foi beatificada pelo Papa Inocêncio XII em 1693 e canonizada pelo Papa Francisco em 2013. (Nota da IHU On-Line)

5.Marguerite Porete: mística francesa, queimada pela Inquisição em Paris, em 1310, após se recusar a retirar seu livro de circulação. (Nota da IHU On-Line)

6.- Simone Weil (1909-1943): filósofa cristã francesa. Centrou seus pensamentos sobre um aspecto que preocupa a sociedade até os dias de hoje: o tormento da injustiça. Vítima da tuberculose, recusou-se a se alimentar, para compartilhar o sofrimento de seus irmãos franceses que haviam permanecido na França e viviam os dissabores da Segunda Guerra Mundial. Sobre Weil, confira as edições 84, de 17-11-2003, Simone Weil Palavra Viva, disponível em http://bit.ly/tZSCDr; 168, de 12-12-2005, Hannah Arendt, Simone Weil e Edith Stein. Três mulheres que marcaram o século XX, disponível em http://bit.ly/v0aMxT; 313, de 03-11-2009, Filosofia, mística e espiritualidade. Simone Weil, cem anos, disponível em http://bit.ly/w374lt. (Nota da IHU On-Line)

7.-  João de Yepes ou São João da Cruz (1542-1591): ingressou na Ordem dos Carmelitas aos 21 anos de idade, em 1563, quando recebe o nome de Frei João de São Matias, em Medina del Campo. Em setembro de 1567 encontra-se com Santa Teresa de Jesus, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres. Aceitou o desafio e trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. No dia 25 de janeiro de 1675 foi beatificado por Clemente X. Foi canonizado em 27 de dezembro de 1726 e declarado Doutor da Igreja em 1926 por Pio XI. Em 1952 foi proclamado "Patrono dos Poetas Espanhóis". Sua festa é comemorada no dia 14 de dezembro. Sobre São João da Cruz, confira As obras completas de São João da Cruz (Petrópolis: Vozes, 2002) (Nota da IHU On-Line).

8.Friedrich Nietzsche (1844-1900): filósofo alemão, conhecido por seus conceitos além-do-homem, transvaloração dos valores, niilismo, vontade de poder e eterno retorno. Entre suas obras figuram como as mais importantes Assim falou Zaratustra (9. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998), O anticristo (Lisboa: Guimarães, 1916) e A genealogia da moral (5. ed. São Paulo: Centauro, 2004). Escreveu até 1888, quando foi acometido por um colapso nervoso que nunca o abandonou até o dia de sua morte. A Nietzsche foi dedicado o tema de capa da edição número 127 da IHU On-Line, de 13-12-2004, intitulado Nietzsche: filósofo do martelo e do crepúsculo, disponível para download em http://bit.ly/Hl7xwP. Sobre o filósofo alemão, conferir ainda a entrevista exclusiva realizada pela IHU On-Line edição 175, de 10-04-2006, com o jesuíta cubano Emilio Brito, docente na Université Catholique de Louvain, intitulada “Nietzsche e Paulo”, disponível para download em http://bit.ly/dyA7sR. A edição 15 dos Cadernos IHU em formação é intitulada O pensamento de Friedrich Nietzsche, e pode ser acessada em http://bit.ly/HdcqOB. Confira, também, a entrevista concedida por Ernildo Stein à edição 328 da revista IHU On-Line, de 10-05-2010, disponível em http://bit.ly/162F4rH, intitulada O biologismo radical de Nietzsche não pode ser minimizado, na qual discute ideias de sua conferência “A crítica de Heidegger ao biologismo de Nietzsche e a questão da biopolítica”, parte integrante do Ciclo de Estudos Filosofias da diferença — Pré-evento do XI Simpósio Internacional IHU: O (des)governo biopolítico da vida humana. Na edição 330 da Revista IHU On-Line, de 24-05-2010, leia a entrevista Nietzsche, o pensamento trágico e a afirmação da totalidade da existência, concedida pelo Prof. Dr. Oswaldo Giacoia e disponível para download em http://bit.ly/nqUxGO. Na edição 388, de 09-04-2012, leia a entrevista O amor fati como resposta à tirania do sentido, com Danilo Bilate, disponível em http://bit.ly/HzaJpJ. (Nota da IHU On-Line)

 9.- Orígenes (aproximadamente 185-254): mestre catequista na Alexandria e discípulo de São Clemente. Criador de um sistema filosófico-teológico no qual o cristianismo se apresentava como a culminância da filosofia grega. (Nota da IHU On-Line)

10.Mestre Eckhart (1260-1327): nasceu em Hochheim, na Turíngia. Ingressando no convento dos dominicanos de Erfurt, estudou em Estrasburgo e em Colônia. Tornou-se mestre em Teologia e ensinou em Paris. Em sua obra, está muito presente a unidade entre Deus e o homem, entre o que consideramos sobrenatural e o que achamos ser natural. É um pensamento holístico, pois. Para Eckhart, devemos reconhecer Deus em nós, mas este caminho não é fácil. O homem deve se "exercitar nas obras, que são seus frutos", mas, ao mesmo tempo, "deve aprender a ser livre mesmo em meio às nossas obras". Eckhart morreu em 1327. Em 27 de março de 1329, foi dada ao público a bula In agro dominico, através da qual o Papa João XXII condenou vinte e oito proposições do Mestre Eckhart. Das vinte e oito, dezessete foram consideradas heréticas e onze, escabrosas e temerárias. Entre estas, estava a de que nos transformamos em Deus. Mas esta condenação papal justifica-se, na medida em que as ideias de Eckhart tinham uma dimensão revolucionária. Elas foram acolhidas pelas camadas populares e burguesas, que interpretavam o apelo eckhartiano à interioridade da fé e à união divina como uma rebelião implícita à exterioridade "farisaica" de uma hierarquia e de um clero moralmente decadente. Sua herança influenciou, entre outros, significativamente, a Martinho Lutero. Sobre o tema Místicas, conferir tema de capa do IHU On-Line, edição 133. (Nota da IHU On-Line).

11.-  Angelus Silesius (1624-1667): pseudônimo de Johannes Scheffler, poeta germânico, nascido em 1624 em Breslau, Polônia, e falecido na mesma cidade em 1667. (Nota da IHU On-Line).

12.-  Brâmane: é um membro da casta sacerdotal, a primeira do Varnaśrama dharma ou Varna vyavastha, a tradicional divisão em quatro castas (varna) da sociedade hinduísta. (Nota da IHU On-Line).

13.- Swami Abhishiktananda (1910-1973): nome indiano de Dom Henri Le Saux, monge beneditino. Em 1950, foi cofundador, junto com Father Jules Monchanin, do Satchidananda Ashram, uma instituição monástica dedicada à integração dos valores da tradição beneditina com os valores da tradição monástica hindu. (Nota da IHU On-Line)