Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 29 de agosto de 2015

Nie trzymać się ludzkiej tradycji. – Refleksja bardzo aktualna. Autor: José Antonio Pagola.


"Na próżno bowiem cześć Mi oddają, głosząc nauki,  które są tylko ludzkimi nakazami. Zaniedbawszy przykazania Boże, troszczycie się o przestrzeganie zwyczajów ludzkich". (Mk 7,7 do 8)

Poniżej, bardzo trafna refleksja na dzisiejsze czasy, przede wszystkim dla katolików. Jej tłem jest biblijny tekst Mk 7,1-8.14-15.21-23 (sprawa  czystości i nieczystości).  Autorem  jest hiszpański kapłan i teolog José Antonio Pagola.

Tekst został opublikowany na stronie Instytutu Unisinos Humanitas (IHU).
Warto przeczytać i zastanowić się nad jej treścią.
WCejnog
(Tłumaczenie z języka portugalskiego)

Refleksja

Nie wiemy, kiedy i gdzie doszło do konfrontacji. Ewangelistę interesowało tylko przywołanie atmosfery, w jakiej Jezus sie porusza, otoczony nauczycielami prawa, skrupulatnymi wypełniaczami tradycji, którzy ślepo opierają sie nowości, jaką Prorok miłosci  chce wnieść w ich życie.

Faryzeusze obserwują  oburzeni, że jego uczniowie jedzą nieczystymi rękoma.  Nie mogą tego tolerować: "Dlaczego uczniowie twoi nie przestrzegają  tradycji ojców?".

Chociaż mówią o uczniach, ich atak jest skierowany na Jezusa. Mają rację. Przecież to Jezus jest tym który  podważa ślepe posłuszeństwo tradycjom, kiedy tworzy wokół  siebie "przestrzeń wolności", gdzie decydującym  jest miłość.

Ta  grupa nauczycieli religijnych  nic nie rozumie  o królestwie Bożym, które Jezus im głosi.  W ich sercach Bóg nie panuje. Króluje im prawo, normy, tradycje i zwyczaje oznaczone piętnem  tradycji. Dla nich przede wszystkim ważne jest, aby przestrzegać to co zostało ustalone przez  "starszych". Nie myślą o dobru ludzi. Nie troszczą się "szukaniem Królestwa Bożego i Jego sprawiedliwości."

Błąd jest poważny. Dlatego Jezus odpowiedział  im ostrymi słowami: "Zaniedbawszy przykazania Boże, troszczycie się o przestrzeganie zwyczajów ludzkich”.

Doktorzy  mówią z szacunkiem o "tradycji starszych" i przypisują  im (starszym, ojcom)  boski autorytet.   Jednakże Jezus uważa ją za " tradycję ludzką." Nie wolno nam nigdy mylić woli Bożej, z tym co pochodzi od ludzi.

Również  i dzisiaj byłoby poważnym błędem, gdyby Kościół  był więźniem ludzkich tradycji naszych przodków,  kiedy wszystko wzywa nas do głębokiego nawrócenia do Jezusa Chrystusa, naszego jedynego Mistrza i Pana. Nie powinniśmy się przejmować, aby zachować  nienaruszoną  przeszłość, ale by stało się możliwe powstanie takiego Kościoła i wspólnot chrześcijańskich, które będą  w stanie odtworzyć wiernie Ewangelię  i wdrażać Królestwo Boże we współczesnym społeczeństwie.


Naszym najważniejszym zadaniem nie jest to, by powtarzać przeszłość, ale by zrobić wszystko co możliwe w naszych czasach,  umożliwiając przyjęcie Jezusa Chrystusa, bez ukrywania Go ani zasłaniania Go  ludzkimi tradycjami, nawet gdyby wydawały się nam one nie wiadomo jak ważne.

Źródło:IHU - Notícias.


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Não nos agarrarmos a tradições humanas. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!


Em vão, pois, me cultuam, porque ensinam doutrinas e preceitos humanos’. Deixando o mandamento de Deus, vos apegais à tradição dos homens”. (Mk 7,7-8)

Hoje trago para o blo Indagações-Zapytania uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 7,1-8.14-15.21-23 (A questão de pureza e impureza). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Muito atual. Vale a pena ler e refletir!

WCejnog


IHU - Notícias


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 7,1-8.14-15.21-23 que corresponde ao 22º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Não sabemos quando nem onde ocorrerá o confronto. Ao evangelista só lhe interessa evocar a atmosfera em que se move Jesus, rodeado de mestres da lei, observantes escrupulosos das tradições, que resistem cegamente à novidade que o Profeta do amor quer introduzir nas suas vidas.

Os fariseus observam indignados que os seus discípulos comem com as mãos impuras. Não o podem tolerar: «Por que é que os Teus discípulos não seguem as tradições dos mais velhos?». Apesar de falarem dos discípulos, o ataque é dirigido a Jesus. Têm razão. É Jesus quem está a romper essa obediência cega às tradições ao criar à sua volta um «espaço de liberdade» onde o decisivo é o amor.

Aquele grupo de mestres religiosos não entendeu nada do reino de Deus que Jesus lhes está a anunciar. Nos seus corações não reina Deus. Continuam a reinar a lei, as normas, os usos e os costumes marcados pelas tradições. Para eles o importante é observar o estabelecido pelos «mais velhos». Não pensam no bem das pessoas. Não os preocupa «procurar o reino de Deus e da Sua justiça».

O erro é grave. Por isso, Jesus responde-lhes com palavras duras: «Vós deixais de lado o mandamento de Deus para agarrarem-se à tradição dos homens».

Os doutores falam com veneração da «tradição dos mais velhos» e atribui-lhes autoridade divina.  Mas Jesus qualifica-a de «tradição humana». Não há que confundir jamais a vontade de Deus com o que é fruto dos homens.

Seria também hoje um grave erro que a Igreja ficasse prisioneira de tradições humanas dos nossos antepassados, quando tudo nos está a chamar a uma conversão profunda a Jesus Cristo, nosso único Mestre e Senhor. O que nos deve preocupar não é conservar intacto o passado, mas fazer o possível para o nascimento de uma Igreja e de comunidades cristãs capazes de reproduzir com fidelidade o Evangelho e de atualizar o projeto do reino de Deus na sociedade contemporânea.

A nossa responsabilidade primeira não é repetir o passado, mas fazer o possível nos nossos dias para acolher Jesus Cristo, sem ocultá-lo nem obscurecê-lo com tradições humanas, por muito veneráveis que nos possam parecer.


terça-feira, 25 de agosto de 2015

Brasil precisa recuperar orgulho de sua origem, dizem indígenas. – Reportagem de Paulo Victor Chagas.


Acho interessante e muito oportuna a matéria sobre a comemoração do Dia do Índio neste ano (em abril de 2015). É a reportagem de Paulo Victor Chagas, que – na ocasião - foi publicada pela Agencia Brasil

Ao meu ver, as opiniões dos próprios indígenas a respeito da situação dos seus povos e da causa indígena, como tal, no Brasil, deveriam ser ouvidas por toda a sociedade  brasileira. Isso é importante na construção de uma consciência coletíva baseada nos princípios da verdade histórica, da justiça e do direito. Só assim será possível reconhecer a necessidade de proteger, reparar os danos onde isso for possível (por exemplo, na forma de demarcação e homologação de terras indígenas) e  de devolver o merecido respeito a todos esses povos que foram e são primeiros  e legítimos habitantes deste país.
Vale a pena ler!
WCejnóg



19/04/2015 

Brasília


Paulo Victor Chagas* – Repórter da Agência Brasil

Brasil precisa recuperar orgulho de sua origem, dizem indígenas



Abertura das comemorações do Dia do Índio no Memorial dos Povos Indígenas 
Elza Fiuza / Agência Brasil


Demarcação das terras indígenas e reconhecimento dos brasileiros sobre a importância dos índios para o país ainda continuam sendo os desafios principais do Dia do Índio, comemorado hoje (19).

Representantes dos povos indígenas que costumam viajar a Brasília para mobilizações e protestos ressaltam a importância que a data tem para a conscientização da sociedade, mas alertam que o tema não deve ficar restrito à celebração de hoje.

O cacique Piracuman, da etnia Yawalapiti, mora no Parque Indígena do Xingu, no norte de Mato Grosso, e costuma representar os povos do Alto Xingu nos eventos que ocorrem no Brasil e no exterior. Ele afirma que embora o branco comemore a data no dia 19 de abril, para o índio as comemorações ocorrem diariamente, a cada trabalho de plantio, pescaria ou outra atividade, como construção de uma oca (habitação indígena brasileira).

Apesar de classificar a comemoração como importante para afastar espíritos ruins e doenças, o irmão do cacique Aritana, o líder mais importante dos povos do Xingu, explica por que mais de mil pessoas, representando 200 etnias, vieram a Brasília na última semana. “Aquele pessoal que estava apontando flechas para a Casa [Palácio do Planalto] lá era para [todo mundo] entender que o índio está preocupado, que o Congresso não está olhando para índio. Aquela Casa só está olhando para progresso, só para desmatamento, plantação, construção de hidrelétrica nos rios. E os índios, que estão há muito tempo aqui, estão sendo ameaçados”, diz.

Piracuman afirma que as mudanças do clima já estão afetando as próprias terras indígenas, como a chegada da chuva fora de época, a devastação de áreas próximas a rios. Segundo ele, em 2014 um tornado atingiu a região pela primeira vez, danificando casas e derrubando árvores. “A demarcação é importante não só para nós, é para todos. Nós conhecemos a floresta muito bem. Ela é para nós um filtro, tem oxigênio, muitas ervas medicinais. Hoje, os produtores não estão mais respeitando a nascente. O desmatamento chega até lá. Não deixa nem um pezinho de árvore ali. Quando seca, começa a faltar água. Gostaria de pedir para os produtores fazeremr reflorestamento no lugar que eles estragaram”, diz o cacique, lembrando que há muita soja no estado onde vive.

Álvaro Tukano mora em Brasília e assumiu simbolicamente neste domingo (19) a direção do Memorial dos Povos Indígenas. Pertencente aos povos Tukano, no interior do Amazonas, ele acredita que a homologação de três terras indígenas anunciada pelo governo federal para esta segunda-feira (20), é um dever do Estado.

“As terras indígenas, ou de toda a Amazônia, é que produzem evaporação, que distribuem água por todo Brasil e a América do Sul. Por isso que o papel da [presidenta] Dilma [Rousseff] é demarcar, homologar, combater a violência. É cumprir as leis internacionais, não construir as hidrelétricas. É essa a sabedoria que ela tem que preservar”, defendeu.

Duas terras indígenas serão homologadas no estado do Amazonas: vão atender a reivindicações dos povos Kaixana e Mura. Os Arara e Juruna receberão a terra indígena Arara da Volta Grande do Xingu, localizada no município Senador José Porfírio (PA), homologação que faz parte do licenciamento para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Para Piracuman, o motivo é que parte dos territórios ocupados atualmente pelos índios será alagada com a ativação da usina.

“Nós, índios, não esquecemos onde é nosso lugar tradicional. Os índios não vão esquecer aquilo ali. Eles podem mudar para onde vai ser homologada, mas um dia ele vai querer voltar pra lá, onde tem parentes enterrados. A gente nunca esquece”, afirmou o cacique, que também pede que os profissionais a serem contratados para trabalhar na Fundação Nacional do Índio (Funai) tenham experiência para lidar com os povos indígenas e ligação com o meio ambiente.

Daiara Tukano, professora da rede pública do DF
Elza Fiuza / Agência Brasil

Daiara Tukano, empossada recentemente como professora da rede pública do Distrito Federal, disse que os brasileiros precisam se orgulhar da sua origem indígena. Ela é formada em artes visuais pela Universidade de Brasília e foi admitida em concurso público da Secretaria de Educação. De acordo com Daiara, há um problema histórico de legitimidade dos povos indígenas.

Segundo a indígena, os povos originários do Continente Americano sofrem hoje uma espécie de “apagamento social”.

E acrescentou: “O indígena é reconhecido apenas quando mora na aldeia. [Só que] estamos em todos os espaços, nas universidades, trabalhando nas cidades e também no campo. É importante que o Brasil recupere o respeito e o orgulho [pelo índio]”, disse.

Após a publicação da reportagem, o consórcio Norte Energia, responsável pela Usina Hidrelétrica Belo Monte, contestou a afirmação do cacique Piracuman, afirmando que as compensações da construção da usina não estão ocorrendo por conta de alagamentos de territórios indígenas.

“Nenhum centímetro de terra indígena na região será alagado em decorrência das obras da UHE Belo Monte. Isso é corroborado pela Funai [Fundação Nacional do Índio] e pelo Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Há inclusive terras que ficam abaixo da barragem, portanto em trecho de alagamento impossível, conforme documento aprovado pelo Ibama - é o caso dos Arara, da Volta Grande do Xingu”, esclareceu a assessoria de imprensa da Norte Energia, por meio de nota enviada à  Agência Brasil.



domingo, 23 de agosto de 2015

Dlaczego trwamy? – Wspaniała refleksja. Autor: José Antonio Pagola.



"Czy i wy chcecie odejść?" (J 6,67)

Teksty pisane przez José Antonio Pagola są bardzo ciekawe i bardzo aktualne, zwłaszcza dla współczesnych  katolików  (i wszystkich chrześcijan, nie tylko katolików).  Z tego to względu wkładam te wspaniałe refleksje również  do mojego blogu  Indagações – Zapytania.  Myślę, że warto jest je rozpowszechniać  i dzielić się nimi z innymi.

Poniżej, bardzo konkretna refleksja, której tłem jest biblijny  tekst  J 6, 60-69. Została  ona opublikowana na stronie internetowej Instytutu Unisinos Humanitas (IHU).
Warto przeczytać.


WCejnog
(Tłumaczenie z języka portugalskiego)


Refleksja

W ciągu ostatnich lat mnożą się  analizy  i badania na temat kryzysu w Kościołach chrześcijańskich we współczesnym  społeczeństwie. Oczywiście, czytanie tych sprawozdań pozwala na zapoznanie się z niektórymi  danymi, ale nie wskazuje nam jaka powinna być nasza reakcja.

Epizod opisany przez Jana ewangelistę może nam być pomocny w interpretacji  i pokazać w jaki sposób przeżyć taki kryzys, w większej głębi ewangelicznej.

Według  Jana ewangelisty, Jezus tak podsumowuje kryzys, który zaistniał w Jego grupie: “Słowa, które Ja do was wypowiedziałem, są i duchem i życiem. Wsród was są jednak tacy, którzy nie wierzą”. (J 6, 63-64)

I  to jest prawda.  Każdego, kto za Nim idzie, Jezus wypełnia nowym duchem; Jego słowa przekazują  życie; proponuje taki program, który  jest w stanie stworzyć ruch,  mogący wskazać światu drogę do godniejszego  i pełniejszego  życia.

Jednakże  to nie znaczy że wystarczy być w Jego grupie aby wiara była już zagwarantowana. Istnieją tacy, którzy opierają  się przyjęciu Jego ducha  i Jego życia.  Ich obecność w  pobliżu Jezusa jest fikcyjna; nie jest prawdziwa   również   ich wiara w Niego. Na tym właśnie polega prawdziwy kryzys w wewnątrz  chrześcijaństwa: wierzymy czy nie wierzymy w Jezusa?

Ewangelista mówi, że "wielu wycofało się i już Mu nie towarzyszyło”. (J 6, 66)   Kryzys ukazuje kim są prawdziwi naśladowcy Jezusa. Zasadniczy wybór zawsze jest taki:  kto wycofuje się, a kto z Nim pozostaje, utożsamiając się  z Jego Duchem i Jego życiem?  Kto jest za, a kto jest przeciw Jego projektowi?

Grupa zaczyna się zmniejszać. Jezus nie irytuje się, nie oskarza nikogo. Jedynie kieruje jedno pytanie do tych, którzy przy Nim pozostawali: "Czyż i wy chcecie odejść?"  (Jo 6, 67).  Jest to pytanie, które dzisiaj kierowane jest do nas, należących do Kosciola:  Czego chcemy? Dlaczego pozostajemy? Trwamy, żeby iść za Jezusem, przyjmując Jego ducha i żyjąc Jego stylem? Trwamy, żeby uczestniczyć w budowie Jego projektu?

Odpowiedź  dana przez Piotra jest wzorowa: "Panie, do kogo pójdziemy. Ty masz słowa życia wiecznego " (J 6, 68).   Ci, którzy pozostają, powinni czynić to  dla Jezusa. Jedynie  dla Jezusa. Dla nikogo ani niczego więcej. Zobowiązują się jedynie wobec  Niego. Jedynym powodem do pozostania w grupie jest On. Nikt inny.

Wbrew naszym  bolesnym odczuciom, obecny kryzys będzie pozytywny, jeśli my, pozostający w Kościele,  wielu lub niewielu,  przemienimy  się w uczniów Jezusa, to znaczy,  staniemy się kobietami  i mężczyznami, którzy żyją Jego słowem dającym życie.

Źródło: IHU - Notícias.




sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Por que ficamos? – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



“Quereis vós também retirar-vos?” (Jo 6,67)

Os textos escritos por José Antonio Pagola são bem interessantes e, principalmente, muito atuais para os católicos (e cristãos, de modo geral) nos dias de hoje. Por esta razão publico essas reflexões extraordinárias também aqui, no blog Indagações-Zapytania, para ajudar na sua divulgação.
É muito gratificante poder divulgar mais e compartilhar as coisas boas com os outros.

Abaixo, uma reflexão bem concreta, que tem como fundo o texto bíblico Jo 6, 60-69.
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.

WCejnog


IHU – Notícias
Sexta, 21 de agosto de 2015

Por que ficamos?

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Joao 6, 60-69 que corresponde ao 21º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Durante estes anos, multiplicaram-se as análises e estudos sobre a crise das Igrejas cristãs na sociedade moderna. Esta leitura é necessária para conhecer melhor alguns dados, mas resulta insuficiente para discernir qual há de ser a nossa reação. O episódio narrado por João pode-nos ajudar a interpretar e viver a crise com maior profundidade evangélica.

Segundo o evangelista, Jesus resume assim a crise que se está a criar no Seu grupo: “As palavras que vos disse são espírito e vida. E, contudo, alguns de vós não creem”. É certo. Jesus introduz em quem o segue um espírito novo; as Suas palavras comunicam vida; o programa que propõe pode gerar um movimento capaz de orientar o mundo para uma vida mais digna e plena.

Mas não é por estar no Seu grupo, que está garantida a fé. Há quem resista a aceitar seu espírito e sua vida. A sua presença no entorno de Jesus é fictícia; a sua fé Nele não é real. A verdadeira crise no interior do cristianismo é sempre esta: acreditamos ou não acreditamos em Jesus?

O narrador diz que “muitos recuaram e não voltaram a ir com Ele”. Na crise revela-se quem são os verdadeiros seguidores de Jesus. A opção decisiva sempre é essa: quem recua e quem permanece com Ele, identificados com o Seu espírito e a Sua vida? Quem está a favor e quem está contra o Seu projeto?

O grupo começa a diminuir. Jesus não se irrita, não pronuncia nenhum juízo contra ninguém. Só faz uma pergunta aos que ficaram junto Dele: “Também vós quereis partir?”. É a pergunta que se nos faz hoje, a quem segue na Igreja: Que queremos nós? Por que ficamos? É para seguir Jesus, acolhendo o seu espírito e vivendo ao seu estilo? É para trabalhar no seu projeto?


A resposta de Pedro é exemplar: “Senhor, a quem vamos acudir. Tu tens palavras de vida eterna”. Os que ficam, devem-no fazer por Jesus. Só por Jesus. Por nada mais. Comprometem-se com Ele. O único motivo para permanecer no grupo é Ele. Ninguém mais.

Por muito dolorosa que nos pareça, a crise atual será positiva se os que ficarmos na Igreja, muitos ou poucos, nos formos convertendo em discípulos de Jesus, ou seja, em homens e mulheres que vivemos das Suas palavras de vida.



terça-feira, 18 de agosto de 2015

As hipóteses sobre Jesus, entre história e fé. - Artigo de Christian Albini. Muito interessante!



Achei muito interessante o artigo de Christian Albini*, As hipóteses sobre Jesus, entre história e fé.  Para contribuir pelo menos um pouco na sua divulgação, trago-o para o blog Indagações-Zapytania.

O artigo foi publicado pelo autor no seu blog  Sperare per Tutti, em janeiro deste ano (2015) e posteriormente também no site  do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg


IHU – NOTÍCIAS
Segunda, 02 de fevereiro de 2015

As hipóteses sobre Jesus, entre história e fé.  Artigo de Christian Albini.

Os Evangelhos e os outros textos nascem dentro de uma tomada de posição de fé e tendem ao envolvimento do leitor, a levá-lo também a uma decisão de fé.
Publicamos aqui um trecho do novo e-book de Christian Albini, intitulado L'umanità di Gesù. Tra storia e fede [A humanidade de Jesus. Entre história e fé].
Albini é um teólogo leigo italiano, coordenador do Centro de Espiritualidade da diocese de Crema, na Itália, e sócio-fundador da Associação Viandanti.
O artigo foi publicado no seu blog Sperare per Tutti, 22-01-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Joseph Ratzinger, na premissa metodológica ao primeiro volume da sua obra sobre Jesus, escreve:
"Como limite de todo esforço voltado a conhecer o passado, é preciso reconhecer que não se pode ultrapassar o âmbito das hipóteses, porque, propriamente, não podemos recuperar o passado no presente. Certamente, há hipóteses com um alto grau de probabilidade, mas, no conjunto, devemos estar conscientes do limite das nossas certezas" [1].

A pesquisa histórica não nos entrega o Jesus real, não demonstra uma verdade absoluta e definitiva, mas formula hipóteses. Para aquelas que são as características do "caso-Jesus", é um nível que não pode ser ultrapassado: há uma pluralidade de hipóteses históricas plausíveis. É possível inclinar-se por uma delas, dependendo do peso atribuído aos dados e aos argumentos que a corroboram, mas sem que uma possa ser indiscutivelmente demonstrada a despeito das outras. Querendo reagrupá-los segundo uma tipologia, poderíamos subdividi-las em três grandes categorias.

1) Jesus não se separou substancialmente do judaísmo ao qual pertencia por nascimento. Foi o cristianismo que se separou, depois, de Jesus e do judaísmo. Apoiam-na, por exemplo, Adriana Destro e Mauro PesceHarold Bloon,Remo Cacitti.

2) Com Jesus, houve uma novidade religiosa, que, no entanto, não se identifica necessariamente com os retratos dos evangelhos canônicos e com a interpretação teológica eclesial que se afirmou nos concílios cristológicos dos primeiros séculos. Nunca houve um cristianismo único, mas uma multiplicidade de versões – até mesmo conflitantes –, e pode ser que a autenticidade do rosto de Jesus fosse expressado por aqueles que foram perdidos, como sugerem Elaine Pagels e Bart D. Ehrmann.

3) O Jesus dos evangelhos canônicos, assim como o definiu o Credo dos Apóstolos, é o Jesus real, o "Jesus histórico", em sentido verdadeiro e próprio. Assim defende Joseph Ratzinger. "Estou convencido, e espero que o leitor também possa de dar conta disto, que essa figura é muito mais lógica e, do ponto de vista histórico, também mais compreensível do que as reconstruções com as quais tivemos que nos confrontar nas últimas décadas. Eu considero que justamente esse Jesus – o dos Evangelhos – é uma figura historicamente sensata e convincente" [2].

Se essa variedade de posições é o limite em relação ao qual a pesquisa histórica se detém, então não é na pesquisa histórica que encontramos a resposta ao mistério de Jesus. Os Evangelhos e os outros textos nascem dentro de uma tomada de posição de fé e tendem ao envolvimento do leitor, a levá-lo também a uma decisão de fé.

Portanto, não se pode ignorar a natureza e a finalidade desses textos. Não é a pesquisa histórica que me diz, em última instância, quem é Jesus, mas sim a minha decisão de fé. Aqui entra em campo uma dimensão do conhecimento e da verdade que é diferente da positivista, em que só conta o dado empírico quantificável, mas a mais propriamente espiritual e religiosa. Ratzinger também atesta que a sua apresentação de Jesus é compartilhável apenas combinando a hermenêutica histórica com uma hermenêutica teológica.

De fato, como destaca Enzo Bianchi, a atenção importante a se ter na leitura dos Evangelhos é a distinção entre evento histórico e história contada, de modo que o significado do texto está conectado a uma interpretação, a uma determinada compreensão do próprio evento que está na origem.

Portanto, a narrativa não é uma fotografia da história, mas uma construção em que o autor/redator organiza os testemunhos pré-existentes e emprega os seus instrumentos expressivos para comunicar a mensagem que está no seu coração ao destinatário que ele tem em mente.

O papel da fé na estruturação da narrativa não significa que esta seja falsa. O autor/redator, de fato, não escreve para enganar o leitor, mas para lhe comunicar aquilo em que ele mesmo acredita firmemente a partir dos eventos. Não se trata de uma ideia e uma opinião totalmente subjetivas, mas de uma convicção de fé, uma confiança em uma realidade que as precede e sem a qual não existiriam. A dimensão da fé não dirige e determina a pesquisa histórica, a qual mantém a própria autonomia, porque se coloca em um momento posterior.

É a fé que toma posição entre as hipóteses sobre Jesus, das quais a pesquisa histórica indica os pressupostos e a plausibilidade.

Isso nos leva de volta à relação entre o Jesus histórico e o Cristo da fé e à afirmação de Dupont, segundo o qual, entre os dois, há traços de descontinuidade e traços de continuidade. Sem descontinuidade, não haveria fé: a liberdade do crer pertence a um espaço em que as medidas e as demonstrações não bastam. Sem continuidade, o Cristo acreditado não teria Jesus de Nazaré: haveria a doutrina de uma religião, sem um fundamento histórico real.

A partir do momento em que a dimensão de fé não pode ser excluída da interrogação sobre Jesus, qual é a linha além da qual inicia a sua especificidade? Em outras palavras, onde o crente se separa do não crente? Responde Dupont: "Não na pesquisa histórica como tal, mas no significado a ser atribuído a essa pesquisa" [3].

Como vimos, não há uma distinção exterior aos textos, mas que está dentro dos próprios textos em que os testemunhos são uma única coisa com a interpretação de fé. A pesquisa histórica, então, me ajuda a reconhecer o que, nos textos, pode ser conduzido a um testemunho sobre Jesus e o que constitui uma leitura de fé disso. A pesquisa não é capaz de me dizer se esta última é verdadeira ou falsa; é uma decisão que cabe a mim.

Notas:

1. Joseph Ratzinger. Gesù di Nazaret. Città del Vaticano-Milano: LEV-Rizzoli, 2007, p. 13.
2. Ibid, p. 18.

3. Jacques Dupont. Op.cit., p. 13.

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* Christian Albini (Crema, 1973) marido, pai, professor, teólogo. Participa da vida cristã de sua comunidade e paróquia em sua diocese, onde ele é o coordenador do Centro Diocesano de Espiritualidade. Ele é o autor de livros, artigos e blogs esperança para todos. É membro fundador da Wayfarers.  In: www.chicercate