Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 31 de julho de 2015

O coração do cristianismo. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!




«A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6, 29)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 6, 24-35 (Discurso eucarístico).
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - NOTÍCIAS
Sexta, 31 de julho de 2015

O coração do cristianismo


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 6, 24-35 que corresponde ao 18º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

As pessoas necessitam de Jesus e procuram-no.
Há algo Nele que as atrai, mas ainda não sabem exatamente por que o procuram nem para quê.Segundo o evangelista, muitos o fazem porque no dia anterior distribuiu-lhes pão para saciar a sua fome.

Jesus começa a conversar com eles. Há coisas que convêm aclarar desde o princípio. O pão material é muito importante. Ele mesmo os ensinou a pedir a Deus “o pão de cada dia” para todos. Mas o ser humano necessita de algo mais. Jesus quer oferecer-lhes um alimento que possa saciar para sempre a sua fome de vida.

As pessoas intuem que Jesus lhes está a abrir um horizonte novo, mas não sabem que fazer, nem por onde começar. O evangelista resume as suas interrogações com estas palavras: “e que obras temos que fazer para trabalhar no que Deus quer?”. Há neles um desejo sincero de acertar. Querem trabalhar no que Deus quer, mas, acostumados a pensar tudo a partir da Lei, perguntam a Jesus que obras, práticas e observâncias novas têm que ter em conta.

A resposta de Jesus toca o coração do cristianismo: “a obra (no singular!) que Deus quer é esta: que acrediteis Naquele que foi enviado”. Deus só quer que creiam em Jesus Cristo, pois é a grande dádiva que Ele enviou ao mundo. Esta é a nova exigência. Nisto têm de trabalhar. O resto é secundário.

Depois de vinte séculos de cristianismo, não necessitaremos descobrir de novo que toda a força e originalidade da Igreja estão em crer em Jesus Cristo e segui-Lo? Não necessitamos passar da atitude de adeptos de uma religião de “crenças” e de “práticas”, a viver como discípulos de Jesus?

A fé cristã não consiste primordialmente em ir cumprindo corretamente um código de práticas e observâncias novas, superiores às do antigo testamento. Não. A identidade cristã está em aprender a viver um estilo de vida que nasce da relação viva e confiada em Jesus, o Cristo. Vamo-nos fazendo cristãos na medida em que aprendemos a pensar, sentir, amar, trabalhar, sofrer e viver como Jesus.

Ser cristão exige hoje uma experiência de Jesus e uma identificação com o Seu projeto que não se requeria anos atrás para ser um bom praticante. Para subsistir no meio da sociedade laica, as comunidades cristãs necessitam cuidar mais que nunca da adesão e do contato vital com Jesus, o Cristo.



quarta-feira, 29 de julho de 2015

Sacolas de plástico. – Proibir é mesmo a melhor solução?



É inegável que o Meio Ambiente sofre muito com o descarte inadequado de resíduos sólidos. O plástico, então, virou o grande vilão dessa desgraça. Hoje, esse problema existe no mundo inteiro  e muitos países procuram enfrentá-lo.
Aqui, no Brasil, a discussão se alastra e até as medidas isoladas estão sendo tomadas em algumas cidades brasileiras para tentar inibir a produção e o uso de sacolas plásticas, visando a mudança de hábitos de consumidores e, com isso, a defesa do Meio Ambiente.

O próprio Ministério do Meio Ambiente lançou a campanha Saco  É Um Saco, para conscientizar a sociedade sobre a necessidade de promover mudaças nesse campo. Para quem quiser  conhecer mais detalhadamente esse texto, trago-o  hoje para o blog Indagações-Zapytania, e pode ser lido logo abaixo. Mas, será que realmente culpadas de tudo isso são as sacolas plásticas?

O meu foco é diferente.  Concordo que toda essa discussão e campanhas contra o uso de sacolas plásticas são úteis para diminuir os danos ao Meio Ambiente. Porém, considero tudo isso ‘remar contra a maré”... – não vai resolver o problema. O plástico não se limita só às sacolas, e isso todos sabem muito bem. Aliás, as embalagens de plástico trouxeram também muitas vantagens para a vida diária das  pessoas e certamente constituem uma das marcas  mais potentes da atual civilização. Mesmo quem condena, não pode negar esse fato.

Agora, eu acho que o foco deve ser ‘LIXO ZERO’! Na verdade, NADA deveria ser descartado diretamente ao Meio Ambiente! NADA deveria ser jogado nos oceanos, nos rios, nos canais de esgoto, nas ruas etc. Quem faz isso é igorante ou mal-intencionado. E aqui penso tanto nos indivíduos (pessoas concretas), como também nas empresas e grupos organizados, que praticam isso. A sociedade deve achar um jeito para parar com essa "mentalidade suicida e agressiva" em relação ao Meio Ambiente, mostrando que isso  é errado e deve ser punido!

Quanto ao lixo, TUDO deveria ir para seleção adequada e rigorosa. Cada cidade (ou bairro) e até vilarejos deveriam ter essas ‘usinas de lixo’. Aqui é que seria lugar de trabalho para todos os catadores de papel, de latinhas de aluminio e para muitas outras pessoas, com o emprego digno e garantido, com todos os direitos trabalhistas, contando com a infraestrutura e meios de higiene e segurança de trabalho.   Todo o lixo das cidades  deveria  ‘VOLTAR’ para essa usina para se tornar, em 90 % , a matéria prima  para a indústria, agricultura, construção civil, etc. Os 10%  do volume (inaproveitável) poderia ser, então, incinerado e/ou enterrado em aterros adequados.

Para mim é muito claro que assim seriam recolhidas todas as sacolas plásticas e outros ítens, e  voltariam  a ser matéria prima! Jogar essa responsabilidade na cara dos cidadãos e consumidores  é uma ignorância!  Só serve para ‘não resolver o problema’! É o poder público que deve ser responsável por isso, criando as leis claras e necessárias, que permitiriam e obrigariam a nossa sociedade, na larga escala,  através dos órgãos públicos, a construir projetos, programas e obras. E as Universidades – poderiam e deveriam  dar a sua grande contribuição para essa finalidade, através das pesquisas, para as quais, essas sim, seria justificado investir um bom volume do dinheiro público.

É uma utopia? – Pode ser, mas, para mim, é mais clara que a luz do sol. E acho que o caminho para a concretizar ‘LIXO ZERO’ passa principalmente pela EDUCAÇÃO ambiental da sociedade. Criar essa consciência, mobilizar a sociedade para esses objetivos que garantirão o futuro para as gerações vindouras, isso sim, é ver muito além da questão concreta de sacolas de plástico, dos animais vitimados ou da poluição do ar. Na verdade,  precisamos de uma solução definitiva!

Finalizando, por isso digo: eu não sou contra as sacolas de plástico. Alias, gosto delas por serem muito úteis!

WCejnóg
  

Saco é um saco.

Matéria publicada por Ministério do Meio Ambiente



Durante muito tempo, utilizar sacos e sacolas plásticas era algo normal e aparentemente inofensivo. Apenas recentemente o cidadão comum e mesmo os ambientalistas descobriram o real impacto causado pelos sacos plásticos na natureza.

 Chamar a atenção sobre o enorme impacto ambiental dos sacos plásticos e sugerir outros caminhos para um consumo consciente é o objetivo maior desta campanha lançada pelo Ministério do Meio Ambiente, e que tem um nome super sugestivo: Saco É Um Saco.
E se você pensar, realmente, saco plástico é um saco pra cidade, pro planeta, pro futuro e pra você!
Os sacos e sacolas plásticas são produzidos a partir do petróleo ou gás natural, dois tipos de recursos naturais não-renováveis.

O impacto das sacolinhas começa aí: como consumimos sacolas plásticas aos bilhões em todo o mundo, e sendo elas descartáveis, a pressão por esses recursos naturais só aumenta.
Depois de extraído, o petróleo passa pelo refino, que consome água e energia e ainda emite gases de efeito estufa e efluentes.

O plástico é um material altamente resistente, e por isso as sacolas plásticas podem durar até 400 anos na natureza!

Enquanto isso, elas ajudam a deixar mais sujas as cidades, florestas e oceanos, sendo depósito para água das chuvas e berçário para mosquitos, entupindo bueiros e causando a morte de animais.
A sacola plástica não é a vilã do meio ambiente, mas seu consumo excessivo é um grande problema ambiental.

E O QUE FAZER?

Os problemas ambientais das sacolinhas plásticas são muitos, por que elas são muitas - são bilhões todos os anos! - e está em nossas mãos diminuir esse impacto. A saída mais saudável é você, aliás, somos todos nós mudarmos hábitos que nos acompanham há muitos anos. Pode não parecer lá muito fácil... mas é!

Descubra no site da campanha outras dicas

Você está em um supermercado e na hora que o rapaz for ensacar as suas compras, diga apenas: "Não, obrigado!". Leve suas compras em sacolas retornáveis ou caixas de papelão que muitas lojas já oferecem aos seus clientes. É desta forma que, pouco a pouco, as coisas vão se transformando. O que você fez se chama consumo consciente.
Portanto, participe! Descubra neste site outras dicas de como você pode reduzir seu consumo de sacolas plásticas e que, muitas vezes, você pode apenas dizer "não, obrigado!".

Recusar ou diminuir o consumo de sacos e sacolas plásticas, adotar uma sacola retornável ou outra alternativa são ações típicas do consumidor consciente. Reduzir o consumo de sacolas plásticas é só o começo de uma sociedade mais sustentável.

Saco é um saco. Pra cidade, pro planeta, pro futuro e pra você.

O tamanho do problema

Entre 500 bilhões e 1 trilhão de sacolas plásticas são consumidas em todo o mundo anualmente. No Brasil, cerca de 1,5 milhão de sacolinhas são distribuídas por hora! Achou muito? A natureza também.

Sacolas plásticas não são o maior vilão do meio ambiente, mas o seu consumo excessivo é. As sacolinhas, tão práticas e gratuitas, têm um alto custo ambiental: para sua produção são consumidos petróleo ou gás natural (ambos recursos naturais não-renováveis), água e energia, e liberados efluentes (rejeitos líquidos) e emissões de gases tóxicos e do efeito estufa. Depois de usadas, muitas são descartadas de maneira incorreta, aumentando a poluição e ajudando a entupir bueiros que escoam as águas das chuvas ou indo parar nas matas e oceanos, sendo ingeridas por animais que morrem sufocados ou presos nelas. Pouquíssimas chegam a ser recicladas.

Consumir sacolas plásticas de maneira consciente significa refletir antes de aceitar uma sacolinha. A compra é pequena? Será que não cabe na sua bolsa ou bolso? Você já tem uma sacola retornável? Que tal adquirir uma e economizar 6 sacolinhas plásticas? Está certo que reutilizamos as sacolinhas plásticas como sacos de lixo, mas pense bem: você não pega muito mais sacolinhas do que realmente precisa?

Desenvolver este olhar sobre as sacolas plásticas é o primeiro passo para transformar os nossos hábitos de consumo. O consumo consciente leva em consideração o impacto individual de um produto – quanto consumiu de matéria-prima e insumos, quanto provocou de poluição em sua produção, se pode ser reciclado, etc. – e também o impacto coletivo do consumo somado de todos os cidadãos. A atitude responsável de cada um faz enorme diferença para a qualidade de vida de todos.

Recusar, reduzir, reutilizar

Quanto se trata de sacolas plásticas, a primeira atitude é RECUSAR sempre que possível. Novos hábitos vão ajudá-lo nesta tarefa e logo será estranho aceitar uma sacola plástica no comércio. Dizer simplesmente "Não, obrigado" é o primeiro passo.

Caso não seja possível recusar a sacola plástica, porque você esqueceu a sacola retornável, porque o produto é molhado ou por outro motivo, entra em ação a segunda atitude: REDUZIR o consumo. Aproveite toda a capacidade da sacolinha, distribua bem as compras entre as sacolas e utilize apenas a quantidade necessária.

Mesmo assim você ainda tem várias sacolinhas plásticas em casa? Então REUTILIZE-as. Usar sacolas plásticas como saco de lixo é um hábito antigo do brasileiro e não está errado: o saco plástico ainda é a melhor forma de acondicionar o lixo. No entanto, há alguns tipos de lixo que não precisam ser "ensacados", como é o caso dos materiais recicláveis (o lixo seco). Estes podem ser separados em caixas e depositados diretamente em coletores para recicláveis ou encaminhados a catadores e cooperativas.

O último R dos famosos 3R´s, RECICLAR, é uma opção válida também para sacolas plásticas. O problema é que, no Brasil, a reciclagem de plástico-filme – o tipo de plástico de que é feita a sacola plástica – é muito pequena. Portanto, enquanto isso, o melhor mesmo é reduzir nosso consumo.

Sacolas plásticas nos depósitos de lixo

Não são só as sacolinhas descartadas incorretamente que causam impactos ambientais. Mesmo aquelas que seguem corretamente para depósitos de lixo (lixões ou aterros), causam problemas.

O plástico tem a característica de impermeabilidade, ou seja, retém a água, causando a impermeabilização do solo e dos depósitos de lixo, dificultando a biodegradação de resíduos orgânicos. Resíduos orgânicos em decomposição emitem gás metano (CH4, vinte e uma vezes mais perigoso que o gás carbônico, o CO2). A compactação do lixo auxiliada pelas inúmeras camadas de plástico impermeável aumenta a incidência de bolsões de gás que, quando revolvidos, liberam o metano para a atmosfera – isso também acontece dentro das próprias sacolinhas, quando contêm lixo orgânico doméstico que, restrito ao invólucro plástico, apodrece em lugar de se biodegradar.

Experiências Internacionais

As sacolas plásticas são motivo de enorme debate internacional. Seu consumo exagerado tem causado situações assustadoras. Na África do Sul, por exemplo, há tantas espalhadas pelas cidades, matas e rodovias que passaram a ser chamadas de "flor nacional", tamanha a quantidade vista em gramados, jardins e florestas. Na Índia, centenas de vacas morrem todos os anos ao ingerirem sacos plásticos. Milhares de tartarugas confundem as sacolas plásticas que chegam aos oceanos com águas-vivas, sua fonte básica de alimento, e morrem sufocadas. Já os norte-americanos jogam fora pelo menos 100 bilhões de sacolas plásticas por ano, o que significa o desperdício de 12 milhões de galões de petróleo.

Porém, bastam algumas idéias postas em prática para a situação se reverter.

Na Irlanda foi instituída a cobrança pelas sacolas plásticas, em 2002. Desde então, o consumo de sacolas plásticas caiu em 97%. Na China, a distribuição gratuita de sacolas plásticas foi proibida a partir de 2008: eram 3 bilhões de sacolas consumidas por dia! Na Austrália, os varejistas assinaram o programa do governo para banir as sacolas plásticas e já houve queda de 90% no consumo. Em 2007, os comerciantes de São Francisco, na Califórnia, foram obrigados por lei a banir as sacolas plásticas comuns. Agora a coleta do lixo é feita em coletores seletivos especiais, que não aceitam o depósito de sacolas plásticas: os resíduos orgânicos devem ser embalados em papel, jornal ou sacos de bioplástico certificado pelo Biodegradable Products Institute (BPI), que garante que o produto é feito de matéria-prima orgânica renovável.

Outros materiais são a solução?

Sacos de papel

Por que então não voltamos a usar sacos de papel, como antigamente? Sacos de papel são uma alternativa aparentemente mais amiga do meio ambiente, mas na verdade não é.

O nível de consumo de sacolas plásticas hoje nos dá uma noção de que o consumo de sacos de papel em supermercados seria muito maior do que era há 30 anos atrás quando foram substituídos. Isso significa uma demanda por celulose – matéria-prima do papel – enorme. Celulose é retirada basicamente de árvores: se a demanda por celulose cresce, aumenta também a demanda por árvores. Nos EUA, onde ainda há grande uso de sacos de papel para compras, são consumidos em média 10 bilhões deles por ano. Isso significa que 14 milhões de árvores são cortadas por ano apenas para abastecer este mercado.

Por mais que tenhamos muitas empresas produzindo papel a partir de florestas plantadas e certificadas, a demanda por celulose pode causar um grande impacto ambiental. Em geral, as florestas plantadas são compostas por eucaliptos e pinus, duas espécies exóticas (não são típicas do Brasil), que têm a característica de crescimento rápido, mas também empobrecem o solo e impedem o crescimento de outras espécies, diminuindo a biodiversidade local. A produção do papel também utiliza grandes quantidades de insumos (água e energia) e produtos químicos, e despeja grande volume de efluentes e emissões. Na verdade, produz mais poluentes do ar e da água que a produção do plástico.

O papel biodegrada, é verdade. Mas em condições de aterros e lixões, sofre o mesmo processo de "mumificação" que os demais resíduos orgânicos: sem água, oxigênio e luz, acaba ficando intacto debaixo de camadas e camadas de lixo. O papel é altamente reciclável, isso também é verdade. Mas o processo de reciclagem consome mais alguns milhares de litros de água e outros produtos químicos.

Levando tudo isso em consideração, o melhor mesmo é reduzir o consumo, utilizar sacolas retornáveis ou outras alternativas para transporte das compras, e reciclar ao máximo o lixo que produzimos.

Plástico oxi-biodegradável

Recentemente surgiram no Brasil os plásticos oxi-biodegradáveis, produto cujo processo de degradação no meio ambiente é mais rápido que o do plástico comum. Essa tecnologia vem sendo usada no exterior há alguns anos, porém há grande controvérsia sobre a sua efetividade.

Por ofertar o que aparentemente é uma "solução ambiental para o plástico", muitos legisladores brasileiros vêm propondo leis que estabelecem a substituição do plástico convencional por esta tecnologia – o que não ocorreu em outros países, onde o uso do plástico oxi-biodegradável é feito apenas por empresas isoladamente.
Acontece que o plástico aditivado não é uma solução ambiental para o plástico e, consequentemente, não é a melhor alternativa para o meio ambiente. E por quê?

Ponto 1: A fragmentação

A oxi-degradação do plástico ocorre pela presença de oxigênio e a incidência de luz e calor em sua superfície. Porém, com esse processo, o plástico perde suas características e se fragmenta em pedaços menores, MAS NÃO DESAPARECE. Pedacinhos são muito mais difíceis de conter que um saco plástico inteiro. Imagine se todas as sacolas plásticas que consumimos se fragmentarem em pedacinhos? Eles voarão livremente, acabando por se depositar em riachos, rios e lagos, sendo ingeridos por peixes e outros animais, ou provocando uma fina.

Ponto 2: o comportamento em lixões e aterros

Cerca de 80% das sacolas plásticas consumidas no Brasil são reutilizadas como sacos de lixo e seguem, portanto, para lixões e aterros. As condições nestes depósitos de lixo impedem a incidência de oxigênio, luz e calor nos resíduos encobertos por novas camadas de lixo depositadas diariamente. Ou seja, ainda que o material da sacola plástica que utilizamos para descartar nosso lixo seja aditivado (seja oxi-degradável), pode ser que esta característica nunca tome lugar: sem a incidência de oxigênio, luz e calor, a oxi-degradação não ocorrerá, permanecendo a sacola intacta como se fosse uma sacola plástica comum. Qual seria então a vantagem desta tecnologia?

O Princípio da Precaução

Como vemos, esta tecnologia envolve uma série de dúvidas ainda não sanadas. O Princípio da Precaução é um princípio da teoria ambiental que diz que se não sabemos que impacto uma ação ou tecnologia terá no meio ambiente, melhor não utilizá-la até que se tenha a real dimensão disto. Ou seja, no caso do plástico oxi-biodegradável, devemos entender melhor o comportamento do material para não corrermos o risco de ter um problema ambiental maior daqui há 5 ou 10 anos.

O que dizem os órgãos internacionais

Nos EUA, o Biodegradable Products Institute (BPI) e o US Composting Council (USCC), que dão o selo de "biodegradável" e "compostável" aos materiais nos Estados Unidos, não certificaram os oxi-biodegradáveis. Estas instituições chamam este material de "oxodegradable", por considerarem que sua degradação ocorre exclusivamente pela oxidação, sem que ocorra a biodegradação (o consumo do material por microrganismos presentes no solo). O BPI e o USCC certificam materiais segundo a ASTM D6400, norma que regula materiais biodegradáveis aceita em todo o mundo.

O governo da Califórnia contratou um estudo independente à California State University, que comparou alternativas ao plástico existentes no mercado. O estudo comparou os oxi-degradáveis e os bioplásticos ao papel, para avaliar seus índices de biodegradação em ambiente de compostagem e concluiu que os oxi-degradáveis não sofriam qualquer biodegradação no período de 6 meses, enquanto os bioplásticos e o papel já haviam desaparecido no composto antes mesmo deste limite. O ambiente de compostagem envolve oxigenação constante do material e muito calor e umidade, o que significa condições ideais para a biodegradação de qualquer material efetivamente biodegradável.



Atualmente, existem as normas internacionais referentes ao oxibiodegradáveis. A americana (ASTM D-6954-4), a inglesa (BS 8472) e a francesa (AFNOR ACT51-808). Essas normas contemplam critérios para ensaios de degradação, biodegradação e ausência de resíduos nocivos. 

O que dizem os órgãos nacionais de certificação



Em abril de 2004 , a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou a norma ABNT PE-308.01 referente aos aditivos plásticos oxibiodegradáveis, que contempla critérios para ensaios de degradação, biodegradação e ausência de resíduos nocivos, sob determinadas condições descritas na norma, baseada nos princípios de análise de ciclo de vida (ACV). 

A posição do MMA

O Ministério do Meio Ambiente entende que os plásticos oxi-biodegradáveis não são a solução para o problema dos plásticos no Brasil. Entendemos que o plástico aditivado apenas se fragmenta e que esta fragmentação pode provocar impacto ambiental maior do que um saco de plástico inteiro, que é facilmente visualizável e passível de recolhimento e correta destinação.

A solução ambiental para as sacolas plásticas envolve, necessariamente, a mudança de hábitos em relação a este item, seu uso consciente, reutilização e correto descarte e, antes de tudo, a redução drástica de seu consumo. Só diminuiremos os impactos ambientais das sacolas plásticas quando diminuirmos sua presença em nosso dia a dia e na natureza. Esta redução será facilitada quando alternativas para o descarte de lixo surgirem, especialmente a instituição da coleta seletiva em todos os municípios brasileiros e da compostagem, que permitirá a correta destinação dos materiais recicláveis e dos resíduos orgânicos.

Se você quer ajudar a resolver o problema das sacolas plásticas, converse com seus representantes políticos e exija a implementação da coleta seletiva em seu município e o estímulo ao consumo consciente. Apenas mudar de tecnologia não adianta.

Sacolas plásticas e animais

Outro grande problema ambiental envolvendo as sacolas plásticas é a morte de animais. Milhares de animais morrem todos os anos engasgados, presos ou sufocados por sacolas e sacos plásticos descartados incorretamente ou que voaram de aterros e lixões. Na Índia, centenas de vacas morrem todos os anos, engasgadas com sacos plásticos contendo restos de alimento.

As tartarugas marinhas são as grandes vítimas das sacolas plásticas que acabam nos oceanos. O Projeto Tamar tem inúmeras provas de como as tartarugas marinhas confundem sacolas plásticas com águas-vivas, seu alimento primordial.