Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Feliz olhar novo – Poema de Carlos Drummond de Andrade.



Feliz olhar novo

Autor: Carlos Drummond de Andrade 


O grande barato da vida é olhar para trás e sentir orgulho da sua história.
O grande lance é viver cada momento como se a receita de felicidade fosse o AQUI e o AGORA.

Claro que a vida prega peças. É lógico que, por vezes, o pneu fura, chove demais..., mas, pensa só: tem graça viver sem rir de gargalhar pelo menos uma vez ao dia? Tem sentido ficar chateado durante o dia todo por causa de uma discussão na ida pro trabalho?

Quero viver bem! Este ano que passou foi um ano cheio. Foi cheio de coisas boas e realizações, mas também cheio de problemas e desilusões. Normal. As vezes a gente espera demais das pessoas. Normal. A grana que não veio, o amigo que decepcionou, o amor que acabou. Normal. 

O ano que vai entrar vai ser diferente. Muda o ano, mas o homem é cheio de imperfeições, a natureza tem sua personalidade que nem sempre é a que a gente deseja, mas e aí? Fazer o quê? Acabar com o seu dia? Com seu bom humor? Com sua esperança?

O que desejo para todos é sabedoria! E que todos saibamos transformar tudo em boa experiência! Que todos consigamos perdoar o desconhecido, o mal educado. Ele passou na sua vida. Não pode ser responsável por um dia ruim... Entender o amigo que não merece nossa melhor parte. Se ele decepcionou, passe-o para a categoria 3. Ou mude-o de classe, transforme-o em colega. Além do mais, a gente, provavelmente, também já decepcionou alguém.

O nosso desejo não se realizou? Beleza, não estava na hora, não deveria ser a melhor coisa pra esse momento (me lembro sempre de um lance que eu adoro): CUIDADO COM SEUS DESEJOS, ELES PODEM SE TORNAR REALIDADE.

Chorar de dor, de solidão, de tristeza, faz parte do ser humano. Não adianta lutar contra isso. Mas se a gente se entende e permite olhar o outro e o mundo com generosidade, as coisas ficam bem diferentes.

Desejo para todo mundo esse olhar especial.

O ano que vai entrar pode ser um ano especial, muito legal, se entendermos nossas fragilidades e egoísmos e dermos a volta nisso. Somos fracos, mas podemos melhorar. Somos egoístas, mas podemos entender o outro. O ano que vai entrar pode ser o bicho, o máximo, maravilhoso, lindo, espetacular... ou... Pode ser puro orgulho! Depende de mim, de você! Pode ser. E que seja!!!

Feliz olhar novo!!! Que o ano que se inicia seja do tamanho que você fizer.

Que a virada do ano não seja somente uma data, mas um momento para repensarmos tudo o que fizemos e que desejamos, afinal sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles! 
 




sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Um Deus próximo. – Artigo de José Antonio Pagola. Excelente!


O Natal

Abaixo, uma pequena mas muito concreta e bonita reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 2, 1-14. É uma excelente meditação para todos nós, os cristãos, que todo ano celebramos a Festa de Natal.
A reflexão é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
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IHU - Adital
23 Dezembro 2016.

Um Deus próximo

A leitura que a Igreja propõe para esta Noite de Natal é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas, 2, 1-14. O teólogo espanhol  José Antonio Pagola a comenta o texto.

Eis o texto.

Natal é muito mais que todo esse ambiente superficial e manipulado que se respira nestes dias nas nossas ruas. Uma festa muito mais profunda e alegre que todos os sistemas da nossa sociedade de consumo.

Os crentes, temos que recuperar de novo o coração desta festa e descobrir detrás de tanta superficialidade e aturdimento o mistério que dá origem à nossa alegria. Temos que aprender a “celebrar” o Natal. Nem todos sabem o que é celebrar. Nem todos sabem o que é abrir o coração à alegria.

E, no entanto, não entenderemos o Natal se não sabemos fazer silêncio no nosso coração, abrir a nossa alma ao mistério de um Deus que se aproxima de nós, alegrar-nos com a vida que se nos oferece e saborear a festa da chegada de um Deus Amigo.

No meio do nosso viver diário, por vezes tão aborrecido, apagado e triste, convida-se à alegria. “Não pode haver tristeza quando nasce a vida” (Leão Magno). Não se trata de uma alegria insípida e superficial. A alegria de quem está alegre sem saber por quê.“ ”Temos motivos para o júbilo radiante, para a alegria plena e para a festa solene: Deus fez-se homem e veio para viver entre nós” (Leonardo Boff). Há uma alegria que só se pode desfrutar por quem se abre à aproximação de Deus e se deixa atrair pela Sua ternura.

Uma alegria que nos liberta de medos, desconfianças e inibições ante Deus. Como temer um Deus que se nos aproxima como um menino? Como esquivar-se a quem se nos oferece como um pequeno frágil e indefeso? Deus não veio armado de poder para impor-se aos homens. Aproximou-se com a ternura de um menino a quem podemos acolher ou rejeitar.

Deus não pode ser já o Ser “onipotente” e “poderoso” que nós suspeitamos, fechado na seriedade e no mistério de um mundo inacessível. Deus é este menino entregue carinhosamente à humanidade, este pequeno que procura o nosso olhar para nos alegrarmos com o Seu sorriso.


O acontecimento de que Deus se fez menino diz muito mais de como é Deus do que todas as nossas reflexões e especulações sobre o Seu mistério. Se soubéssemos deter-nos em silêncio ante este menino e acolher desde o fundo do nosso ser toda a proximidade e a ternura de Deus, talvez entendêssemos por que o coração de um crente deve estar afetado de uma alegria diferente nestes dias de Natal.



Natal em tempos de Herodes. – Artigo de Leonardo Boff. Muito atual para o Brasil!



O artigo Natal em tempos de Herodes, de Leonardo Boff, é uma excelente abordagem das recentes mudanças ocorridas na vida política e social no Brasil. Acho muito acertadas todas as observações e colocações do autor. Para contribuir um pouco na sua divulgação trago este artigo também para o blog Indagações-Zapytania.
O texto foi publicado  pelo autor no seu blog (leonardoBOFF.com).
Vale a pena ler, analisar e refltir.
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leonardoBOFF.com
20/12/2016

Natal em tempos de Herodes

O Natal deste ano será diferente de outros natais. Geralmente é a festa da confraternização das famílias. Para os cristão é a celebração da divina Criança que veio para assumir nossa humanidade e faze-la melhor.

No contexto atual, porém, em seu lugar assomou a figura do terrível Herodes, o Grande (73 a.C – 4 a.C), ligado à matança de inocentes. Zeloso por seu poder, ouviu que nascera em seu reino, a Judéia, um menino-rei. Foi quando ordenou degolar todas os meninos abaixo de dois anos (Mt 2,16). Ouviu-se então uma das palavras mais dolentes de toda Bíblia: ”Em Ramá se ouviu uma voz, muito choro e gemido: é Raquel que chora os filhos e não quer ser consolada, porque eles já não existem” (Mt 2,18).

Essa história do assassinato de inocentes continua de outra forma. As políticas ultracapitalistas impostas pelo atual governo, tirando direitos, diminuindo salários, cortando benefícios sociais básicos como saúde, educação, segurança, aposentadorias e congelando por 20 anos as possibilidades de desenvolvimento têm como consequência uma perversa e lenta matança de inocentes da grande maioria pobre de nosso país.

Aos legisladores não são desconhecidas as consequências letais, derivadas da decisão de considar mais importante o mercado que as pessoas.

Dentro de poucos anos, teremos uma classe de super-ricos (hoje são 71.440 segundo IPEA, portanto, 0,05% da população), uma classe media amedrontada pelo risco de perder seu status e milhões de pobres e párias que da pobreza passaram para miséria. Esta significa fome das crianças que morrem por sub-nutrição e doenças absolutamente evitáveis, idosos que já não conseguem seus remédios e o acesso à saúde pública, condenados a morrer antes do tempo. Essa matança possui responsáveis. Boa parte dos legisladores atuais da chamada “PEC da morte” não podem se eximir da pecha de serem os atuais Herodes do povo brasileiro.

As elites do dinheiro e do privilégio conseguiram voltar. Apoiados por parlamentares corruptos, de costas ao povo e moucos ao clamor das ruas e por uma coligação de forças que envolve juizes justiceiros, o Ministério Público, a Polícia Militar e parte do Judiciário e da mídia corporativa, reacionária e golpista não sem o respaldo da potência imperial interessada em nossas riquezas, forjaram a demisão da Presidenta Rousseff. O real motor do golpe é o capital financeiro, os bancos e os rentistas (não afetados pelas políticas dos ajustes fiscais).

Com razão denuncia o cientista politico Jessé Souza: “O Brasil é palco de uma disputa entre dois projetos: o sonho de um país grande e pujante para a maioria; e a realidade de uma elite da rapina que quer drenar o trabalho de todos e saquear as riquezas do país para o bolso de meia dúzia. A elite do dinheiro manda pelo simples fato de poder “comprar” todas as outras elites” (FSP 16/4/2016).

A tristeza é constatar que todo esse processo de expoliação é consequência da velha política de conciliação dos donos do dinheiro entre si e com os governos, que vem desde o tempo da Colônia e da Independência. Lula-Dilma não conseguiram ou não souberam superar a arte finória desta minoria dominante que, a pretexto da governabilidade, busca a conciliação entre si e com os governantes, concedendo alguns benefícios ao povo a preço de manter intocada a natureza de seu processo de acumulação de riqueza em altíssimos níveis.

O historiador José Honório Rodrigues que estudou a fundo a conciliação de classe sempre de costas ao povo, afirma com razão: ”a liderança nacional, em suas sucessivas gerações, foi sempre anti-reformista, elitista e personalista… A arte de furtar é nobre e antiga praticada por essas minorias e não pelo povo. O povo não rouba, é roubado… O povo é cordial, a oligarquia é cruel e sem piedade…; o grande sucesso da história do Brasil é o seu povo e grande decepção é a sua liderança” (Conciliação e Reforma no Brasil, 1965, pp. 114;119).

Estamos vivendo a repetição desta maléfica tradição, da qual jamais nos libertaremos sem o fortalecimento de um anti-poder, vindo do andar de baixo, capaz de derrubar esta clique perversa e instaurar um outro tipo de Estado, com outro tipo de política republicana, onde o bem comum se sobrepõe ao bem particular e corporativo.

O Natal deste ano é um Natal sob o signo de Herodes. Não obstante, cremos que a divina Criança é o Messias libertador e a Estrela é generosa para nos mostrar melhores caminhos.



Leonardo Boff escreveu: Natal: o sol da esperança, Mar de Ideias, Rio 2007.



sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Experiência interior. – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!



’A virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamarão Emanuel’, que significa ‘Deus conosco’". (Mt 1, 23)

Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 1,18-24 (Evangelista fala do nascimento de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - Adital
16 dezembro 2016

Experiência interior

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 1, 18-24 que corresponde ao Quarto Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O evangelista Mateus tem um interesse especial em dizer aos seus leitores que Jesus deve ser chamado também de «Emmanuel». Sabe muito bem que pode resultar chocante e estranho. A quem se lhe pode chamar com um nome que significa «Deus conosco»? No entanto, este nome encerra o núcleo da fé cristã e é o centro da celebração do Natal.

Esse mistério último que nos rodeia por todos os lados e que os crentes chamam «Deus» não é algo longínquo e distante. Está com todos e cada um de nós. Como o posso saber? É possível acreditar de forma razoável que Deus está comigo se não tenho alguma experiência pessoal, por pequena que seja?

Geralmente, aos cristãos não nos foi ensinado a perceber a presença do mistério de Deus no nosso interior. Por isso muitos o imaginam em algum lugar indefinido e abstrato do universo. Outros o procuram adorando Cristo presente na eucaristia. Bastante pessoas procuram escutá-Lo na Bíblia. Para outros, o melhor caminho é Jesus.

O mistério de Deus tem, sem dúvida, os seus caminhos para fazer-se presente em cada vida. Mas pode dizer-se que, na cultura atual, se não O experimentarmos de alguma forma vivo dentro de nós, dificilmente O encontraremos fora. Pelo contrário, se percebemos Sua presença em nós, poderemos rastrear Sua presença à nossa volta.

É possível? O segredo consiste sobretudo em saber estar de olhos fechados e em silêncio aprazível, acolhendo, com um coração simples, essa presença misteriosa que nos está alentando e sustentando. Não se trata de pensar nisso, mas de estar, «acolher» a paz, a vida, o amor, o perdão... que nos chega desde o mais íntimo do nosso ser.

É normal que, ao entrar no nosso próprio mistério, nos encontremos com os nossos medos e preocupações, as nossas feridas e tristezas, a nossa mediocridade e o nosso pecado. Não temos de nos inquietar, mas permanecer no silêncio. A presença amistosa que está no fundo mais íntimo de nós irá apaziguando, libertando e curando.


Karl Rahner, um dos teólogos mais importantes do século XX, afirma que, no meio da sociedade secular dos nossos dias, «esta experiência do coração é a única com que se pode compreender a mensagem de fé do Natal: Deus fez-se homem». O mistério último da vida é um mistério de bondade, de perdão e salvação, que está conosco: dentro de todos e cada um de nós. Se O acolhemos em silêncio, conheceremos a alegria do Natal.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Curar feridas. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide, e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: Os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.”. (Mt, 11, 4-5)

Vejo os textos escritos por José Antonio Pagola bem interessantes e, principalmente, muito atuais e diretos para os católicos (e cristãos, de modo geral) nos dias de hoje. Acredito que publicar essas reflexões extraordinárias no blog Indagações-Zapytania é uma forma concreta de ajudar na sua divulgação,

Abaixo, uma reflexão bem concreta, que tem como fundo o texto bíblico Mt 11, 2-12 (Jesus responde à pergunta de João Batista).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler.
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IHU-Adital
09 Dezembro 2016.

Curar feridas

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 11,2-12 que corresponde ao Terceiro Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

A atuação de Jesus deixou desconcertado o Batista. Ele esperava um Messias que extirparia do mundo o pecado, impondo o julgamento rigoroso de Deus, não um Messias dedicado a curar feridas e a aliviar sofrimentos. A partir da prisão de Maqueronte, envia uma mensagem a Jesus: “És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?”.

Jesus responde-lhe com a sua vida de profeta curador:  “Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos recuperam a vista, os coxos andam; os leprosos ficam limpos e os surdos ouvem; os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se a Boa Nova”. Este é o verdadeiro Messias: O que vem para aliviar o sofrimento, curar a vida e abrir um horizonte de esperança aos pobres.

Jesus sente-se enviado por um Pai misericordioso que quer para todos um mundo mais digno e ditoso. Por isso entrega-se a curar feridas, curar doenças e libertar a vida. E por isso pede a todos: “Sede compassivos como o vosso Pai é compassivo”.

Jesus não se sente enviado por um Juiz rigoroso para julgar os pecadores e condenar o mundo. Por isso não atemoriza ninguém com gestos justiceiros; pelo contrário, oferece a pecadores e prostitutas a Sua amizade e o Seu perdão. E por isso pede a todos: “Não julgueis e não sereis julgados”.

Jesus não cura nunca de forma arbitrária ou por puro sensacionalismo. Cura movido pela compaixão, procurando restaurar a vida dessas pessoas doentes, abatidas e quebradas. São as primeiras que devem experimentar que Deus é amigo de uma vida digna e sã.

Jesus não insistiu nunca no caráter prodigioso das suas curas, nem pensou nelas como receita fácil para suprimir o sofrimento no mundo. Apresentou a sua atividade de cura como sinal para mostrar aos seus seguidores em que direção temos de atuar para abrir caminhos a esse projeto humanizador do Pai que Ele chamava “reino de Deus”.

O Papa Francisco afirma que “curar feridas” é uma tarefa urgente: “Vejo com claridade que o que a Igreja necessita hoje é a capacidade de curar feridas”. Fala logo de “nos responsabilizarmos pelas pessoas, acompanhando-as como o bom samaritano, que lava, limpa e consola”. Fala também de “caminhar com as pessoas na noite, saber dialogar e inclusive descer à sua noite e obscuridade sem nos perdermos”.

Ao confiar a Sua missão aos discípulos, Jesus não os imagina como doutores, hierarcas, liturgistas ou teólogos, mas como quem cura. Sempre lhes confia uma dupla tarefa: curar doentes e anunciar que o reino de Deus está próximo.




sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Percorrer caminhos novos. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!




Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que disse: ‘Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, Endireitai as suas veredas’."  (Mt 3,3)


O comentário que trago hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreto e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 3, 1-12 (João Batista chama o povo à conversão).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler.
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IHU – Adital
02 dezembro 2016

Percorrer caminhos novos

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 3,1-12 que corresponde ao Segundo Primeiro Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Pelos anos 27 ou 28 apareceu no deserto próximo do Jordão um profeta original e independente que provocou um forte impacto no povo judeu: as primeiras gerações cristãs viram-no sempre como o homem que preparou o caminho a Jesus.

Toda a sua mensagem se pode concentrar num grito: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!”. Depois de vinte séculos, o Papa Francisco grita-nos a mesma mensagem aos cristãos: abri caminhos a Deus, voltai a Jesus, acolhei o Evangelho.

Seu propósito é claro: «Procuremos ser uma Igreja que encontra caminhos novos». Não será fácil. Nos últimos anos vivemos paralisados pelo medo. O Papa não se surpreende: “A novidade dá-nos sempre um pouco de medo porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós os que construímos, programamos e planejamos a nossa vida». E faz-nos uma pergunta a que temos de responder: «Estamos decididos a percorrer os caminhos novos que a novidade de Deus nos apresenta ou nos entrincheiramos em estruturas caducas que perderam a capacidade de resposta?».

Alguns espaços da Igreja pedem ao Papa que efetive o mais pronto possível diferentes reformas que se consideram urgentes. No entanto, Francisco manifestou sua postura de forma clara: «Alguns esperam e pedem-me reformas na Igreja, e deve ocorrer”. “Mas antes é necessária uma alteração de atitudes”.

Parece-me admirável a clarividência evangélica do Papa. O prioritário não é assinar decretos reformistas. Previamente é necessário colocar as comunidades cristãs em estado de conversão e recuperar no interior da Igreja as atitudes evangélicas mais básicas. Só nesse clima será possível concretizar de forma eficaz e com espírito evangélico as reformas que a Igreja necessita com urgência.

O próprio Francisco indica-nos todos os dias as mudanças de atitude de que necessitamos. Assinalarei algumas de grande importância.

Colocar Jesus no centro da Igreja: «Uma Igreja que não leva a Jesus é uma Igreja morta».
Não viver numa Igreja fechada e autorreferencial: «Uma Igreja que se encerra no passado e atraiçoa a sua própria identidade».

Atuar sempre movido pela misericórdia de Deus para com todos seus filhos: não cultivar “um cristianismo restauracionista e legalista que quer tudo claro e seguro, e não encontra nada”.

Procurar uma Igreja pobre e dos pobres. Ancorar nossa vida na esperança, não “nas nossas regras, nos nossos comportamentos eclesiásticos, nos nossos clericalismos”.



sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Com os olhos abertos. - Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!



«Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora há de vir o vosso Senhor».  (Mt 24,42)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 24, 37-44 (Jesus fala  da necessidade de estar desperto e vigiando). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - Adital
25 Novembro 2016

Com os olhos abertos

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 24, 37-44 que corresponde ao Primeiro Domingo de Advento, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

As primeiras comunidades cristãs viveram anos muito difíceis. Perdidos no vasto Império de Roma, no meio de conflitos e perseguições, aqueles cristãos procuravam força e alento esperando a pronta vinda de Jesus e recordando as suas palavras: “Vigiai. Vivei despertos. Tende os olhos abertos. Estai alerta.”   Significarão, todavia, algo para nós estas chamadas de Jesus para viver despertos?

Que é hoje para os cristãos colocar nossa esperança em Deus vivendo com os olhos abertos? Deixaremos que se esgote definitivamente no nosso mundo secular a esperança numa última justiça de Deus para essa imensa maioria de vítimas inocentes que sofrem sem culpa alguma?

Precisamente, a forma mais fácil de falsear a esperança cristã é esperar de Deus a nossa própria salvação eterna enquanto viramos as costas ao sofrimento que há agora mesmo no mundo. Um dia teremos que reconhecer nossa cegueira ante Cristo Juiz: quando te vimos faminto ou sedento, estrangeiro ou nu, doente ou na prisão, e não te assistimos? Este será o nosso diálogo final com Ele se vivemos com os olhos fechados.

Temos que despertar e abrir bem os olhos. Viver vigilantes para ver por cima dos nossos pequenos interesses e preocupações. A esperança do Cristão não é una atitude cega, pois não esquece os que sofrem. A espiritualidade cristã não consiste só num olhar para o interior, pois o seu coração está atento a quem vive abandonado à sua sorte.

Nas comunidades cristãs temos que cuidar cada vez mais que nosso modo de viver a esperança não nos leve à indiferença e ao esquecimento dos pobres. Não podemos isolar-nos na religião para não ouvir o clamor dos que morrem diariamente de fome. Não nos está permitido alimentar a nossa ilusão de inocência para defender nossa tranquilidade.

Uma esperança em Deus que se esquece dos que vivem nesta terra sem poder esperar nada, não poderá ser considerada como uma versão religiosa do otimismo a todo o custo, vivido sem lucidez nem responsabilidade? Uma busca da própria salvação eterna de costas aos que sofrem, não poderá ser acusada de ser um sutil «egoísmo estendido para o além»?

Provavelmente, a pouca sensibilidade ao sofrimento imenso que há no mundo seja um dos sintomas mais graves do envelhecimento do cristianismo atual. Quando o Papa Francisco reclama «uma Igreja mais pobre e dos pobres», está gritando-nos sua mensagem mais importante e interpeladora aos cristãos dos países do bem-estar.




quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Quem quebrou o Estado brasileiro. – Artigo de Ladislau Dowbor. Excelente! Precisa ser lido!


Excelente o texto Quem quebrou o Estado brasileiro, de Ladislau Dowbor. Penso que a sua leitura é indispensável para quem realmente procura com sinceridade entender os fatos, a situação econômica, política e social do nosso Brasil, para poder elaborar a sua opinião mais objetiva e justa possível. É fundamental saber separar o que é a verdade das mentiras e manipulações que hoje tenta-se impor à sociedade brasileira. Isso é a condição primária para ter as condições de situar-se do lado certo dos acontecimentos atuais no Brasil.
Não deixe de ler!

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IHU - Adital
23 Novembro 2016

Quem quebrou o Estado brasileiro

Examine os números: gasto social é moderado, enquanto pagamento de juros explode. País entre em crise — e governo mantém justamente as despesas mais devastadoras.

O artigo é de Ladislau Dowbor, professor de economia nas pós-graduações em economia e em administração da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e consultor de várias agências das Nações Unidas, publicado por Outras Palavras, 22-11-2016.

Eis o artigo.

Você provavelmente se sente perplexo frente à situação econômica do país. Está em boa companhia. Quem é que entende de resultado primário, de ajuste fiscal e outros termos que povoaram os nossos noticiários? A imensa maioria balança a cabeça de maneira entendida, e faz de conta. Pois vejam que realmente não é complicado entender, é só trocar em miúdos. E com isso o rombo fica claro. Aqui vai a conta explicitada, não precisa ser economista ou banqueiro. E usaremos os dados do Banco Central, a partir da tabela original, pois confiabilidade, nesta era melindrada, é fundamental. Para ver os dados no próprio BC, é só clicar no link embaixo da tabela.

política econômica do governo atual está baseada numa imensa farsa: a de que as políticas redistributivas da era progressista quebraram o país enquanto o novo poder, com banqueiros no controle do dinheiro, iriam reconstruí-lo. Segundo o conto, como uma boa dona de casa, vão ensinar responsabilidade, gastar apenas o que se ganha. A grande realidade é que são os juros extorquidos pelos banqueiros que geraram o rombo. A boa dona de casa que nos governa se juntou aos banqueiros e está aumentando o déficit.

Os dados publicados pelo Banco Central mostram a imagem real do que está acontecendo:

Acesse o portal do Tesouro.

A tabela, tal como aparece no site do Banco Central, parece complexa, mas é de leitura simples. Na linha IX, “Resultado primário do governo central” é possível acompanhar a evolução dos números. O resultado primário é a conta básica de quanto o governo recolheu com os impostos e acabou gastando nas suas atividades, propriamente de governo, investindo em educação, saúde, segurança etc — ou seja, em políticas públicas.

Quando se diz que o governo deve ser responsável, não gastar mais do que ganha, é disto que estamos falando. Confira a tabela abaixo, extraída da tabela principal: trata-se apenas de melhorar a legibilidade.
No caso, houve um superávit nos anos 2010 até 2013 (gastou menos do que arrecadou) e um déficit insignificante de 20 bilhões em 2014, e moderado em 2015, 116 bilhões de reais, 2% do PIB, perfeitamente normal.

Na União Europeia, por exemplo, um déficit de até 3% do PIB é considerado normal, com variações entre um ano e outro. Ou seja, fica claro, note-se que ao contrário do que dizem os gastos com as políticas públicas não causaram nenhum “rombo” como tem sido qualificado.

A linha seguinte da tabela, X – “Juros Nominais”, dá a chave da quebra e da recessão. Os juros nominais representam o volume de recursos que o governo gastou com os juros sobre a dívida pública. Esta é a caixa preta que trava a economia na dimensão pública.
Trata-se da parte dos nossos impostos que em vez de servirem para infraestruturas e políticas sociais, são transferidos para os bancos e outros intermediários financeiros, além de um volume pequeno de aplicadores individuais no tesouro direto. Estes em boa parte reaplicam os resultados, aumentando o volume de recursos apropriados.

dívida pública é normal em inúmeros países, assegurando aplicações financeiras com risco zero e liquidez total, e por isto pagando em geral na faixa de 0,5% ao ano, nos mais variados países, inclusive evidentemente nos EUA e União Europeia. Não é para aplicar e ficar rico, é para ter o dinheiro seguro enquanto se busca em que investir.

No Brasil, o sistema foi criado em julho de 1996, pagando uma taxa Selic fantástica de mais de 15% já descontada a inflação. Instituiu-se assim por lei um sistema de transferência de recursos públicos para os bancos e outros aplicadores financeiros. Com juros deste porte, rapidamente o governo ficou apenas rolando a dívida, pagando o que conseguia de juros, enquanto o que não conseguia pagar aumentava o estoque da dívida. Nada que qualquer família brasileira não tenha conhecido quando pega dívida para saldar outra dívida. O processo vira, obviamente, uma bola de neve.

Em 2003 Lula assume com uma taxa Selic pagando 24,5%, quando a inflação estava em 6%. Importante notar que são lucros gigantescos  para os bancos e os rentistas em geral, sem nenhuma atividade produtiva correspondente. E nenhum benefício para o governo ou a população, pois o governo, com este nível de juros, apenas rola a dívida.

O sistema é absolutamente inviável a prazo. E ilegítimo, pois se trata de ganhos sem contrapartida produtiva, gerando uma contração econômica. Na passagem de 2012 para 2013, o governo Dilma passa a reduzir progressivamente a taxa de juros sobre adívida pública, chegando ao nível de 7,25% ao ano, para uma inflação de 5,9%, aproximando-se das taxas praticadas na quase totalidade dos países. Isto gerou uma revolta por parte dos bancos e por parte dos rentistas em geral.

Por que tantos países mantêm uma taxa de juros sobre a dívida pública da ordem de 0,5% ou menos? Porque um juro baixo sobre a dívida pública estimula os donos dos recursos financeiros a buscar outras aplicações mais rentáveis, em particular investimentos produtivos, que geram ganhos mas fomentando a economia. Aqui, estimulou-se o contrário: para que um empresário se arriscar em investimentos produtivos se aplicar na dívida pública rende mais?

A revolta dos banqueiros e outros rentistas levou a uma convergência com outras insatisfações, inclusive oportunismos políticos, provocando os grandes  movimentos de 2013. E com um legislativo eleito pelo dinheiro das corporações, atacou-se na mídia qualquer tentativa de reduzir os juros e resgatar a política econômica do governo. Futuros candidatos também viram aí brechas oportunas. O governo recuou, iniciando um novo ciclo de elevação da taxa Selic, reconstituindo a bonança de lucros sem produção, essencialmente para bancos e outros rentistas.

Difícil dizer o que causou o recuo do governo. O fato é que desde meados de 2013 instalou-se a guerra política e o boicote, e não houve praticamente um dia de governo, seguindo-se a eleição e a desarticulação geral da capacidade de ação do Palácio do Planalto. O essencial para nós, é que não houve uma quebra de governo, e muito menos do Brasil, como dizem, pois as políticas públicas mantiveram o seu equilíbrio financeiro. O que quebrou o sistema, e é fato essencial, está aprofundando a crise, é o volume de transferências de recursos públicos para bancos e outros intermediários financeiros que são essencialmente improdutivos.

Confira a tabela dos juros nominais:

Com a Selic elevada, o governo transferiu em 2010, nas contas do Banco Central, 125 bilhões de reais sobre a dívida pública. Em 2011, este montante se elevou para 181 bilhões, caindo para 147 bilhões em 2012 com a redução dos juros Selic (a 7,5%) por parte do governo Dilma. Em 2013 começa o drama: sob pressão dos bancos, voltam a subir os juros sobre a dívida pública, e o dinheiro transferido ou reaplicado pelos rentistas sobe para 186 bilhões em 2013. Na fase do ministro Nelson Levy, portanto, com um banqueiro tomando conta do caixa, esse valor explode para 251 bilhões em 2014, e para 397 bilhões em 2015. Veja que o rombo criado pelos altos juros da dívida é incomparavelmente superior ao déficit das políticas públicas propriamente ditas, na linha IX “Resultado primário do governo central” visto acima.

Aqui são praticamente 400 bilhões de reais que poderiam se transformar em investimentos de infraestruturas e em políticas sociais, apropriados não por produtores, mas sim essencialmente por intermediários financeiros como bancos, fundos e inclusive aplicadores estrangeiros, gerando o rombo que agora vivemos e que aumenta ainda mais em 2016, pois continuamos com banqueiros no controle do sistema.

Confira, agora, a linha XI – Resultado Nominal do Governo Central, que vai apontar o rombo crescente. Trata-se do déficit já incorporando o gasto com juros sobre a dívida pública, hoje os mais altos do mundo. Veja o déficit gerado na tabela abaixo:



Ele passa de 46 bilhões em 2010, explodindo para 272 bilhões em 2014 já com a política econômica controlada pelos banqueiros, e chegando a astronômicos 514 bilhões em 2015, já com políticas confortavelmente orientadas para desviar recursos públicos para intermediários financeiros.

Essas três linhas da tabela do Banco Central mostram o equívoco do chamado “ajuste fiscal” do governo. E permitem entender, de forma clara, que não se tratou, de maneira alguma, de um governo que gastou demais com as políticas públicas, e sim de um governo em que os recursos foram desviados das políticas públicas para satisfazer o sistema financeiro.

Veja na tabela principal na linha “% do PIB gasto em juros” que o volume de recursos transferidos para os grupos financeiros passou de 3,2% do PIB em 2010 para 6,7% do PIB em 2015. E a conta cresce.
Quem gerou a crise é quem está no poder hoje, no Brasil, ditando o aumento da taxa Selic que voltou ao patamar surrealista de 14%. Em nome da austeridade, e de “gastar responsavelmente o que se ganhou”, aumentaram em 2016 o déficit primáriopara R$ 170 bilhões, repassando dinheiro para deputados e senadores (emendas parlamentares), aumentando os salários dos juízes e de segmentos de funcionários públicos (em nome da redução dos gastos) e assistindo a uma explosão dos juros pagos pela população.
Ponto chave: a PEC 241 trava os gastos com políticas públicas. São gastos que resultam no resultado primário, ou seja, onde o déficit é muito limitado e a utilidade é grande, tanto econômica como social. Mas a PEC 241 (e 55 no Senado) não limita os gastos com a dívida pública, que é onde ocorre o verdadeiro e imenso rombo.

Não se trata aqui, com esta medida, de reduzir os gastos do Estado, mas de aumentar os gastos com juros, que alimentam aplicações financeiras, em detrimento do investimento público e dos gastos sociais. Trata-se simplesmente de aprofundar ainda mais o próprio mecanismo que nos levou à crise.

Seriedade? Gestão responsável? A imagem da dona de casa que gasta apenas o que tem? Montou-se uma farsa. Os números aí estão. Assim o país afunda ainda mais e eles querem que o custo da lambança saia dos direitos sociais, das aposentadorias, da terceirização e outros retrocessos. Isto reduz a demanda e o PIB, e consequentemente os impostos, aumentando o rombo. Esta conta não fecha, nem em termos contábeis nem em termos políticos. Aliás, dizer que os presentes trambiques se espelham no modelo da boa dona de casa constitui uma impressionante falta de respeito.

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Nota: aqui abordamos a questão central dos juros sobre a dívida pública, visando mostrar o absurdo dos argumentos do governo ter “quebrado” a economia. Importante também mencionar que o próprio volume (estoque) da dívida, da ordem de 60% do PIB (e muito menos para a dívida líquida) não é particularmente maior do que a de outros países, e muito menor, por exemplo, do que a dos EUA ou do Japão. Para uma visão mais ampla, há um excelente documento Austeridade e Retrocesso, que traz a análise financeira completa. O documento é de outubro de 2016, 50p, disponível aqui
Quanto ao endividamento da população, com juros absurdamente abusivos para pessoa física e pessoa jurídica, o mecanismo gerado pode ser consultado no documento Resgatando o potencial financeiro do país, inclusive com as propostas correspondentes. Veja aqui

Para conferir a planilha do Banco Central, clique aqui, Aba 4.1, Séries históricas – Resultado Fiscal do Governo Central – Estrutura Nova (janeiro/1997 – agosto/2016).

Fonte: IHU - Adital