Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

domingo, 31 de janeiro de 2016

Nie potrzebujemy proroków? – Krótka, konkretna refleksja. Autor: José Antonio Pagola.



"I dodał:" Zaprawdę mówię wam, iż żaden prorok nie jest przyjmowany dobrze w swojej ojczyźnie "(Łk 4,24).

Poniżej mała, ale bardzo cenna i aktualna refleksja dla każdego z nas, chrześcijan dzisiejszych czasów, a przede wszystkim dla tych, którzy nie godzą  się  z wieloma   negatywnymi faktami, jakie można obserwować w kręgach kościelnych.

Myślę, że ważne jest to, byśmy uporczywie i szczerze szukali uroku w prostej i solidnej wierze chrześcijańskiej opartej na Jezusie Chrystusie.

Autorem refleksji jest hiszpański teolog José Antonio Pagola, który  opublikował ją na swojej stronie w Facebooku.
Zachęcam do przeczytania!
WCejnóg

(Tłumaczone z języka portugalskiego)



José Antonio Pagola
31 styczeń 2016

Nie potrzebujemy proroków?


"Wielki prorok powstał wśród nas!" W ten sposób po wioskach Galilei wołali ludzie   zaskoczeni słowami i czynami Jezusa. Jednakże działo się inaczej w Nazarecie, kiedy Jezus stanął przed swoimi sąsiadami, jako namaszczony, jako prorok ubogich.

Początkowo Jezus czuje podziw jakim Go obddarzają, a potem doświadcza jak Go odrzucają. Nie jest zaskoczony. Przypomina im  znane przysłowie: " Zaprawdę mówię wam, iż żaden prorok nie jest przyjmowany dobrze w swojej ojczyźnie". Potem, kiedy wypędzają Go z miasta z zamiarem zabicia Go, Jezus ich opuszcza. Ewangelista mówi: "Ale on przeszedłszy pośród nich oddalił się."  Nazaret pozostał bez proroka.

Jezus jest prorokiem i działa jako prorok. Nie jest kapłanem świątyni lub nauczycielem prawa. Jego życie mieści się w tradycji prorockiej Izraela. W przeciwieństwie do królów i kapłanów, prorok nie jest mianowany lub namaszczony przez nikogo. Jego władza pochodzi od Boga. Stara się on  swoim Duchem   wspierać i orientować swój kochany lud, podczas gdy politycy i przywódcy religijni nie wiedzą jak to robić. To nie przypadek, że chrześcijanie wierzą w Boga wcielonego w proroku.

Rysy proroka są wyraźne. Pośród społecznosci niesprawiedliwej, w której możni i przywódcy szukają przede wszystkim swojego dobrobycia, lekceważąc cierpienie tych którzy płaczą, prorok nabiera odwagi by czytać i odczuwać rzeczywistość w odniesieniu do współczucia, jakim Bóg darzy tych malutkich i ostatnich. Całe jego życie staje się obecnością "alternatywną", i tym swoim życiem prorok krytykuje niesprawiedliwości i wzywa do nawrócenia i do zmiany.

Z drugiej strony, kiedy sama religia przystosowuje się do porządku zbudowanego na nieuczciwości, a jej interesy już nie liczą się z Bogiem, prorok porzuca obojętność i samooszukiwanie się. Staje się krytykiem panującego złudzenia wiecznością  i absolutem, które zagraża każdej religii, i głosi wszystkim, że tylko Bóg zbawia. Obecność proroka przynosi nową nadzieję, ponieważ zachęca do myślenia o przyszłości, wskazując na wolność i miłość Boga.

Kościół, który ignoruje proroczy wymiar Jezusa i jego zwolenników, ryzykuje pozostać bez proroków. Bardzo się niepokoimy  brakiem kapłanów i modlimy się o powołania do kapłańskiej służby. Dlaczego nie prosimy  Boga, aby wzbudził proroków? Czyżbyśmy ich nie potrzebowali?  Nie czujemy potrzeby obudzenia ducha proroczego w naszych wspólnotach?

Czyżbyśmy zapominali, że Kościół bez proroków ryzykuje podążać  swoją drogą będąc głuchym na głos Boga, który wzywa do nawrócenia i zmiany?  Czy chrześcijaństwu bez ducha proroczego nie grozi stanie się poddanym i kontrolowanym przez prawa i tradycje, lub żyć obawiając się nowości ze strony Boga?

Zródlo: Facebook




sábado, 30 de janeiro de 2016

Não precisamos de profetas? – Reflexão de José Antônio Pagola. Bem atual!


“E acrescentou: “Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.” (Lc 4,24)

Abaixo, uma pequena mas muito valiosa e atual reflexão para todos nós, os cristãos de hoje, mas de  modo especial para os inconformados com muita coisa errada que está acontecendo nos círculos eclesiásticos.  

Acho que é muito importante buscarmos com sinceridade a autencidade e o encanto da fé cristã simples e sólida, baseada em Cristo Jesus.

O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicado pelo autor no seu espaço no Facebook.
Não deixe de ler!
WCejnog

  
José Antônio pagola
31 de Janeiro 2016

Não precisamos de profetas?


"Um grande profeta surgiu entre nós". Assim gritavam nas aldeias da Galiléia as pessoas surpreendidas com as palavras e os gestos de Jesus. No entanto, não é isto o que acontece em Nazaré, quando Jesus se apresenta perante os seus vizinhos como ungido, como profeta dos pobres.


No início Jesus sente primeiro a sua admiração e depois a sua rejeição. Não se surpreende. Lembra-lhes um conhecido provérbio: 
"Garanto-lhes que nenhum profeta é bem recebido em sua terra". Depois, quando O expulsam para fora da cidade e tentam acabar com ele, Jesus os abandona. O narrador diz que "Ele, porém, passando pelo meio deles, retirou-se". Nazaré ficou sem o profeta Jesus.

Jesus é e age como profeta. Não é um sacerdote do templo nem um mestre da lei. Sua vida se insere na tradição profética de Israel. Ao contrário dos reis e sacerdotes, o profeta não é nomeado nem ungido por ninguém. Sua autoridade vem de Deus, empenhado em incentivar e orientar com seu Espírito o seu povo querido quando os dirigentes políticos e religiosos não sabem fazê-lo. Não é por acaso que os cristãos acreditam em Deus encarnado em um profeta.

Os traços do profeta são inconfundíveis. No meio de uma sociedade injusta, onde os poderosos procuram o seu bem-estar desprezando o sofrimento dos que choram, o profeta se atreve a ler e a viver a realidade desde a compaixão de Deus para com os últimos. Sua vida inteira se torna "presença alternativa", que critica as injustiças e chama à conversão e à mudança.

Por outro lado, quando a mesma religião se acomoda à uma ordem de coisas injustas e seus interesses já não respondem aos de Deus, o profeta abandona a indiferença e o autoengano, critica a ilusão de eternidade e absoluto que ameaça toda a religião e recorda a todos que só Deus salva. Sua presença introduz uma esperança nova, pois convida a pensar o futuro desde a liberdade e o amor de Deus.

Uma Igreja que ignora a dimensão profética de Jesus e de seus seguidores, corre o risco de ficar sem profetas. Estamos muito preocupados com a escassez de sacerdotes e pedimos vocações para o serviço presbiteral. Por que não pedimos que Deus suscite profetas? Não precisamos deles? Não sentimos necessidade de despertar o espírito profético em nossas comunidades?


Uma Igreja sem profetas, não corre o risco de caminhar surda aos apelos de Deus à conversão e mudança? Um Cristianismo sem espírito profético, não tem o risco de ser controlado por ordem, a tradição ou o medo da novidade de Deus?

Fonte: Facebook


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

1500, o ano que não terminou. – Artigo de Eliane Brum. Precisa ser lido!


O artigo 1500, o ano que não terminou, de Eliane Brum, é muito expressivo. É relacionado ao caso do assasinato do menino indígena Vitor Pinto e foi publicado no início deste mês (janeiro de 2015) no site EL PAÍS.

Pode ser, obviamente, que este caso seja um lamentável episódio causado por alguém desequilibrado mentalmente ou um criminoso solitário, e espera-se que isso seja rigorosamente apurado e julgado pelos órgãos competentes, mas mesmo assim constitui mais um crime praticado contra os indígenas no Brasil.

Acho que a verdade sobre a discriminação e preconceito contra essas pessoas deve ser exposta sem camuflagem para toda a sociedade deste nosso país, justamente como o faz a autora deste artigo. Parabéns Eliane Brum!

Não tenho dúvida que tornou-se muito urgente despertar em nossa consciência o espírito de solidariedade e empatia para com todos os povos indígenas, e apoiar com mais energia as soluções justas na defesa dos seus diretos.

Para quem ainda não leu este texto, aqui fica o meu convite.

WCejnóg

  

[Uma outra matéria sobre o mesmo caso, a regortagem Uma missa para o curumim degolado, de Aline Torres também foi publicada aqui, no blog Indagações-Zapytania alguns dias atrás (para visualizar clique aqui).]



1500, o ano que não terminou
Quem chorou por Vitor, o bebê indígena assassinado com uma lâmina enfiada no pescoço?

4 Jan 2016.

Um menino de dois anos foi assassinado. Um homem afagou seu rosto. E enfiou uma lâmina no seu pescoço. O bebê era um índio do povo Kaingang. Seu nome era Vitor Pinto. Sua família, como outras da aldeia onde ele vivia, havia chegado à cidade para vender artesanato pouco antes do Natal. Ficariam até o Carnaval. Abrigavam-se na estação rodoviária de Imbituba, no litoral de Santa Catarina. Era lá que sua mãe o alimentava quando um homem perfurou sua garganta. Era meio-dia de 30 de dezembro. O ano de 2015 estava bem  perto do fim.

E o Brasil não parou para chorar o assassinato de uma criança de dois anos. Os sinos não dobraram  por Vitor. Sua morte sequer virou destaque na imprensa nacional.  Se fosse meu filho, ou de qualquer mulher branca de classe média, assassinado nessas circunstâncias, haveria manchetes, haveria especialistas analisando a violência, haveria choro e haveria solidariedade. E talvez houvesse até velas e flores no chão da estação rodoviária, como existiu para as vítimas de terrorismo em Paris. Mas Vitor era um índio. Um bebê, mas indígena. Pequeno, mas indígena. Vítima, mas indígena. Assassinado, mas indígena. Perfurado, mas indígena. Esse “mas” é o assassino oculto. Esse “mas” é serial killer.

A fotografia que ilustrou as poucas notícias sobre a morte do curumim mostra o chão de cascalho e concreto da estação rodoviária. Um par de sandálias havaianas azul, com motivos infantis. Uma garrafa pet, uma estrelinha de brinquedo, daquelas de fazer molde na areia, uma tampa de plástico do que parece ser um baldinho de criança, uma pequena embalagem em formato de tubo, um pano florido amontoado junto à parede, talvez um lençol. É apresentada como “local do crime” ou como “os pertences do menino”.

Essa foto é um documento histórico. Tanto pelo que nela está quanto pelo que nela não está. Nela permanece o descartável, os objetos de plástico e de pet, os chinelos restados. Nela não está aquele que foi apagado da vida. A ausência é o elemento principal do retrato.

Os indígenas só podem existir no Brasil como gravura. Apreciados como ilustração de um passado superado, os primeiros habitantes dessa terra, com sua nudez e seus cocares, uma coisa bonita para se pendurar em algumas paredes ou estampar aqueles livros que decoram mesas de centro. Os indígenas têm lugar se estiverem empalhados, ainda que em quadros. No presente, sua persistência em existir é considerada inconveniente, de mau gosto. Há vários projetos tramitando no Congresso para escancarar suas terras para a exploração e o “progresso”. Há muitos territórios indígenas devidamente reconhecidos que o governo de Dilma Rousseff (PT) não homologa porque neles quer construir grandes obras ou porque teme ferir os interesses do agronegócio. Há uma Fundação Nacional do Índio (Funai) em progressivo desmonte, tão fragilizada que com frequência se revela também indecente. No passado, os índios são. No presente, não podem ser.

Como diz o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, os indígenas são especialistas em fim de mundo, já que o mundo deles acabou em 1500. Tiveram, porém, o desplante de sobreviver ao apocalipse promovido pelos deuses europeus. Ainda que centenas de milhares tenham sido exterminados, sobreviveram à extinção total. E porque sobreviveram continuam sendo mortos. Quando não se consegue matá-los, a estratégia é convertê-los em pobres nas periferias das cidades. Quando se tornam pobres urbanos, chamam-nos de “índios falsos”. Ou “paraguaios”, em mais um preconceito com o país vizinho.

No passado, os índios são alegoria. “Olha, meu filho, como eram valentes os primeiros habitantes desta terra.” No presente, são “entraves ao desenvolvimento”. “Olha, meu filho, como são feios, sujos e preguiçosos esses índios fajutos.” Os índios precisam ser falsos porque suas terras são verdadeiras – e ricas.

Se Vitor era um entrave, esse entrave foi removido. Por isso essa foto é um documento histórico. Se houvesse alguma honestidade, é ela que deveria estar nas paredes.

Parece não bastar que Vitor, um bebê de dois anos, passasse semanas no chão de uma rodoviária porque a violência contra seu povo foi tanta e por tantos séculos e ainda hoje continua que seus pais, Sônia e Arcelino, precisam deixar a aldeia para vender artesanato. A preços baixos, porque desvalorizados são os artesãos.

É importante perceber o nível de desamparo que leva alguém a considerar rodoviária um lugar seguro e acolhedor. Terminais rodoviários são locais de passagem, e a família de Vitor, assim como a de outros indígenas, abriga-se lá porque há movimento. Rodoviária é lugar de ninguém. E por isso nela costumam caber os mendigos, os meninos de rua, os bêbados, as putas, os loucos, os párias. E os índios. Ou cabiam. E já não cabem mais.

Rodoviárias são espaços de circulação de estranhos, e por serem “os outros”, os estrangeiros nativos, os indígenas acreditam que neste não lugar têm chance de escapar da expulsão. Mas seguidamente são expulsos. Parte da população dos municípios em que os indígenas aparecem com seu artesanato acha que a rodoviária é boa demais pra índio. Ou pra “bugre”, como são chamados em algumas regiões do sul do país. “A rodoviária é o cartão postal da cidade, período que tem tanta gente viajando, chegando. Que imagem vão levar da cidade?”, justificou um comerciante de São Miguel do Oeste, também em Santa Catarina, para justificar a expulsão dos indígenas do local antes do Natal.

Vitor já não estraga nenhum cartão postal. Dele não há nem mesmo um rosto. A foto de sua ausência não comoverá milhões pelo planeta como aconteceu com o menino sírio trazido pelas ondas do mar. A morte dos curumins não muda nenhuma política.

Antes que me acusem de precipitação, exagero ou injustiça, é preciso dizer: os “cidadãos de bem” não querem que crianças indígenas tenham seus pescoços perfurados. De jeito nenhum. Apenas que elas fiquem longe da vista. Em outro lugar em que não contaminem, sujem ou enfeiem. Mas também não nas suas terras, se estas forem ricas em minérios, férteis pra soja ou boa pra gado pastar. Aí também é abuso. Desapareçam, apenas. Mas matar, não, matar é maldade.

2015 foi o ano em que esse discurso deu ao Brasil o bicampeonato. O deputado estadual Fernando Furtado, do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), foi reconhecido como “Racista do Ano” pela organização Survival International por seu pronunciamento antológico, ao se manifestar numa audiência pública: “Lá em Brasília, o Arnaldo viu os índios tudo de camisetinha, tudo arrumadinho, com flechinha, tudo um bando de viadinho, que tinha uns três que eram viado, que eu tenho certeza, viado. Eu não sabia que tinha índio viado, fui saber naquele dia em Brasília... Tudo viado. Então é desse jeito que tá, como é que índio já consegue ser viado, boiola, e não consegue trabalhar e produzir? Negativo!”.

O parlamentar se referia aos Awá-Guajá, considerados um dos povos mais vulneráveis do planeta. A conquista de Fernando Furtado, porém, não é inédita. Outro parlamentar, Luis Carlos Heinze, este deputado federal pelo Partido Progressista (PP) do Rio Grande do Sul, já tinha subido ao pódio em 2014, com a seguinte declaração: “O governo... está aninhado com quilombolas, índios, gays e lésbicas, tudo o que não presta”. Tudo indica que o Brasil é quase imbatível para o tricampeonato. Fala-se tanto em país polarizado, mas a premiação prova que os indígenas são um raro ponto de unanimidade entre certa direita e certa esquerda dessa grande nação.

Vitor, o bebê assassinado, vivia na aldeia Condá, no município de Chapecó, no oeste de Santa Catarina. Os crimes cometidos pelo Estado contra o povo Kaingang da região sul do Brasil estão registrados no Relatório Figueiredo, um documento histórico que se acreditava perdido e que foi descoberto no final de 2012. O relatório, datado de 1968, documentou o tratamento dado aos povos indígenas pelo extinto Serviço de Proteção aos Índios (SPI). No total, o procurador Jáder Figueiredo Correia dedicou 7.000 páginas para contar o que sua equipe viu e ouviu. Quem quiser compreender por que Vitor se abrigava no chão da rodoviária de Imbituba em vez de passar os meses de verão seguro, saudável e feliz na sua aldeia, tem uma rica fonte de informações no documento disponível na internet. Vai descobrir, entre outras atrocidades, como antepassados de Vitor chegaram a ser torturados e a viver em condições análogas à escravidão para que suas terras fossem desmatadas e exploradas pelos não índios, em pleno século 20. É possível que alguns destes “empreendedores” sejam avós daqueles que hoje acham que indígenas como Vitor sujam o cartão postal de suas cidades.

Depois do assassinato do bebê, a Polícia Militar prendeu o suspeito de sempre. Um rapaz pobre, em liberdade provisória, com “uma pequena quantidade de maconha e cocaína na mochila”. Como não havia nenhum indício contra ele, foi liberado. Em seguida, foi preso outro jovem, hoje considerado o principal suspeito. A polícia procurava alguém bastante genérico: com mochila e boné e tipo físico semelhante ao que aparece num vídeo gravado por uma câmera de segurança. A suspeita de policiais militares é de que o assassino estaria “incomodado com a presença dos indígenas no local”. A Polícia Civil mencionou como possíveis motivações “preconceito”, “surto” e “problemas psicológicos”. Em nota, o CIMI afirmou: “O Conselho Indigenista Missionário manifesta preocupação com o clima de intolerância que se propaga, na região sul do país, contra os povos indígenas. Um racismo – às vezes velado, às vezes explícito – é difundido através de meios de comunicação de massa e em redes sociais”.

Quem de fato assassinou Vitor talvez seja investigado, julgado, condenado e punido, o que já é uma raridade em mortes de indígenas no Brasil, marcadas pela impunidade. Mas é preciso fazer perguntas mais complicadas. Quem armou essa mão? Que encruzilhada histórica permitiu que Vitor fosse o bebê escolhido pelo assassino, independentemente de sua sanidade ou insanidade – e não o meu filho ou o seu? Onde estamos nós nesta foto em que estamos sem estar?

Tem se dito que 2015, um ano de crise no Brasil e horror em todas as partes, é o ano que não terminou. 2016 seria apenas um looping. Faz sentido. Na véspera deste Natal, Antônio Isídio Pereira da Silva, líder rural e ambientalista no Maranhão, foi encontrado morto. Era mais um assassinato anunciado. Há um ano foi arquivado o pedido de inclusão do agricultor no programa federal de proteção aos defensores de direitos humanos. Ele se preparava para denunciar mais um desmatamento ilegal numa região com graves conflitos de terra quando foi assassinado. Também no Natal, cinco jovens denunciaram policiais militares do Rio por tortura e roubo. Segundo seu relato, eles voltavam em três motos de uma festa quando foram detidos por PMs da Unidade de Polícia Pacificadora de Coroa, Fallet e Fogueteiro. Além de torturas com faca quente, isqueiro e socos, um deles teria sido obrigado a fazer sexo oral no amigo. Em São Paulo, levou apenas dois dias para ocorrer a primeira chacina de 2016, com quatro mortos na periferia de Guarulhos. Suspeita-se de vingança pela morte de um PM dias antes na região.

Começamos como acabamos. Nada, portanto, nem começou nem acabou. Quem continua morrendo de assassinato no Brasil, em sua maioria, são os negros, os pobres e os índios. O genocídio segue diante da indiferença, quando não aplauso, do que se chama de sociedade brasileira. Começamos 2016 como acabamos 2015. Obscenos. Os fogos do Ano-Novo já fracassam no artifício. Estamos nus. E nossa imagem é horrenda. Ela suja de sangue o pequeno corpo de Vitor por quem tão poucos choraram.

Dizem que 2015 é o ano que não acaba. Ou que 2013 é que não chega ao fim.
Para os indígenas é muito mais brutal: o ano de 1500 ainda não terminou.

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* Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes - o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas.

Fonte: EL PAiS 


sábado, 23 de janeiro de 2016

W tym samym kierunku. – Refleksja na dzisiejsze czasy. Autor: José Antonio Pagola.



"Podano Mu księgę proroka Izajasza. Rozwinąwszy księgę, natrafił na miejsce, gdzie było napisane: Duch Pański spoczywa na Mnie, ponieważ Mnie namaścił i posłał Mnie, abym ubogim niósł dobrą nowinę, więźniom głosił wolność, a niewidomym przejrzenie; abym uciśnionych odsyłał wolnymi, abym obwoływał rok łaski od Pana.
Zwinąwszy księgę oddał słudze i usiadł; a oczy wszystkich w synagodze były w Nim utkwione. Począł więc mówić do nich: «Dziś spełniły się te słowa Pisma, któreście słyszeli».  (Łk 4, 17-21)


Komentarz który wstawiam dziś do blogu  Indagações-Zapytania, jest bardzo aktualny.  Jego tłem jest biblijny  tekst Lk  1,1-4; 4,4-21 (Jezus w Nazarecie). Autor: hiszpański katolicki kapłan i teolog José Antonio Pagola.
Tekst został opublikowany na internetowej stronie Instytutu Unisinos Humanitas (IHU).

Warto przeczytać i zastanowić się nad jego treścią.
WCejnog
Tłumaczenie z języka portugalskiego


Refleksja

Przed rozpoczęciem opowiadania o działalności Jezusa, ewangelista Łukasz chce postawić bardzo jasno dla swoich czytelników i ukazać to, co jest prawdziwie palącą pasją Proroka z Galilei, i co jest celem wszystkich Jego  działań. Chrześcijanie powinni znać w jakim kierunku Duch Boży prowadzi Jezusa, gdyż podążanie za Nim oznacza właśnie iść tym samym śladem.

Łukasz opisuje szczegółowo co Jezus robi w synagodze znajdującej się w Jego rodzinnej miejscowosci Nazarecie: wstaje, otrzymuje świętą księgę, On sam wyszukuje fragment z Księgi Izajasza, czyta tekst, zamyka  księgę, oddaje ją i siada. Wszyscy mają uważnie usłyszeć słowa wybrane przez Jezusa, bo ukazują one zadanie, dla wypełnienia którego czuje się On wysłany przez Boga.

Zaskakuje fakt, że tekst nie mówi o zakładaniu  jakiejś doskonalszej religii czy o konieczności wprowadzenia jakiegoś bardziej odpowiedniego kultu, ale mówi o głoszeniu wyzwolenia, nadzieji, światła i łask dla tych najbardziej ubogich i nędznych. To jest właśnie to, co Jezus czyta: "Duch Pański spoczywa na Mnie, ponieważ  Mnie namaścił i posłał Mnie, abym ubogim niósł dobrą nowinę, więźniom głosił wolność, a niewidomym przejrzenie; abym uciśnionych odsyłał wolnymi, abym obwoływał rok łaski od Pana. Zwinąwszy księgę oddał słudze i usiadł; a oczy wszystkich w synagodze były w Nim utkwione. Począł więc mówić do nich: «Dziś spełniły się te słowa Pisma, któreście słyszeli”.

Duch Boży działa w Jezusie posyłając Go do ubogich, orientując całe Jego życie ku najbardziej potrzebującym, uciśnionym i upokorzonym. To właśnie w tym kierunku powinni pracować Jego zwolennicy. Taką właśnie orientację Bóg wcielony w Jezusie chce wycisnąć na historii ludzkiej. Ci najubożsi, ci ostatni, jako pierwsi powinni poznać lepsze życie, wolne i błogosławione, jakie Bóg chce już od teraz dla wszystkich swoich synów i córek.

Nie możemy zapominać. "Opcja na rzecz ubogich" nie jest wymysłem żadnych teologów XX wieku  ani modą powstałą po Soborze Watykańskim II. Ona jest nakazem Ducha Świętego, który ożywia całe życie Jezusa, i tym, co  Jego zwolennicy powinni wprowadzać w historii ludzkości. Paweł VI mówił: jest obowiązkiem Kościoła "przyczyniać się do narodzenia wolności ... i żeby była ona pełną."

Nie można żyć i głosić Jezusa Chrystusa jeżeli nie jest to powiązane z obroną tych ostatnich  i z solidaryzowaniem się z wykluczonymi. Jeśli to co robimy i głosimy w imie Kościoła Jezusa nie jest odbierane jako coś dobrego i niosącego wolność tym, którzy najbardziej cierpią,  to musimy wtedy zapytać: jaką ewangelię głosimy? Za jakim Jezusem  podążamy? Czemu albo komu dedykujemy nasze zycie?
Mówiąc jaśniej: jakie piętno wyciskamy  jako chrześcijanie? Idziemy w tym samym kierunku co Jezus?


Źródło: IHU - Notícias


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Na mesma direção. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!


Foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Desenrolando o livro, escolheu a passagem onde está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor”. E enrolando o livro, deu-o ao ministro e sentou-se; todos quantos estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Ele começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir”. (Lc 4, 17-21)


O comentário que trago hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito bom e bem atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc  1,1-4; 4,14-21 (Jesus em Nazaré).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler e interiorizar o conteúdo.
WCejnóg

IHU- Notícias
Sexta, 22 de janeiro de 2016

Na mesma direção


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 1,1-4; 4,14-21 que corresponde ao 3° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Antes de começar a narrar a atividade de Jesus, Lucas quer deixar muito claro aos seus leitores qual é a paixão que impulsiona o Profeta da Galileia e qual é a meta de toda a sua atuação. Os cristãos devem saber para qual direção o Espírito de Deus empurra Jesus, pois segui-lo é precisamente caminhar na sua mesma direção.

Lucas descreve com todo o detalhe o que faz Jesus na sinagoga da sua aldeia: põem-se de pé, recebe o livro sagrado, procura ele mesmo uma passagem de Isaías, lê o texto, fecha o livro, devolve-o e senta-se. Todos devem escutar com atenção as palavras escolhidas por Jesus, pois elas expõem a tarefa pela qual ele se sente enviado por Deus.

Surpreendentemente, o texto não fala de organizar uma religião mais perfeita ou de implantar um culto mais digno, mas de comunicar libertação, esperança, luz e graça aos mais pobres e desgraçados. Isto é o que ele lê. «O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu. Enviou-me a anunciar a Boa Nova aos pobres, para anunciar aos cativos a liberdade, e aos cegos a vista. Para dar liberdade aos oprimidos; para anunciar o ano da graça do Senhor». Ao terminar, diz-lhes: «Hoje cumpre-se esta Escritura que acabais de ouvir».’

O Espírito de Deus atua em Jesus enviando-o aos pobres, orientando toda a sua vida para os mais necessitados, oprimidos e humilhados. É nesta direção que seus seguidores devem trabalhar. Esta é a orientação que Deus, encarnado em Jesus, quer imprimir à história humana. Os últimos devem ser os primeiros em conhecer essa vida mais digna, liberta e ditosa que Deus quer já desde agora para todos os seus filhos e filhas.

Não temos que esquecer. A «opção pelos pobres» não é uma invenção de uns teólogos do século XX nem uma moda posta em circulação depois do Vaticano II. É a opção do Espírito de Deus que anima a vida inteira de Jesus, e que os seus seguidores têm de introduzir na história humana. Dizia-o Paulo VI: é um dever da Igreja «ajudar a que nasça a libertação... e fazer que seja total».

Não é possível viver e anunciar Jesus Cristo se não é desde a defesa dos últimos e a solidariedade com os excluídos. Se o que fazemos e proclamamos desde a Igreja de Jesus não é captado como algo bom e libertador pelos que mais sofrem, que evangelho estamos a pregar? Que Jesus estamos a seguir? A que nos estamos a dedicar?

Dito de forma mais clara: que impressão têm os cristãos? Estamos caminhando na mesma direção que Jesus?