Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 27 de agosto de 2016

Sem esperar nada em troca. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!



"Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir. A sua recompensa virá na ressurreição dos justos". (Lc 14, 13-14)


O comentário que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito interessante e, sobretudo, bem atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 14,7-14 (Jesus  fala da humildade).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler.
WCejnog


IHU - Notícias
26 de agosto de 2016.

Sem esperar nada em troca


A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 14,7-14 que corresponde ao 22° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Jesus está convidado a comer por um dos principais fariseus da região. Lucas nos indica que os fariseus não deixam de espiá-Lo.
Jesus, no entanto, sente-se livre para criticar os convidados que procuram os primeiros lugares e, inclusive, para sugerir ao que o convidou a quem deve colocar à frente.

É esta interpelação ao anfitrião que nos deixa desconcertados. Com palavras claras e simples, Jesus indica-lhes como devem atuar: “Não convides os teus amigos nem os teus irmãos nem os teus parentes nem os vizinhos ricos”. Mas, há algo mais legítimo e natural que estreitar laços com as pessoas que nos querem bem? Não fez Jesus o mesmo com Lázaro, Marta e Maria, seus amigos de Betânia?

Ao mesmo tempo, Jesus assinala em quem se deve pensar: “Convida os pobres, aleijados, mancos e cegoss”. Os pobres não têm meios para corresponder ao convite. Dos aleijados, coxos e cegos, nada se pode esperar. Por isso, ninguém os convida. Não é isto algo normal e inevitável?

Jesus não rejeita o amor familiar nem as relações amistosas. O que não aceita é que elas sejam sempre as relações prioritárias, privilegiadas e exclusivas. Aos que entram na dinâmica do reino de Deus procurando um mundo mais humano e fraterno, Jesus recorda-lhes que o acolhimento aos pobres e desamparados deve ser anterior às relações de interesse e aos convencionalismos sociais.

É possível viver de forma desinteressada? Pode-se amar sem esperar nada em troca? Estamos tão afastados do Espírito de Jesus que, por vezes, até a amizade e o amor familiar estão mediatizados pelo interesse. Não temos de nos enganar. O caminho da gratidão é quase sempre duro e difícil. É necessário aprender coisas como estas: dar sem esperar muito, perdoar sem exigir, ser mais paciente com as pessoas pouco agradáveis, ajudar pensando apenas no bem do outro.

Sempre é possível reduzir um pouco os nossos interesses, renunciar de vez em quando a pequenas vantagens, colocar alegria na vida do que vive necessitado, oferecer um pouco do nosso tempo sem reservá-lo sempre para nós, colaborar em pequenos serviços gratuitos.

Jesus atreve-se a dizer ao fariseu que o convidou: “Feliz de ti se não te podem retriubir”. Esta bem-aventurança ficou tão esquecida que muitos cristãos nunca ouviram falar dela. No entanto, contém uma mensagem muito querida para Jesus:  “Felizes os que vivem para o próximo sem receber recompensa. O Pai do céu os recompensará”.


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A origem da vida: existe uma resposta plausível? - Indagações de Hans Küng, teólogo suiço. Excelente!


Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania uma matéria muito boa para ler, meditar e refletir junto com o autor, o teólogo suiço  Hans Küng. Quem tiver o interesse, tempo e a disposição – aqui é uma excelente oportunidade para isso. O texto do autor (Hans Küng) está em PDF embaixo da introdução de autoria de Jéferson Ferreira Rodrigues
Os textos foram publicados no site do Instituto Humanita Unisinos (IHU) no início do mês de junho deste ano (2016) em Cadernos Teologia Pública IHU, edição 44.

Vale a pena ler!
WCejnóg 

IHU – Notícias
sexta, 03 de junho de 2016

A origem da vida: existe uma resposta plausível?

ser humano, em algum momento, na sua existência conviverá com a pergunta pelas origens. Ele busca saber como tudo aconteceu até aqui. Nele desvela-se um anseio profundo. Não foram unânimes as respostas, mas buscaram com muitas nuances uma resposta adequada para cada tempo. Ela fez companhia às tradições bíblicas e hoje permanece inquietante e desafiadora desde as pessoas mais simples até os cientistas com seus laboratórios sofisticados.

vida como irrupção de uma pergunta, não é apenas a humana, mas a existência complexa, perpassando uma singularidade atinge uma diversidade de seres. Ela possui exigências mínimas e propriedades estruturais e dinâmicas indispensáveis. Os seres vivos compartilham uma tríplice característica: reprodução, mutação e metabolismo. 

Há 3,5 bilhões de anos, a vida complexa encontrou no planeta Terra as condições necessárias para se desenvolver e emergir no seu esplendor. A vida humana apenas registra 200 mil anos de existência. De modo geral, não é possível afirmar a existência de vida “extra-terra”. Nada foi constatado e comprovado pela ciência. A ausência de comprovação não impossibilita outras existências, sobretudo porque não damos conta de penetrar no mistério do Universo. 

O ser humano, na busca pelas origens, investe em narrativas e em tecnologias. Os métodos são diferentes, mas os anseios são os mesmos: um busca um sentido para o existir de tudo, o outro procura uma comprovação efetiva desse existir. Ambos são tentados pela pretensão de “dominar” e “submeter”. Não obstante encontram os instrumentais para realizarem tal feito. 

narrativa bíblica não é excludente de uma teoria científica. Seu propósito está na busca de um sentido para tudo que existe, consequentemente na presença de Deus (que é Criador). Ela é uma imagem ou convicção tardia na experiência humana e religiosa de Israel. A experiência mais marcante foi de libertação, que inclusive inaugura um novo relacionar com a terra: “ter tudo sem possuir nada”. Aos poucos isso foi permanecendo no esquecimento. 

A fé num Deus Criador reavivou essa perspectiva. É um dom, que exige uma responsabilidade. O imperativo de “submeter e dominar” é traduzido como “cuidar”, que sem muitas delongas tornou-se motivo e argumento de dominação e exploração. Nele expressa-se que outros interesses foram mais interessantes que a dádiva de uma terra. Nesse horizonte, pode-se pensar a vida na sua complexidade, ele irrompe sem pedir licença, chega sem avisar.

Quase somos forçados a dizer como Chicó, no Auto da Compadecida: “não sei, só sei que é assim”. Não é um determinismo imobilizador. Mas, encontra-se na dinâmica do mistério, que irrompe no esplendor de cada desdobramento, reconhecendo a dignidade de cada ser, desde microcosmos até macrocosmos. É o mistério nosso de cada dia. Ainda cabe uma pergunta: Por que o ser humano investe tanto para saber suas origens?


Hans Küng, teólogo suiço, no Cadernos Teologia Públicaedição 44, apresenta uma contribuição significativa no debate entre ciências naturais, religião e teologia. Busca uma reflexão lúcida da questão da vida desde os principais confrontos entre teoria da evolução de Darwin, biologia molecular e teologia da criação. Não é suficiente permanecer em “eternos” embates, que não consideram aquilo que é importante e complementar através de uma disposição para o diálogo.


O texto está organizado da seguinte maneira:
1. Desde quando existe vida?
2. Estamos sós no universo?
3. Uma busca infrutífera
4. Como surgiu a vida?
5. Predominância do acaso?
6. Seria Deus supérfluo?
7. Por que um cosmos propício à vida?
8. Um princípio antrópico?
9. “A luz inacessível”

Para acessar o texto clique: A orígem da vida 

________


*  Hans Küng, doutor em Teologia pela Pontificia Universidade Gregoriana, professor emérito na Universidade de Tübingen, fundador do Instituto de Pesquisas Ecumênicas e do Projeto de Ética Mundial. Autor de vários livros:
A igreja tem salvação? (São Paulo: Paulus, 2012)
O princípio de todas as coisas: ciências naturais e religião (Petrópolis: Vozes, 2009)
Umstrittene Wahrheit: erinnerungen (München: Piper, 2007)
 Éticas da mundialidade (São Paulo: Paulinas, 2000)
Uma ética global para a política e a economia mundiais (Petrópolis: Vozes, 1999)
Morir con dignidad (Madrid: Trotta, 1997)
Projeto de Ética Mundial (São Paulo: Paulinas, 1992)
O que deve permanecer na Igreja (Petrópolis: Vozes, 1976)
Ser cristão (Rio de Janeiro: Imago, 1976)
 A Igreja (Lisboa: Moraes, 1969)
Para que o mundo creia (Rio de Janeiro: Agir, 1966)


Por Jéferson Ferreira Rodrigues



sábado, 20 de agosto de 2016

Seguidora fiel de Jesus. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


Festa da Assunção

O comentário que trago hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito bom e bem atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc  1,39-56 (Magníficat de Maria).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler e interiorizar o conteúdo.
WCejnóg


IHU – Notícias
Sexta feira, 19 de agosto de 2016.

Seguidora fiel de Jesus

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 1,39-56 que corresponde à Festa da Assunção, ciclo do Ano Litúrgico.
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

"Sua fé no Deus dos pequenos nos faz sintonizar com Jesus". 
Desde seu coração de Mãe, Maria percebe como ninguém 
a ternura de Deus Pai e Mãe.


Os evangelistas apresentam a Virgem com traços que podem reavivar nossa devoção a Maria, Mãe de Jesus. Seu olhar nos ajuda a amá-la, meditá-la, imitá-la, rezá-la e confiar nela com um espírito novo e mais evangélico.

Maria é a grande crente. A primeira seguidora de Jesus. A mulher que sabe meditar no seu coração os atos e as palavras de seu Filho. A profetisa que canta a Deus, salvador dos pobres, que ele anuncia. A mãe fiel que permanece ao lado de seu Filho perseguido, condenado e morto na cruz. A testemunha de Cristo Ressuscitado, que recebe junto aos discípulos o Espírito que acompanhará sempre a Igreja de Jesus.

Lucas, por sua vez, nos convida a fazer nosso o cântico de Maria, para nos deixarmos conduzir pelo seu espírito até Jesus, pois no "Magnificat" resplandece mais ainda a fé de Maria e sua identificação maternal com seu Filho Jesus.

Maria começa proclamando a grandeza de Deus: "Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou a pequenez de sua serva". Maria é feliz porque Deus colocou seu olhar em sua pequenez. Assim é Deus com os pequenos. Maria canta com a mesma alegria que Jesus abençoa o Pai, porque ele fica oculto para os "sábios e prudentes" e se revela "aos simples". A fé de Maria no Deus dos pequenos nos faz sintonizar com Jesus.

Maria proclama o Deus "Todo Poderoso", porque "a sua misericórdia chega aos fiéis de geração em geração". Deus coloca o Seu poder a serviço da compaixão. Sua misericórdia abrange todas as gerações. Jesus prega a mesma coisa: Deus é misericordioso para com todos. Então, ele disse aos seus discípulos de todos os tempos: "Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso". Desde seu coração de mãe, Maria percebe como nenhuma outra pessoa a ternura de Deus Pai e Mãe, e nos introduz ao núcleo central da mensagem de Jesus: Deus é amor compassivo.

Maria proclama também o Deus dos pobres, porque "derruba do trono os poderosos" e deixa-os impotentes para continuar oprimindo; pelo contrário, "exalta os humildes" para que recuperem sua dignidade. Clama aos ricos o que é roubado dos pobres e "os despede de mãos vazias". E aos famintos, "ele os enche de bens" para desfrutar de uma vida mais humana. Jesus clamava o mesmo: "os últimos serão os primeiros". Maria leva-nos a aceitar a Boa Nova de Jesus: Deus é dos pobres.

Maria nos ensina, melhor que ninguém, a seguir Jesus, anunciando o Deus de compaixão, trabalhando para um mundo mais fraterno, confiando no Pai dos pequenos.




sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Em chamas. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!



O comentário que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola, é muito bom. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 12,49-53 (Jesus disse: ”Vim trazer fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Não deixe de ler.
WCejnóg

IHU – Notícias
Sexta, 12 de agosto de 2016

Em chamas

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 12,49-53 que corresponde ao 20° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. 
O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

São muitos os cristãos que, profundamente arraigados numa situação de bem-estar, tendem a considerar o cristianismo como uma religião que, invariavelmente, deve preocupar-se em manter a lei e a ordem estabelecida.

Por isso, resulta tão estranho escutar da boca de Jesus expressões que convidam não ao imobilismo e conservadorismo, mas à transformação profunda e radical da sociedade: «Vim trazer fogo ao mundo e oxalá estivesse já a arder...”. Pensais que vim trazer ao mundo paz? “Não, mas sim divisão”.

Não nos resulta fácil ver Jesus como alguém que traz um fogo destinado a destruir tanta mentira, violência e injustiça. Um Espírito capaz de transformar o mundo, de forma radical, mesmo à custa de enfrentar e dividir as pessoas.

O crente em Jesus não é uma pessoa fatalista que se resigna ante a situação, procurando, acima de tudo, tranquilidade e falsa paz. Não é um imobilista que justifica a atual ordem das coisas, sem trabalhar com ânimo criador e solidário por um mundo melhor. Tampouco é um rebelde que, movido pelo ressentimento, deita abaixo tudo para assumir ele mesmo o lugar daqueles que derrubou.

O que entendeu Jesus atua movido pela paixão e aspiração de colaborar numa mudança total. O verdadeiro cristão leva a «revolução» no seu coração. Uma revolução que não é «golpe de estado», mudança qualquer de governo, insurreição ou relevo político, mas sim busca de uma sociedade mais justa.

A ordem que, com frequência, defendemos, é ainda uma desordem. Porque não conseguimos dar de comer a todos os esfomeados, nem garantir os seus direitos a todas as pessoas, nem sequer eliminar as guerras ou destruir as armas nucleares.

Necessitamos de uma revolução mais profunda que as revoluções econômicas. Uma revolução que transforme as consciências dos homens e dos povos. H. Marcuse escrevia que necessitamos de um mundo «em que a competição, a luta dos indivíduos uns contra os outros, o engano, a crueldade e o massacre já não têm razão de ser».

Quem segue Jesus, vive procurando ardentemente que o fogo aceso por Ele arda cada vez mais neste mundo. Mas, antes de mais nada, exige-se a si mesmo uma transformação radical: «só se pede aos cristãos que sejam autênticos. Esta é verdadeiramente a revolução» (E. Mounier).

Fonte: IHU – Notícias



sábado, 6 de agosto de 2016

Necessitamo-los mais do que nunca. – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!


Bem-aventurados os servos a quem o senhor achar vigiando, quando vier! Em verdade vos digo: cingir-se-á, fá-los-á sentar à mesa e servi-los-á..” (Lc 12, 37)

O comentário que trago hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem atual.  Tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 12, 32-48 (a necessidade de vigiar).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler.
WCejnog


IHU - Notícias
Sexta, 05 de agosto de 2016

Necessitamo-los mais do que nunca

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus segundo Lucas 12, 32-48, que corresponde ao 19° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

As primeiras gerações cristãs viram-se muito rapidamente obrigadas a colocar-se uma questão decisiva. A vinda de Cristo ressuscitado demorava mais do que se tinha pensado de início. A espera tornava-se longa. Como manter viva a esperança? Como não cair na frustração, no cansaço ou no desalento?

Nos evangelhos encontramos diversas exortações, parábolas e chamadas que só têm um objetivo: manter viva a responsabilidade das comunidades cristãs. Uma das chamadas mais conhecidas diz assim: «Estejam com os rins cingidos e as lâmpadas acesas». Que sentido podem ter estas palavras para nós, depois de vinte séculos de cristianismo?

As duas imagens são muito expressivas. Indicam a atitude que hão de ter os criados que estão à espera de noite que regresse o seu senhor, para abrir-lhe o portão da casa quanto chame. Hão de estar com «os rins cingidos», quer dizer, com a túnica arregaçada para poderem mover-se e atuar com agilidade. Hão de estar com «as lâmpadas acesas» para ter a casa iluminada e manterem-se despertos.

Estas palavras de Jesus são também hoje uma chamada a viver com lucidez e responsabilidade, sem cair na passividade ou na letargia. Na história da Igreja há momentos em que se cai a noite. No entanto, não é a hora de apagar as luzes e nos pormos a dormir. É a hora de reagirmos, despertar a nossa fé e seguir caminhando para o futuro, inclusive numa Igreja velha e cansada.

Um dos obstáculos mais importantes para impulsionar a transformação que necessita hoje a Igreja é a passividade generalizada dos cristãos.
Desgraçadamente, durante muitos séculos temos educado, sobretudo, para a submissão e a passividade. Todavia hoje, às vezes parece que não os necessitamos para pensar, projetar e promover caminhos novos de fidelidade para Jesus Cristo.

Por isso temos de valorizar, cuidar e agradecer tanto o despertar de uma nova consciência em muitos laicos e laicas que vivem hoje sua adesão a Cristo e sua pertença à Igreja de um modo lúcido e responsável. É, sem dúvida, um dos frutos mais valiosos do Vaticano II, primeiro concílio que se ocupou direta e explicitamente deles.


Estes crentes podem ser hoje o fermento de umas paróquias e comunidades renovadas em torno de seguirmos fiéis a Jesus. São o maior potencial do cristianismo. Necessitamo-los mais do que nunca para construir uma Igreja aberta aos problemas do mundo atual, e próxima dos homens e mulheres de hoje.