Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 28 de julho de 2017

A decisão mais importante. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!


O reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.”  (Mt 13, 45-46)

Hoje, mais uma bonita reflexão, muito atual e importante. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Mt 13, 44-52 (Jesus serve-se de parábolas para falar do reino de Deus). Já foi publicada anteriormente neste espaço (em julho de 2014), mas continua muito atual. 
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler e refletir!
WCejnóg


IHU - ADITAL
28 julho 2017.

A decisão mais importante

28 julho 2017.

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,44-52 que corresponde ao 17º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antônio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O evangelho recolhe duas breves parábolas de Jesus com uma mesma mensagem. Em ambos os relatos, o protagonista descobre um tesouro muito valioso ou uma pérola de valor incalculável. E nos dois reage do mesmo modo: vende com alegria e decididamente o que tem e fica com o tesouro ou a pérola. Segundo Jesus, assim reagem os que descobrem o reino de Deus.

Ao que parece, Jesus teme que as pessoas o sigam por diferentes interesses, sem descobrir o mais atrativo e importante: esse projeto apaixonante do Pai que consiste em conduzir a humanidade para um mundo mais justo, fraterno e ditoso, encaminhando-o assim para a sua salvação definitiva em Deus.

Que podemos dizer hoje depois de vinte séculos de cristianismo? Por que tantos cristãos bons vivem fechados na sua prática religiosa com a sensação de não ter descoberto nela nenhum «tesouro»? Onde está a raiz última dessa falta de entusiasmo e alegria em não poucos âmbitos da nossa Igreja, incapaz de atrair para o núcleo do Evangelho a tantos homens e mulheres que se vão afastando dela, sem renunciar por isso a Deus nem a Jesus?

Depois do Concílio, Paulo VI fez esta afirmação rotunda: «Só o reino de Deus é absoluto. Todo o resto é relativo». Anos mais tarde, João Paulo II reafirmou dizendo: «A Igreja não é ela o seu próprio fim, pois está orientada para o reino de Deus, do qual é origem, sinal e instrumento». O papa Francisco vem repetindo: «O projeto de Jesus é instaurar o reino de Deus».

Se esta é a fé da Igreja, por que há cristãos que nem sequer ouviram falar desse projeto que Jesus chamava «reino de Deus»? Porque não sabem que a paixão que animou toda a vida de Jesus, a razão de ser e o objetivo de toda a sua atuação, foi de anunciar e promover esse projeto humanizador do Pai: procurar o reino de Deus e a Sua justiça?

A Igreja não pode renovar-se a partir da sua raiz se não descobre o «tesouro» do reino de Deus. Não é o mesmo chamar os cristãos a colaborar com Deus no Seu grande projeto de fazer um mundo mais humano que viver distraídos em práticas e costumes que nos fazem esquecer o verdadeiro núcleo do Evangelho.

O papa Francisco diz-nos que «o reino de Deus nos reclama». Este grito chega-nos desde o coração mesmo do Evangelho. Temos de o escutar. Seguramente, a decisão mais importante que temos de tomar hoje na Igreja e nas nossas comunidades cristãs é a de recuperar o projeto do reino de Deus com alegria e entusiasmo.

Fonte:  IHU - Comentário do Evangelho



terça-feira, 25 de julho de 2017

“A religião estabelecida não suportou o Evangelho”. Artigo de José María Castillo. Muito atual!




Acho interessante e muito atual o artigo  A religião estabelecida não suportou o Evangelho,  de José María Castillo, que hoje  trago para o blog Indagações-Zapytania.
  
As colocações e observações nele contidas podem-nos ajudar  na construção de uma opinião mais correta a respeito do tema levantado, como  também contribuir para a purifcação e fortalecimento da nossa fé cristã, separando dela e eliminando o que é superstição ou paradigmas  errôneos criados ao longo dos séculos, que não só não ajudam, mas chegam a ofuscar  o que é essencial no cristianismo: a pessoa de Jesus Cristo e a sua mensagem, tão importante para o mundo em que vivemos. É importante estar seguro da sua fé, e saber assumir uma posição correta diante dos abusos ou escândalos que existem em todas as instituições, incluindo a Igreja.

O texto foi publicado recentemente por Religión Digital, e também, posteriormente,  no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Penso que vale a pena ler este artigo.
WCejnog


IHU - ADITAL
20 julho 2017

“A religião estabelecida não suportou o Evangelho”. Artigo de José María Castillo

“As religiões se organizam de maneira que, com muita frequência, o argumento da busca de Deus é administrado de forma que, na realidade, o que se consegue é “poder”, “dinheiro” e “privilégios”. Isto é o que o Evangelho de Jesus não suporta”, escreve José María Castillo, em artigo publicado por Religión Digital, 19-07-2017. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.


No texto que José M. Vidal publicou em Religión Digital a respeito de uma missa na capela de São Félix do Araguaia (Mato Grosso, Brasil), o vigário geral da diocese de Casaldáliga, Félix Valenzuela, discorreu, na homilia, que as três principais preocupações de Jesus foram a saúde dos enfermos, a alimentação dos famintos e as boas relações interpessoais.

Em relação a estas três preocupações de Jesus, que analisei amplamente em meu livro A humanização de Deus (Vozes), quero explicar algumas coisas que me parecem importantes.

É verdade que Mc 1,14 resume a missão de Jesus ao anúncio da proximidade do  “Reino de Deus”, a “conversão” e a “fé”. Contudo, o que importa é esclarecer como Jesus realizou esta missão. Não fundou uma religião, nem construiu um templo, nem organizou um clero com seus rituais, cerimônias e normas sagradas. Além disso, comportou-se com tal liberdade em relação a tudo isso, que, em seguida, entrou em conflito justamente com os “homens da religião”.

Um conflito que o levou à morte. Por quê? Porque, para Jesus, mais importante que a subordinação à religião, é a saúde, a vida, a dignidade, a liberdade e a felicidade das pessoas. Isto é o que destacam os sumários que os evangelhos apresentam acerca do que foi a atividade de Jesus (Mt 4, 23-24; 9, 35; cf. 8, 1. 16; 12, 15s; 14, 35; 19, 21 e par.). Estes sumários não são uma exposição histórico-biográfica do que Jesus fez. São, ao contrário, um “quadro geral” do que, depois, se particulariza nos relatos da atividade de Jesus (U. Luz). A atividade que o levou à morte. Porque a religião estabelecida não suportou o Evangelho. É o que diz o Evangelho de João, quando relata o julgamento do Sinédrio e sua sentença de morte. Exatamente porque Jesus devolveu a vida ao defunto Lázaro, o que – na avaliação dos profissionais da religião – colocava os dirigentes do templo e o próprio templo em grave perigo (Jo 11, 47-53).

Tudo isto não quer dizer que Jesus tivesse dado mais importância ao humano que ao divino. O que nos diz é que as religiões se organizam de maneira que, com muita frequência, o argumento da busca de Deus é administrado de forma que, na realidade, o que se consegue é “poder”, “dinheiro” e “privilégios”. Isto é o que o Evangelho de Jesus não suporta.

O que aconteceu é que, com o passar do tempo, a religião não demorou a se sobrepor ao Evangelho. Não é possível, no reduzido espaço deste artigo, analisar como e por qual razão aconteceu esta marginalização do Evangelho. O que pretendo destacar é que – no meu modo de ver – a cristologia e a eclesiologia  precisa se repensar com urgência. Para que seja possível analisar e interpretar a “religião” a partir do “Evangelho” e não o “Evangelho” a partir da “religião”, que é o que (sem nos darmos conta) estamos fazendo, com muita frequência.

Porque, se seguimos como estamos, continuaremos tendo uma teologia, uma Igreja, uma liturgia, uma espiritualidade e uma ética que, com o Evangelho nas mãos, justificam e administram (“sagradamente”) as ambições mais baixas e que mais dano causam aos simples mortais, que não dispõem de outra coisa a não ser sua limitada humanidade. E o cúmulo do absurdo será continuar com o que estamos fazendo. E, além disso, com a consciência do “dever cumprido”. Assim, não vamos a parte alguma.


Fonte: IHU - Adital


sexta-feira, 21 de julho de 2017

A importância do pequeno. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”.(Mt 13, 33)

O comentário que trago hoje para o blog Indagações, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreto e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 13, 24-43  (Jesus fala em parábolas às multidões).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler.
WCejnóg



IHU - ADITAL
21 julho 2017.

A importância do pequeno

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13,24-43 que corresponde ao 16º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Ao cristianismo foi muito prejudicial ao longo dos séculos o triunfalismo, a sede de poder e a ânsia de impor-se aos seus adversários. Todavia há cristãos que anseiam por uma Igreja poderosa que encha os templos, conquiste as ruas e imponha a sua religião a toda a sociedade.

Temos de voltar a ler as pequenas parábolas em que Jesus deixa claro que a tarefa dos seus seguidores não é construir uma religião poderosa, mas colocar-se a serviço do projeto humanizador do Pai - o reino de Deus - semeando pequenas «sementes» de Evangelho e introduzindo-as na sociedade como pequeno «fermento» de uma vida humana.

A primeira parábola fala de um grão de mostarda que se semeia na horta. Que tem de especial esta semente? Que é a mais pequena de todas, mas, quando cresce, converte-se num arbusto maior que as hortaliças. O projeto do Pai tem um início muito humilde, mas a sua força transformadora não podemos agora nem imaginar.

A atividade de Jesus na Galileia semeando gestos de bondade e de justiça não é nada de grandioso nem espetacular: nem em Roma nem no Templo de Jerusalém são conscientes do que está sucedendo. O trabalho que realizamos hoje seus seguidores parece insignificante: os centros de poder o ignoram.

Inclusive os mesmos cristãos podemos pensar que é inútil trabalhar por um mundo melhor: o ser humano volta uma e outra vez a cometer os mesmos horrores de sempre. Não somos capazes de captar o lento crescimento do reino de Deus.

A segunda parábola fala de uma mulher que introduz um pouco de levedura numa grande massa de farinha. Sem que ninguém saiba como, a levedura vai trabalhando silenciosamente a massa até a fermentar inteiramente.

Assim sucede com o projeto humanizador de Deus. Uma vez que é introduzido no mundo, vai transformando silenciosamente a história humana. Deus não atua impondo-se a partir de fora. Humaniza o mundo atraindo as consciências dos seus filhos para uma vida mais digna, justa e fraterna.

Temos de confiar em Jesus. O reino de Deus sempre é algo humilde e pequeno nos seus inícios, mas Deus está já a trabalhar entre nós promovendo a solidariedade, o desejo de verdade e de justiça, a ânsia de um mundo mais ditoso. Temos de colaborar com Ele seguindo Jesus.

Uma Igreja menos poderosa, mais desprovida de privilégios, mais pobre e mais próxima dos pobres sempre será uma Igreja mais livre para semear sementes de Evangelho e mais humilde para viver no meio das pessoas como fermento de uma vida mais digna e fraterna.



quarta-feira, 19 de julho de 2017

100 Anos das Irmãs Beneditinas Missionárias


Neste ano (2017) a Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias celebra uma data muito especial: 100 anos da sua existência.  
Por conhecer essa Congregação e o seu lindo trabalho pastoral e missionário quero deixar aqui, no blog Indagações-Zapytania, a minha homenagem a todas as Irmãs Beneditinas Missionárias. O fato de eu ter uma tia - Ir. Karolina (já falecida), e duas de minhas irmãs de sangue: Ir. Sylwia e Ir. Irena como membros dessa Congregação, constitui mais um forte motivo para fazer a presente postagem.
Os vídeos (apenas alguns) preparados pelas Irmãs e uma curta história da sua Congregação que publico abaixo podem servir como fonte de informações para conferir ou conhecer para as pessoas que estiverem interessadas.


Parabéns a todas às Irmãs Beneditinas Missionárias! Parabéns à sua Congregação! Que Deus abençoe sempre essa família religiosa maravilhosa que Vocês são!

WCejnóg

Vídeo Trailer



Casa Geral em Otwock - Polônia



 Beneditinas no Brasil

USA   

Ecuador 

História da Congregação

24 de junho de 2017
100 anos de Beneditinas Missionárias


A Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias, que este ano comemora 100 anos de existência, foi fundada nas antigas fronteiras, na região dominada e ocupada pela Rússia. Naquele período da história, a Polónia foi dividida entre as potências Rússia, Prússia e Áustria, e encontrava-se sob a ocupação das mesmas.

O governo czarista  estava empenhado em liquidar as ordens e congregações religiosas. Somente a partir de 1905 houve uma maior liberdade. Porém, não demorou muito e, em 1914, começou a I Guerra Mundial e, em 1917, a Revolução na Rússia. Nesse mesmo ano (1917) surgiu uma nova congregação religiosa na localidade Biala Cerkiew  junto a uma, já existente creche para as crianças.


Foi fundada pela Madre Jadwiga Józefa Kulesza, que nasceu em 1859 em Karabelówka, na região Podole.

Józefa Kulesza era uma dos cinco filhos  de Michalina e José.  Após a morte de seu pai, junto com a sua família viveu em Kiev, onde estudou e se formou. Por algum tempo foi morar nos Estados Unidos, onde morava o seu irmão. Quando tinha 35 anos, Józefa entrou no Convento Santa Catarina em Vilnius (hoje é capital da Lituânia), que era convento de beneditinas, e ali  ela  recebeu o nome religioso: Jadwiga. Noviciado tinha de ser feito em segredo, porque o convento em Vilnius não podia aceitar candidatas. Apesar  de proibição Ir.  Jadwiga estava em Vilnius durante vários anos e no dia 07 de Março de 1902, nas mãos da Madre Anna Gabriela Houvalt,  proferiu os  votos religiosos. Depois disso, alguns próximos anos ela passou secretamente em diferentes conventos.

Nos anos 1907-1910 estava em Roma, onde conheceu Madre Kolumba Gabriel (hoje bem-aventurada), fundadora das  Irmãs Beneditinas de Caridade (Benedittine di Caritam).  Ir. Jadwiga decidiu, então, se juntar à obra de Madre Kolumba. Em seguida Madre Kolumba enviou Ir. Jadwiga  para a sua cidade natal na região Podole, para organizar  ali uma filial  dessa congregação italiana. Isso aconteceu em 1912, que ainda era um tempo difícil  para se fundar novas congregações religiosas e era proibido iniciar ou construir novas casas. Restava, então, trabalhar na clandestinidade. Ali, na região Podole, Ir. Jadwiga conheceu a senhora  Jadwiga  Aleksandrowicz, uma pequena proprietária de terra que fundou um orfanato na localidade Biala Cerkiew e precisava de ajudantes para continuar esse trabalho.

Ir. Jadwiga  assumiu então o trabalho com as crianças órfãs e começou a aceitar candidatas para trabalhar junto.  Com a aprovação do bispo local Dom Inácio Dubowski em 24 de junho de 1917 foi realizada pela primeira vez a cerimônia de entrega de vestes (hábito) durante qual essas candidatas receberam hábito de religiosas. Por esta razão, a festa de São João Batista é considerada o dia de fundação de uma nova família religiosa.  Madre fundadora incutiu  à nova congregação a espiritualidade beneditina, o culto ao Santíssimo  Coração de Jesus e o zelo apostólico que deveria ser visivível sobretudo no trabalho dedicado a cuidar e educar as crianças abandonadas.


A Congregação existia pacificamente em Biala Cerkiew apenas três anos. Após a guerra polonesa-soviética, em 1920 a localidade Biala Cerkiew ficou do lado da União Soviética, onde foi intensificada a perseguição. É nessa hora que as irmãs saíram de sua casa materna e mudaram-se  para a localidade Volyn perto da cidade de  Kovel. Ali assumiram o trabalho com as crianças órfãs e pobres, organizando o orfanato e creche. Podiam realizar o seu trabalho graças a ajuda da população local. O número de irmãs aumentava devido ao aumento  de novas vocações.

Devido aos  recursos obtidos a partir de angariação de ajuda  nos Estados Unidos, foi possível construir um novo orfanato em Lutsk (Łuck - hoje Ucrânia), que se tornou  Casa Geral da Congregação. Em 1928 o bispo Dom Adolf Szelążek aprovou a Congregação e confirmou-lhe o direito diocesano, o que significava a possibilidade de profissão de votos temporários e, 10 anos depois, emitiu o decreto permitindo a apresentação de votos perpétuos.


O período de Kovel da história da Congregação das Irmãs Beneditinas  desde o início foi marcado por atrito interno sobre a forma e o estilo de vida da nova comunidade. Como resultado de mal-entendidos, a fundadora deixou a Congregação em 1921 por não concordar com a proposta sugerida pelas irmãs e também com a visão da autoridade eclesiástica local  em relação a esta nova Comunidade. Os seus  objetivos futuros e o desejo de iniciar uma nova casa da congregação na Italia tornaram-se fontes de insucessos.

Depois de vários anos de peregrinação no exílio,  a pedido das irmãs, Madre Jadwiga voltou para Kovel em 1927. Os últimos anos da sua vida ela passou em Lutsk, onde permaneceu até sua morte, que ocorreu no dia da festa da Páscoa em 05 de abril de 1931.

Com os recursos  angariados nos EUA e também em todo o país foi possível construir um orfanato em Kovel, e com o aumento no número de irmãs também foram fundadas novas casas - inicialmente apenas na Diocese de Lutsk: em Mizocz, Berezno, Horochow e  Kiwerce. Neste campo mostrou-se muito competente  Ir.  Klara Staszczak.


Em 1939 foi fundada a primeira filial  fora da Diocese de Lutsk, em Borkowice, na Diocese de Sandomierz (hoje, diocese de Radom). Esta era a única casa que  sobreviveu as mudanças no período da guerra. Durante a Segunda Guerra Mundial foi iniciada e estabelecida a casa em Huntington nos EUA, porque as irmãs  que estavam lá  trabalhando para arrecadar  os recursos, não podiam  retornar ao país. Foi neste período que elas receberam como presente da Polônia americana uma pequena propriedade com  uma casa de madeira e  ali começaram a sua atividade.

Após o início da Segunda Guerra Mundial e a ocupação dos territórios orientais pelas tropas soviéticas, as irmãs foram removidas de suas casas, foram obrigadas a usar as roupas comuns (foram  proibidas usar hábito) e tinham que procurar abrigo em casas particulares.

Elas  aceitavam outros e diferentes empregos para sobreviver e assim evitar serem deportadas para a Sibéria. Durante a ocupação alemã as irmãs desenvolveram trabalhos filantrópicos, especialmente em Lutsk e Kovel. Organizaram  cozinha para distribuir comida aos famintos; uma  enfermaria e abrigo  para crianças e idosos; ajudavam os prisioneiros, dedicavam-se à educação na clandestinidade. 

Duas irmãs: ir. Klara Staszczak e Ir. Josefa  Domdalska, estavam participando como agentes secretos de AK (AK - Exército Nacional). Após o fim da Segunda Guerra Mundial, devido à reformulação da fronteira oriental com a Polônia no rio Bug, a cidade Volyn ficou sob o domínio Soviético. Continuação de atividades e até mesmo a  própria existência da Congregação não era mais  possível. As irmãs junto com as crianças e idosos sairam de lá  e pararam inicialmente em Lublin, onde deixaram os idosos e uma parte das crianças em instituições. Com o resto das crianças dirigiram-se para Pulawy e Końskowola, e ali  estabeleceram instituições para cuidar de crianças e de idosos. Algumas irmãs com um grupo de crianças sairam de Łuck algum tempo mais  tarde e chegaram a cidade de Zagórów.


Em 1946, a convite de um pároco de uma das paróquias de Kwidzyn, as irmãs assumiram as  atividade em Kwidzyn e para lá transferiram a Administração  da Congregação.

Após a Segunda Guerra Mundial, as  autoridades comunistas impostas aos poloneses procuravam destruir a Igreja, incluindo ordens e congregações religiosas. Houve inúmeras manifestações de perseguição que intensificavam-se em vários períodos. Na virada do ano 1952/1953, duas das nossas irmãs de Kwidzyn: Ir.  Urszula Wąsowicz e  Ir. Stanisława Rymarz, foram aprisionadas  durante alguns meses  por bordar na bandeira a águia com coroa.

Em 1951 foram liquidados orfanatos e  asílos em Kwidzyn  e Zagórów. Em Pulawy e  Elk  as casas-lares  de crianças foram convertidas em institutos especiais. Em 1962 oficialmente foram  liquidadas creches dirigidas pelas irmãs. Em Kwidzyn irmãs tinham que deixar o trabalho na ala infantil do hospital. Houve constante perseguição e assédio por parte das autoridades comunistas, especialmente contra a Casa Geral de Kwidzyn, através de imposição de grandes impostos sobre a propriedade. Sem a permissão das autoridades estatais não podiam fazer  nenhuma construção ou reforma, e era muito difícil conseguir a necessária autorização.

Tempos melhores vieram após 1970. Ao longo desse período  foram criadas novas filiais  em diferentes partes do país, bem como no exterior:   já mencionada casa nos EUA, e mais tarde na Líbia (1976-1997), no Brasil (1985), e no Equador (1996) . Em 1977 as irmãs também retornaram à Ucrânia, onde inicialmente trabalharam clandestinamente,  usando roupas comuns (e não o hábito). Somente quando houve ,em  1991,  o funeral da irmã Klara Staszczak, que iniciou a revitalização da Congregação na Ucrânia,  as irmãs usaram hábitos. A partir de 1992  na Ucrânia existe a  Regional  da Congregação.


Dia 23 de fevereiro de 1962 foi realizado o ato de agregação da Congregação  junto a Ordem de são Bento, isto é, uma maior união com as comunidades beneditinas e, com isso,  a possibilidade de participar dos privilégios espirituais resultantes. 01 de novembro de 1979 a Congregação foi confirmada  com o decreto de direito pontifício, durante o pontificado de João Paulo II. Em 1986 a  Casa Geral de Kwidzyn foi transferida para Otwock, e assim se encontra até hoje.
Atualmente  há 280 Beneditinas Missionárias no mundo. Temos 22 casas religiosas na Polônia e 20 no exterior. No exterior:  12 na Ucrânia, 3 nos EUA, 3 no Brasil e 2 no Equador.

24 junho de 2017 comemoramos o CENTENÁRIO! Então, este é para nós o ano inteiro de Jubileu!

Nós nos preparamos para esta festa durante os últimos  9 anos através da grande novena, realizando nesse tempo várias iniciativas, incluindo vigílias de oração anuais em um dos santuários em nosso país.

A última vigília ocorreu na noite de 18 para 19 de março (2017) no mosteiro de  Jasna Góra. Termina assim o tempo de preparação e começa o tempo de celebração. Para nós, isso significa principalmente o tempo de expressar gratidão a Deus pelas graças, e a gratidão às pessoas boas, aos amigos e benfeitores pela generosa ajuda e bondade. Agradecemos a  todos do fundo do coração e convidamos a participar da nossa alegria por ocasião do Jubileu de 100 anos do nascimento da Congregação das Irmãs Beneditinas Missionárias.

Temos certeza de que isso será sobretudo um tempo muito especial para experimentar a presença de Deus e a sua ação na vida de nossa família religiosa, de  cada comunidade e  de cada uma das irmãs. Estaremos incluindo em nossas orações e  pedindo os dons do Sagrado Coração de Jesus  não só para nós, mas também para toda a Igreja,  para o mundo, e para todos esses povos entre os quais trabalhamos e para os quais o Senhor ainda nos enviará.

Texto em polonês: Ir. Dobrawa Piaścik OSB. 
(Tradução livre, mas fiel desse texto, tirado do site http://diecezja.waw.pl/5400 - WCejnóg)


sexta-feira, 14 de julho de 2017

Semear. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



“Eis que o semeador saiu a semear." (Mt 13, 1)

Abaixo, uma pequena reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 13, 1-23 (Parábola do semeador). Já foi publicada anteriormente neste espaço (em julho de 2014), mas continua muito atual.  É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
WCejnóg


IHU – ADITAL
14 julho 2017.

Semear

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 13, 1-23 que corresponde ao 15º Domingo do Tempo Comum, ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Ao terminar o relato da parábola do semeador, Jesus faz esta chamada: «Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.». Pede-nos que prestemos muita atenção à parábola. Mas, em que temos de refletir? No semeador? Na semente? Nos diferentes terrenos?

Tradicionalmente, os cristãos têm fixado quase exclusivamente nos terrenos em que cai a semente, para rever qual é a nossa atitude ao escutar o Evangelho. No entanto é importante prestar também atenção ao semeador e ao seu modo de semear.

É o primeiro que diz o relato: «Saiu o semeador a semear». Age com uma confiança surpreendente. Semeia de forma abundante. A semente cai e cai por todas as partes, inclusive onde parece difícil que possa germinar. Assim o faziam os camponeses da Galileia, que semeavam inclusive à beira dos caminhos e em terrenos pedregosos.

Às pessoas não lhes é difícil identificar o semeador.  Assim semeia Jesus a Sua mensagem. Veem-no sair todas as manhãs anunciando a Boa Nova de Deus. Semeia a Sua Palavra entre as pessoas simples, que a acolhem, e também entre os escribas e fariseus, que a rejeitam. Nunca se desalenta. A Sua sementeira não será estéril.

Sobrecarregados por uma forte crise religiosa, podemos pensar que o Evangelho perdeu a sua força original e que a mensagem de Jesus já não tem garra para atrair a atenção do homem ou da mulher de hoje. Certamente, não é o momento de «colher» êxitos chamativos, mas de aprender a semear sem nos desalentarmos, com mais humildade e verdade.

Não é o Evangelho o que perdeu força humanizadora; somos nós os que o estamos anunciando com uma fé débil e vacilante. Não é Jesus o que perdeu poder de atração. Somos nós os que o desvirtuamos com as nossas incoerências e contradições.

O papa Francisco diz que, quando um cristão não vive uma adesão forte a Jesus, «depressa perde o entusiasmo e deixa de estar seguro do que transmite, falta-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, apaixonada, não convence ninguém».

Evangelizar não é propagar uma doutrina, mas fazer presente no meio da sociedade e no coração das pessoas a força humanizadora e salvadora de Jesus. E isto não se pode fazer de qualquer forma. O mais decisivo não é o número de predicadores, catequistas e professores de religião, mas a qualidade evangélica que podemos irradiar os cristãos. O que contagiamos? Indiferença ou fé convencida? Mediocridade ou paixão por uma vida mais humana?