Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

terça-feira, 31 de outubro de 2017

“O perigo real é o retorno do fascismo”. - Entrevista com o filósofo Rob Riemen. Interessante!




“Pensa-se que falar de alma e espírito humano é antiquado. Se isso é correto, perdemos o rumo. Qual é a essência do ser humano? Sócrates diz que é a alma. Em suas Disputaciones tusculanas, Marco Tulio Cícero escreveu sua famosa sentença de onde provém nossa noção de cultura: “o cultivo da alma, isso é a filosofia”. E, certamente, junto à filosofia, perdemos a busca da sabedoria, o cultivo da alma. De modo que não deve nos surpreender o tipo de mundo em que vivemos.” – (do texto abaixo)


Achei muito interessante a entrevista que Laura Emilia Pacheco e Fernando García Ramírez fizeram com o filósofo holandês Rob Riemen. O tema do possível retorno do fascismo nas sociedades contemporâneas, o ressurgimento da ideologia, de partidos políticos de caráter fascista e o real perigo que esses movimentos trazem de volta para a humanidade. Ao meu ver, é como a recordação de um pesadelo vivido ainda há pouco, que  está se materializando novamente.

O conteúdo da entrevista pode servir de ajuda para conseguirmos entender melhor os fatos, as causas e o cenário global em que o fantasma do fascismo está ressurgindo nos dias de hoje.

Por outro lado, penso que essa questão também mostra a necessidade de analisar melhor as “causas” que provocam o surgimento de reações fascístas em pelo menos alguns determinados contextos (o que não se fala na entrevista). Como, por exemplo, a onda de refugiados e migrantes que atingiu os países europeus. Deve-se perguntar nesse caso: Por que isso está ocorrendo? Quem é culpado? Por que não se procura solucionar os conflitos no lugar de origem? A questão de petróleo, da venda de armas (e são os países ricos os que faziam isso até agora, e será que não fazem isso ainda hoje?), de mercenários que exploram essas tragédias para ganhar fortunas, etc. Acredito que isso tudo contribuiu, e muito,  para despertar o fantasma do fascismo.

A entrevista foi publicada neste mês (outubro de 2017) por Letras Libres e, posteriormente, também no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU - ADITAL
28 outubro 2017.

“O perigo real é o retorno do fascismo”. Entrevista com o filósofo Rob Riemen


“No momento, negamo-nos a ver o retorno do fascismo. Dizem-me que falo dos perigos do populismo. Não é assim. O populismo é como os mosquitos, um pouco irritantes. O perigo real é o retorno do fascismo. O fascismo é o cultivo político de nossos piores sentimentos irracionais: o ressentimento, o ódio, a xenofobia, o desejo de poder e o medo. Não deveríamos confundir os dois conceitos. Devemos chamar o fascismo por seu nome”, afirma Rob Riemen (Países Baixos, 1962), ensaísta, filósofo e diretor do prestigiado Nexus Institute.

Riemen esteve recentemente no México para apresentar a obra Para combatir esta era. Consideraciones urgentes sobre el fascismo y el humanismo (Taurus, 2017), uma poderosa alegação em favor do humanismo como antídoto contra o renascimento do fascismo. Concedeu-nos esta entrevista em uma manhã nublada, como nosso tempo.

A entrevista é de Laura Emilia Pacheco e Fernando García Ramírez, publicada por Letras Libres, 21-10-2017. A tradução é do Cepat.

Eis a entrevista.


Em seu primeiro livro, retoma o ideal democrático de Thomas Mann da “nobreza de espírito”. A nobreza de espírito, que é individual, pode se opor ao avanço do fascismo, um movimento da sociedade de massas?

Em 1947, enquanto trabalhava em Doutor Fausto, Mann escreveu sua conferência A filosofia de Nietzsche à luz de nossa experiência. Nela dizia que nenhuma medida técnica, instituição política, nem ideia de governo mundial conseguiria avançar para uma nova ordem social sem que antes se desenvolvesse um clima espiritual alternativo. Para Mann, a única forma de deter os avanços do fascismo era mediante a nobreza de espírito. Concordo.

O fascismo nasceu no interior da sociedade. A ignorância da sociedade de massas é também uma ignorância dos valores espirituais e morais. O fascismo surge neste contexto. Como afirmo em Para combatir esta era: apesar do progresso científico e tecnológico e do enorme acesso à informação, a força dominante de nossa sociedade é a estupidez organizada. Não se detém o fascismo através da economia, da tecnologia ou da ciência, nem sequer através das instituições – porque dependem das pessoas que as formam -, mas, sim, com uma mentalidade distinta. Mann, Camus, Sócrates e muitos outros pensadores advertiram que a “nobreza de espírito” é um dos ideais mais democráticos que existem.
Para cultivá-la não é necessário dinheiro, ser tecnologicamente habituado ou ter um título universitário. A nobreza de espírito é uma mentalidade, é saber do que se trata a dignidade humana.

'Para combatir esta era'  é um chamado às elites políticas, econômicas, acadêmicas e intelectuais. Elites que, no entanto, parecem estar atravessando uma crise. Afirma que “geraram o vazio espiritual no qual o fascismo pode crescer outra vez”.

Enfrentamos dois problemas diferentes. O primeiro é o tipo de elites dominantes em nossa sociedade. As elites políticas, econômicas e midiáticas são as que têm mais poder e influência. São definidas e validadas pela quantidade, não pela qualidade. No mundo da cultura, não obstante, o conceito tem um significado distinto: a elite expressa a qualidade. Pensemos na União Soviética de Stalin: de um lado, estavam as elites do poder, os dirigentes do partido e, como contrapeso, uma minúscula elite moral representada por [Boris] Pasternak, [Osip] Mandelstam, [Anna] Akhmátova  e, posteriormente,  [Joseph]Brodsky.

Uma das coisas que ocorre em nossa era do capitalismo rampante é que a única elite que reconhecemos é a do poder, que só expressa quantidade. O fato de as elites intelectuais e artísticas estarem marginalizadas reflete que os mais altos valores da sociedade atual são os do comércio e da tecnologia. É indispensável fazer um chamado às elites, incluindo a elite acadêmica: tem uma posição privilegiada que acarreta uma responsabilidade que não estão aceitando. Teriam que ser combatentes contra esta era.

Parte do fenômeno ao qual enfrentamos hoje foi retratado por Hermann Broch no terceiro volume de Os sonâmbulos, onde analisa o declive dos valores. Para Broch, não é que já não existam valores, mas, ao contrário, em consequência de já não existir um valor universal e transcendental, todos os valores se fragmentam e se tornam pequenos. À classe política só interessa o poder, à classe militar só interessa ter mais armas, aos médicos só interessa ter mais remédios, ao mundo tecnológico só interessa desenvolver mais tecnologia. Já não existe um sentido de responsabilidade geral. E não só isso: esses grupos não falam o mesmo idioma, não se comunicam, não existe um diálogo entre eles.

Em seu romance O homem sem qualidades, Robert Musil coloca esses grupos – generais, empresários, intelectuais e aristocratas – em conversa. Para Musil, eles se reúnem porque estão em busca da “grande ideia”. É uma bela metáfora que Musil retoma de Os demônios de Dostoievski. Perdemos a “grande ideia”. Em termos mais acadêmicos, diríamos que perdemos o grande relato. As consequências sociológicas dessa ausência são imensas. Na Idade Média, por exemplo, as pessoas faziam parte de uma grande ideia única. Isso se acabou, por bons motivos, mas agora temos uma sociedade completamente fragmentada, individualizada, com uma classe governante que perdeu o sentido comum ou o bom sentido, e não temos um governo que queira velar pelo bem comum.

Contribuiu para a deflagração da Segunda Guerra Mundial o fato das elites ficarem em um processo de sonambulismo, adormecidas. Está ocorrendo novamente. Para Hermann Broch, o sonâmbulo se nega a ver a tormenta. No momento, negamo-nos a ver o retorno do fascismo. Dizem-me que falo dos perigos do populismo. Não é assim. O populismo é como os mosquitos, um pouco irritantes. O perigo real é o retorno do fascismo. O fascismo é o cultivo político de nossos piores sentimentos irracionais: o ressentimento, o ódio, a xenofobia, o desejo de poder e o medo. Não deveríamos confundir os dois conceitos. Devemos chamar o fascismo por seu nome.

Ao que se deve que a sociedade negue a assumir que o fascismo está de volta?

Ao embaraço de políticos e acadêmicos. Ao menos é o que acontece no Ocidente. Adverti isto, há alguns anos, quando publiquei nos Países Baixos  O eterno retorno do fascismo, o primeiro ensaio de Para combatir esta era. Recebi um tsunami de respostas negativas. Nos jornais, apareciam artigos enfurecidos, assinados por políticos, que diziam que eu deveria me sentir envergonhado. Os acadêmicos também se irritaram porque eu disse que na academia se dedicam a escrever notas de rodapé, ao invés de se envolver politicamente. Não me permitiram dizer que o deputado neerlandês Geert Wilders é um fascista.

Aceitar o retorno do fascismo representa um problema para alguns pensadores progressistas, pois significa que nossa sociedade tem fantasmas que se negam a morrer. Embora há exceções, os acadêmicos em geral não sabem nada. O problema fundamental que está atingindo a academia é a confusão entre a ciência e a verdade. Sabemos a respeito da brilhante ideia que teve Descartes ao separar a alma do corpo. Foi a partir desta nova ideia que pudemos fazer descobertas científicas. Mas, tempo depois, em 1725, Giambattista Vico advertiu que, apesar da grande admiração que tinha por Descartes, não devíamos cometer o erro de pensar que o paradigma científico – mesmo que adequado para explicar o que ocorre na natureza – nos faria compreender o ser humano e sua sociedade, porque somos uma espécie espiritual.

Nossos sentimentos e emoções vão além do paradigma científico. Os acadêmicos, no entanto, se negaram a escutar a advertência de Vico, ou a esqueceram. Constantemente, as humanidades têm que provar que são científicas e lhes impõem a necessidade de inventar teorias. Simon Schama explicou que a história é composta por uma série de relatos, mas são poucos os historiadores que contam algo. Tudo são teorias. Isto se aplica também para a psicologia e a sociologia. Existe um mal-entendido no campo das humanidades e com sorte um dia nos darão mais conhecimentos que dados. Ao não compreender, não fazem parte do debate público. Como não há evidência empírica de que enfrentamos o fascismo, negam-se a pensar que está de volta.

Enfrentamos um novo gnosticismo e quem o cultiva é essencialmente a esquerda: “as pessoas” se sentem traídas, “as pessoas” não sabem o que fazer. Em certo sentido, isto é tão antidemocrático como o fascismo. Eis, aqui, onde estamos atolados. O que não temos é um “humanismo cívico”. O que a sociedade perdeu é a noção de humanismo no discurso cívico. Isso é algo que devemos recuperar o quanto antes, porque, caso contrário, nos dirigimos ao desastre.

Mas, não há somente ciências da natureza, também existem a ciência política e a ciência econômica. Ou seja, a quantificação de elementos econômicos e políticos de um ponto de vista científico.

Se a economia fosse uma ciência, por que não conseguiu prever a crise econômica de 2008 ou a enfrentar? A ciência política se reduz só a dados e não contribui em nada. Ao querer se concentrar neste paradigma, a ciência se limita. O argumento de Giambattista Vico é que se queremos compreender o ser humano e entender a sociedade, precisamos de história, poesia, filosofia, música e arte. Isto nos dará um conhecimento absoluto? Não, porque o ser humano transcende o conhecimento absoluto.

Pensa-se que falar de alma e espírito humano é antiquado. Se isso é correto, perdemos o rumo. Qual é a essência do ser humano? Sócrates diz que é a alma. Em suas Disputaciones tusculanas, Marco Tulio Cícero escreveu sua famosa sentença de onde provém nossa noção de cultura: “o cultivo da alma, isso é a filosofia”. E, certamente, junto à filosofia, perdemos a busca da sabedoria, o cultivo da alma. De modo que não deve nos surpreender o tipo de mundo em que vivemos.

Não sou contra a informação e os fatos, mas não necessariamente são conhecimento, nem sabedoria. Os poetas e os artistas dizem que a linguagem é como um espelho que nos diz se somos autênticos. Ao final de Apologia, Sócrates adverte que, sem a linguagem das musas,  sem a linguagem da música, da poesia e da arte, seria impossível nos expressar; seria impossível compreender nossos sentimentos e lidar com nossas frustrações, temores e solidão. Por isso, é importante ter essa linguagem que – como já disse [Marcel] Proust – é o que nos permite entender o outro. Nunca seremos capazes de apreciar e articular nossas experiências mais profundas sem a linguagem das musas.

As sociedades que estão dominadas pelo medo são propensas ao contágio do populismo, mas o medo é inevitável em sociedades como as nossas, assediadas pelo terrorismo e a violência do narcotráfico.

Não são as sociedades, somos nós mesmos. Nossa psique está invadida pelo temor: somos a única espécie que tem consciência de sua mortalidade. O temor é um sentimento inerente ao ser humano. Mais que de uma educação ou de uma filosofia, Sócrates falava de uma Paideia: de como viver a vida. Um de seus elementos é como lidar com nossos temores. Perdemos os instrumentos que nos permitem fazer isso. Por que sociedades são tão inseguras? Por que dependem tanto de psiquiatras? Por que depositamos nosso sentido de bem-estar e confiança nos bancos, nas companhias de seguros e nos sistemas de pensões? Em parte, é porque nossa sociedade se tornou muito mais materialista e acreditamos que as seguradoras irão cuidar de nós. Para que devo cultivar minhas habilidades ou certo caráter se, enquanto minha conta de banco estiver boa, estarei bem? Sócrates pensava que o valor é a habilidade de se conquistar a si mesmo, o valor para cultivar nossa alma, e queria que recebêssemos uma educação que nos tornasse corajosos, conquistar nossos temores, frustrações, inseguranças de modo que tenhamos a coragem para agir.

Imaginemos uma sociedade na qual nos déssemos conta de que a autêntica segurança não deveria vir de nossa conta bancária, mas de nós mesmos. Imaginemos uma sociedade na qual, em verdade, tratássemos de nos educar para sermos corajosos. É a única maneira de se opor ao que está ocorrendo. Isto não significa que não haverá mais tragédias, mas como sociedade seríamos muito mais fortes.

Afirma que o medo leva os povos a buscar um líder que os salve e proteja. Sua advertência de que o fascismo está de volta, não é uma forma de provocar medo nas elites?

Ao falar de elites nos referimos à elite do poder. Isso já acontece nos Estados Unidos, onde a classe que compõe os financistas de Wall Street está em ascensão. É exatamente o que ocorreu na Alemanha nazista por falta de cálculo, oportunismo e pensamento estratégico: as elites – não só as elites do poder, mas também muitos acadêmicos e intelectuais – pensavam que Hitler não podia ser tão mau.

Enquanto o líder fascista se dedica a seus próprios interesses, parece que não importa para ninguém. Chegado o momento, se as coisas se colocam muito mal em um regime totalitário, não há possibilidade de erguer a voz. Por que as pessoas precisam tanto da figura de um líder? Por que a sociedade anseia um herói? Os heróis atuais são as celebridades. Sabemos que Trump pôde chegar à Casa Branca graças ao fato de que, durante doze anos, apareceu constantemente na televisão. Assim, de forma grande, é a fome de líderes, heróis, gurus e messias. É por este motivo que procuro fazer uma defesa do humanismo. Se alguém é suficientemente afortunado na vida, encontra um mestre: um homem ou uma mulher que possa o ensinar a desenvolver suas habilidades e talento. A humanidade pode ser dividida entre as pessoas que precisam de um mestre e o procuram e as pessoas que não o procuram, mas estão impressionadas com o líder poderoso ao qual podem se submeter.

Dostoievski disse isso com grande eloquência em O Grande Inquisidor. Nele, apresenta a Jesus Cristo não como um líder poderoso, nem como herói. Apresenta-o como um mestre. Um mestre, além do mais, que não traz boas notícias. A má nova é que Jesus Cristo não está aqui para nos fazer felizes, mas, ao contrário, para nos tornar livres. Precisamos de um mestre quando queremos desenvolver a qualidade de ser livres. Precisamos de um líder ou uma celebridade quando queremos ser felizes.

Na França e nos Países Baixos, os candidatos com discursos fascistas perderam as eleições. O fascismo foi detido na Europa?

Nos Países Baixos não detivemos o fascismo. Geert Wilders é líder do atual segundo partido mais importante e principal opositor do partido no governo. Isto significa que no debate parlamentar ele é o primeiro a falar. Pode dizer o que quiser, sem nenhum tipo de responsabilidade. Por outro lado, o vencedor da eleição, Mark Rutte, publicou uma carta aberta em todos os jornais holandeses intitulada Ser normal. Aí diz que, como holandeses, damos as boas-vindas a todos sempre e quando se comportarem de uma maneira “normal”, como o restante dos cidadãos neerlandeses. Vá! Ser normal significa que você deve ser igual ao outro. Não posso pensar em um argumento mais racista e xenófobo. Pouco depois, o líder do partido Apelo Democrata-Cristão disse que todos em meu país devem saber o hino nacional de cor e que cada vez que seja escutado, devemos ficar em pé e colocar a mão sobre o coração. Querem criar instrumentos para nos fazer todos “normais”.

Na França, por outro lado, Macron teve muita sorte. É jovem e tem pouca experiência. Em geral, a votação parlamentar é de 70 a 80%. Ele só obteve 48%. Caminha em um terreno sensível e está em uma posição muito mais complicada que a de Obama quando venceu a presidência em 2008, e já vimos o que ocorreu após os oito anos de seu governo. De modo que não nos enganemos pensando que, de repente, sem tomar nenhuma iniciativa real, detivemos o fascismo.

A União Europeia se encontra em um momento muito delicado. É tão disfuncional que, na Hungria, não pode enfrentar a Viktor Orbán, um fascista absoluto. Também sabemos o que aconteceu no Reino Unido e na Polônia. As forças que querem destruir a Europa são inegáveis.

Qual é a pertinência de 'Para combatir esta era'?

Sem Trump o livro não teria aparecido em espanhol, nem em outros idiomas. No caso de Trump, não acredito que haja um processo de destituição. Se chegasse a ocorrer, não esqueçamos o que disseram Levi, Mann e Camus, após a destruição da Alemanha de Hitler e o desmoronamento do fascismo na Itália: não cometamos o erro de pensar que o fascismo desapareceu com a guerra. Após a guerra, Camus publicou A Peste para deixar assentado esta mensagem. Podem passar dez ou cinquenta anos, mas o fascismo reaparecerá. Está acontecendo, agora, com Trump e Erdogan. Mas, mesmo se eles se forem, o fascismo permanecerá.

Em 1929, José Ortega y Gasset nos advertiu, em 'A rebelião das massas', sobre a ascensão do fascismo. As sociedades livres lutaram contra as nações fascistas pela liberdade. Os líderes que enfrentaram o fascismo – Estados Unidos e o Reino Unidos –, hoje, possuem um governo populista. Que caminho tomar?

Os Estados Unidos não têm um governo fascista, mas, sim, um presidente que é. Este é um exemplo de que a liberdade e a democracia não podem se dar por assentadas. Talvez devamos dar um salto muito mais extenso e entender que o modelo de Estado-nação é relativamente novo em nossa história, que como modelo tem dificuldades, e que isso abre o espaço para o surgimento do nacionalismo. A partir deste cenário, pode crescer o fascismo. Não há fascismo ou racismo sem nacionalismo.

No final dos anos 1930, Thomas Mann, Hermann Broch e alguns intelectuais estadunidenses como Robert Maynard Hutchins – que então era o reitor da Universidade de Chicago – se reuniram a pedido de Elisabeth Mann Borgese e seu esposo, o escritor Giuseppe Borgese, um dos poucos intelectuais italianos que se negou a fazer o juramento de lealdade a Mussolini e se exilou nos Estados Unidos. Em 1938, Borgese pensou que a guerra era inevitável e que deviam vencê-la. Pensava que, após a guerra, os políticos estariam muito agoniados, sendo assim, os intelectuais tinham que sair da torre de marfim e escrever algum tipo de material a partir do qual poderiam se estabelecer novos princípios.

O grupo se reuniu algumas vezes em Atlanta, em 1939, pouco antes da guerra. Em março de 1940, publicaram The city of man. A declaration on world democracy, onde se perguntavam: o que precisamos fazer após a Guerra? Eles mesmos responderam: um governo mundial, um parlamento mundial, direitos humanos universais. A partir deste pequeno livro nasceu a ONU.

Cabe a nós, intelectuais - gente privilegiada que podemos viver cuidando de ideias e do significado das palavras -, unir-nos, explicar o que ocorre e como avançar. Estamos atolados entre dois paradigmas que não nos permitem avançar. Nossa conversa girou em torno do paradigma do retorno do fascismo. Contudo, há outro paradigma com o qual estamos lidando: a sociedade capitalista-científica-tecnológica que se rege pelo tipo de ideologia que vem do Vale do Silício. Uma ideologia que se baseia na falsa noção de que com a tecnologia e a neurociência podemos resolver tudo. Como dizia Obama com frequência: Fix it first. Isso tampouco nos permitirá avançar. Isto abebera o fato de que não há ideias. Tive um debate acalorado com um professor que dizia que para se ter uma Europa unida era necessário retornar à Idade Média, sob a forma da cristandade. A saída não está em um retorno ao passado.

Celan, Brodsky, Pasternak e muitos outros exerceram a arte da tradução. Por que Thomas Mann escreveu José e seus irmãos? Começou a escreveu sua tetralogia quando se deu conta de que existia um homem chamado Adolf Hitler. Mann, que vivia em Munique, escutou a retórica de Hitler, compreendeu sua ideologia e percebeu que queria criar uma nova religião laica. Sendo assim, começou a escrever seu livro. Tomou a Bíblia e se propôs voltar a contar – a traduzir – a história de José e seus irmãos.

Paul Celan – depois que os nazistas o cercaram junto com sua família em um gueto, enviaram seus pais para um campo de extermínio, onde assassinariam sua mãe e morreria seu pai, e o mandaram para um campo de trabalhos forçados, de onde finalmente foi libertado – teve que traduzir.

O grande relato que esperamos, o tipo de história que precisamos ter para que renasça o humanismo laico ou religioso será, justamente, um que volte a contar histórias; será uma tradução, como o Renascimento foi uma tradução. Goethe disse que a verdade já existe, a única coisa que precisamos fazer é repeti-la e traduzi-la. Daí minha rejeição aos acadêmicos. Não estão fazendo seu trabalho. Por outro lado, a cada dia admiro mais Andrei Tarkovski, porque com seus filmes conseguiu traduzir valores fundamentais em histórias. A noção de sacrifício, que pertence ao mundo da religião, ele a traduziu em um relato claro. Todos os meus heróis são tradutores. Empreenderam a tarefa de transmitir ou traduzir valores, as coisas que na verdade importam, para nos dar uma visão do mundo que protegesse a noção do que é uma civilização democrática. Se não somos capazes de fazer isto, estamos perdidos.

Qual a sua opinião da reação que Trump gerou dentro dos Estados Unidos?

Não podemos aceitar o que ocorre. Trump não venceu no voto popular. Muita gente compreende o que ocorre. Hillary disse que agora faz parte da “resistência”, algo que me causa certo mal-estar, pois do lado do mundo do qual venho as pessoas que pertenciam à resistência arriscaram sua vida para lutar contra os nazistas. Neste momento, não há um só estadunidense cuja vida corra perigo, de modo que seria melhor dizer que se é parte da oposição. Recortemos este fato: aquilo que é possível nos Estados Unidos resulta impossível na Rússia. Este tipo de oposição faria com que, na Rússia ou na China, você fosse executado de imediato. Ainda há certa liberdade na Hungria, embora a cada dia se torna mais difícil pertencer à oposição.
Se Trump consegue aumentar sua base de seguidores, segue propagando notícias falsas e continua com sua política para com os meios de comunicação, para que as pessoas prefiram abrir seu Facebook ao invés de ler o Washington Post, estaremos em uma situação vulnerável. No pior dos casos, será reeleito por um segundo período. Não é impossível.

Seu livro é uma defesa dos valores espirituais absolutos. Não é uma aspiração muito elevada neste momento de emergência?

É uma aspiração elevada procurar o amor de sua vida? É uma aspiração muito elevada necessitar da amizade? É uma aspiração muito elevada sentir a necessidade de perseguir nossas paixões, de fazer algo que tenha algum significado? As coisas das quais falo não são moralistas, abstratas ou poéticas, são as coisas que estão no centro do ser humano. É uma aspiração muito elevada confiar em seus amigos e não se sentir traído? Estas são as coisas das quais falo. Tudo se tornou difícil e complicado porque o ser humano não só aspira, como também sente medo e frustração. Na realidade, falo de coisas muito básicas.

Fonte: IHU - ADITAL

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¹ Rob Riemen (Nasc. 18 de fevereiro de 1962 ) é um escritor holandês e filósofo cultural. É diretor do Nexus Institute.     In: Wikipedia  Foto: Google










sábado, 28 de outubro de 2017

“Święci ze statusem bogów”. – Autor: José Moreira de Lisboa Oliveira. Warto przeczytać!











Nadchodzi listopad. Dobiega końca kolejny rok liturgiczny. Jak co roku, 1 listopada w Kościele Katolickim ochodzić się będzie Uroczystość Wszystkich Świętych. Dzień ten ma na celu - jak oficjalnie naucza Kościół -uczczenie wszystkich chrześcijan, którzy osiągnęli już zbawienie i przebywają w niebie.  Według  doktryny Kościoła Katolickiego,  wyraża to wiarę w obcowanie świętych i przypomina wszystkim o powołaniu do świętości. 

Mówiąc o świętych, nie sposób ominąć tu faktu, że w ciągu całego roku, w wielu miejscach na całym świecie, w licznych  parafiach  i miastach obchodzone są uroczyśtosci ku czci poszczególnych swiętych uważanych za patronów tych miejsc lub za patronów danych społeczności.  Z tej okazji  odbywają się odpusty, uroczystości, kiermarki,  targi i  w wielu z nich, tak jak np. tutaj, w mieście Juiz de Fora  (Brazylia), dzień patrona, którym jest  Św. Antoni z Padwy,  jest dniem wolnym od pracy!  Bywa tak, że w wielu sanktuariach poświęconym ‘większym’ świętym, w czasie ‘odpustów’  z tym samym zapałem  w kościołach i na kościelnych placach przez wiele dni przwijają się tłumy wiernych i dewotów żeby wyprosić u  tych swiętych potrzebne łaski, składać obietnice czy wypełniać przyrzeczenia po wysłuchanej prośbie. Taka jest prawda. 

Być może jest to dobra okazja, aby zwrócić uwagę na "nadużycia" w interpretacji roli Świętych i przyznawanie im mocy i wpływów, których nie mają i mieć nie mogą.  Często jesteśmy świadkami uroczystości  i katolickich kultów, w których katolicy kierują  do świętych modlitwy, prośby i obietnice jakby to były bóstwa, co  w chrześcijaństwie powinno być traktowane jako herezja. Na pewno  ten fakt jest  wynikiem wielkiego zaniedbania ze strony wielu księży, biskupów i katolickich działaczy świeckich, którzy często nie wyjaśniają wiernym  tej  kwestii w poprawny sposób. Bywa tak, że nawet sami podsycają taką interpretację, kiedy przewodzą tego typu uroczystościom i modlitwom do świętych i zwracają się do nich tak,  jakby posiadali Boską moc.

Teraz narzuca się pytanie: Dlaczego  ta kwestia w ogóle istnieje? Dlaczego nie przywiązuje się należytej wagi do tego, by wprowadzić niezbędne "poprawki" w Katechizmie (w sposób jasny i jednoznaczny!) oraz  w praktykach duszpasterskich,  by raz na zawsze wyjaśnić ludziom, że święty nie jest Bogiem?  A może raczej  kryją sie za tym  również jakieś "interesy"? Jak powinna wyglądać prawidłowa i prawdziwa katecheza o nabożeństwie do świętych oficjalnie uznanych przez Kościół?

Aby przedstawić tę kwestię z wielką jasnością i bez żadnych wątpliwości, publikuję w moim blogu Indagações-Zapytania artykuł  "Święci ze statusem bogów" (tekst przetłumaczyłem z języka portugalskiego na język polski), którego autorem jest José Moreira de Lisboa Oliveira¹. 

Myślę że poniższa analiza tej ważnej kwestii  może być cenną pomocą  dla takich osób, które naprawdę szukają prawdy na ten temat i stale dążą do wzmocnienia swojej chrześcijańskiej wiary, oczyszczając ją z błędów i nieporozumień.

Zachęcam do przeczytania!
WCejnog




Święci  ze statusem bogów 
(Santos com statos de  deuses)

José Lisboa Moreira de Oliveira


Archeologia jest w stanie udowodnić, że co najmniej 150.000 lat temu nasi przodkowie praktykowali już jakąś formę religijności. Dziś istnieją dowody potwierdzające i gwarantujące rzetelność tego stwierdzenia. Dowody tego typu sięgają górnego paleolitu i dotyczą Homo Neanderthalensis, który grzebał swoich zmarłych razem z przedmiotami charakteryzujacymi ofiary i dary, wykazując w ten sposób wiarę w coś nadprzyrodzonego.

Tak ogólnie można również powiedzieć, że początki religii związane były z politeizmem. Religie monoteistyczne są bardzo niedawne, choć nie tak dawno jeszcze niektórzy uczeni, jak na przykład austriacki kapłan Wilhelm Schmidt, starali się udowodnić że było przeciwnie. Badania pokazują jednak że nawet wtedy, gdy w niektórych regionach dominował monoteizm, na tych obszarach istniała również skłonność do oddawania czci róznym bogom. Tak było na przykład w przypadku hebrajskiego monoteizmu. Najnowsze badania potwierdzone przez archeologiczne odkrycia wykazały, że jahwizm (kult Jahwe) nie panował w sposób absolutny, nawet gdy inne kulty zostały zakazane na drodze prawnej. I pomimo że oficjalny kult był monoteistyczny, ludzie nadal czcili inne bóstwa.

Pojawienie się chrześcijaństwa miało miejsce w Imperium Rzymskim, gdzie politeizm był mocno rozsiany również dzięki politycznej strategii Rzymu, który unikał całkowitego zniszczenia religii podbitych ludów.

Kiedy w 380 r. dekretem cesarza Teodozjusza chrześcijaństwo stało się religią państwową, politeizm nadal  był obecny. Prawdą jest, że w tym okresie miały miejsce masowe nawrócenia, gdyż obawiano się prześladowań a także pozwalało to na zachowanie przywilejów i korzyści, jednakże  nie było to wystarczające do całkowitego zlikwidowania praktyk politeistycznych.

W wielu przypadkach samo chrześcijaństwo dokonało przyswojenia politeistycznych obrzędów i praktyk, nie znosząc ich całkowicie. To co było kiedyś pogańskie stało się nagle chrześcijańskie. Na przykład, osobiście napotkałem takie przypadki w różnych regionach Włoch.

Pamiętam bardzo dobrze, że odwiedzając kilkakrotnie Sycylię, miałem kontakt z kultem Św. Calogero obchodzonym w różnych miejscach na wyspie. W czasie tego święta zauważyłem pewne zwyczaje związane z rolnictwem. Szukając danych o pochodzeniu tych praktyk odkryłem, że chrześcijaństwo zastąpiło grecki kult boga Kronos (odpowiadającemu rzymskiemu Saturnowi), istniejącemu dawniej w tych miejscach, kultem św. Calogero (San Calogero).

Również w południowych Włoszech, zwłaszcza w prowincji Lecca, napotkałem nabożeństwa do niektórych świętych, którzy są uważani za patronów męskości. Z tego powodu, w dzień ich świąt, matki mają zwyczaj przynoszenia swoich małych synków do figury swiętego aby dotknąć nią narządu płciowego synka i w ten sposób zapewnić mu moc męskości. Niektóre matki składają obietnice tym swiętym, piecząc małe chlebki w kształcie penisa w celu rozdania ich ludziom.

Pamiętam, że w czasie kiedy tam byłem miały miejsce wielkie kontrowersje, kiedy biskup jednej z diecezji owego regionu chciał zakazać tych praktyk, co stało się powodem wielkiego sprzeciwu ze strony mieszkańców. Badając początki tych tak egzotycznych praktyk odkryłem że były one związane z kultem płodności na terenach dawnej Wielkiej Grecji (Magna Graecia - południowa część Włoch), jak również z panteonem rzymskim (świątynia wszystkich bogów) w Rzymie. Kiedy pózniej na te tereny  dotarło chrześcijaństwo, nie udało się wyeliminować wszystkich istniejących praktyk, ograniczając się jedynie do powiązania ich ze swoimi świętymi.

Wynikiem tego procesu jest to, że w praktyce, święci otrzymali status bogów. Do nich ludzie się zwracają  jakby do bóstw, przedstawiając swoje prośby i obietnice. W nieświadomości zbiorowej święci mężczyźni i swięte kobiety nie  tylko są przykładami świadectwa chrześcijańskiej wiary (Hbr 6:12), ale prawdziwymi bogami, do których są adresowane  modlitwy, prośby i podziękowania. To sprawia, że ​​wyznanie wiary w Trójcę Swiętą  i trynitarny kult  pozostają na drugim planie, a nawet całkowicie zapomniane. 

Na pewno ktoś mi może powiedzieć, że to nie jest prawdą, gdyż Katechizm Kościoła Katolickiego tak nie uczy. Taka argumentacja jednak nie ma sensu. W popularnym katolicyzmie o starożytnych korzeniach nie liczy się Rzymski Katechizm. Ponadto, obecnie istniejące praktyki w Kościele Katolickim  nadal żywią i umacniają ową  zbiorową nieświadomośc. Wystarczy na przykład,  złożyć wizytę w sanktuariach  poświęconych Matce Bożej i takim świętym, jak Judasz Tadeusz, Rita, Jadwiga, Expedito i innym. To co w nich się dzieje jedynie wzmacnia katolicki "panteon bogów".

Dodać należy że katolickie media również czynią to samo. Sposób, w jaki przedstawiają świętych przyjmuje tę właśnie linię. Kilka dni temu, przypadkowo,   oglądałem katolicki program prowadzony przez znanego "profesora". Mówił o kulcie Maryi. W czasie programu ktoś powiedział,  że ma trudności z przyjęciem kultu świętych, jako że nie  będąc oni  wszechobecnymi  i wszechwiedzącymi,  nie są w stanie  usłyszeć  modlitw wiernych. Wtedy to właśnie wspaniały "profesor"   wypowiedział  jedną z najbardziej brutalnych herezji (spośród wielu), które można usłyszeć w jego programie: "Mój drogi, to prawda, że ​​święci nie są wszechobecni ani wszechwiedzący, ale to Bóg przesyła  im wiadomości od wiernych.  Bóg działa jak swego rodzaju centrum informacji,  przekazując Świętym prośby od wiernych."

W tym modelu  kultu świętych,  przedstawianym “na żywo”  przez wybitnego   "profesora" w TV, Trójca Święta została zredukowana do "Call Center".  W praktyce, nie ma jak nie stwierdzić, że mamy tu do czynienia  z prawdziwym katolickim panteonem.  Trójjedyny Bóg został zepchnięty na drugi plan, ponieważ modlitwy, błagania, prośby i, czasami, dziękczynienia  są bezpośrednio kierowane   do świętych. Ludzie nie zwracają się do  Boga w Trójcy Jedynego, ale do świętych, którzy  postrzegani są jako prawdziwi bogowie, będącymi  w stanie dokonywać cudów i  czynić  nadzwyczajne znaki. I media katolickie, oprócz chwalebnych wyjątków, dodatkowo umcniają  taki pogląd.

Czy można to zmienić?  Oczywiście, ale Kościół Katolicki musiałby zrobić prawdziwą rewolucję w swojej katechezie i swoich praktykach. Byłoby to czasochłonne, ale można by dojść do zmiany mentalności po kilku latach poważnej i głębokiej katechezy. Katecheza powinna wyjaśnić i wytłumaczyć, że święci nie są bogami, do których kierujemy  się z prośbami. Oni są normalnymi ludzmi takimi jak my, którzy poważnie potraktowali naśladowanie Jezusa. Po prostu powinni oni służyć nam   jako przykład do naśladowania Jezusa (Flp 3:17).  Tak mówi Sobór Watykański II: Przyglądając się życiu tych, którzy wiernie naśladowali Chrystusa, mamy z nowego tytułu pobudkę do szukania Miasta przyszłego (por. Hbr 13, 14 i 11, 10) i równocześnie poznajemy najpewniejszą drogę, po której wśród zmienności świata stosownie do właściwego każdemu stanu i warunków będziemy mogli dojść do doskonałego zjednoczenia z Chrystusem, czyli do świętości." (LG, 50).

Ponadto, obecnie istniejące praktyki w Kościele Katolickim nadal żywią i umacniają ową zbiorową nieświadomość. Wystarczy na przykład,  złożyć wizytę w sanktuariach poświęconych Matce Bożej i takim świętym, jak Judasz Tadeusz, Rita, Jadwiga, Expedito i innym. To co w nich się dzieje jedynie wzmacnia  katolicki "panteon bogów".

Funkcją czczenia świętych w Kościele jest jedynie i wyłącznie dawanie przykładu: widząc jak oni szli za Jezusem, próbujemy dzisiaj robić to samo, w naszej rzeczywistości (1 Kor 4,16; 11,1). Zaś wszystko inne, co przekracza takiemu podejściu, jest nadużyciem i odchyleniem.

Co więcej, Kościół Katolicki powinien całkowicie rozpatrzeć swój  sposób kanonizacji świętych, oceniając jedynie autentyczność czy i jak naśladowali Jezusa (1 Tes 1,6), znosząc wymaganie, żeby przyszły święty uczynił co najmniej dwa cuda. To tylko wzmacnia przekonanie, że święci są postrzegani jako bogowie. I na nic tu zaprzeczanie nalegając że Katechizm Kościoła Katolickiego  jasno twierdzi, że kto tutaj dokonuje cudu to Bóg, za wstawiennictwem świętego, gdyż ludzie tego nie rozumieją. Dla ludzi kto sprawia cud to święty i koniec.  A Kościół Katolicki,   poprzez swoje praktyki, świątynie, sanktuaria i swoimi mediami jedynie wzmacnia takie przekonanie.

Obawiam się jednak, że takiej katechezy nie zastosuje się w Kościele Katolickim, gdyż to oznaczałoby potrzebę zmian w sferze ekonomicznej. Przecież jasne jest, że to "katolicki panteon", wypełnia  kasy w sanktuariach, utrzymuje fabryki świec, przedmiotów woskowych i figurek świętych, a zaś drukarnie mogą produkować i wydawać obrazki świętych i sprzedają miliony egzemplarzy nowenn do świętych.   Poza tym również fabryki, drukarnie i wydawnictwa mogą sponsorować wydatki duzej części duchowieństwa, sanktuariów, parafii i katolickich mediów.

Gdyby nastąpiły zmiany, kapłani, biskupi i wspólnoty chrześcijańskie znowu   stałyby się biednymi. Media katolickie nie potrafiłyby się utrzymać. A kiedy reforma dotyka kieszeni duchowieństwa, powoduje wtedy ogromny krzyk i nikt nie ma odwagi, by to zmienić. W tym przypadku też spełnia się stwierdzenie paulińskie: "korzeniem wszelkiego zła jest miłość do pieniędzy" (1 Tm 6 10).

Źródło: blog O chamado  

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¹  José Lisboa Moreira de Oliveira  (Ur. 14/08/1956 - zm. 02/03/2015).
Był filozofem, teologiem, pisarzem, wykładowcą i profesorem Uniwersyteckim.

Jego formacja akademicka:
Licencjat z filozofii nadany przez Uniwersytet Katolicki w Brasilii; Studia  teologiczne na Uniwersytecie Gregoriańskim w Rzymie;
Stopień magisterski z teologii na Papieskim Wydziale Teologicznym Południowych Włoch (Neapol - Włochy);
Doktorat z teologii na Uniwersytecie Gregoriańskim w Rzymie.

Jest autorem 13 książek i kilkudziesięciu artykułów na temat powołania i rozwoju powołań.
W latach 1999-2003 był doradcą duszpasterstwa powołaniowego przy Konferencji Biskupów Brazylijskich (CNBB).

W ostatnich latach życia pracował na Katolickim Uniwersytecie w Brasilii, gdzie był kierownikiem Centrum Etyki i Antropologii Religii oraz profesorem antropologii religii i etyki.