Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 25 de maio de 2018

“O melhor amigo”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!



Hoje, uma reflexão muito concreta e atual. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Mt 28, 16-20 (Jesus envia os discípulos em missão, fala da Trindade e lhes garante, que estará sempre com eles). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU – ADITAL
25 Maio 2018

O melhor amigo

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 28,16-20 que corresponde à Solenidade da Trindade, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

No núcleo da fé cristã num Deus trinitário há uma afirmação essencial. Deus não é um ser tenebroso e impenetrável, encerrado egoistamente em si mesmo. Deus é Amor e só Amor.

Os cristãos, acreditamos que no Mistério último da realidade, dando sentido e consistência a tudo, não há senão Amor. Jesus não escreveu nenhum tratado acerca de Deus. Em nenhum momento o encontramos expondo aos camponeses da Galileia doutrina sobre Ele. Para Jesus, Deus não é um conceito, uma bela teoria, uma definição sublime. Deus é o melhor Amigo do ser humano.

Os investigadores não duvidam de um elemento que recolhem os evangelhos. As pessoas que escutavam Jesus falar de Deus e o viam atuar em Seu nome experimentavam Deus como uma Boa Nova. O que Jesus diz de Deus representa algo de novo e bom. A experiência que comunica e contagia parece-lhes a melhor notícia que podem escutar de Deus. Por quê?

Talvez o primeiro que captam é que Deus é de todos, não só dos que se sentem dignos para apresentar-se ante Ele no Templo. Deus não está atado a um lugar sagrado. Não pertence a uma religião. Não é propriedade dos piedosos que peregrinam a Jerusalém. Segundo Jesus, “faz sair o Seu sol sobre bons e maus”. Deus não exclui nem discrimina ninguém. Jesus convida todos a confiar Nele: “Quando oreis, dizei: ‘Pai!’”.

Com Jesus vão descobrindo que Deus não é só dos que se aproximam Dele carregados de méritos. Antes deles escuta a quem lhe pede compaixão, porque se sentem pecadores sem remédio. Segundo Jesus, Deus anda sempre a procurar os que vivem perdidos. Por isso se sente tão amigo de pecadores. Por isso lhes diz que Ele “veio procurar e salvar o que estava perdido”.

Também se dão conta de que Deus não é só dos sábios e entendidos. Jesus dá graças ao Pai porque gosta de revelar as pequenas coisas que lhes estão ocultas aos ilustrados. Deus tem menos problemas para entender-se com o povo simples que com os doutos que acreditam saber tudo.

Mas foi sem dúvida a vida de Jesus, dedicada em nome de Deus a aliviar o sofrimento dos doentes, libertar os possuídos por espíritos malignos, resgatar leprosos da marginalização, oferecer o perdão a pecadores e prostitutas..., o que os convenceu de que Jesus experimentava Deus como o melhor Amigo do ser humano, que só procura o nosso bem e só se opõe ao que nos faz mal. Os seguidores de Jesus nunca puseram em dúvida que o Deus encarnado e revelado em Jesus é Amor e só Amor para todos.




sexta-feira, 18 de maio de 2018

“Renova-nos por dentro”. – Reflexão de Josè Antonio Pagola. Excelente!




“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. 
E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.”  (Jo 20, 21-22)

PENTECOSTES

Abaixo, uma excelente reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 20, 19-23  (Jesus disse aos discípulos: “Recebei o Espírito Santo”). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola e foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
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IHU – ADITAL
18 Maio 2018.

Renova-nos por dentro

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Jo 20,19-23 que corresponde a Solenidade do Pentecostes, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Pouco a pouco estamos a aprender a viver sem interioridade. Já não necessitamos de estar em contato com o melhor que há dentro de nós. Basta-nos viver ocupados. Contentamo-nos com funcionar sem alma e nos alimentarmos só de bem-estar. Não queremos expor-nos a procurar a verdade. Vem, Espírito Santo, e liberta-nos do vazio interior.

Temos aprendido a viver sem raízes e sem metas. Basta-nos deixarmos programar de fora. Movemo-nos e agitamo-nos sem cessar, mas não sabemos o que queremos nem para onde vamos. Estamos cada vez mais bem informados, mas sentimo-nos mais perdidos que nunca. Vem, Espírito Santo, e liberta-nos da desorientação.

Já só nos interessam as grandes questões da existência. Não nos preocupa ficarmos sem luz para enfrentarmos a vida. Fizemo-nos mais céticos, mas também mais frágeis e inseguros. Queremos ser inteligentes e lúcidos. Mas não encontramos sossego nem paz. Vem, Espírito Santo, e liberta-nos da obscuridade e da confusão interior.

Queremos viver mais, viver melhor, viver mais tempo, mas viver o quê?  Queremos sentir-nos bem, sentir-nos melhor, mas sentir o quê? Procuramos desfrutar intensamente da vida, tirar o máximo sumo, mas não nos contentamos só com passar bem. Fazemos o que nos apetece. Não há proibições nem terrenos vedados. Por que queremos algo diferente? Vem, Espírito Santo, e ensina-nos a viver.

Queremos ser livres e independentes e nos encontramos cada vez mais sós. Necessitamos de viver e nos encerramos no nosso pequeno mundo, por vezes tão aborrecido. Necessitamos de nos sentir queridos e não sabemos criar contatos vivos e amistosos. Ao sexo chamamos «amor», e ao prazer, «felicidade», mas quem saciará a nossa sede? Vem, Espírito Santo, e ensina-nos a amar.

Na nossa vida já não há lugar para Deus. A Sua presença ficou reprimida ou atrofiada dentro de nós. Cheio de ruídos por dentro já não pode escutar a Sua voz. Focados em mil desejos e sensações, não chegamos a perceber a sua proximidade. Sabemos falar com todos menos com Ele. Temos aprendido a viver de costas ao Mistério. Vem, Espírito Santo, e ensina-nos a acreditar.

Crentes e não crentes, pouco crentes e maus crentes, assim peregrinamos muitas vezes pela vida. Na festa cristã do Espírito Santo, a todos nós diz Jesus o que um dia disse aos Seus discípulos, exalando sobre eles o Seu alento: «Recebei o Espírito Santo». Esse Espírito que sustém as nossas pobres vidas e alenta a nossa débil fé pode penetrar em nós e reavivar a nossa existência por caminhos que só Ele conhece.

Fonte: IHU – Comentário doEvangelho



quarta-feira, 16 de maio de 2018

Sobre a questão do desarmamento – Texto de Albert Einstein. Vale a pena ler!



“Estamos  portanto  na  encruzilhada  dos  caminhos.  Ou  tomaremos  a  estrada  da  paz  ou  a  estrada já  frequentada  da  força  cega,  indigna  de  nossa  civilização.  É  esta  nossa  escolha  e  por  ela  seremos responsáveis!”.  (do texto abaixo)

Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania  mais um texto que expressa o ponto de vista de Albert Einstein* – um dos maiores físicos, que o mundo já teve.

Acho que vale a pena ler, conhecer e analisar a sua opinião, pois certamente pode contribuir para clarearmos as nossas próprias opiniões.  Todos sabemos que hoje mais que nunca a questão de desarmamento se apresenta como um dos principais desafios da humanidade, porque dela depende o futuro não só da espécie humana, como de todo o Planeta Terra.  Albert Einstein termina o seu texto com as palavras: “Nosso destino será aquele que escolhermos”.

Para mim, analisando a situação real no mundo de hoje, onde há uma escalada cada vez maior de conflitos, guerras, terrorismo, violência - fica cada vez mais difícil vislumbrar o caminho de paz para a humanidade. O homem (leia-se homo sapiens), tanto no sentido coletivo, e também cada vez mais como indivíduo, ficou acometido pela loucura, não conseguindo (e/ou não querendo) aprender com as lições do passado, e segue para frente como se estivesse cego, escolhendo o caminho da morte, e não o caminho da vida. Cada vez mais o sonho de ver o mundo como uma casa comum, onde todos (sem exceções) poderiam viver uma vida digna e em paz – eu vejo encerrado numa utopia pouco provável de se realizar. À margem dessa sensação pouco otimista ressoam as palavras bíblicas: “Eis que ponho diante de ti a vida ou a morte, a bênção ou a maldição, escolhe a vida para que vivas, tu e a tua descendência!...” (Dt. 30,19).
A verdade é muito angustiante: infelizmente, o homem está escolhendo a morte.

O texto foi extraído do livro “Como vejo o mundo”, escrito por Albert Einstein.
Vale lembrar que esse livro foi escrito até o ano de 1934 (poucos anos antes do início da II Guerra Mundial), quando foi publicado pela primeira vez.

Não deixe de ler!
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Sobre a questão do desarmamento
Por Albert Einstein

A realização de um plano de desarmamento era ainda mais  complicada  porque, em geral, não se encarava claramente a enorme  complexidade  do  problema. De ordinário a maioria dos objetivos se  obtém  por escalões  sucessivos. Lembremo-nos por exemplo da  transformação da  monarquia absoluta em democracia! Mas aqui o objetivo não suporta nenhum escalão.

Com  efeito,  enquanto  a  possibilidade  da  guerra  não  for  radicalmente supressa,  as  nações  não consentirão  em  se  despojar  do  direito  de  se equipar  militarmente  do  melhor  modo  possível  para esmagar o  inimigo de uma  futura  guerra.  Não  se  poderá  evitar  que  a juventude seja  educada com  as tradições  guerreiras,  nem  que  o  ridículo  orgulho  nacional  seja exaltado  paralelamente  com  a mitologia  heroica  do  guerreiro,  enquanto  for necessário  fazer  vibrar  nos  cidadãos  esta  ideologia para  a  resolução armada  dos  conflitos.  Armar-se  significa  exatamente  isto:  não  aprovar  e nem organizar  a paz,  mas  dizer sim  à  guerra e prepará-la.  Sendo  assim, não se  pode desarmar  por  etapas, mas de uma vez por todas ou nunca.

Na  vida  das  nações,  uma  realização  de  estrutura   tão  profundamente diferente  implica  uma força  moral  nova  e  uma   recusa  consciente  de tradições  fortemente  arraigadas. Aquele  que  não  está pronto  a  entregar, em  caso  de  conflito  e  sem  condições,  o  destino  de  seu  país  às  decisões de  uma Corte  internacional  de  arbitragem  e  que  não  está  pronto  a  se comprometer  solenemente  e  sem reservas  a  isto  por  um  tratado,  não está realmente  decidido  a  eliminar  as  guerras. A solução  é  clara: tudo ou nada.

Até  este  momento,  os  esforços  empregados  para  conseguir  a  paz fracassaram,  porque ambicionavam somente resultados parciais insuficientes.

Desarmamento  e  segurança   se  conquistam  juntos. A  segurança  não será  real  a  não  ser  que todas as nações tomem o compromisso de executar por completo as decisões internacionais.

Estamos  portanto  na  encruzilhada  dos  caminhos.  Ou  tomaremos  a  estrada da  paz  ou  a  estrada já  frequentada  da  força  cega,  indigna  de  nossa civilização.  É  esta  nossa  escolha  e  por  ela  seremos responsáveis!  De  um lado,  liberdade  dos  indivíduos  e  segurança das  comunidades  nos  esperam. Do outro,  servidão  dos  indivíduos  e  aniquilamento  das  civilizações  nos ameaçam.  Nosso  destino  será aquele que escolhermos.

Fonte: EINSTEIN Albert. Como vejo o mundo. Ed. Especial (Saraiva de bolso). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011, p 71-72.

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* Albert Einstein - Físico alemão


(Por Dilva Frazão) 

Albert Einstein (1879-1955) foi um físico e matemático alemão. Entrou para o rol dos maiores gênios da humanidade ao desenvolver a Teoria da Relatividade. Estabeleceu a relação entre massa e energia e formulou a equação que se tornou a mais famosa do mundo: E = mc². Em 1921, recebeu o Prêmio Nobel de Física, por suas descobertas sobre a lei dos efeitos fotoelétricos.

Albert Einstein (1879- 1955) nasceu em Ulm, na Alemanha, em 14 de março, era filho de família judaica, não praticante. Em 1880 a família muda-se para Munique. Iniciou aulas de violino com seis anos de idade. Estudou o primário numa escola católica. Aos dez anos de idade ingressou no Gymnasiun, se preparando para a universidade. Entrou para a Escola Politécnica Federal da Suíça, onde, em 1900, conclui a graduação em Física. Em 1901 escreveu seu primeiro artigo científico "A Investigação do Estado do Éter em Campo Magnético".  Em fevereiro deste mesmo ano recebeu a naturalização suíça. Em 6 de janeiro de 1903 casou-se com Mileva Maric, com quem teve três filhos.

Em 1905, formulou a teoria da relatividade especial, que conduziria à libertação da energia atômica. Nesse mesmo ano, remeteu para a “Revista Anais de Física”, Alemanha, os quatro artigos que se tornariam fundamentais para a Física Moderna. Depois da publicação dos artigos seu talento foi reconhecido. Em 1909, com 30 anos, tornou-se professor na Universidade de Zurique e no ano seguinte lecionou na Universidade de Praga. Em 1912 ocupou a cadeira de Física, da Escola Politécnica Federal da Suíça. Em 1913, foi nomeado professor para a Universidade de Berlim e diretor do Instituto Kaiser Wilhelm de Física. Torna-se membro da Academia de Ciências da Prússia. 

Em 25 de novembro de 1915, ele subiu ao palco da Academia de Ciências da Prússia e declarou ter concluído sua exaustiva pesquisa de uma década em busca de um entendimento novo e mais profundo da gravidade. A Teoria da Relatividade Geral, afirmou Einstein, estava pronta. A nova e radical visão das interações entre o espaço, o tempo, a matéria, a energia e a gravidade foi um feito reconhecido como uma das maiores conquistas intelectuais da humanidade. Em 1921, recebe o Prêmio Nobel de Física por suas descobertas sobre a lei dos efeitos fotoelétricos, publicada em um dos quatro artigos revolucionários que divulgou em 1905.

Em 1925, entre os meses de março e maio, Einstein esteve na América do Sul. Foi à Argentina para uma série de compromissos, esteve em Montevidéu e no dia 4 de maio chegou ao Rio de Janeiro, então capital do Brasil, sendo recebido pelo presidente Artur Bernardes. Entre outros compromissos, visitou o Jardim Botânico, o Observatório Nacional, o Museu Nacional e o Instituto Oswaldo Cruz.

Além da ciência, Einstein também dedicou parte de seu tempo a assuntos políticos. Humanista convicto, lutou pela paz mundial e pela justiça social e a liberdade. Na década de 20 atuou em movimentos ati-guerra. Em 1932 partiu de Berlim para uma visita à Califórnia, pois sabia que em breve o nazismo controlaria toda a Alemanha.

Em 1933 renunciou seus cargos em Berlim, retornou para os Estados Unidos e ingressou no Instituto de Estudos Avançados de Princeton. Em 1940 ganhou cidadania norte-americana. Em 1945 encerrou sua carreira em universidades. Em 1946 apoiou projetos de formação de um governo mundial e a troca de segredos entre as grandes potências atômicas, almejando a paz mundial.
Albert Einstein faleceu em Princeton, Estados Unidos, no dia 18 de abril de 1955.



sexta-feira, 11 de maio de 2018

“Novo começo”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!




“Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e assentou-se à direita de Deus. Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinais que a acompanhavam.” (Mc 16, 19-20)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito concreta e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 16, 15-20  (Jesus se despede dos discípulos, deixando claro, que confiará neles e continuará estando presente, de modo diferente, junto com eles), do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de  ler!
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IHU – ADITAL
11 Maio 2018

Novo começo

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 16, 15-20, que corresponde a Festa da Ascensão do Senhor, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Os evangelistas descrevem com diferentes linguagens a missão que Jesus confia aos Seus seguidores. Segundo Mateus eles devem «fazer discípulos» que aprendam a viver como Ele lhes ensinou. Segundo Lucas, hão de ser «testemunhas» do que viveram junto Dele. Marcos resume tudo dizendo que hão de «proclamar o Evangelho a toda a criação». 

Quem se aproxima hoje de uma comunidade cristã não se encontra diretamente com o Evangelho. O que se apercebe é do funcionamento de uma religião envelhecida, com graves sinais de crise. Não podem identificar com clareza no interior dessa religião a Boa Nova proveniente do impacto provocado por Jesus há vinte séculos.

Por outro lado, muitos cristãos não conhecem diretamente o Evangelho. Tudo o que sabem de Jesus e da Sua mensagem é o que podem reconstruir de forma parcial e fragmentada, recordando o que escutaram de catequistas e predicadores. Vivem a sua religião privados do contato pessoal com o Evangelho. 

Como o poderão proclamar se não o conhecem nas suas próprias comunidades? O Concílio Vaticano II recordou algo demasiado esquecido nestes momentos: «O Evangelho é, em todos os tempos, o princípio de toda a sua vida para a Igreja». Chegou o momento de entender e configurar a comunidade cristã como um lugar onde o primeiro é acolher o Evangelho de Jesus.

Nada pode regenerar o tecido em crise das nossas comunidades como a força do Evangelho. Só a experiência direta e imediata do Evangelho pode revitalizar a Igreja. Dentro de uns anos, quando a crise nos obrigue a centrar-nos só no essencial, veremos com clareza que nada é mais importante hoje para os cristãos que nos reunirmos a ler, escutar e partilhar juntos os relatos evangélicos.

O primeiro é acreditar na força regeneradora do Evangelho. Os relatos evangélicos ensinam a viver a fé não por obrigação, mas por atração. Fazem viver a vida cristã não como dever, mas como irradiação e contágio. É possível introduzir nas paróquias uma dinâmica nova. Reunidos em pequenos grupos, em contato com o Evangelho, iremos recuperando a nossa verdadeira identidade de seguidores de Jesus.

Havemos de voltar ao Evangelho como novo começo. Já não serve qualquer programa ou estratégia pastoral. Dentro de uns anos, escutar juntos o Evangelho de Jesus não será uma atividade mais entre outras, mas a matriz de onde começará a regeneração da fé cristã nas pequenas comunidades dispersas no meio de uma sociedade secularizada.

Tem razão o papa Francisco quando nos diz que o princípio e motor da renovação da Igreja nestes tempos temos de encontrá-lo em «voltar à fonte e recuperar a frescura original do Evangelho».