Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

“Lutamos pela mesma coisa”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"Jesus disse: ‘Não o proíbais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor. Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa’. (Mc 9,39-41)

Hoje trago para este espaço uma boa reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 9, 38-43.45.47-48 (Quem não é contra nós é a nosso favor). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

Para quem procura entender melhor a mensagem deixada por Jesus Cristo nos Evangelhos, certamente as reflexões desse autor podem-nos ajudar muito nesse sentido. 

O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

 WCejnóg

IHU – ADITAL

24 Setembro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 9,38-43.45.47-48, que corresponde ao 26º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Lutamos pela mesma coisa 

Com frequência, nós cristãos não conseguimos superar uma mentalidade de religião privilegiada que nos impede de apreciar todo o bem que é promovido em áreas longe da fé. Quase inconscientemente tendemos a pensar que somos os únicos portadores da verdade, e que o Espírito de Deus só age através de nós. 

Uma falsa interpretação da mensagem de Jesus conduziu-nos, por vezes, a identificar o reino de Deus com a Igreja. Segundo esta concepção, o reino de Deus só se realizaria dentro da Igreja, e cresceria e estender-se-ia na medida em que cresce e se estende a Igreja. 

E, no entanto, não é assim. O reino de Deus estende-se mais além da instituição eclesial. Não cresce só entre os cristãos, mas entre todos aqueles homens e mulheres de boa vontade que fazem crescer no mundo a fraternidade. Segundo Jesus, todo aquele que «expulsa demônios em seu nome» está evangelizando. Todo o homem, grupo ou partido capaz de «expulsar demônios» da nossa sociedade e colaborar na construção de um mundo melhor está, de alguma forma, a abrir caminho ao reino de Deus. 

É fácil que também a nós, assim como aos discípulos, nos pareça que não são dos nossos, porque não entram nas nossas igrejas ou frequentam os nossos cultos. No entanto, segundo Jesus, «aquele que não está contra nós está a nosso favor». 

Todos os que de alguma forma lutam pela causa do homem estão conosco. «Secretamente, talvez, mas na realidade, não há um só combate pela justiça – por mais equívoca que seja a sua origem política – que não esteja silenciosamente em relação com o reino de Deus, mesmo que os cristãos não o queiram saber. Onde se luta pelos humilhados, pelos esmagados, pelos fracos, pelos abandonados, aí combate-se na realidade com Deus pelo seu reino, saiba-se ou não, ele sabe-o» (Georges Crespy). 

Nós cristãos devemos valorizar com alegria todas as conquistas humanas, grandes ou pequenas, e todos os triunfos da justiça que se alcançam no campo político, econômico ou social, por mais modestos que nos possam parecer. Os políticos que lutam por uma sociedade mais justa, os jornalistas que se arriscam para defender a verdade e a liberdade, os trabalhadores que conseguem uma maior solidariedade, os educadores que se esforçam por educar para a responsabilidade, mesmo que nem sempre pareçam ser um dos nossos, «estão a nosso favor», porque estão a trabalhar para um mundo mais humano. 

Longe de nos acreditarmos portadores únicos da salvação, nós cristãos devemos acolher com alegria essa corrente de salvação que abre caminho na história dos homens, não só na Igreja, mas também junto a ela e mais além das suas instituições. Deus está a atuar no mundo.

Fonte:IHU – Comentário do Evangelho

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

“Importantes”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos. E tomando um menino, colocou-o no meio deles; abraçou-o e disse-lhes:Todo o que recebe um destes meninos em meu nome, a mim é que recebe; e todo o que recebe a mim, não me recebe, mas aquele que me enviou.”   (Mc 9, 35-37)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é precisa e importante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Mc 9,30-37 (Quem é o mais importante?).

Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler.

WCejnog

IHU – ADITAL

17 Setembro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 9,30-37, que corresponde ao 25º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.  

Importantes

Certamente, os nossos critérios não coincidem com os de Jesus. Quem de nós pode pensar hoje que os homens e mulheres mais importantes são aqueles que vivem ao serviço dos outros? 

Para nós, importante é o homem de prestígio, seguro de si mesmo, que alcançou o sucesso em algum campo da vida, que conseguiu sobressair sobre os outros e ser aplaudido pelas pessoas. Essas pessoas cujo rosto podemos ver constantemente na televisão: líderes políticos, «prêmios Nobel», cantores da moda, atletas excepcionais... que pode ser mais importante que eles? 

Segundo o critério de Jesus, simplesmente esses milhares e milhares de homens e mulheres anônimos, de rosto desconhecido, a quem ninguém prestará qualquer homenagem, mas que se esforçam em serviço desinteressado aos outros. Pessoas que não vivem para o seu êxito pessoal. Pessoas que não pensam só em satisfazer egoisticamente os seus desejos, mas que se preocupam com a felicidade dos outros. 

Segundo Jesus, há uma grandeza na vida destas pessoas que não conseguem ser felizes sem a felicidade dos outros. A sua vida é um mistério de entrega e desinteresse. Sabem pôr a sua vida à disposição dos outros. Atuam movidos pela sua bondade. A solidariedade anima o seu trabalho, as suas tarefas diárias, as suas relações, a sua convivência. 

Não vivem só para trabalhar nem para desfrutar. A sua vida não se reduz a cumprir suas obrigações profissionais ou a executar diligentemente suas tarefas. A sua vida encerra algo mais. Vivem de maneira criativa. Cada pessoa que encontram no seu caminho, cada dor que percebem à sua volta, cada problema que surge junto a eles é uma chamada que os convida a atuar, servir e ajudar. 

Podem parecer os «últimos», mas sua vida é verdadeiramente grande. Todos sabemos que uma vida de amor e serviço desinteressado vale a pena, mesmo que não nos atrevamos a vivê-la. Talvez tenhamos que rezar humildemente como fazia Teilhard de Chardin: «Senhor, responderei à tua inspiração profunda que me ordena existir, tendo o cuidado de não afogar, nem desviar nem desperdiçar a minha força de amar e fazer o bem».

Fonte:IHU - Comentário do Evangelho

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

“O que alguns dizem hoje” – Reflexão de José Antonio Pagola.Muito atual!

"E vocês?", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou?" (Mc 7,29)

Abaixo temos uma boa reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 8,27-35 (Tu és o Messias). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

10 Setembro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 8,27-35, que corresponde ao 24º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

O que alguns dizem hoje


Também no novo milênio continua a ressoar a pergunta de Jesus: «E vós, quem dizes que sou?». Não é para levar a cabo uma sondagem de opinião. É uma pergunta que coloca cada um de nós a um nível mais profundo: quem é hoje Cristo para mim? Que sentido tem realmente na minha vida? As respostas podem ser muito diversas:

«Não me interessa. Assim simplesmente. Não me diz nada; não conto com ele. Sei que há alguns a quem ainda interessa; eu interesso-me por coisas mais práticas e imediatas». Cristo desapareceu do horizonte real dessas pessoas.

«Não tenho tempo para isso. Já faço bastante ao enfrentar-me com os problemas de cada dia; vivo ocupado, com pouco tempo e humor para pensar em muito mais». Nestas pessoas não há lugar para Cristo. Não chegam a suspeitar do estímulo e da força que Ele poderia trazer às suas vidas.

«Acho muito exigente. Não quero complicar a minha vida. É-me desconfortável pensar em Cristo. E, além disso, vem tudo isso de evitar o pecado, exigindo uma vida virtuosa, as práticas religiosas. É demasiado». Estas pessoas desconhecem Cristo; não sabem que poderiam introduzir uma nova liberdade na sua existência.

«Sinto-o muito longe. Tudo o que se refere a Deus e à religião me parece teórico e distante; são coisas de que não se pode saber nada com certeza. Além disso, o que posso fazer para conhecê-lo melhor e entender como vão as coisas?». Estas pessoas precisam encontrar um caminho que as leve a uma adesão mais viva com Cristo.

Esses tipos de reações não são algo «inventado»: já as ouvi eu próprio em mais de uma ocasião. Também conheço respostas aparentemente mais firmes: «Sou agnóstico»; «Adoto sempre posições progressistas»; «Só acredito na ciência». Estas afirmações resultam, para mim, inevitavelmente artificiais, quando não são o resultado de uma busca pessoal e sincera.

Jesus continua a ser um desconhecido. Muitos já não conseguem intuir o que é entender e viver a vida a partir Dele. Entretanto, o que nós seguidores estamos fazendo? Falamos a alguém de Jesus? Tornamo-lo credível com as nossas vidas? Deixamos de ser suas testemunhas?

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

“Abrir-nos a Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

 

Então voltou os olhos para o céu e, com um profundo suspiro, disse-lhe: <Efatá!>, que significa <abra-se!> 

Com isso, os ouvidos do homem se abriram, sua língua ficou livre e ele começou a falar corretamente.” (Mc 7, 34-35)

Abaixo, uma boa reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 7, 31-37 (Jesus e o surdo-mudo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

03 Setembro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 7,31-37, que corresponde ao 23º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Abrir-nos a Jesus

A cena é conhecida. Apresentam a Jesus um homem surdo que, como resultado da sua surdez, mal consegue falar. A sua vida é uma desgraça. Só se ouve a si próprio. Não pode ouvir os seus parentes e vizinhos. Não pode conversar com os amigos. Tampouco pode escutar as parábolas de Jesus ou compreender sua mensagem. Vive preso na sua própria solidão.

Jesus leva-o consigo e concentra-se no seu trabalho curador. Insere os dedos nos seus ouvidos e procura vencer essa resistência que não o deixa ouvir ninguém. Com a sua saliva umedece aquela língua paralisada para dar fluidez à sua palavra. Não é fácil. O surdo-mudo não colabora, e Jesus faz um último esforço. Respira profundamente, lança um forte suspiro olhando o céu em busca da força de Deus, e depois grita ao doente: «Abre-te!».

Aquele homem sai do seu isolamento e, pela primeira vez, descobre o que é viver escutando os outros e conversando abertamente com todos. As pessoas ficam admiradas: Jesus faz tudo bem, como o Criador, «faz ouvir os surdos e falar os mudos».

Não é por acaso que os Evangelhos narram tantas curas de cegos e surdos. Estes relatos são um convite a deixar-se trabalhar por Jesus para abrir bem os olhos e ouvidos à sua pessoa e à sua palavra. Discípulos surdos à sua mensagem serão como «gagos» a anunciar o evangelho.

Viver dentro da Igreja com uma mentalidade «aberta» ou «fechada» pode ser uma questão de atitude mental ou de posição prática, quase sempre fruto da própria estrutura psicológica ou da formação recebida. Mas quando se trata de «abrir-se» ou «fechar-se» ao Evangelho, o assunto é de importância decisiva.

Se vivemos surdos à mensagem de Jesus, se não entendemos seu projeto, se não captamos o seu amor pelos que sofrem, encerrar-nos-emos nos nossos problemas e não escutaremos os das pessoas. Mas então não saberemos anunciar a Boa Nova de Jesus. Deformaremos sua mensagem. A muitos será difícil entender o nosso «evangelho». Não necessitaremos abrir-nos a Jesus para nos deixarmos curar da nossa surdez?

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho