Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 24 de abril de 2021

“A necessidade de um guia”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

  

“Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.
Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas.”  (Jo 10, 14-15)

Abaixo, uma ótima reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 10, 11-18 (O bom pastor dá a vida). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

23 Abril 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 10,11-18, que corresponde ao 4° Domingo de Páscoa, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. A tradução é de Ana Casarotti.

Eis o texto

Para os primeiros crentes, Jesus não é só um pastor, mas sim o verdadeiro e autêntico pastor. O único líder capaz de orientar e dar verdadeira vida ao ser humano. Esta fé em Jesus como verdadeiro pastor e guia adquire uma nova atualidade numa sociedade massificada como a nossa, onde as pessoas correm o risco de perder a sua própria identidade e de ficar atordoadas ante tantas vozes e reivindicações.

A publicidade e os meios de comunicação social impõem ao indivíduo não só a roupa que deve vestir, a bebida que deve tomar ou a música que deve escutar. Também nos impõem os hábitos, os costumes, as ideias, os valores, o estilo de vida e a conduta que temos de adotar.

Os resultados são palpáveis. São muitas vítimas desta «sociedade-aranha». Pessoas que vivem «segundo a moda». Gente que já não atua por iniciativa própria. Homens e mulheres que procuram sua pequena felicidade, esforçando-se por ter esses objetos, ideias e condutas ditados de fora.

Expostos a tantas chamadas e reivindicações, corremos o risco de já não escutar a voz do nosso próprio interior. É triste ver as pessoas esforçarem-se por viver um estilo de vida "imposto" de fora, que simboliza para eles o bem-estar e a verdadeira felicidade.

Nós cristãos, acreditamos que só Jesus pode ser o guia definitivo do ser humano. Só a partir dele podemos aprender a viver. Precisamente, o cristão é aquele que, a partir de Jesus, vai descobrindo dia a dia qual é a forma mais humana de viver.

Seguir Jesus como bom pastor é interiorizar as atitudes fundamentais que Ele viveu, e esforçarmo-nos por vivê-las hoje desde a nossa própria originalidade, prosseguindo a tarefa de construir o reino de Deus que Ele começou.

Mas enquanto a meditação for substituída pela televisão, o silêncio interior pelo ruído e o seguir da própria consciência pela submissão cega à moda, será difícil que escutemos a voz do Bom Pastor, que nos pode ajudar a viver no meio desta «sociedade de consumo» que consome os seus consumidores.

Fonte: Comentário do Evangelho

sábado, 17 de abril de 2021

“Companheiro de caminho”. – Reflexão de José Antônio Pagola. Excelente!

“Enquanto falavam sobre isso, o próprio Jesus apresentou-se entre eles e lhes disse: "Paz seja com vocês!" Eles ficaram assustados e com medo, pensando que estavam vendo um espírito.  Ele lhes disse: "Por que vocês estão perturbados e por que se levantam dúvidas no coração de vocês? Vejam as minhas mãos e os meus pés. Sou eu mesmo! Toquem-me e vejam; um espírito não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho". (Lc 24, 36-39)

Abaixo, uma boa reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 25, 31-46 (Jesus ressuscitado aparece aos discípulos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

16 Abril 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Lucas 24,35-48, que corresponde ao 3° Domingo de Páscoa, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.  

Eis o texto

Há muitas maneiras de colocar obstáculos à verdadeira fé. Há a atitude do «fanático», que se agarra a um conjunto de crenças sem nunca se deixar interrogar por Deus e sem jamais ouvir ninguém que possa questionar a sua posição. A sua é uma fé fechada, onde falta acolhimento e escuta do Mistério e onde sobra arrogância. Esta fé não liberta da rigidez mental nem ajuda a crescer, pois não se alimenta do verdadeiro Deus.

Há também a posição do «cético», que não procura nem se interroga, pois já não espera nada de Deus, nem da vida, nem de si mesmo. A sua é uma fé triste e apagada. Falta nela o dinamismo da confiança. Não vale a pena. Tudo se resume a continuar a viver, sem mais.

Há também a posição do «indiferente», que já não se interessa nem pelo sentido da vida nem pelo mistério da morte. Sua vida é pragmatismo. Só lhe interessa o que lhe pode proporcionar segurança, dinheiro ou bem-estar. Deus diz-lhe cada vez menos. Na verdade, para que pode servir acreditar nele?

Há também quem se sinta «proprietário da fé», como se esta consistisse num «capital» recebido no batismo e que está aí, não se sabe muito bem onde, sem ter que se preocupar muito. Esta fé não é fonte de vida, mas «herança» ou «costume» recebida de outros. Podia livrar-se dela sem sentir sua falta.

Há também a «fé infantil» daqueles que não acreditam em Deus, mas sim naqueles que falam dele. Nunca tiveram a experiência de dialogar sinceramente com Deus, de procurar seu rosto, ou de se abandonar no seu mistério. Basta-lhes acreditar na hierarquia ou confiar «nos que sabem dessas coisas». Sua fé não é experiência pessoal. Falam de Deus «de ouvir dizer».

Em todas estas atitudes falta o mais essencial da fé cristã: o encontro pessoal com Cristo. A experiência de caminhar pela vida acompanhados por alguém vivo com quem podemos contar e em quem podemos confiar. Só Ele nos pode fazer viver, amar e esperar apesar dos nossos erros, fracassos e pecados.

Segundo o relato do evangelho, os discípulos de Emaús contavam «o que lhes tinha acontecido no caminho». Caminhavam tristes e desesperançados, mas algo novo se despertou neles ao encontrarem-se com um Cristo próximo e cheio de vida. A verdadeira fé sempre nasce do encontro pessoal com Jesus como «companheiro de caminho».

   Fonte:IHU – Comentário do Evngelho


 

sábado, 10 de abril de 2021

“Novo início” – Reflexão de José Antonio Pagola.

Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. ". (Jo 20,19)

Hoje trago para este espaço uma reflexão curta, porém muito interessante. É do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola. Tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 20, 19-31 (Jesus aparece aos discípulos).

Vale a pena conferir.

WCejnog


IHU – ADITAL

09 Abril 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 20,19-31, que corresponde ao 2° Domingo de Páscoa, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Aterrorizados com a execução de Jesus, os discípulos refugiam-se numa casa conhecida. De novo estão reunidos, mas Jesus já não está com eles. Na comunidade há um vazio que ninguém pode preencher. Falta-lhes Jesus. Não podem escutar as suas palavras cheias de fogo. Não podem vê-Lo abençoando com ternura os desgraçados. A quem seguirão agora?

Está anoitecendo em Jerusalém e também no seu coração. Ninguém os pode consolar da sua tristeza. Pouco a pouco, o medo vai-se apoderando de todos, mas não têm a Jesus para que fortaleça o seu ânimo. A única coisa que lhes dá alguma segurança é «fechar as portas». Já ninguém pensa em sair pelos caminhos a anunciar o reino de Deus e curar a vida. Sem Jesus, como vão espalhar sua Boa Nova?

O Evangelista João descreve de forma insuperável a transformação que se produz nos discípulos quando Jesus, cheio de vida, se torna presente no meio deles. O Ressuscitado está de novo no centro da sua comunidade. Assim deve ser para sempre. Com Ele tudo é possível: libertarmo-nos do medo, abrir as portas e pôr em marcha a evangelização.

Segundo o relato, a primeira coisa que Jesus infunde na sua comunidade é a sua paz. Nenhuma censura por O terem abandonado, nenhuma queixa ou reprovação. Só paz e alegria. Os discípulos sentem o seu alento criador. Tudo começa de novo. Impulsionados pelo seu Espírito, continuarão a colaborar ao longo dos séculos no mesmo projeto salvador que o Pai confiou a Jesus.

O que a Igreja necessita hoje não são apenas reformas religiosas e apelos à comunhão. Necessitamos de experimentar nas nossas comunidades um «novo início» a partir da presença viva de Jesus no meio de nós. Só Ele deve ocupar o centro da Igreja. Só ele pode impulsionar a comunhão. Só ele pode renovar os nossos corações.

Não bastam os nossos esforços e trabalhos. É Jesus quem pode desencadear a mudança de horizonte, a libertação do medo e dos receios, o novo clima de paz e serenidade de que tanto necessitamos para abrir as portas e ser capazes de partilhar o evangelho com os homens e mulheres do nosso tempo.

Mas temos de aprender a acolher com fé sua presença entre nós. Quando Jesus volta a apresentar-se depois de oito dias, o narrador diz-nos que, todavia, as portas continuam fechadas. Não é somente Tomé que tem de aprender a acreditar com confiança no Ressuscitado. Também os outros discípulos devem ir superando pouco a pouco as dúvidas e medos que ainda os fazem viver com as portas fechadas à evangelização. 

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho