Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 26 de novembro de 2022

“Reagir”. – Reflexão de José Antonio Pagola. I Domingo de Advento.

 

Por isso, também vós ficai preparados! Porque, na hora em que menos pensais, o Filho do Homem virá”. Mt 24,44)

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 24,37-44 (Jesus ensina os discípulos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.  Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

24 Novembro 2022

Reagir  

Os ensaios que conheço sobre o momento atual insistem muito nas contradições da sociedade contemporânea, na gravidade da crise sociocultural e econômica e na natureza decadente desses tempos.

Sem dúvida, eles também falam de fragmentos de bondade e beleza, e gestos de nobreza e generosidade, mas tudo isso parece estar escondido pela força do mal, pela deterioração da vida e pela injustiça. No final, são todas "profecias de desventuras".

Uma informação extremamente esperançosa é geralmente esquecida. Cresce na consciência de muitas pessoas um sentimento de indignação por tanta injustiça, degradação e sofrimento. Há muitos homens e mulheres que já não se conformam a aceitar uma sociedade tão pouco humana. Do seu coração brota um firme "não" ao desumano.

Essa resistência ao mal é comum a cristãos e agnósticos. Como disse o teólogo holandês E. Schillebeeckx, pode-se falar na sociedade moderna de "uma frente comum, de crentes e não crentes, diante de um mundo melhor, com aspecto mais humano".

No fundo dessa reação há uma busca por algo diferente, um reduto de esperança, um anseio por algo que nesta sociedade não se realiza. É a sensação de que poderíamos ser mais humanos, mais felizes e melhores em uma sociedade mais justa, embora sempre limitada e precária.

Neste contexto, o chamado de Jesus assume uma relevância particular: «Estai despertos». São palavras que nos convidam a acordar e viver com mais lucidez, sem nos deixarmos arrastar e modelar passivamente pelo que se impõe nesta sociedade.

Talvez este seja o primeiro chamado para cada um: Reaja e mantenha despertas a resistência e a rebelião! Atreva-se a ser diferente. Não aja como todo mundo. Não se identifique com a desumanidade desta sociedade. Viva em contradição a tanta mediocridade e falta de bom senso. Inicie a reação!

Devemos ser encorajados por duas convicções. O homem não perdeu sua capacidade de ser mais humano e de organizar uma sociedade mais digna. Por outro lado, o Espírito de Deus continua a agir na história e no coração de cada pessoa.

É possível mudar o rumo errado que esta sociedade está tomando. O que é preciso é que haja cada vez mais pessoas lúcidas que se atrevem a introduzir bom senso em meio a tanta loucura, senso moral em meio a tanto vazio ético, calor humano e solidariedade em meio a tanto pragmatismo sem coração.

1º Advento – A

(Mateus 24,37-44)

27 de novembro

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook 

sábado, 19 de novembro de 2022

“Mártir fiel”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


"Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal". Então ele disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino". Jesus lhe respondeu: "Eu garanto: Hoje você estará comigo no paraíso".(Lc 23, 41-43)

Solenidade de Cristo Rei

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 23,35-43 (Jesus entre os malfeitores). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

16 Novembro 2022

Mártir fiel

Os cristãos atribuíram vários nomes ao Crucificado: "redentor", "salvador", "rei", "libertador". Podemos abordá-lo com gratidão: ele nos resgatou da perdição. Podemos contemplá-lo comovidos: ninguém nos amou assim. Podemos abraçá-lo para encontrar força em meio aos nossos sofrimentos e tristezas. Entre os primeiros cristãos, ele também foi chamado de "mártir", ou seja, "testemunha". Um escrito chamado Apocalipse, escrito por volta do ano 95, vê no Crucificado o "fiel mártir", "fiel testemunha". Da cruz, Jesus se apresenta a nós como testemunha fiel do amor de Deus e também de uma existência identificada com os últimos. Não devemos esquecê-lo.

Ele se identificou tanto com as vítimas inocentes que acabou como elas. Sua palavra incomodava. Ele havia ido longe demais ao falar de Deus e de sua justiça. Nem o Império nem o templo poderiam consentir com isso. Tinha que ser removido.

Talvez, antes de Paulo começar a elaborar sua teologia da cruz, esta convicção fosse vivida entre os pobres da Galiléia: "Ele morreu por nós", "por nos defender até o fim", "por ousar falar de Deus como defensor dos últimos".

Olhando para o Crucificado, devemos recordar instintivamente a dor e a humilhação de tantas vítimas desconhecidas que, ao longo da história, sofreram, sofrem e sofrerão esquecidas por quase todos. Seria uma zombaria beijar o Crucificado, invocá-lo ou adorá-lo enquanto vivemos indiferentes a todo sofrimento que não é nosso.

O crucifixo está desaparecendo de nossas casas e instituições, mas os crucificados ainda estão lá. Podemos vê-los todos os dias em qualquer noticiário. Devemos aprender a venerar o Crucificado não em um pequeno crucifixo, mas nas vítimas inocentes da fome e da guerra, nas mulheres assassinadas por seus parceiros, naquelas que se afogam quando seus barcos afundam.

Confessar o Crucificado não é apenas fazer grandes profissões de fé. A melhor maneira de aceitá-lo como Senhor e Redentor é imitá-lo vivendo identificado com aqueles que sofrem injustamente.

Jesus Cristo, Rei do Universo

C (Lucas 23,35-43)

20 de novembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook