Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 26 de julho de 2019

“As três chamadas de Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



"E eu vos digo: pedi, e vos será dado; buscai, e achareis; batei, e vos será aberta. Pois todo aquele que pede, recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá." (Jo 11, 9-10)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Lc 11, 1-13 (“Senhor, ensina-nos a rezar”).
Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler.
WCejnog



IHU – ADITAL
26 Julho 2019

As três chamadas de Jesus

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lc 11,1-13, que corresponde ao 17° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

“Eu vos digo: Peçam e lhes será dado. Procurem e encontrarão! Chamai e se vos abrirá.”  É provável que Jesus tenha proferido essas palavras quando se deslocava pelas aldeias da Galileia, pedindo algo para comer, procurando abrigo e batendo à porta dos vizinhos. Ele sabia aproveitar as experiências mais simples da vida para despertar a confiança dos seus seguidores no Pai Bondoso de todos.

Curiosamente, em nenhum momento nos é dito o que temos que pedir ou procurar nem em que porta bater. O importante para Jesus é a atitude. Diante do Pai devemos viver como pobres que pedem o que necessitam para viver, como pessoas perdidas que procuram o caminho que não conhecem bem, como pessoas indefesas que chamam à porta de Deus.

As três chamadas de Jesus convidam-nos a despertar a confiança no Pai, mas este convite é realizado com matizes diferentes.  “Pedir” é a atitude própria do pobre. Temos que pedir a Deus o que não podemos dar a nós mesmos: o alento da vida, o perdão, a paz interior, a salvação.  “Procurar” não é somente pedir. É, além disso, dar passos para conseguir o que não está ao nosso alcance. Assim, devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça: um mundo mais humano e digno para todos.  “Chamar” é bater à porta, insistir, gritar a Deus quando o sentimos longe.

A confiança de Jesus no Pai é absoluta. Quer que os seus discípulos nunca o esqueçam: o que pede, está a receber; o que procura encontra e o que chama se lhe abre. Jesus não diz o que recebem concretamente os que estão a pedir, o que encontram os que procuram ou o que alcançam os que gritam. Sua promessa é outra: aqueles que confiam em Deus, recebem; aqueles que acodem a Ele recebem “coisas boas”.

Jesus não dá explicações complicadas. Dá três exemplos que os pais e as mães de todos os tempos podem entender. Quem é o pai ou a mãe que, quando o filho lhe pede um pedaço de pão, lhe dá uma pedra como as que se veem no caminho? Ou, se lhe pede um peixe, lhe dará uma cobra? Ou, se lhe pede um ovo, lhe dará um escorpião daqueles que se veem na margem do lago?

Os pais não escarnecem dos seus filhos. Não os enganam, nem lhes dão algo que possa prejudicá-los, a não ser «coisas boas». Jesus tira rapidamente a conclusão. “Quanto mais o vosso Pai do Céu dará o seu Espírito Santo àqueles que lhe peçam”. Para Jesus, o melhor que podemos pedir e receber de Deus é seu Sopro, seu Espírito, seu Amor que sustenta e salva a nossa vida.



sexta-feira, 19 de julho de 2019

“Não há nada mais necessário”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



Respondeu o Senhor: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada". (Lc 10, 41-42)



A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Lc 10, 38-42 (Jesus visita Marta e Maria). Excelente ajuda para quem procura entender melhor as mensagens bíblicas.

Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).



Vale a pena ler.

WCejnog



 IHU – ADITAL

19Julho 2019



Não há nada mais necessário



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 10,38-42, que corresponde ao 16° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 



Eis o texto



O episódio é algo surpreendente. Os discípulos que acompanham Jesus desapareceram de cena. Lázaro, irmão de Marta e Maria, está ausente. Na casa da pequena aldeia de Betânia, Jesus encontra-se a sós com duas mulheres que adotam, diante de sua chegada, duas atitudes diferentes.



Marta, que sem dúvida é a irmã mais velha, acolhe Jesus como dona de casa e coloca-se totalmente ao seu serviço. É natural. Segundo a mentalidade da época, a dedicação aos afazeres domésticos era tarefa exclusiva da mulher. Maria, pelo contrário, a irmã mais nova, senta-se aos pés de Jesus para escutar sua palavra. A sua atitude é surpreendente, pois ela está ocupando o lugar próprio de um “discípulo”, que corresponde somente aos homens.



Em determinado momento, Marta, absorta pelo trabalho e muito cansada, sente-se abandonada pela sua irmã e incompreendida por Jesus: “Senhor, não te importa que minha irmã me deixe sozinha com todo o serviço? Manda que ela venha ajudar-me!”. Por que não manda a sua irmã que se dedique às tarefas próprias de toda mulher e deixe de ocupar o lugar reservado aos discípulos do sexo masculino?



A resposta de Jesus é de grande importância. Lucas relata-a pensando provavelmente nas divergências e pequenos conflitos que se produzem nas primeiras comunidades no momento de definir as várias tarefas: “Marta, Marta, andas inquieta e nervosa com muitas coisas, quando na realidade só uma é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada”.



Em nenhum momento Jesus critica Marta, a sua atitude de serviço, tarefa fundamental para os que seguem Jesus, mas convida-a a não se deixar absorver pelo seu trabalho até o ponto de perder a paz. Recorda que escutar sua Palavra deve ser uma prioridade para todos, também para as mulheres e não uma espécie de privilégio para os homens.



Hoje é urgente entender e organizar a comunidade cristã como um lugar onde se cuida, acima de tudo, do acolhimento do Evangelho no meio da sociedade secular e pluralista dos nossos dias. Nada é mais importante. Nada é mais necessário. Temos de aprender a reunirmo-nos mulheres e homens, crentes e menos crentes, em pequenos grupos para escutar e partilhar juntos as palavras de Jesus.



Esta escuta do Evangelho em pequenas “células” pode ser hoje a “matriz” a partir da qual se vá regenerando o tecido das nossas paróquias em crise. Se o povo humilde conhece em primeira mão o Evangelho de Jesus, o desfruta e o reivindica à hierarquia, nos arrastará a todos em direção a Jesus.