“Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: `A paz esteja nesta casa!' Se ali
morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre
ele; se não, ela voltará para vós.” (Lc 10, 5-6)
Abaixo, uma reflexão
muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 10, 1-12.17-20 (Jesus envia os discípulos).
É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na
no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a
pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
05
Julho 2019
A
paz de Deus
A
leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lc 10,1-12.17-20 que corresponde
ao 14° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José
Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
De poucas palavras se abusou tanto como da palavra
«paz». Todos nós falamos de «paz», mas o significado desse termo foi
mudando profundamente, afastando-se cada vez mais do seu sentido bíblico. O seu
uso interesseiro fez da paz um termo ambíguo e problemático. Hoje, em geral, as
mensagens de paz resultam muito suspeitosas e não conseguem muita
credibilidade.
Quando se fala em paz nas primeiras comunidades
cristãs, não se pensa, antes de tudo, numa vida mais calma e menos
problemática, que corre de forma ordeira ao longo de caminhos de maior
progresso e bem-estar. Antes de tudo e na origem de qualquer paz individual ou
social está a convicção de que todos são aceites por Deus apesar dos nossos
erros e contradições, todos podemos viver reconciliados e em amizade com ele.
Isto é o primordial e decisivo: «Estamos em paz com Deus» (Romanos 5,1).
Essa paz não é só a ausência de conflitos, mas uma
vida mais plena que nasce da total confiança em Deus e afeta o próprio
centro da pessoa. Essa paz não depende apenas de circunstâncias externas. É uma
paz que brota do coração, conquistando gradualmente a toda a pessoa e dela se
estende aos outros.
Essa paz é um presente de Deus, mas também fruto
de um trabalho não pequeno que pode prolongar-se durante toda uma vida.
Receber a paz de Deus e guardá-la fielmente no coração, mantê-la no meio dos
conflitos e contagiá-la, difundi-la aos outros exige o esforço apaixonado, mas
não fácil, de unificar e enraizar a vida em Deus.
Essa paz não é uma compensação psicológica ante a
falta de paz na sociedade; não é uma evasão pragmática que se afasta dos
problemas e conflitos; não se trata de um refúgio confortável para pessoas
decepcionadas ou céticas ante uma paz social quase «impossível». Se for a
verdadeira paz de Deus, converte-se no melhor estímulo para viver trabalhando
por uma convivência pacífica feita entre todos e para o bem de todos.
Jesus pede aos Seus discípulos que, ao anunciar o
reino de Deus, a sua primeira mensagem seja para oferecer paz a todos: «Dizei
primeiro: paz a esta casa». Se a paz for aceita, irá estender-se pelas
aldeias da Galileia. Caso contrário, ela «voltará» de novo para eles, mas nunca
deve ficar destruída no seu coração, pois a paz é um presente de Deus.
Fonte: IHU – Comentário doEvangelho
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