Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 31 de julho de 2020

“Criar fraternidade”. - Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


"Caía a tarde. Agrupados em volta dele, os discípulos disseram-lhe: “Este lugar é deserto e a hora é avançada. Despede esta gente para que vá comprar víveres na aldeia”. Jesus, porém, respondeu: “Não é necessário: dai-lhe vós mesmos de comer”. (Mt 14, 15-16)

Abaixo, uma boa reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 14, 13-21  (primeira multiplicação dos pães). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

31 Julho 2020

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Mateus capítulo 14,13-21 que corresponde ao 18° Domingo do ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Um provérbio oriental diz que «quando o dedo do profeta aponta para a lua, o tolo olha para o dedo». Algo semelhante poderia ser dito de nós quando fixamos exclusivamente no caráter portentoso dos milagres de Jesus, sem alcançar a mensagem que eles contêm.

Porque Jesus não foi um milagreiro dedicado a realizar prodígios propagandísticos. Seus milagres são sinais que abrem uma brecha neste mundo de pecado e apontam já para uma realidade nova, meta final do ser humano.

Concretamente, o milagre da multiplicação dos pães convida-nos a descobrir que o projeto de Jesus é alimentar os homens e reuni-los numa fraternidade real na qual saibam como partilhar «Seu pão e Seu peixe» como irmãos.

Para o cristão, a fraternidade não é uma exigência junto com outras. É a única maneira de construir, entre os homens, o reino do Pai. Essa fraternidade pode ser mal entendida. Com demasiada frequência a confundimos com «um egoísmo vivo que sabe comportar-se muito decentemente» (Karl Rahner).

Pensamos que amamos o nosso próximo simplesmente porque não lhe fazemos nada especialmente mau, embora mais tarde vivamos com um horizonte mesquinho e egoísta, despreocupados de todos, movidos apenas pelos nossos próprios interesses.

A Igreja, enquanto «sacramento de fraternidade», é chamada a promover, em cada momento da história, novas formas de estreita fraternidade entre os homens. Os crentes devem aprender a viver com um estilo mais fraterno, escutando as novas necessidades do homem de hoje.

A luta pelo desarmamento, a proteção do meio ambiente, a solidariedade com os famintos, o partilhar com os desempregados as consequências da crise econômica, a ajuda aos drogados, a preocupação com os idosos sozinhos e esquecidos... são outras tantas exigências para quem se sente irmão e quer «multiplicar» por todos o pão que os homens necessitam para viver.

O relato do evangelho lembra-nos de que não podemos comer tranquilos o nosso pão e o nosso peixe, enquanto junto a nós há homens e mulheres ameaçados por tantas «fomes». Os que vivem tranquilos e satisfeitos devem ouvir as palavras de Jesus: «Dai-lhes vós de comer».

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho



sexta-feira, 24 de julho de 2020

“Descobrir o projeto de Deus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.



“Então perguntou Jesus: Vocês entenderam todas essas coisas?  - Sim, responderam eles.” (Mt 13,51)

Hoje trago para este espaço uma reflexão muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 13, 44-52 (Jesus ensina usando as parábolas). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

24 Julho 2020

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Mateus capítulo 13,44-52 que corresponde ao 17° Domingo do ciclo A do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto.

Não era fácil acreditar em Jesus. Alguns se sentiam atraídos pelas suas palavras. Em outros, pelo contrário, surgiam não poucas dúvidas. Era razoável seguir Jesus ou era uma loucura?

Hoje ocorre o mesmo: vale a pena comprometer-se com seu projeto de humanizar a vida ou é mais prático ocupar-nos cada um do nosso próprio bem-estar? Entretanto pode-se passar a vida sem tomar nenhuma decisão.

Jesus conta duas breves parábolas. Nos dois relatos, o respectivo protagonista encontra um tesouro enormemente valioso ou uma pérola de valor incalculável. Os dois reagem da mesma forma: vendem tudo o que têm e ficam com o tesouro ou com a pérola. É, sem dúvida, o mais sensato e razoável.

O reino de Deus está “oculto”. Muitos ainda não descobriram o grande plano de Deus para um novo mundo. No entanto, não é um mistério inacessível. Está “oculto” em Jesus, na sua vida e na sua mensagem. Uma comunidade cristã que não descobriu o reino de Deus não conhece bem Jesus, não pode seguir seus passos.

A descoberta do reino de Deus muda a vida de quem o descobre. Sua “alegria” é inconfundível. Encontrou o essencial, o melhor de Jesus, o que pode transformar a sua vida. Se os cristãos não descobrirem o projeto de Jesus, na Igreja não haverá alegria.

Os dois protagonistas das parábolas tomam a mesma decisão: “vendem tudo o que têm”. Nada é mais importante do que “procurar o reino de Deus e sua justiça”. Todo o resto vem depois, é relativo e deve estar subordinado ao projeto de Deus.

Esta é a decisão mais importante que temos que tomar na Igreja e nas comunidades cristãs: libertar-nos de tantas coisas acidentais para nos comprometermos com o reino de Deus. Despojar-nos do supérfluo. Esquecer-nos de outros interesses. Saber “perder” para “ganhar” na autenticidade. Se o fizemos, estamos colaborando na conversão da Igreja.

 Fonte:IHU – Comentário do Evangelho