Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

“Nova identidade cristã”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!

A seguir apareceu uma nuvem e os envolveu, e dela saiu uma voz, que disse: "Este é o meu Filho amado. Ouçam-no!" (Mc 9, 7)

Hoje trago para este espaço uma importante reflexão, bem atual, que pode-nos ajudar a entender melhor que a adesão a Jesus é a questão fundamental na vida de quem se considera cristão. O que significa isso?

Como base desta reflexão temos aqui o texto bíblico Mc 9, 2-10 (Transfiguração de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler! 

WCejnóg

IHU – ADITAL

26 Fevereiro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 9,2-10, que corresponde ao 2° Domingo de Quaresma, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

Para ser cristão, a coisa mais decisiva não são as coisas que uma pessoa acredita, mas que relação vive com Jesus. As crenças geralmente não mudam as nossas vidas. Pode-se acreditar que Deus existe, que Jesus ressuscitou e muitas outras coisas, mas não ser um bom cristão. É a adesão a Jesus e o contato com ele que nos pode transformar.

Nos evangelhos pode ler-se uma cena que tradicionalmente passou a ser chamada de «transfiguração» de Jesus. Já não é possível reconstruir a experiência histórica que deu origem ao relato. Só sabemos que era um texto muito querido entre os primeiros cristãos, pois, entre outras coisas, os encorajava a acreditar apenas em Jesus.

A cena situa-se numa «montanha alta». Jesus está acompanhado por dois personagens lendários da história judaica: Moisés, representante da Lei, e Elias, o profeta mais querido da Galileia. Só Jesus aparece com o rosto transfigurado. Desde o interior de uma nuvem, ouve-se uma voz: «Este é o meu filho querido. Escutai-O».

O importante não é acreditar em Moisés ou Elias, mas sim escutar Jesus e ouvir a sua voz, a do Filho amado. O mais decisivo não é acreditar na tradição ou nas instituições, mas sim centrar as nossas vidas em Jesus. Viver uma relação consciente e cada vez mais comprometida com Jesus Cristo. Só então se pode ouvir a sua voz no meio da vida, na tradição cristã e na Igreja.

Só esta comunhão crescente com Jesus vai transformando a nossa identidade e os nossos critérios, vai curando a nossa forma de ver a vida, libertando-nos de escravidões, vai fazendo crescer a nossa responsabilidade evangélica.

Desde Jesus podemos viver de forma diferente. As pessoas já não são simplesmente atraentes ou desagradáveis, interessantes ou sem interesses. Os problemas não são assuntos de cada um. O mundo não é um campo de batalha onde cada um se defende como pode. Começa a doer-nos o sofrimento dos mais indefesos. Atrevemo-nos a trabalhar por um mundo um pouco mais humano. Podemos parecer-nos mais com Jesus.

Fonte: IHU – Comentário doEvangelho

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

“A conversão faz-nos bem”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

Logo após, o Espírito o impeliu para o deserto. Ali esteve quarenta dias, sendo tentado por Satanás. Estava com os animais selvagens, e os anjos o serviam.
Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galiléia, proclamando as boas novas de Deus. "O tempo é chegado", dizia ele. "O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas! "
(Mc 1, 12-15)

Hoje trago para este blog uma bonita reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 1, 12-15 (Conversão e fé). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU - ADITAL

19 Fevereiro 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 1,12-15, que corresponde ao 1° Domingo de Quaresma, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A chamada à conversão evoca quase sempre em nós a memória do esforço exigente, próprio de todo o trabalho de renovação e purificação. No entanto, as palavras de Jesus, «Convertei-vos e acreditai na Boa Nova», convidam-nos a descobrir a conversão como um passo para uma vida mais completa e gratificante.

O Evangelho de Jesus vem dizer-nos algo que nunca devemos esquecer: «É bom converter-se. Faz-nos bem. Permite-nos experimentar um modo novo de viver, mais saudável e alegre. Dispõem-nos a entrar no projeto de Deus para construir um mundo mais humano». Alguém se perguntará: mas, como viver essa experiência? Que passos dar?

O primeiro é parar. Não termos medo de ficar sozinhos conosco mesmos para nos fazermos as perguntas importantes da vida: quem sou eu? O que estou fazendo com a minha vida? É isto o único que quero viver?

Este encontro consigo mesmo requer sinceridade. O importante é não continuarmos a enganar-nos por mais tempo. Procurar a verdade do que estamos vivendo. Não nos empenharmos em ocultar o que somos e parecer o que não somos. É possível que experimentemos então o vazio e a mediocridade. Apresentam-se diante de nós atuações e posturas que estão arruinando nossa vida. Não é isto o que teríamos querido. No fundo desejamos viver algo melhor e mais alegre.

Descobrir como estamos prejudicando nossa vida não tem que nos afundar no pessimismo ou no desespero. Esta consciência de pecado é saudável. Dignifica-nos e ajuda-nos a recuperar a autoestima. Nem tudo é mau e ruim em nós. Dentro de cada um atua sempre uma força que nos atrai e empurra para o bem, o amor e a bondade. É Deus que quer uma vida mais digna para todos.

A conversão exige-nos sem dúvida introduzir mudanças concretas na nossa forma de atuar. Mas a conversão não consiste nessas mudanças. Ela própria é a mudança. Converter-se é mudar o coração, adotar uma nova postura na vida, tomar uma direção mais saudável. Colaborar no projeto de Deus.

Todos, crentes e menos crentes, podem dar os passos mencionados até aqui. A sorte do crente é poder viver esta experiência abrindo-se confiadamente a Deus. Um Deus que se interessa por mim mais do que eu próprio, para resolver não os meus problemas, mas «o problema», essa minha vida medíocre e fracassada que parece não ter solução. Um Deus que me entende, me espera, me perdoa e que me quer ver viver de forma mais plena, alegre e gratificante.

Por isso o crente vive a sua conversão invocando Deus com as palavras do salmista: «Tem misericórdia de mim, Ó Deus, segundo a tua bondade. Lava-me completamente da minha culpa, limpa o meu pecado. Cria em mim um coração limpo. Renova-me por dentro. Devolve-me a alegria da tua salvação» (Sal 51).

Fonte:IHU – Comentário do Evangelho