Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 27 de abril de 2024

“Contato vital”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

"Eu sou a videira; vocês são os ramos. Se alguém permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim vocês não podem fazer coisa alguma. Se alguém não permanecer em mim, será como o ramo que é jogado fora e seca. Tais ramos são apanhados, lançados ao fogo e queimados.” (Jo, 15,5-6)

Hoje temos uma ótima reflexão, muito relevante, baseada no texto bíblico João 15,1-8 (Jesus, a videira verdadeira). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 


Por José Antonio Pagola

24 de abril de 2024

CONTATO VITAL

Segundo o relato evangélico de João, na véspera da sua morte, Jesus revela aos seus discípulos o seu desejo mais profundo: “Permanecer em mim”. Ele conhece sua covardia e mediocridade. Em muitas ocasiões ele os censurou pela falta de fé. Se você não permanecer vitalmente unido a ele, não conseguirá sobreviver.

As palavras de Jesus não poderiam ser mais claras e expressivas: “Assim como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira, assim também vocês não podem dar fruto, se não permanecerem em mim”. Se você não permanecer firme no que aprendeu e viveu com ele, sua vida será estéril. Se você não viver pelo seu Espírito, o que foi iniciado por ele será extinto.

Jesus usa uma linguagem forte: “Eu sou a videira e vocês são os ramos”. A seiva que vem de Jesus deve fluir através dos discípulos. Eles nunca devem esquecer isso. “Aquele que permanece em mim e eu nele, esse dá frutos abundantes, porque sem mim nada podeis fazer.” Separados de Jesus, seus discípulos nada podem fazer.

Jesus não apenas pede que permaneçam nele. Ele também lhes diz que “suas palavras permanecerão neles”. Não se esqueçe deles. Deixa-os viver pelo seu evangelho. Essa é a fonte da qual eles devem beber. Ele já lhe havia dito em outra ocasião: “As palavras que lhes falei são espírito e vida”.

O Espírito do Senhor Ressuscitado permanece hoje vivo e ativo na sua Igreja de múltiplas maneiras, mas a sua presença e o seu apelo invisíveis adquirem traços visíveis e uma voz concreta graças à memória guardada nas histórias evangélicas por aqueles que o conheceram de perto e o seguiram. Nos evangelhos entramos em contato com sua mensagem, seu estilo de vida e seu projeto para o reino de Deus.

Por esta razão, os evangelhos contêm a força mais poderosa que as comunidades cristãs possuem para regenerar as suas vidas. A energia que precisamos para recuperar a nossa identidade como seguidores de Jesus. O evangelho de Jesus é o instrumento pastoral mais importante para renovar a Igreja hoje.

Muitos bons cristãos nas nossas comunidades só conhecem os evangelhos “de segunda mão”. Tudo o que sabem sobre Jesus e a sua mensagem provém daquilo que puderam reconstruir a partir das palavras dos pregadores e dos catequistas. Vivem a sua fé sem ter contato pessoal com “as palavras de Jesus”.

É difícil imaginar uma “nova evangelização” sem proporcionar às pessoas um contato mais direto e imediato com os evangelhos. Nada tem mais força evangelizadora do que a experiência de ouvir juntos o evangelho de Jesus a partir das perguntas, dos problemas, dos sofrimentos e das esperanças do nosso tempo.

5 Páscoa – B

João 15:1-8)

28 de abril

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 20 de abril de 2024

“Vá conosco”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.” (Jo 10,11)

Hoje temos uma excelente reflexão sobre o texto bíblico Jo 10,11-18  (Jesus Bom Pastor). 

O texto é de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

18 Abril 2024

VÁ CONOSCO

O símbolo de Jesus como bom pastor produz hoje certo aborrecimento entre alguns cristãos. Não queremos ser tratados como ovelhas num rebanho. Não precisamos de ninguém para governar e controlar nossas vidas. Queremos ser respeitados. Não precisamos de nenhum pastor.

Os primeiros cristãos não se sentiam assim. A figura de Jesus, bom pastor, logo se tornou a imagem mais querida de Jesus. Já nas catacumbas de Roma ele é representado carregando nos ombros a ovelha perdida. Ninguém pensa em Jesus como um pastor autoritário, dedicado a monitorar e controlar os seus seguidores, mas como um bom pastor que cuida das suas ovelhas.

O “bom pastor” cuida das suas ovelhas. É sua primeira característica. Nunca os abandona. Não se esqueça deles. Vive atento a eles. Ele está sempre atento aos mais fracos ou doentes. Ele não é como o pastor mercenário que, ao ver o perigo, foge para salvar a vida, abandonando o rebanho: não se preocupa com as ovelhas.

Jesus deixou uma memória indelével. As histórias evangélicas descrevem-no como preocupado com os doentes, os marginalizados, os pequenos, os mais indefesos e esquecidos, os mais perdidos. Ele não parece se importar consigo mesmo. Ele sempre é visto pensando nos outros. Ele se preocupa acima de tudo com os mais desamparados.

Mas há algo mais. “O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas”. É a segunda característica. O Evangelho de João repete esta linguagem até cinco vezes. O amor de Jesus pelas pessoas não tem limites. Ele ama os outros mais do que a si mesmo. Ele ama a todos com o amor de um bom pastor, que não foge do perigo, mas dá a vida para salvar o rebanho.

Por isso, a imagem de Jesus, “bom pastor”, tornou-se logo uma mensagem de conforto e de confiança para os seus seguidores:“todos os dias da minha vida".

Os cristãos muitas vezes vivem um relacionamento muito pobre com Jesus. Precisamos conhecer uma experiência mais viva e cativante. Não acreditamos que ele se importa conosco. Esquecemos que podemos recorrer a ele quando nos sentimos cansados ​​e sem forças, ou perdidos e desorientados.

Uma Igreja formada por cristãos que se relacionam com um Jesus pouco conhecido, confessado apenas doutrinariamente, um Jesus distante cuja voz não é bem ouvida nas comunidades... corre o risco de esquecer o seu Pastor. Mas quem cuidará da Igreja senão o seu Pastor?

4 Páscoa – B

(João 10:11-18)

Abril, 21

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook 

sábado, 13 de abril de 2024

“Com as vítimas”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

“Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”.  ( Lc 24, 38-39)

 

Hoje temos uma ótima reflexão, baseada no texto bíblico Lucas 24,35-48

(Jesus ressuscitado aparece aos onze). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

10 Abril 2024

COM AS VÍTIMAS

Segundo as histórias evangélicas, o Ressuscitado apresenta-se aos seus discípulos com as chagas do Crucificado. Não se trata de um detalhe banal, de interesse secundário, mas de uma observação de importante conteúdo teológico. As primeiras tradições cristãs insistem, sem exceção, num fato que, em geral, hoje não costumamos valorizar na devida medida: Deus não ressuscitou qualquer um; Ele ressuscitou um homem crucificado.

Mais concretamente, ressuscitou alguém que anunciou um Pai que ama os pobres e perdoa os pecadores; alguém que demonstrou solidariedade com todas as vítimas; alguém que, tendo sido perseguido e rejeitado, manteve até ao fim a sua total confiança em Deus.

A ressurreição de Jesus é, portanto, a ressurreição de uma vítima. Ao ressuscitar Jesus, Deus não apenas liberta uma pessoa morta da destruição da morte. Além disso, ele “faz justiça” a uma vítima de homens. E isto lança uma nova luz sobre o “ser de Deus”.

Na ressurreição não é apenas manifestada a nós a onipotência de Deus sobre o poder da morte. O triunfo da sua justiça sobre as injustiças cometidas pelos seres humanos também nos é revelado. Finalmente e completamente, a justiça triunfa sobre a injustiça, a vítima sobre o carrasco.

Esta é a grande notícia. Deus se revela a nós em Jesus Cristo como o “Deus das vítimas”. A ressurreição de Cristo é a “reação” de Deus ao que os seres humanos fizeram com seu Filho. Isto é sublinhado pela primeira pregação dos discípulos: «Vós mataste-o, colocando-o numa cruz... mas Deus o ressuscitou dos mortos». Onde colocamos morte e destruição, Deus coloca vida e libertação.

Na cruz, Deus ainda está silencioso. Este silêncio não é uma manifestação da sua impotência para salvar o Crucificado. É uma expressão da sua identificação com quem sofre. Deus está ali compartilhando o destino das vítimas até o fim. Quem sofre deve saber que não está mergulhado na solidão. O próprio Deus está em seu sofrimento.

Na ressurreição, pelo contrário, Deus fala e age para mobilizar a sua força criadora em favor do Crucificado. Deus tem a última palavra. E é uma palavra de amor ressuscitador para com as vítimas. Aqueles que sofrem devem saber que o seu sofrimento terminará na ressurreição.

A história continua. São muitas as vítimas que hoje continuam a sofrer, maltratadas pela vida ou crucificadas injustamente. O cristão sabe que Deus está naquele sofrimento. Sabe também qual é a sua última palavra. É por isso que o seu compromisso é claro: defender as vítimas, lutar contra todo o poder que mata e desumaniza; esperar pela vitória final da justiça de Deus.

3 Páscoa – B

(Lucas 24,35-48)

14 de abril

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook