“Os outros discípulos disseram-lhe: “Vimos o Senhor”. Mas ele replicou-lhes: “Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!”. Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco!”.
Depois disse a Tomé: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé”. Respondeu-lhe Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!”. (Jo 20, 25-28)
A reflexão de hoje tem como base o texto bíblico João 20,19-31 (O exemplo de Tomé). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
03 Abril 2024
CAMINHO RUMO À FÉ
Com a ausência de Tomé, os discípulos de Jesus tiveram uma experiência sem precedentes. Assim que o veem chegar, dizem-lhe cheios de alegria: “Vimos o Senhor”. Tomé os ouve com ceticismo. Por que você acreditaria em algo tão absurdo? Como podem dizer que viram Jesus cheio de vida, se ele morreu crucificado? De qualquer forma, será outro.
Os discípulos lhe dizem que ele lhes mostrou as feridas nas mãos e no lado. Thomas não pode aceitar o testemunho de ninguém. Ele precisa ver pessoalmente: “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos pregos... e não colocar a mão no seu lado, não acreditarei”. Ele só acreditará em sua própria experiência.
Este discípulo, que ingenuamente se recusa a acreditar, vai ensinar-nos o caminho que devemos percorrer para chegar à fé em Cristo ressuscitado, nós que nem sequer vimos o rosto de Jesus, nem ouvimos as suas palavras, nem sentimos seus abraços.
Depois de oito dias, Jesus aparece novamente. Ele imediatamente vai até Tomé. Ele não critica sua abordagem. Para ele, suas dúvidas não têm nada de ilegítimo ou escandaloso. Sua resistência em acreditar revela sua honestidade. Jesus compreende-o e vem ao seu encontro, mostrando-lhe as suas feridas.
Jesus oferece-se para satisfazer as suas exigências: “Traz o teu dedo, aqui estão as minhas mãos. Traga sua mão, aqui está o meu lado.”
Estas feridas, mais do que “provas” para verificar algo, não são “sinais” do seu amor entregue à morte? É por isso que Jesus o convida a ir além das suas dúvidas: “Não seja um incrédulo, mas um crente”.
Tomé desiste de verificar qualquer coisa. Não sente mais necessidade de testes. Ele só experimenta a presença do Mestre, que o ama, o atrai e o convida à confiança. Tomé, o discípulo que percorreu um caminho mais longo e mais trabalhoso do que qualquer outro para encontrar Jesus, vai mais longe do que qualquer outro na profundidade da sua fé: “Senhor meu e Deus meu”. Ninguém confessou Jesus assim.
Não devemos ter medo quando sentimos dúvidas e questionamentos surgindo em nós. As dúvidas, vividas de forma saudável, resgatam-nos de uma fé superficial que se contenta em repetir fórmulas, sem crescer na confiança e no amor. As dúvidas estimulam-nos a percorrer todo o caminho na confiança no Mistério de Deus encarnado em Jesus.
A fé cristã cresce em nós quando nos sentimos amados e atraídos por aquele Deus cujo rosto podemos vislumbrar na história que os evangelhos nos contam sobre Jesus. Portanto, o seu apelo à confiança tem mais poder em nós do que as nossas próprias dúvidas. “Bem-aventurados os que acreditam sem ver”.
2 Páscoa – B
(João 20,19-31)
7 de abril
José Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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