Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 18 de maio de 2024

“Sopro de vida”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

 

Novamente Jesus disse: Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio.  E com isso, soprou sobre eles e disse: Recebam o Espírito Santo!.” (Jo 20,21-22)

 

Neste Domingo de Pentecostes  temos uma bela reflexão, muito atual e esclarecedora, que tem como base o texto bíblico  Jo 20,19-23 (A missão da comunidade). 

É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


 Por José Antonio Pagola

16 Maio 2024

Sopro de vida

Os hebreus tinham uma ideia muito bela e real do mistério da vida. É assim que uma antiga história, muitos séculos antes de Cristo, descreve a criação do homem: «O Senhor Deus formou o homem do barro da terra. Então ele soprou o sopro da vida em suas narinas. E assim o homem se tornou um [ser] vivo.

Isso é o que diz a experiência. O ser humano é barro. A qualquer momento ele pode desmoronar. Como andar com pés de barro? Como olhar a vida com olhos de barro? Como amar com coração de barro? Porém, essa lama vive! Dentro dele há um sopro que o faz viver. É o Sopro de Deus. Seu Espírito que dá vida.

No final do seu evangelho, João descreveu uma cena grandiosa. É o momento culminante do Jesus ressuscitado. Segundo a sua história, o nascimento da Igreja é uma “nova criação”. Ao enviar os seus discípulos, Jesus “soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”.

Sem o Espírito de Jesus, a Igreja é um barro sem vida: uma comunidade incapaz de introduzir esperança, conforto e vida no mundo. Ela pode proferir palavras sublimes sem comunicar o sopro de Deus aos corações. Você pode falar com confiança e firmeza sem fortalecer a fé das pessoas. Onde você vai conseguir esperança se não for no sopro de Jesus? Como você vai se defender da morte sem o Espírito do Ressuscitado?

Sem o Espírito criador de Jesus podemos acabar vivendo numa Igreja fechada a toda renovação:

não se permite sonhar com grandes novidades;

é mais seguro pertencer a uma religião estática e controlada, que mude o mínimo possível;

o que recebemos de outros tempos é também o melhor para o nosso; as nossas gerações devem celebrar a sua fé vacilante com a linguagem e os rituais de muitos séculos atrás. os caminhos estão marcados. Você não precisa se perguntar por quê.

Como não gritar bem alto: “Vem, Espírito Santo! Venha para sua Igreja. Venha nos libertar do medo, da mediocridade e da falta de fé na sua força criativa”? Não devemos olhar para os outros. Cada um de nós deve abrir o seu próprio coração.

Pentecostes – B

(João 20,19-23)

19 de maio

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte:Facebook

sábado, 11 de maio de 2024

“Pergunte ao céu”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“E disse-lhes: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16, 15)

 

Abaixo, uma reflexão muito atual, que tem como base o texto bíblico Marcos 16,15-20 (Ascensão do Senhor). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

08 Maio 2024

PERGUNTE AO CÉU

O céu não pode ser descrito, mas podemos saboreá-lo. Não podemos alcançá-lo com a mente, mas é difícil não desejá-lo. Se falamos do céu não é para satisfazer a nossa curiosidade, mas para reavivar o nosso desejo e a nossa atração por Deus. Se nos lembrarmos disso, é para não esquecer o último desejo que carregamos no coração.

Ir para o céu não é chegar a um lugar, mas entrar para sempre no Mistério do amor de Deus. Finalmente, Deus não será mais alguém oculto e inacessível. Embora nos pareça incrível, poderemos conhecer, tocar, saborear e desfrutar do seu ser mais íntimo, da sua verdade mais profunda, da sua infinita bondade e beleza. Deus nos amará para sempre.

Esta comunhão com Deus não será uma experiência individual. Jesus ressuscitado nos acompanhará. Ninguém vai ao Pai senão por meio de Cristo. “Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col 2,9). Somente conhecendo e desfrutando do mistério encerrado em Cristo poderemos penetrar no mistério insondável de Deus. Cristo será o nosso “céu”. Ao vê-lo, “veremos” Deus.

Cristo não será o único mediador da nossa felicidade eterna. Incendiados pelo amor de Deus, cada um de nós se tornará “céu” para os outros à sua maneira. Da nossa limitação e finitude tocaremos o Mistério infinito de Deus, saboreando-o nas suas criaturas. Desfrutaremos seu amor insondável provando-o no amor humano. A alegria de Deus nos será dada encarnada no prazer humano.

O teólogo húngaro Ladislaus Boros tenta sugerir esta experiência indescritível: «Sentiremos o calor, experimentaremos o esplendor, a vitalidade, a riqueza transbordante da pessoa que hoje amamos, com quem desfrutamos e por quem agradecemos a Deus. Todo o seu ser, a profundidade da sua alma, a grandeza do seu coração, a criatividade, a amplitude, a excitação da sua reação amorosa nos serão dados.

Que plenitude alcançará em Deus a ternura, a comunhão e a alegria do amor e da amizade que aqui conhecemos. Com que intensidade aqueles de nós que já se amam tanto na terra se amarão então. Poucas experiências nos permitem prever melhor o destino último para o qual somos atraídos por Deus.

Ascensão do Senhor

(Marcos 16:15-20)

12 de maio

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook 

 

domingo, 5 de maio de 2024

“Do medo ao amor”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!

O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei". (Jo 15,12)

Hoje temos uma ótima reflexão, que tem como a base o texto bíblico Jo 15,9-17 (Permanecer no amor). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

02 Maio 2024

Do medo ao amor

Não é apenas mais uma frase. Este mandamento, cheio de mistério e promessa, é a chave do cristianismo: “Assim como o Pai me amou, eu também vos amei: permanecei no meu amor”. Tocamos aqui o próprio coração da fé cristã, critério último para discernir a sua verdade. Somente “permanecendo no amor” podemos caminhar na verdadeira direção. Esquecer este amor é perder-nos, entrar em caminhos não-cristãos, distorcer tudo, distorcer o cristianismo desde as suas raízes.

E, no entanto, nem sempre permanecemos neste amor. Na vida de muitos cristãos houve e ainda há muito medo, muita falta de confiança filial em Deus. A pregação que alimentou estes cristãos esqueceu-se demasiado do amor de Deus, sufocando assim aquela alegria inicial, viva e contagiante que o cristianismo tinha.

O que antes era “Boa Nova”, porque anunciava às pessoas “o amor insondável” de Deus, tornou-se para muitos a má notícia de um Deus ameaçador, que é rejeitado quase instintivamente porque não permite ser ou viver.

Contudo, a fé cristã só pode ser vivida, sem trair a sua essência, como experiência positiva, confiante e alegre. Portanto, neste momento em que muitos abandonam um certo “Cristianismo” - o único que conhecem -, devemos perguntar-nos se, na gestação deste abandono, e juntamente com outros factores, não se esconde uma reação coletiva contra um anúncio de Deus pouco fiel ao evangelho.

A aceitação de Deus ou a sua rejeição depende, em grande parte, da maneira como o sentimos em relação a nós. Se o percebermos apenas como um cão de guarda implacável do nosso comportamento, faremos tudo para evitá-lo. Se O experimentarmos como um amigo que conduz a nossa vida, O buscaremos com alegria. Portanto, um dos maiores serviços que a Igreja pode prestar ao ser humano é ajudá-lo a passar do medo ao amor de Deus.

Sem dúvida existe um temor de Deus que é saudável e fecundo. As Escrituras consideram isso "o princípio da sabedoria". É o medo de arruinar a nossa vida fechando-nos a ela. Um medo que desperta a pessoa da superficialidade e a faz voltar para Deus. Mas existe um temor de Deus que é ruim. Isso não aproxima de Deus. Pelo contrário, afasta-se cada vez mais dele. É um medo que distorce o verdadeiro ser de Deus, tornando-o desumano. Um medo prejudicial, sem fundamento real, que sufoca a vida e o crescimento saudável da pessoa.

Para muitos, esta pode ser a mudança decisiva. Passar do temor de Deus, que só gera rejeição mais ou menos oculta, a uma confiança n'Ele que nos torna irmãos aquela alegria prometida por Jesus: "Digo-vos isto para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria pode atingir a plenitude".

6 Páscoa – B

(João 15,9-17)

5 de maio

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte:Facebook