“O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei". (Jo 15,12)
Hoje temos uma ótima reflexão, que tem como a base o texto bíblico Jo 15,9-17 (Permanecer no amor). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
02 Maio 2024
Do medo ao amor
Não é apenas mais uma frase. Este mandamento, cheio de mistério e promessa, é a chave do cristianismo: “Assim como o Pai me amou, eu também vos amei: permanecei no meu amor”. Tocamos aqui o próprio coração da fé cristã, critério último para discernir a sua verdade. Somente “permanecendo no amor” podemos caminhar na verdadeira direção. Esquecer este amor é perder-nos, entrar em caminhos não-cristãos, distorcer tudo, distorcer o cristianismo desde as suas raízes.
E, no entanto, nem sempre permanecemos neste amor. Na vida de muitos cristãos houve e ainda há muito medo, muita falta de confiança filial em Deus. A pregação que alimentou estes cristãos esqueceu-se demasiado do amor de Deus, sufocando assim aquela alegria inicial, viva e contagiante que o cristianismo tinha.
O que antes era “Boa Nova”, porque anunciava às pessoas “o amor insondável” de Deus, tornou-se para muitos a má notícia de um Deus ameaçador, que é rejeitado quase instintivamente porque não permite ser ou viver.
Contudo, a fé cristã só pode ser vivida, sem trair a sua essência, como experiência positiva, confiante e alegre. Portanto, neste momento em que muitos abandonam um certo “Cristianismo” - o único que conhecem -, devemos perguntar-nos se, na gestação deste abandono, e juntamente com outros factores, não se esconde uma reação coletiva contra um anúncio de Deus pouco fiel ao evangelho.
A aceitação de Deus ou a sua rejeição depende, em grande parte, da maneira como o sentimos em relação a nós. Se o percebermos apenas como um cão de guarda implacável do nosso comportamento, faremos tudo para evitá-lo. Se O experimentarmos como um amigo que conduz a nossa vida, O buscaremos com alegria. Portanto, um dos maiores serviços que a Igreja pode prestar ao ser humano é ajudá-lo a passar do medo ao amor de Deus.
Sem dúvida existe um temor de Deus que é saudável e fecundo. As Escrituras consideram isso "o princípio da sabedoria". É o medo de arruinar a nossa vida fechando-nos a ela. Um medo que desperta a pessoa da superficialidade e a faz voltar para Deus. Mas existe um temor de Deus que é ruim. Isso não aproxima de Deus. Pelo contrário, afasta-se cada vez mais dele. É um medo que distorce o verdadeiro ser de Deus, tornando-o desumano. Um medo prejudicial, sem fundamento real, que sufoca a vida e o crescimento saudável da pessoa.
Para muitos, esta pode ser a mudança decisiva. Passar do temor de Deus, que só gera rejeição mais ou menos oculta, a uma confiança n'Ele que nos torna irmãos aquela alegria prometida por Jesus: "Digo-vos isto para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria pode atingir a plenitude".
6 Páscoa – B
(João 15,9-17)
5 de maio
José Antonio Pagola
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Fonte:Facebook
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