Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 30 de agosto de 2019

“Sem excluir”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Bem atual!



E (Jesus) disse também a quem o tinha convidado: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.”  (Lc 14, 12-14)



Hoje, uma boa reflexão, muito atual e necessária.  Como pano de fundo  tem o texto bíblico Lc 14, 1.7-14 (os convidados para o banquete do reino). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg




IHU – ADITAL

30 Agosto 2019

Sem excluir



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 14,1.7-14, que corresponde ao 22° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.



Eis o texto



Jesus participa num banquete convidado por um dos principais fariseus da região. É uma refeição especial de sábado, preparada desde a véspera com todo cuidado. Como habitual, os convidados são amigos do anfitrião, fariseus de grande prestígio, doutores da lei, modelo de vida religiosa para todo o povo.



Aparentemente, Jesus não se sente cômodo. Sente a falta dos seus amigos, os pobres. Aquelas pessoas que encontra mendigando nas estradas. Os que nunca são convidados por ninguém. Os que não contam: excluídos da convivência, esquecidos pela religião, desprezados por quase todos.



Antes de se despedir, Jesus dirige-se ao que o convidou. Não para agradecer o banquete, mas para sacudir a sua consciência e convidá-lo a viver com um estilo de vida menos convencional e mais humano: «não convides os teus amigos nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos, porque eles corresponderão convidando-te... Convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; feliz tu porque não te podem pagar; pagarão quando ressuscitem os justos».



Mais uma vez, Jesus esforça-se por humanizar a vida, quebrando, se necessário, esquemas e critérios de atuação que nos podem parecer muito respeitáveis, mas que, no fundo, mostram a nossa resistência em construir esse mundo mais humano e fraterno, querido por Deus.

Normalmente, vivemos instalados num círculo de relações familiares, sociais, políticas ou religiosas com as quais nos ajudamos mutuamente a cuidar dos nossos interesses, deixando de fora aqueles que não nos podem dar nada. Convidamos aqueles que, por sua vez, nos podem convidar.



Escravos de relações interesseiras, não somos conscientes de que o nosso bem-estar só é sustentado pela exclusão daqueles que mais precisam da nossa solidariedade gratuita para poder viver. Temos de escutar os gritos evangélicos do papa Francisco na pequena ilha de Lampedusa: «A cultura do bem-estar torna-nos insensíveis aos gritos dos outros». «Caímos na globalização da indiferença». «Perdemos o sentido de responsabilidade».



Os seguidores de Jesus têm de recordar-se que abrir caminhos para o reino de Deus não consiste em construir uma sociedade mais religiosa ou promover um sistema político alternativo a outros, mas acima de tudo, em gerar e desenvolver relações mais humanas que tornem possível condições de vida que sejam dignas para todos, começando pelos últimos.





sexta-feira, 23 de agosto de 2019

“Confiança sim, frivolidade, não”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!



"Pessoas virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e ocuparão os seus lugares à mesa no Reino de Deus. De fato, há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos". (Lc 13, 29-30)

Hoje trago para este blog, mais uma excelente reflexão, muito concreta e atual, de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Como pano de fundo   o texto bíblico Lc 13, 22-30 (A porta estreita).
Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg


IHU – ADITAL
23 Agosto 2019

Confiança sim, frivolidade, não

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho segundo Lucas 13, 22-30, que corresponde ao 21° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A sociedade moderna vai impondo cada vez mais força, um estilo de vida marcado pelo pragmatismo do imediato. Pouco interessam as grandes questões da existência. Já não temos certezas firmes ou convicções profundas. Pouco a pouco, estamos convertendo-nos em seres triviais, carregados de tópicos, sem consistências interiores nem ideais que alentem o nosso viver diário, para além do bem-estar e da segurança do momento.

É muito significativo observar a atitude generalizada de muitos cristãos diante da questão da «salvação eterna» que tanto preocupava há não muitos anos: muitos a apagaram, sem mais, da sua consciência; alguns ainda sentem-se com direito a um «final feliz»; outros já não pensam nem em prêmios ou castigos.

Segundo o relato de Lucas, um desconhecido faz a Jesus uma pergunta frequente naquela sociedade religiosa: «Serão poucos os que se salvam?». Jesus não responde diretamente à sua pergunta. Não lhe interessa especular sobre esse tipo de questões, tão queridas por alguns mestres da época. Vai diretamente ao essencial e decisivo: como devemos agir para não sermos excluídos da salvação que Deus oferece a todos?

«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita». Estas são as suas primeiras palavras. Deus abre-nos a todos a porta da vida eterna, mas devemos esforçar-nos e trabalhar para entrar por ela. Esta é a atitude saudável. Confiança em Deus, sim; frivolidade, despreocupação e falsas seguranças, não.

Jesus insiste, acima de tudo, em não nos enganar com falsas seguranças. Não é suficiente pertencer ao povo de Israel; não é suficiente ter conhecido pessoalmente Jesus nos caminhos da Galileia. O decisivo é entrar desde agora no reino de Deus e da Sua justiça. De fato, aqueles que são deixados de fora do banquete final são, literalmente, «aqueles que praticam a injustiça».

Jesus convida à confiança e à responsabilidade. No banquete final do reino de Deus não se sentarão somente os patriarcas e profetas de Israel. Estarão também pagãos vindos de todos os cantos do mundo. Estar dentro ou estar fora depende de como cada um deles responde à salvação que Deus oferece a todos.

Jesus termina com um provérbio que resume sua mensagem. Em relação ao reino de Deus, «há últimos que serão os primeiros e primeiros que serão os últimos». Sua advertência é clara. Alguns que se sentem seguros de serem admitidos podem ficar de fora. Outros que parecem excluídos de antemão podem ficar dentro.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho