Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 24 de setembro de 2022

“Nova classificação”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

 

"Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.
E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá passar para cá.
" (Lc 16, 25-26)

Abaixo, uma boa reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 16,19-31 (Parábola do homem rico e pobre Lázaro). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


José Antonio Pagola

23 Setembro 2022

Nova classificação

Conhecemos a parábola. Um rico despreocupado que "festeja esplendorosamente", alheio ao sofrimento dos outros, e um pobre mendigo a quem "ninguém dá nada". Dois homens separados por um abismo de egoísmo e falta de solidariedade que, segundo Jesus, pode se tornar definitivo, por toda a eternidade.

Vamos mergulhar um pouco no pensamento de Jesus. O rico da parábola não é descrito como um explorador que oprime sem escrúpulos seus servos. Esse não é o seu pecado. O rico é condenado porque desfruta descuidadamente de sua riqueza sem se aproximar do pobre Lázaro. Esta é a profunda convicção de Jesus. Quando a riqueza é "gozo exclusivo da abundância", não faz a pessoa crescer, mas antes a desumaniza, pois a torna indiferente e sem apoio diante da desgraça alheia.

Surge assim um muro, que está dando origem a uma nova classificação entre nós. A classe dos que têm trabalho e a classe dos que não têm. Aqueles de nós que podem continuar a aumentar nosso bem-estar e aqueles que estão ficando mais pobres. Aqueles de nós que exigem uma remuneração cada vez maior e acordos cada vez mais vantajosos e aqueles que não podem mais "exigir" nada.

A parábola é um desafio à nossa vida satisfeita. Podemos ainda organizar os nossos "jantares de fim de semana" e continuar a gozar com alegria o nosso bem-estar quando o fantasma da pobreza já ameaça muitos lares?

Nosso grande pecado é a indiferença. O desemprego tornou-se algo tão “normal e cotidiano” que já não nos choca nem nos machuca tanto. Cada um de nós se tranca em "nossa vida" e permanece cego e insensível à frustração, crise familiar, insegurança e desespero desses homens e mulheres.

O desemprego não é apenas um fenômeno que reflete o fracasso de um sistema socioeconômico radicalmente injusto. Desempregados são pessoas específicas que neste momento precisam da ajuda daqueles de nós que desfrutam da segurança de um emprego.

Daremos passos concretos de solidariedade se nos atrevermos a responder a estas perguntas:

Realmente precisamos de tudo o que compramos?

Quando termina nossa necessidade e quando começam nossos caprichos?

Como podemos ajudar os desempregados?

26 Tempo Comum – C

 (Lucas 16,19-31)

25 de setembro

 Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 17 de setembro de 2022

“Compromisso impossível”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


"Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará outro, ou se dedicará a um e desprezará outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro". (Lc 16,13)

 

Abaixo, uma ótima reflexão para todos nós, que vivemos num mundo cada vez mais marcado por consumismo e injustiças. Tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 16,1-13 (Parábola do administrador infiel). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook. Vale a pena ler!

WCejnóg


Por José Antonio Pagola

15 Setembro 2022

COMPROMISSO IMPOSSÍVEL

A mensagem de Jesus obriga a repensar totalmente a vida. Quem ouve o Evangelho sente-se convidado a compreender, de modo radicalmente novo, o sentido último de tudo e a orientação decisiva da sua conduta.

É difícil ficar indiferente à palavra de Jesus, pelo menos se continuamos acreditando na possibilidade de sermos cada dia mais humanos. É difícil não sentir preocupação e até certo desconforto ao ouvir palavras como aquelas que o texto evangélico nos recorda hoje: «Não se pode servir a Deus e ao dinheiro».

É impossível ser fiel a um Deus que é o Pai de todos e viver ao mesmo tempo escravo do dinheiro e do próprio interesse. Há apenas uma maneira de viver como um "filho" de Deus, que é viver como um "irmão" para os outros. Aquele que vive sozinho a serviço de seu dinheiro e interesses não pode cuidar de seus irmãos e, portanto, não pode ser um filho fiel de Deus.

Quem leva Jesus a sério sabe que não pode organizar sua vida a partir do projeto egoísta de possuir sempre mais e mais. Quem vive dominado pelo interesse econômico, ainda que viva uma vida piedosa e reta, carece de algo essencial para ser cristão: romper a servidão do “possuir” que tira a liberdade de melhor escutar e responder às necessidades dos pobres.

Ele não tem outra alternativa. E não pode enganar a si mesmo, acreditando-se "pobre de espírito" no fundo do seu coração, porque aquele que tem uma alma pobre não continua a gozar tranquilamente dos seus bens enquanto ao seu lado estão os necessitados mais elementares.

Tampouco podemos nos enganar pensando que "os ricos" são sempre os outros. A crise económica, que deixa tantos homens e mulheres desempregados, obriga-nos a rever os nossos orçamentos, a ver se não temos de os reduzir para ajudar aqueles que perderam o emprego. Seria um bom teste descobrir se servimos a Deus ou ao nosso dinheiro.

25 Tempo Comum - C

(Lucas 16,1-13)

18 de setembro

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook