Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

“Os mais desamparados diante do mal”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

"Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque lhes ensinava como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei”. (Mc 1, 22)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito relevante e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 1,21-28  (Na sinagoga em Cafarnaum Jesus ensina com autoridade e cura um homem possesso de um ‘espírito imundo’).

Jesus sempre estava perto das pessoas mais indefesas e desamparados diante do mal, e se importava com elas. Será que isso diz alguma coisa para nós, cristãos de hoje?

Vale a pena ler e refletir.

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

Os MAIS DESAMPARADOS DIANTE DO MAL

Alguns estão permanentemente confinados em algum centro ou instituto. Outros vagam por nossas ruas. A grande maioria mora com a família. Eles estão entre nós, mas dificilmente são do interesse de ninguém. Eles são doentes mentais.

Não é fácil entrar em seu mundo de dor e solidão. Privados, até certo ponto, de uma vida consciente e afetiva sadia, não é fácil para eles viverem juntos. Muitos deles são seres fracos e vulneráveis, ou vivem atormentados pelo medo em uma sociedade que os teme ou os ignora.

Desde tempos imemoriais, um conjunto de preconceitos, medos e receios vem construindo uma espécie de parede invisível entre aquele mundo de escuridão e dor e a vida daqueles que se consideram "saudáveis". Os doentes mentais criam insegurança, e sua presença sempre parece perigosa. O mais prudente a fazer é defender nossa "normalidade", confinando-os ou distanciando-os de nosso ambiente.

Hoje falamos sobre a inserção social desses pacientes e o suporte terapêutico que sua integração na convivência pode significar. Mas tudo isso ainda é uma bela teoria se não houver mudança de atitude em relação aos doentes mentais e a tantas famílias que se sentem sozinhas ou com pouco apoio para enfrentar os problemas quando se deparam com a doença de um de seus membros.


Existem famílias que sabem cuidar do seu ente querido com amor e paciência, colaborando positivamente com os médicos. Mas também há lares em que os doentes são um fardo difícil de suportar. Aos poucos, a convivência se deteriora e toda a família é afetada negativamente, por sua vez favorecendo o agravamento do paciente. 

 

É uma ironia, então, continuar defendendo teoricamente a melhor qualidade de vida para os doentes mentais, sua integração social ou o direito à atenção adequada às suas necessidades afetivas, familiares e sociais. Tudo isso tem que ser assim, mas isso requer uma ajuda mais real às famílias e uma colaboração mais estreita entre os médicos que cuidam dos doentes e as pessoas que sabem estar com eles numa relação humana e amigável.


Que lugar essas pessoas doentes ocupam em nossas comunidades cristãs? Não são eles os grandes esquecidos? O Evangelho de Marcos enfatiza de uma maneira especial a atenção de Jesus para "os possuídos por espíritos malignos". Sua proximidade com as pessoas mais indefesas e desamparados diante do mal sempre será um chamado questionador para nós.

4 Tempo Comum - B  (Marcos 1,21-28)

31 de janeiro de 2021 

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Fonte: Facebook