Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 29 de março de 2019

“Com os braços sempre abertos”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!




“O pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa.” (Lc 15, 22-24)

Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 15, 1-3.11-32  (O Pai misericordioso). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg



IHU-ADITAL
29 Março 2019.

Com os braços sempre abertos

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 15,1-3.11-32 que corresponde ao 4° Domingo de Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

Para não poucos, Deus é tudo menos alguém capaz de colocar alegria na sua vida. Pensar nele traz-lhes más recordações: no seu interior se desperta a ideia de um ser ameaçador e exigente, que torna a vida mais fastidiosa, incômoda e perigosa.

Pouco a pouco prescindiram dele. A fé foi “reprimida” no seu interior. Hoje não sabem se acreditam ou não acreditam. Ficaram sem caminhos para Deus. Alguns recordam ainda a “parábola do filho pródigo”, mas nunca a ouviram nos seus corações.

O verdadeiro protagonista desta parábola é o pai. Por duas vezes repete o mesmo grito de alegria: ”Este meu filho estava morto e voltou à vida: estava perdido e nós o encontramos”. Este grito revela o que está no coração de seu pai. Esse pai não se importa com a sua honra, os seus interesses ou com o tratamento que os seus filhos lhe dão. Nunca usa uma linguagem moral. Pensa apenas na vida do seu filho: que não seja destruído, que não fique morto, que não viva perdido sem conhecer a alegria da vida.

O relato descreve com todos os detalhes o encontro surpreendente do pai com o filho que abandonou o lar. Estando ainda longe, o pai ”viu-o” chegar cheio de fome e humilhado, e comoveu-se até às entranhas. Esse olhar bom, cheio de bondade e compaixão é o que nos salvaSó Deus nos olha assim.

Então ”começa a correr”. Não é o filho que volta para casa. É o pai que sai a correr e procura o abraço com mais ardor que o próprio filho.  ”Atirou-se ao pescoço e começou a beijá-lo”. Assim está sempre Deus. Correndo com os braços abertos para aqueles que voltam para Ele.

O filho começa a sua confissão: preparou longamente no seu interior. O pai interrompe-o para poupá-lo de mais humilhações. Não lhe impõe qualquer castigo, não lhe exige nenhum rito de expiação; não lhe impõe nenhuma condição para recebê-lo em casa. Só Deus acolhe e protege assim os pecadores.

O pai só pensa na dignidade de seu filho. Tem de agir depressa. Manda trazer o melhor vestido, o anel do filho e as sandálias para entrar em casa.

Assim, será recebido num banquete realizado em sua honra. O filho deve conhecer junto com o seu pai a vida digna e feliz que ele não pôde desfrutar longe dele.

Quem ouve esta parábola do lado de fora não entenderá nada. Continuará a caminhar pela vida sem Deus. Quem a escuta no seu coração, talvez chore de alegria e gratidão. Sentirá pela primeira vez que o mistério final da vida é Alguém que nos acolhe e nos perdoa porque só quer a nossa alegria.





sexta-feira, 22 de março de 2019

“Antes que seja tarde”. - Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!




A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Lc 13, 1-9 (Parábola da figueira que não produz frutos).

Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).



Não deixe de ler.

WCejnóg


 

IHU – ADITAL

22 Março 2019



Antes que seja tarde



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lc 13,1-9 que corresponde ao 3° Domingo de Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 



Eis o texto



Já tinha passado bastante tempo desde que Jesus se tinha apresentado na Sua cidade de Nazaré como Profeta, enviado pelo Espírito de Deus para anunciar aos pobres a Boa Nova. Continua repetindo incansavelmente a sua mensagem: Deus já está próximo, abrindo caminho para fazer um mundo mais humano para todos.



Mas é realista. Jesus sabe bem que Deus não pode mudar o mundo sem que nós mudemos. Por isso esforça-se em despertar nas pessoas a conversão: “Convertei-vos e acreditai nesta Boa Nova”. Esse empenho de Deus em fazer um mundo mais humano será possível se respondermos acolhendo o Seu projeto.



Vai passando o tempo e Jesus vê que as pessoas não reagem à Sua chamada como seria o Seu desejo. São muitos os que vêm para o ouvir, mas não se abrem ao “Reino de Deus”. Jesus vai insistir. É urgente mudar antes que seja tarde demais.



A dada altura conta uma pequena parábola. O proprietário de um terreno tem plantada uma figueira no meio da sua vinha. Ano após ano, vem procurar frutas e não consegue encontrá-las. A sua decisão parece a mais sensata: a figueira não produz frutos e está a ocupar inutilmente o terreno, o mais razoável é cortá-la.




Mas o encarregado da vinha reage de forma inesperada. Por que não a deixar ainda? Ele conhece aquela figueira, ele viu-a crescer, cuidou-a, não a quer ver morrer. Ele mesmo dedicará mais tempo e mais cuidados, para ver se dará frutos.

A história é interrompida abruptamente. A parábola fica em aberto. O dono da vinha e o seu encarregado desaparecem de cena. É a figueira que decidirá seu destino final. Entretanto receberá mais cuidados do que nunca daquele agricultor que nos faz pensar em Jesus, “aquele que veio para procurar e salvar o que foi perdido”.

O que precisamos hoje na Igreja não é apenas introduzir pequenas reformas, promover o “aggiornamento” ou cuidar da adaptação aos nossos tempos. Precisamos de uma conversão a um nível mais profundo, um “coração novo”, uma resposta responsável e decidida à chamada de Jesus para entrar na dinâmica do Reino de Deus.

Temos que reagir antes que seja tarde demais. Jesus está vivo no meio de nós. Como o encarregado da vinha, Ele cuida das nossas comunidades cristãs, cada vez mais frágeis e vulneráveis. Ele alimenta-nos com o seu Evangelho, sustenta-nos com o seu Espírito.

Devemos olhar para o futuro com esperança, ao mesmo tempo que vamos criando esse novo clima de conversão e renovação que tanto necessitamos e que os decretos do Concílio Vaticano não conseguiram até agora consolidar na Igreja.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho