“Depois de tê-lo assim tentado
de todos os modos, o demônio apartou-se dele até outra ocasião. Jesus, então, cheio da força do Espírito,
voltou para a Galileia. E a sua fama divulgou-se por toda a região." (Lc 4, 13-14)
Hoje, uma excelente reflexão,
muito atual e esclarecedora. Como pano de fundo
tem o texto bíblico Lc 4, 1-13 (As tentações no deserto - Jesus é posto
à prova). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no
site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
- ADITAL
08
Março 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é
o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lc 4,1-13 que corresponde
ao 1° Domingo de Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo
espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
As primeiras gerações cristãs interessaram-se muito pelas provações que Jesus teve de superar
para permanecer fiel a Deus e viver sempre colaborando no seu projeto de uma
vida mais humana e digna para todos. A história das tentações de Jesus não
é um episódio isolado, que ocorre num determinado momento e lugar. Lucas
adverte-nos que, ao terminar estas tentações, “o diabo partiu até outra
oportunidade”. As tentações voltarão à vida de Jesus e dos Seus
seguidores.
Portanto, os evangelistas apresentam
a história antes de narrar a atividade profética de Jesus. Seus seguidores
deverão conhecer bem essas tentações desde o início, porque são as mesmas que
terão que superar ao longo dos séculos se não quiserem desviar-se Dele.
Na primeira tentação, fala-se de pão.
Jesus resiste a usar Deus para satisfazer sua própria fome: “nem só de pão vive
o homem”. A primeira coisa para Jesus é procurar o reino de Deus e sua justiça:
que haja pão para todos. É por isso que ele irá um dia, pedir a Deus, mas para
alimentar uma multidão faminta.
Também hoje, a nossa tentação é pensar
apenas no nosso pão e preocupar-nos exclusivamente com a nossa crise.
Desviamo-nos de Jesus quando acreditamos que temos direito de ter tudo, e
esquecemos o drama, os medos e os sofrimentos daqueles a quem falta quase tudo.
Na segunda tentação fala-se
de poder e glória. Jesus renúncia a tudo isso. Não se prostrará
diante do diabo que lhe oferece o império sobre todos os reinos do mundo. Jesus
nunca procurará ser servido, mas servir.
Também hoje, desperta em alguns cristãos a
tentação de manter, como seja, o poder que teve a Igreja em tempos
passados. Nos desviamos de Jesus quando pressionamos as consciências tentando
impor à força as nossas crenças. Abrimos o caminho para o reino de Deus quando
trabalhamos por um mundo mais compassivo e solidário.
Na terceira tentação, pede-se a
Jesus que desça ante o povo, de forma grandiosa, apoiado pelos
anjos de Deus. Jesus não se deixará enganar. Mesmo que lhe peçam nunca
fará um sinal espetacular do céu. Irá dedicar-se a fazer sinais de
bondade para aliviar o sofrimento e as doenças das pessoas.
Desviamos de Jesus quando confundimos a nossa
própria ostentação com a glória de Deus. A nossa exibição não revela a
grandeza de Deus. Somente uma vida de humilde serviço aos necessitados
manifesta e difunde seu amor.
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