Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

“Nossa imagem de Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Disse-lhes Jesus: <E vós quem dizeis que eu sou?> Simão Pedro respondeu: <Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!>. Jesus, então, lhe disse: <Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus>.” (Mt 16, 15-17)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 16,13-20 (As chaves do reino). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

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Por José Antonio Pagola

23 Agosto 2023

NOSSA IMAGEM DE JESUS

A pergunta de Jesus: «Quem dizeis que eu sou?» continua a exigir uma resposta dos crentes do nosso tempo. Nem todos nós temos a mesma imagem de Jesus. E isto não só pela natureza inesgotável da sua personalidade, mas, sobretudo, porque cada um de nós cria a sua imagem de Jesus a partir dos nossos interesses e preocupações, condicionado pela nossa psicologia pessoal e pelo meio social a que pertencemos, e marcada pela formação religiosa que recebemos.

E, no entanto, a imagem de Cristo que cada um de nós pode ter é de importância decisiva para a nossa vida, pois condiciona a nossa forma de compreender e viver a fé. Uma imagem empobrecida, unilateral, parcial ou falsa de Jesus nos levará a uma experiência de fé empobrecida, unilateral, parcial ou falsa. Daí a importância de evitar possíveis distorções da nossa visão de Jesus e de purificar a nossa adesão a ele.

Por outro lado, é pura ilusão pensar que alguém acredita em Jesus Cristo porque “acredita” num dogma ou porque está disposto a acreditar “naquilo que a Santa Madre Igreja acredita”. Na realidade, cada crente acredita naquilo que acredita, isto é, naquilo que descobre pessoalmente no seu seguimento a Jesus Cristo, embora, naturalmente, o faça no seio da comunidade cristã.

Infelizmente, muitos cristãos compreendem e vivem a sua religião de tal forma que provavelmente nunca terão uma experiência vívida de encontro pessoal com Cristo.

Já numa fase muito precoce da sua vida tiveram uma ideia infantil de Jesus, quando talvez ainda não tivessem colocado com suficiente lucidez as questões às quais Cristo pode responder.

Mais tarde, nunca mais reconsideraram a sua fé em Jesus Cristo, seja porque a consideram algo trivial e sem importância para as suas vidas, seja porque não ousam examiná-la com seriedade e rigor, seja porque se contentam em preservá-la de uma forma maneira indiferente e apática, sem qualquer eco em seu ser.

Infelizmente eles não suspeitam do que Jesus poderia ser para eles. Marcel Légaut escreveu esta frase dura, mas talvez muito real: “Esses cristãos ignoram quem é Jesus e estão condenados pela sua própria religião a nunca descobri-lo”.

21 Tempo Comum – A

(Mateus 16,13-20)

27 de agosto

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

“Pedir com fé”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito boa!

Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé. Seja conforme você deseja. E naquele mesmo instante a sua filha foi curada". (Mt 15,26)

Hoje temos uma bela reflexão, esclarecedora, que tem como a base o texto bíblico Mateus 15,21-28 (A mulher Cananéia). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. 

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

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Por José Antonio Pagola

16 de agosto de 2023

PEDIR COM FÉ

A oração de súplica tem sido alvo de fortes críticas ao longo dos anos. O homem iluminado dos tempos modernos não consegue se colocar em atitude de súplica diante de Deus, porque sabe que Deus não vai alterar o curso natural dos acontecimentos para atender aos seus desejos.

A natureza é "uma máquina" que funciona de acordo com as leis naturais, e o homem é o único ser que pode agir e transformar, apenas em parte, o mundo e a história com a sua intervenção.

Então a oração de súplica, de pedir, é deixada para trás para cultivar outras formas de oração como louvor, ação de graças ou adoração, que podem ser mais harmonizadas com o pensamento moderno.

Outras vezes, a súplica da criatura ao seu Criador é substituída pela meditação ou imersão da alma em Deus, mistério último da existência e fonte de toda a vida.

No entanto, a oração de súplica, tão polêmica por seus possíveis equívocos, é decisiva para expressar e viver pela fé nossa dependência de Deus como criaturas.

Não  de estranhar que o próprio Jesus elogie a grande fé de uma mulher simples que sabe implorar com insistência a sua ajuda. Deus pode ser invocado em qualquer situação. Da felicidade e da adversidade; do bem-estar e do sofrimento.

O homem ou a mulher que eleva o seu pedido a Deus não se dirige a um Ser apático ou indiferente ao sofrimento das suas criaturas, mas a um Deus que sabe sair do esconderijo e manifestar a sua proximidade a quem lhe suplica.

Isso significa não usar Deus para alcançar nossos objetivos, mas buscar e pedir a proximidade de Deus naquela situação. E a experiência da proximidade de Deus não depende principalmente da realização dos nossos desejos.

O crente pode experimentar a proximidade de Deus de muitas maneiras, independentemente de como o nosso problema seja resolvido. Recordemos a sábia advertência de Santo Agostinho: «Deus escuta o vosso chamamento se o procurais. Ele não te ouve se, através dele, procuras outra coisa».

Este não é o tempo do cumprimento definitivo. O mal não está completamente derrotado. O orante experimenta a contradição entre a desgraça que sofre e a salvação definitiva prometida por Deus. Por isso, cada súplica e pedido concreto dirigido a Deus está sempre encerrado naquela grande súplica que o próprio Jesus nos ensinou: "Venha o teu reino", o reino da salvação e da vida definitiva.

20 Tempo Comum – A

(Mateus 15,21-28)

20 de agosto

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

 Fonte: Facebook


sábado, 12 de agosto de 2023

“Antes de afundarmos.” – Reflexão de José Antonio Pagola.

“Então Pedro disse: — Se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está. — Venha! — respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus. Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou: — Socorro, Senhor! Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: — Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou? Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou.” (Mt 14, 28-32)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 14,22-33 (A fé vence todo o medo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

José Antonio Pagola

09 Agosto 2023

ANTES DE AFUNDARMOS

É surpreendente como a história da tempestade no lago da Galiléia se torna atual nestes tempos de crise religiosa. Mateus descreve com precisão a situação: os discípulos de Jesus encontram-se sozinhos, “longe do continente”, no meio da insegurança do mar; o barco é "arremessado pelas ondas", dominado por forças adversas; “o vento é contrário”, tudo se volta contra; é «noite fechada», a escuridão impede ver o horizonte.

É assim que não poucos crentes vivem o momento presente. Não há segurança ou certezas religiosas; tudo se tornou escuro e duvidoso. A religião é suportada por todos os tipos de suspeitas. O cristianismo é mencionado como uma "religião terminal" que pertence ao passado; diz-se que estamos entrando em uma “era pós-cristã” (E. Poulat). Em alguns surge a pergunta: a religião não é um sonho irreal, um mito engenhoso destinado a desaparecer? Este é o grito dos discípulos quando vislumbraram Jesus no meio da tempestade: "Ele é um fantasma".

A reação de Jesus é imediata: “Anime-se, sou eu, não tenha medo”. Encorajado por essas palavras, Pedro faz um pedido inédito a Jesus: “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo andando sobre as águas”. Ele não sabe se Jesus é um fantasma ou alguém real, mas quer verificar se se pode caminhar até ele, não em terra firme, mas sobre a água, não se apoiando em argumentos seguros, mas na fraqueza da fé.

Assim vive o crente a sua adesão a Cristo nos momentos de crise e escuridão. Não sabemos se Cristo é um fantasma ou alguém vivo e real, ressuscitado pelo Pai para nossa salvação. Não temos argumentos científicos para provar isso, mas sabemos por experiência que você pode caminhar pela vida sustentado pela fé nele e em sua palavra.

Não é fácil viver nesta fé nua. O relato do Evangelho nos diz que Pedro “sentiu a força do vento”, “teve medo” e “começou a afundar”. É um processo bem conhecido: focar apenas na força do mal, deixar-se paralisar pelo medo e afundar no desespero.

Pedro reagiu e, antes de afundar completamente, grita: “Senhor, salva-me”. A fé muitas vezes é um grito, uma invocação, um chamado a Deus: "Senhor, salva-me". Sem saber como nem porquê, então é possível perceber Cristo como uma mão estendida que sustenta a nossa fé e nos salva, enquanto nos diz: "Homem de pouca fé, por que duvidas?"

19 Tempo Comum – A

(Mateus 14,22-33)

13 de agosto

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook