Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 12 de agosto de 2023

“Antes de afundarmos.” – Reflexão de José Antonio Pagola.

“Então Pedro disse: — Se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está. — Venha! — respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus. Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou: — Socorro, Senhor! Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: — Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou? Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou.” (Mt 14, 28-32)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 14,22-33 (A fé vence todo o medo). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

José Antonio Pagola

09 Agosto 2023

ANTES DE AFUNDARMOS

É surpreendente como a história da tempestade no lago da Galiléia se torna atual nestes tempos de crise religiosa. Mateus descreve com precisão a situação: os discípulos de Jesus encontram-se sozinhos, “longe do continente”, no meio da insegurança do mar; o barco é "arremessado pelas ondas", dominado por forças adversas; “o vento é contrário”, tudo se volta contra; é «noite fechada», a escuridão impede ver o horizonte.

É assim que não poucos crentes vivem o momento presente. Não há segurança ou certezas religiosas; tudo se tornou escuro e duvidoso. A religião é suportada por todos os tipos de suspeitas. O cristianismo é mencionado como uma "religião terminal" que pertence ao passado; diz-se que estamos entrando em uma “era pós-cristã” (E. Poulat). Em alguns surge a pergunta: a religião não é um sonho irreal, um mito engenhoso destinado a desaparecer? Este é o grito dos discípulos quando vislumbraram Jesus no meio da tempestade: "Ele é um fantasma".

A reação de Jesus é imediata: “Anime-se, sou eu, não tenha medo”. Encorajado por essas palavras, Pedro faz um pedido inédito a Jesus: “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo andando sobre as águas”. Ele não sabe se Jesus é um fantasma ou alguém real, mas quer verificar se se pode caminhar até ele, não em terra firme, mas sobre a água, não se apoiando em argumentos seguros, mas na fraqueza da fé.

Assim vive o crente a sua adesão a Cristo nos momentos de crise e escuridão. Não sabemos se Cristo é um fantasma ou alguém vivo e real, ressuscitado pelo Pai para nossa salvação. Não temos argumentos científicos para provar isso, mas sabemos por experiência que você pode caminhar pela vida sustentado pela fé nele e em sua palavra.

Não é fácil viver nesta fé nua. O relato do Evangelho nos diz que Pedro “sentiu a força do vento”, “teve medo” e “começou a afundar”. É um processo bem conhecido: focar apenas na força do mal, deixar-se paralisar pelo medo e afundar no desespero.

Pedro reagiu e, antes de afundar completamente, grita: “Senhor, salva-me”. A fé muitas vezes é um grito, uma invocação, um chamado a Deus: "Senhor, salva-me". Sem saber como nem porquê, então é possível perceber Cristo como uma mão estendida que sustenta a nossa fé e nos salva, enquanto nos diz: "Homem de pouca fé, por que duvidas?"

19 Tempo Comum – A

(Mateus 14,22-33)

13 de agosto

José Antonio Pagola

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Fonte: Facebook

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