Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 26 de abril de 2019

“Da dúvida à fé” – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!





E oito dias depois estavam outra vez os seus discípulos dentro, e com eles Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco.   Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!   (Jo 20, 26-28)



A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Jo 20, 19-31 (A paz esteja com vocês!)

Foi publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).



Vale a pena ler.

WCejnog





IHU – ADITAL

26 Abril 2019



Da dúvida à fé



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 20,19-31 que corresponde ao Segundo Domingo de Ressurreição ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 



Eis o texto



O homem moderno aprendeu a duvidar. É típico do espírito do nosso tempo questionar tudo para progredir no conhecimento científico. Neste clima, a fé fica frequentemente desacreditada. O ser humano vai caminhando pela vida cheio de incertezas e dúvidas.



Por isso, nos sintonizamos sem dificuldade com a reação de Tomé, quando os outros discípulos lhe comunicam que, estando ele ausente, tiveram uma experiência surpreendente: «Vimos o Senhor». Tomé poderia ser um homem dos nossos dias. A sua resposta é clara: «Se eu não O vejo... não acredito».



A sua atitude é compreensível. Tomé não diz que os seus companheiros estão mentindo ou que estão enganados. Apenas afirma que os seus testemunhos não são suficientes para aderir à sua fé. Ele necessita viver a sua própria experiência. E Jesus não o censura em nenhum momento.



Tomé pode expressar as suas dúvidas dentro do grupo de discípulos. Aparentemente eles não ficaram chocados. Não o expulsaram do grupo. Também eles não acreditaram nas mulheres quando lhes anunciaram que viram Jesus ressuscitado. O episódio de Tomé sugere o longo caminho que o pequeno grupo de discípulos teve de percorrer até a fé em Cristo ressuscitado.



As comunidades cristãs deveriam ser nos nossos dias um espaço de diálogo no qual poderíamos honestamente partilhar as dúvidas, as interrogações e as buscas dos crentes de hoje. Nem todos vivemos no nosso interior a mesma experiência. Para crescer na fé, necessitamos do estímulo e do diálogo com os outros que compartilham da mesma preocupação.



Mas nada pode substituir a experiência de um contato pessoal com Cristo nas profundezas de sua consciência. Segundo o relato Evangélico, Jesus apresenta-se novamente após oito dias. Mostra-lhes as suas feridas.



Não são «provas» da ressurreição, mas «sinais» de seu amor e da entrega até a morte. Por isso, convida-o a aprofundar as suas dúvidas com confiança: «Não sejas incrédulo, mas um crente». Tomé renuncia a verificar o que seja. Já não sente necessidade de provas. Só sabe que Jesus o ama e o convida a confiar: «Senhor meu e Deus meu».



Um dia, nós os cristãos descobriremos que muitas das nossas dúvidas, vividas de forma sã, sem perder o contato com Jesus e a comunidade, nos podem resgatar de uma fé superficial que se contenta em repetir fórmulas e estimular-nos a crescer em amor e confiança em Jesus, esse Mistério de Deus que constitui o núcleo da nossa fé.





sexta-feira, 19 de abril de 2019

“Encontrar-nos com o Ressuscitado” – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



No primeiro dia da semana, bem cedo, estando ainda escuro, Maria Madalena chegou ao sepulcro e viu que a pedra da entrada tinha sido removida. Então correu ao encontro de Simão Pedro e do outro discípulo, aquele a quem Jesus amava, e disse: "Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o colocaram!"  Pedro e o outro discípulo saíram e foram para o sepulcro.   (Jo 20, 1-3)



Páscoa

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é bem concreta e interessante. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Jo 20, 1-9 (Jesus não está mais no sepúlcro. Ele ressuscitou!).

Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).



Vale a pena ler.

WCejnog



IHU – ADITAL

18 Abril 2019.



Encontrar-nos com o Ressuscitado



A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Jo 20,1-9 que corresponde ao Domingo de Ressurreição ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 



Eis o texto



Segundo o relato de João, Maria de Magdala é a primeira que vai ao sepulcro, quando ainda está escuro, e descobre desconsolada que está vazio. Falta-lhe Jesus. O Mestre que a havia compreendido e curado. O Profeta que ela tinha seguido fielmente até o fim. A quem seguirá agora? Assim, se lamenta perante os discípulos: “Levaram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o colocaram”.



Essas palavras de Maria podem expressar a experiência que muitos cristãos estão experimentando hoje: o que fizemos com Jesus ressuscitado? Quem o levou? Onde o pusemos? É o Senhor em quem cremos um Cristo cheio de vida ou um Cristo cuja memória gradualmente desaparece dos corações?



É um erro que procuremos “provas” para acreditar com mais firmeza. Não basta recorrer ao Magistério da Igreja. É inútil investigar as exposições dos teólogos. Para nos encontrarmos com o Ressuscitado, devemos antes de tudo fazer uma jornada interior. Se não o encontrarmos dentro de nós, não o encontraremos em nenhum lugar.



João descreve, um pouco mais tarde, Maria correndo de um lugar para outro para procurar alguma informação. Mas quando vê Jesus, cega pela dor e as lágrimas, não consegue reconhecê-Lo. Pensa que é o encarregado do jardim. Jesus apenas lhe faz uma pergunta: “Mulher, por que choras? A quem procuras?”.



Talvez devêssemos também perguntar-nos algo semelhante. Por que é que a nossa fé por vezes é tão triste? Qual é a causa final dessa falta de alegria entre nós? Que procuramos, os cristãos de hoje? Do que sentimos falta? Estamos procurando um Jesus a que necessitamos sentir cheios de vida em nossas comunidades?


Segundo o relato, Jesus está a falar com Maria, mas ela não sabe que é Jesus. É então que Jesus a chama pelo seu nome, com a mesma ternura que colocava na Sua voz quando caminhavam pela Galileia: “Maria!”. Ela volta-se rápida: “Rabbuní, Mestre”.



Maria encontra-se com o Ressuscitado quando se sente pessoalmente chamada por Ele. É assim. Jesus revela-se cheio de vida, quando nos sentimos chamados pelo nosso próprio nome e ouvimos o convite que faz a cada um de nós. É então quando a nossa fé cresce.



Não reacenderemos a nossa fé em Cristo Ressuscitado, alimentando-o somente de fora. Não nos encontraremos com Ele, se não procurarmos contato íntimo com a Sua pessoa. É o amor a Jesus conhecido pelos Evangelhos e procurado pessoalmente nas profundezas do nosso coração o que melhor nos pode conduzir ao encontro com o Ressuscitado.