Quando
chegou a hora, Jesus e os seus apóstolos reclinaram-se à mesa. E lhes disse: “Desejei ansiosamente comer esta Páscoa com
vocês antes de sofrer.” (Lc 22, 14-15)
Domingo de Ramos
Hoje trago para o blog Indagações-Zapytania uma boa
reflexão, muito profunda, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 22,14-23,56 (As últimas palavras de Jesus durante Sua
agonia). É de autoria do padre e
teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
11 Abril 2019
Ante o Crucificado
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 22,14-23,56 que corresponde ao Domingo
de Ramos, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
Preso pelas forças de segurança do Templo, Jesus
não tem mais dúvidas; o Pai não escutou seus desejos de continuar a viver; seus
discípulos fogem procurando sua própria segurança. Está sozinho. Seus projetos
desaparecem. Espera-O a execução.
O silêncio de Jesus durante Suas últimas
horas é esmagador. Contudo, os evangelistas recolheram algumas das Suas
palavras na cruz. São muito breves, mas às primeiras gerações cristãs
ajudava-as a recordar com amor e gratidão o Jesus crucificado.
Lucas recolheu as
palavras que diz quando está crucificado. Entre estremecimentos e gritos de
dor, ele consegue pronunciar umas palavras que descobrem o que está no Seu
coração: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”. Assim é Jesus. Pediu
aos seus que “amem os vossos inimigos” e “rogai pelos vossos perseguidores”.
Agora é ele quem morre perdoando. Converte Sua crucificação em perdão.
Esta petição ao Pai por aqueles que o
crucificam deve ser ouvida como o gesto sublime que revela a misericórdia e o
perdão insondável de Deus. Esta é a grande herança de Jesus à Humanidade: Nunca
desconfieis de Deus. Sua misericórdia não tem fim.
Marcos recolhe um
grito dramático do crucificado: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”.
Estas palavras pronunciadas no meio da solidão e o mais total abandono são de
uma sinceridade esmagadora. Jesus sente que Seu amado Pai O está abandonando.
Por quê? Jesus se queixa do Seu silêncio. Onde está? Por que se cala?
Este grito de Jesus, identificado com todas as
vítimas da história, pedindo a Deus alguma explicação de tanta injustiça,
abandono e sofrimento, permanece nos lábios do Crucificado, reivindicando uma
resposta de Deus para além da morte: Deus nosso, por que nos abandonas? Nunca
vai responder aos gritos e gemidos dos inocentes?
Lucas recolhe uma
última palavra de Jesus. Apesar da Sua angústia mortal, Jesus mantém até o fim
a Sua confiança no Pai. As Suas palavras são agora quase um sussurro: “Pai, nas
tuas mãos entrego Meu espírito”. Nada nem ninguém foi capaz de separá-lo Dele.
O Pai tem animado com Seu Espírito toda Sua vida. Terminada Sua missão, Jesus
deixa tudo em Suas mãos. O Pai quebrará Seu silêncio e O ressuscitará.
Esta semana santa, vamos celebrar nas nossas
comunidades cristãs a paixão e a morte do Senhor. Podemos também meditar em
silêncio ante Jesus crucificado, mergulhando nas palavras que ele mesmo
pronunciou durante Sua agonia.
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