"Como
eles insistissem, ergueu-se e disse-lhes: ‘Quem de vós estiver sem pecado, seja
o primeiro a lhe atirar uma pedra’. Inclinando-se novamente, escrevia na
terra." (Jo, 6,7-8)
Abaixo, uma boa reflexão, bem concreta e muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 8, 1-11 (A mulher adúltera e questão da lei). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
WCejnóg
IHU – ADITAL
05 Abril 2019
Todos necessitamos do perdão
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho
de Jesus Cristo segundo Jo 8,1-11 que corresponde ao 5° Domingo de
Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta
o texto.
Eis o texto
Segundo seu costume, Jesus passou a noite
sozinho com seu amado Pai no Monte das Oliveiras. O novo dia começa, cheio do
Espírito de Deus que o envia para “proclamar a libertação dos cativos... e dar
liberdade aos oprimidos”. Rapidamente se verá rodeado por uma multidão que vai
à esplanada do templo para ouvi-Lo.
De repente, um grupo de escribas e fariseus irrompe
trazendo “uma mulher apanhada em adultério”. Não os preocupa o destino
terrível da mulher. Ninguém a interroga sobre o que quer que seja. Já está
condenada. Os acusadores deixam-no bem claro: “Na Lei de Moisés é ordenado que
se apedrejem as adúlteras. E tu, que dizes?”.
A situação é dramática: os fariseus estão tensos, a
mulher angustiada, as pessoas na expectativa. Jesus mantém um silêncio
surpreendente. Tem diante de Si aquela mulher humilhada, condenada por todos.
Em breve será executada. É esta a última palavra de Deus sobre esta sua filha?
Jesus, que está sentado, inclina-se para o chão e
começa a escrever alguns traços na terra. Certamente procura luz. Os acusadores
pedem-lhe uma resposta em nome da Lei. Ele lhes responderá a partir da sua
experiência da misericórdia de Deus: aquela mulher e os seus acusadores, todos
eles, necessitam do perdão de Deus.
Os acusadores somente pensam no pecado da
mulher e na condenação da Lei. Jesus mudará a perspectiva. Colocará os
acusadores ante o seu próprio pecado. Ante Deus, todos devem reconhecer-se
pecadores. Todos necessitamos do seu perdão.
Como continuam a insistir cada vez mais, Jesus
levanta-se e diz-lhes: “Aquele de vós que não tenha pecado, pode atirar a
primeira pedra”. Quem sois vós para condenar aquela mulher à morte,
esquecendo os vossos próprios pecados e a vossa necessidade do perdão e
misericórdia de Deus?
Os acusadores vão-se retirando um após o
outro. Jesus aponta para uma convivência em que a pena de morte não pode ser a
última palavra sobre um ser humano. Mais tarde, Jesus dirá solenemente: “Eu não
vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo”.
O diálogo de Jesus com a mulher lança nova
luz sobre a Sua atuação. Os acusadores retiraram-se, mas a mulher não se moveu.
Parece que necessita ouvir uma última palavra de Jesus. Não se sente ainda
liberada. Jesus diz-lhe: “Nem eu te condeno. Vai e, a partir de agora, não
voltes a pecar”.
Oferece-lhe seu perdão e, ao mesmo tempo, convida-a
a não voltar a pecar. O perdão de Deus não anula a responsabilidade, mas
exige conversão. Jesus sabe que “Deus não quer a morte do pecador, mas que se
converta e viva”.
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