Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 30 de setembro de 2023

“Eles vão à frente”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus”. (Mt 21:31)

 

Abaixo, uma reflexão muito relevante e concreta atualmente, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mt 21,28-32 (Parábola dos dois filhos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

28 Setembro 2023

ELES VÃO À FRENTE

A parábola é tão simples que parece indigna de um grande profeta como Jesus. No entanto, não se dirige ao grupo de crianças que corre ao seu redor, mas aos “sumos sacerdotes e anciãos do povo”, que o perseguem quando se aproxima do templo.

Segundo a história, um pai pede a dois de seus filhos que trabalhem em sua vinha. O primeiro responde abruptamente: “Não quero”, mas não esquece o chamado do pai e acaba trabalhando na vinha. O segundo reage com admirável disponibilidade: “Claro que vou, senhor”, mas tudo permanece apenas palavras. Ninguém o verá trabalhando na vinha.

A mensagem da parábola é clara. Os líderes religiosos que ouvem Jesus também concordam. Diante de Deus o importante não é “falar”, mas “fazer”. Para cumprir a vontade do Pai que está nos céus, o que é decisivo não são as palavras, as promessas e as orações, mas as ações e a vida quotidiana.

O que é surpreendente é a aplicação de Jesus. Suas palavras não poderiam ser mais duras. Somente o evangelista Mateus as coleta, mas não há dúvida de que vêm de Jesus. Só ele teve essa liberdade dos líderes religiosos: “Garanto-vos que os publicanos e as prostitutas estão à vossa frente no caminho para o reino de Deus”.

Jesus está falando a partir de sua própria experiência. Os líderes religiosos disseram “sim” a Deus. Eles são os primeiros a falar dele, da sua lei e do seu templo. Mas, quando Jesus os chama a “procurar o reino de Deus e a sua justiça”, eles fecham-se à sua mensagem e não entram nesse caminho. Eles dizem “não” a Deus com sua resistência a Jesus.

Os cobradores de impostos e as prostitutas disseram “não” a Deus. Eles vivem fora da lei, estão excluídos do templo. Contudo, quando Jesus lhes oferece a amizade de Deus, eles ouvem o seu chamado e dão passos para a conversão. Para Jesus não há dúvida: o publicano Zaqueu, a prostituta que molhou os pés com lágrimas e muitos outros... estão à frente no “caminho do reino de Deus”.

Neste caminho avançam não aqueles que fazem profissões solenes de fé, mas aqueles que se abrem a Jesus dando passos concretos de conversão ao projecto do Pai.

26 Tempo Comum – A

(Mateus 21,28-32)

01 de outubro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 23 de setembro de 2023

“Bondade escandalosa de Deus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

Não tenho o direito de fazer o que quero com o meu dinheiro? Ou você está com inveja porque sou generoso?” (Mt 20,15)

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico

Mateus 20,1-16 (Deus não é como nós). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

20 Setembro 2023

 ESCANDALOSA BONDADE DE DEUS

Provavelmente era outono e nas cidades da Galileia a vindima era vivida intensamente. Jesus viu nas praças aqueles que não tinham terras próprias, esperando serem contratados para ganhar o sustento diário. Como podemos ajudar estas pobres pessoas a sentir a misteriosa bondade de Deus para com todos?

Jesus contou-lhes uma parábola surpreendente. Ele lhes contou sobre um homem que contratou todos os diaristas que pôde. Ele próprio ia à praça da cidade repetidas vezes, em horários diferentes. No final das contas, embora o trabalho tivesse sido absolutamente desigual, ele deu a todos um denário: o que sua família precisava para viver.


O primeiro grupo protesta. Eles não reclamam de receber mais ou menos dinheiro. O que os ofende é que o Senhor “tratou os últimos como nós”. A resposta do homem ao porta-voz é admirável: “Você vai ficar com inveja porque eu sou bom?”

A parábola é tão revolucionária que certamente, depois de vinte séculos, ainda não ousamos levá-la a sério. É verdade que Deus é bom mesmo para aqueles que mal conseguem apresentar-se diante dele com méritos e obras? Será verdade que no coração do seu Pai não existem privilégios baseados no trabalho mais ou menos meritório de quem trabalhou na sua vinha?

Todos os nossos planos são abalados quando o amor livre e insondável de Deus aparece. Por isso achamos escandaloso que Jesus pareça esquecer-se dos “piedosos”, carregados de méritos, e se aproxime justamente daqueles que não têm direito a nenhuma recompensa de Deus: os pecadores que não observam a Aliança ou as prostitutas que não têm acesso para o templo.

Às vezes nos trancamos em nossos cálculos, sem permitir que Deus seja bom com todos. Não toleramos a sua infinita bondade para com todos: há pessoas que não a merecem. Parece-nos que Deus deveria dar a cada pessoa o que ela merece, e apenas o que ela merece. Graças a Deus Deus não é como nós. Do coração do seu Pai, Ele sabe também dar o seu amor salvífico àquelas pessoas que não sabemos amar.

25 Tempo Comum – A

(Mateus 20:1-16)

24 de setembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 16 de setembro de 2023

“Perdoar smpre”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?  Jesus respondeu: Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 21-22)

Hoje temos uma reflexão muito atual e esclarecedora, sobre o texto bíblico Mateus 18:21-35 (Perdão: um cálculo sem limites). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

13 Setembro 2023

PERDOAR SEMPRE

Mateus é visto preocupado em corrigir os conflitos, disputas e confrontos que possam surgir na comunidade dos seguidores de Jesus. Ele provavelmente está escrevendo seu evangelho numa época em que, como é dito em seu evangelho, “a caridade da maioria está esfriando” (Mateus 24:12).

É por isso que ele especifica detalhadamente como agir para eliminar o mal dentro da comunidade, respeitando sempre as pessoas, procurando antes de mais nada a "correção em particular, a sós", recorrendo ao diálogo com as "testemunhas", envolvendo a "comunidade" ou separando daqueles que pode prejudicar os seguidores de Jesus.

Tudo isso pode ser necessário, mas como deve agir especificamente o ofendido? O que deve fazer o discípulo de Jesus que deseja seguir seus passos e colaborar com ele abrindo caminhos para o reino de Deus, o reino da misericórdia e da justiça para todos?

Mateus não poderia esquecer algumas palavras de Jesus recolhidas por um evangelho anterior ao seu. Não eram fáceis de entender, mas refletiam o que estava no coração de Jesus. Embora tenham passado vinte séculos, os seus seguidores não devem diminuir o seu conteúdo.

Pedro se aproxima de Jesus. Como em outras ocasiões, ele o faz representando o grupo de seguidores: “Se meu irmão me ofende, quantas vezes devo perdoá-lo? Até sete vezes?” Sua pergunta não é cruel, mas extremamente generosa. Ele ouviu de Jesus suas parábolas sobre a misericórdia de Deus. Conhece sua capacidade de compreender, desculpar e perdoar. Ele também está disposto a perdoar “muitas vezes”, mas não há limite?

A resposta de Jesus é contundente: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”: é preciso perdoar sempre, em todos os momentos, incondicionalmente. Ao longo dos séculos tem havido uma tentativa de desvalorizar de muitas maneiras o que Jesus disse: “perdoar sempre é prejudicial”; “dá incentivos ao infrator”; "Devemos primeiro exigir arrependimento." Tudo isto parece muito razoável, mas esconde e desfigura o que Jesus pensava e viveu.

Nós temos que voltar para Jesus. Na sua Igreja há necessidade de homens e mulheres que estejam dispostos a perdoar como ele, introduzindo entre nós o seu gesto de perdão em toda a sua gratuidade e grandeza. É o que melhor faz brilhar o rosto de Cristo na Igreja.

24 Tempo Comum – A

(Mateus 18:21-35)

17 de setembro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook