Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

”Ninguém tem exclusividade de Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!



“E João lhe respondeu, dizendo: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava demônios, o qual não nos segue; e nós lho proibimos, porque não nos segue.
Jesus, porém, disse: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim. Porque quem não é contra nós, é por nós.”
 (Mc 9, 38-40)

Abaixo, uma boa reflexão, muito concreta, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 9, 38-48 (A favor ou contra Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Não deixe de ler!
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IHU-ADITAL
28 Setembro 2018

Ninguém tem exclusividade de Jesus

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9,38-48 que corresponde ao 26° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A cena é surpreendente. Os discípulos se aproximam de Jesus com um problema. Neste momento, o mensageiro do grupo não é Pedro, mas João, um dos dois irmãos que procuram os primeiros lugares.

Agora pretende que o grupo de discípulos tenha exclusividade de Jesus e o monopólio da sua ação libertadora.

Os discípulos estão preocupados. Um exorcista que não faz parte do grupo está expulsando demônios em nome de Jesus. Eles não se alegram de que estas pessoas fiquem curadas e possam iniciar uma vida mais humana. Só pensam no prestígio do seu próprio grupo. Por isso procuraram cortar pela raiz sua intervenção. Esta é sua única razão: «Não é dos nossos».

Os discípulos dão por certo que, para atuar em nome de Jesus e com sua força de curar, é necessário ser membro do seu grupo. Ninguém pode invocar o nome de Jesus e trabalhar por um mundo mais humano sem fazer parte da Igreja. É realmente assim? Que pensa Jesus?

Suas primeiras palavras são rotundas: «Não os proíbam». O nome de Jesus e sua força humanizadora são mais importantes que o pequeno grupo de seus discípulos. É bom que a salvação que Jesus traz se estenda para além da Igreja estabelecida e ajude as pessoas a viver de forma mais humana. Ninguém deve vê-la como uma concorrência desleal.

Jesus rompe toda a tentativa sectária de seus seguidores. Ele não formou seu grupo para controlar sua salvação messiânica. Não é rabino de uma escola fechada, mas Profeta de uma salvação aberta a todos e todas. Sua Igreja deve apoiar seu nome ali onde é invocado para fazer o bem.

Jesus não quer que entre seus seguidores se fale dos que são nossos e dos que não o são, os de dentro e os de fora, os que podem atuar em seu nome e os que não podem fazê-lo. Seu modo de ver as coisas é diferente: «O que não está contra nós está a favor de nós».

Na sociedade atual há muitos homens e mulheres que trabalham por um mundo mais justo e humano sem pertencer à Igreja. Alguns nem são crentes, mas estão a abrir caminhos para o reino de Deus e sua justiça. São dos nossos. Temos de nos alegrar em vez de olhá-los com ressentimento. Temos de apoiá-los em vez de desqualificá-los.

É um erro viver na Igreja vendo hostilidade e maldade por todos os lados, acreditando ingenuamente que só nós somos portadores do Espírito de Jesus. Ele não nos aprovaria. Convida-nos a colaborar com alegria com todos os que vivem de forma humana e se preocupam com os mais pobres e necessitados.




sexta-feira, 21 de setembro de 2018

“Por que o esquecemos?” – Reflexão de José Antonio Pagola. Muito atual!




Assentando-se, Jesus chamou os Doze e disse: "Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos". E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles. Pegando-a nos braços, disse-lhes: 'Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou' ."  (Mc 9,35-37)

Abaixo, uma bonita reflexão, muito concreta e bem atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mc 9,30-37 (Quem é o maior?). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
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IHU - ADITAL
21 de Setembro de 2018

Por que o esquecemos?”

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9,30-37 que corresponde ao 25° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

A caminho de Jerusalém, Jesus continua a instruir os seus discípulos sobre o final que o espera. Insiste uma vez mais que será entregue aos homens e estes o matarão, mas Deus o ressuscitará. Marcos diz que “Os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas”. Não é difícil adivinhar nestas palavras a pobreza de muitos cristãos de todos os tempos. Não entendemos Jesus e temos medo de aprofundar a sua mensagem.

Ao chegar a Cafarnaum, Jesus pergunta-lhes: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?”  Os discípulos calam-se. Estão envergonhados. Marcos diz que, pelo caminho, tinham discutido sobre quem era o mais importante. Certamente é vergonhoso ver Jesus, que caminha para a cruz, acompanhado de perto por um grupo de discípulos cheios de estúpidas ambições. O que discutimos hoje na Igreja enquanto dizemos seguir Jesus?

Uma vez em casa, Jesus dispõe-se a transmitir um ensinamento. Necessitam. Estas são as suas primeiras palavras: “Quem quer ser o primeiro, que seja o último de todos e o que está a serviço de todos”.  No grupo que segue Jesus, o que quer se sobressair e ser mais que o outro deve colocar-se por último, no fim de todos; assim poderá ver o que necessitam e poderá ser o servidor de todos.

A verdadeira grandeza consiste em servir. Para Jesus, o primeiro não é o que ocupa um cargo de importância, mas quem vive a servir e a ajudar os outros. Os primeiros na Igreja não são as hierarquias, mas essas pessoas simples que vivem ajudando a quem encontram no seu caminho. Não devemos esquecê-lo.

Para Jesus, a sua Igreja deveria ser um espaço onde todos pensam no outro. Uma comunidade onde estejamos atentos a quem mais nos pode necessitar. Não é sonho de Jesus. Para Ele é tão importante que lhes põe um exemplo prático.

Senta-se e chama os seus discípulos. Logo aproxima uma criança e coloca-a no meio de todos para que fixem a sua atenção nela. No centro da Igreja apostólica deve estar sempre essa criança, símbolo das pessoas débeis e desvalidas: os necessitados de acolhimento, apoio e defesa. Não devem estar fora, longe da Igreja de Jesus. Devem ocupar o centro da nossa atenção.

Logo Jesus abraça a criança. Quer que os discípulos o recordem sempre assim: identificado com os débeis. Entretanto diz-lhes: “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, acolhe a mim”. “E quem me recebe não está recebendo a mim, mas aquele que me enviou.”

O ensinamento de Jesus é claro: o caminho para acolher Deus é acolher o seu Filho Jesus presente nos pequenos, nos indefesos, nos pobres e desvalidos. Por que o esquecemos tanto? O que está no centro da Igreja se já não está esse Jesus identificado com os pequenos?
  


sábado, 15 de setembro de 2018

Levar Jesus à sério. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



“ ‘E vocês?’, perguntou ele. ‘Quem vocês dizem que eu sou?’
Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo’.” (Mc 8,28)

Hoje, uma boa reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo  tem o texto bíblico Mc 8, 27-35 (‘Se alguém quer me seguir, tome a sua cruz, renuncie a si mesmo e me siga). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
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IHU – ADITAL
14 Setembro 2018.

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 8,27-35 7 que corresponde ao 24° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

O episódio de Cesarea de Filipo ocupa um lugar central no evangelho de Marcos. Depois de um tempo de convívio com Ele, Jesus faz aos Seus discípulos uma pergunta decisiva: «Quem dizeis que Eu sou?». Em nome de todos, Pedro responde sem duvidar: «Tu és o Messias». Por fim parece que tudo está claro. Jesus é o Messias enviado por Deus, e os discípulos seguem-no para colaborar com Ele.

Mas Jesus sabe que não é assim. Todavia falta-lhes aprender algo muito importante. É fácil professar Jesus com palavras, mas ainda não sabem o que significa segui-Lo de perto partilhando o Seu projeto e o Seu destino. Marcos diz que Jesus «começou a ensiná-los» que teriam de sofrer muito. Não é um ensinamento mais, mas algo fundamental que os discípulos terão de ir assimilando pouco a pouco.

Desde o início que lhes fala «com toda a clareza». Não lhes quer ocultar nada. Têm de saber que o sofrimento os acompanhará sempre na sua tarefa de abrir caminhos para o reino de Deus. No final será condenado pelos dirigentes religiosos e morrerá executado violentamente. Só ao ressuscitar se verá que Deus está com Ele.

Pedro rebela-se perante o que está ouvindo. A sua reação é incrível. Leva Jesus consigo e fala com Ele à parte para o «censurar». Tinha sido o primeiro a reconhecê-lo como Messias. Agora é o primeiro a rejeitá-Lo. Quer fazer ver a Jesus que o que está dizendo é absurdo. Não está disposto a que siga esse caminho. Jesus deve alterar essa forma de pensar.

Jesus reage com uma dureza desconhecida. De repente vê em Pedro os traços de Satanás, o tentador do deserto que procura afastá-Lo da vontade de Deus. Volta-se para os discípulos e «repreende» literalmente Pedro com estas palavras: «Afasta-te de Mim, Satanás»: volta a ocupar o teu lugar de discípulo. Deixa de tentar-me. «Os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens.»

Logo chama as pessoas e os Seus discípulos para que escutem bem as Suas palavras. Irá repeti-las em diversas ocasiões. Não devem esquecê-las jamais. «Se alguém quiser vir comigo, que renuncie a si mesmo, que carregue a sua cruz e que me siga.»

Seguir Jesus não é obrigatório. É uma decisão livre de cada um. Mas temos de levar a sério Jesus. Não bastam confissões fáceis. Se quisermos segui-lo na Sua tarefa apaixonante de fazer um mundo mais humano, digno e ditoso, temos de estar dispostos a duas coisas. Primeiro, renunciar a projetos ou planos que se oponham ao reino de Deus. Segundo, aceitar os sofrimentos que nos podem chegar por seguir Jesus e nos identificarmos com a sua causa.



sábado, 8 de setembro de 2018

“Curar a surdez” – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!



“E, levantando os olhos ao céu, suspirou, e disse: Efatá; isto é, Abre-te. E logo se abriram os seus ouvidos, e a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente.” (Mc 7, 34-35)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito concreta e atual. Tem como pano de fundo o texto bíblico  Mc 7, 31-37 (Jesus cura um homem que era surdo e mudo).
Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Muito bom. Não deixe de ler.
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IHU - ADITAL
8 Setembro 2018

Curar a surdez

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 7,31-37 que corresponde ao 23° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

A cura de um surdo na região pagã de Sidônia está narrada por Marcos com uma intenção claramente pedagógica. É um doente muito especial. Não ouve nem fala. Vive encerrado em si mesmo, sem se comunicar com ninguém. Não sabe que Jesus vai passar próximo dele. São outros os que o levam até o Profeta.

Também a atuação de Jesus é especial. Não impõe as Suas mãos sobre ele como lhe pediram, mas leva-o para um lugar afastado das pessoas. Ali trabalha intensamente, primeiro os seus ouvidos e depois a sua língua.    Quer que o doente sinta o seu contato de cura. Apenas um encontro profundo com Jesus poderá curá-lo de uma surdez tão tenaz.

Ao que parece, não é suficiente todo aquele esforço. A surdez resiste. Então Jesus apela ao Pai, fonte de toda a salvação: olhando o céu, suspira e grita ao doente uma só palavra: Effetá, que quer dizer, «Abre-te». Esta é a única palavra que pronuncia Jesus em todo o relato. Não está dirigida aos ouvidos do surdo, mas ao seu coração.

Sem dúvida, Marcos quer que esta palavra de Jesus ressoe com força nas comunidades cristãs que irão ler o seu relato. Conhece bem o quão fácil é viver surdo à Palavra de Deus. Também hoje há cristãos que não se abrem à Boa Nova de Jesus nem falam a ninguém da sua fé. Comunidades surdas e mudas que escutam pouco o Evangelho e o comunicam mal.

Talvez um dos pecados mais graves dos cristãos de hoje seja esta surdez. Não paramos para escutar o Evangelho de Jesus. Não vivemos com o coração aberto para acolher as suas palavras. Por isso não sabemos escutar com paciência e compaixão a tantos que sofrem sem receber o carinho nem a atenção de ninguém.

Às vezes poderia dizer-se que a Igreja, nascida de Jesus para anunciar a Sua Boa Nova, vai fazendo o seu próprio caminho, esquecendo, com frequência, da vida concreta das preocupações, medos, trabalhos e esperanças das pessoas. Se não escutamos bem as chamadas de Jesus, não colocamos palavras de esperança na vida dos que sofrem.

Há algo paradoxal em alguns discursos da Igreja. Dizem-se grandes verdades, mas não tocam o coração das pessoas. Algo disto está a suceder nestes tempos de crise. A sociedade não está à espera de «doutrina religiosa» dos especialistas, mas escuta com atenção uma palavra clarividente, inspirada no Evangelho de Jesus quando é pronunciada por uma Igreja sensível ao sofrimento das vítimas, e que sabe sair instintivamente em defesa convidando todos a estar próximos de quem mais ajuda necessita para viver com dignidade.