“ ‘E vocês?’, perguntou ele. ‘Quem vocês dizem que eu sou?’
Pedro respondeu: ‘Tu és o Cristo’.” (Mc 8,28)
Hoje, uma
boa reflexão, muito concreta e atual. Como pano de fundo tem o texto bíblico Mc 8, 27-35 (‘Se alguém quer me seguir, tome a sua cruz, renuncie a si
mesmo e me siga’). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado na no site
do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).
Vale a pena ler!
WCejnóg
IHU
– ADITAL
14
Setembro 2018.
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o
Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 8,27-35 7 que corresponde ao 24°
Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O episódio de Cesarea de Filipo ocupa um lugar central no evangelho de Marcos. Depois de um tempo
de convívio com Ele, Jesus faz aos Seus discípulos uma pergunta decisiva: «Quem
dizeis que Eu sou?». Em nome de todos, Pedro responde sem duvidar: «Tu és o
Messias». Por fim parece que tudo está claro. Jesus é o Messias enviado por
Deus, e os discípulos seguem-no para colaborar com Ele.
Mas Jesus sabe que não é assim. Todavia falta-lhes
aprender algo muito importante. É fácil professar Jesus com palavras, mas ainda
não sabem o que significa segui-Lo de perto partilhando o Seu projeto e
o Seu destino. Marcos diz que Jesus «começou a ensiná-los» que teriam
de sofrer muito. Não é um ensinamento mais, mas algo fundamental que os
discípulos terão de ir assimilando pouco a pouco.
Desde o início que lhes fala «com toda a clareza».
Não lhes quer ocultar nada. Têm de saber que o sofrimento os
acompanhará sempre na sua tarefa de abrir caminhos para o reino de Deus. No
final será condenado pelos dirigentes religiosos e morrerá executado
violentamente. Só ao ressuscitar se verá que Deus está com Ele.
Pedro rebela-se
perante o que está ouvindo. A sua reação é incrível. Leva Jesus consigo e fala
com Ele à parte para o «censurar». Tinha sido o primeiro a reconhecê-lo como
Messias. Agora é o primeiro a rejeitá-Lo. Quer fazer ver a Jesus que o que está
dizendo é absurdo. Não está disposto a que siga esse caminho. Jesus deve
alterar essa forma de pensar.
Jesus reage com uma dureza desconhecida. De repente
vê em Pedro os traços de Satanás, o tentador do deserto que procura afastá-Lo
da vontade de Deus. Volta-se para os discípulos e «repreende»
literalmente Pedro com estas palavras: «Afasta-te de Mim, Satanás»: volta a
ocupar o teu lugar de discípulo. Deixa de tentar-me. «Os teus pensamentos não
são os de Deus, mas os dos homens.»
Logo chama as pessoas e os Seus discípulos para que
escutem bem as Suas palavras. Irá repeti-las em diversas ocasiões. Não devem
esquecê-las jamais. «Se alguém quiser vir comigo, que renuncie a si
mesmo, que carregue a sua cruz e que me siga.»
Seguir Jesus não é obrigatório. É uma decisão livre
de cada um. Mas temos de levar a sério Jesus. Não bastam confissões
fáceis. Se quisermos segui-lo na Sua tarefa apaixonante de fazer um
mundo mais humano, digno e ditoso, temos de estar dispostos a duas coisas. Primeiro,
renunciar a projetos ou planos que se oponham ao reino de Deus. Segundo,
aceitar os sofrimentos que nos podem chegar por seguir Jesus e nos
identificarmos com a sua causa.
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