Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 27 de agosto de 2022

“Convide os pobres”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"E disse também a quem o tinha convidado: <Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. Então tu serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos>.”  (Lc 14, 12-14)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 14,1.7-14 (Os convidados para o banquete do Reino). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

24 Agosto 2022

CONVIDE OS POBRES

Jesus viveu um estilo de vida diferente. Quem quer segui-lo sinceramente sente-se convidado a viver de uma forma nova e revolucionária, em contradição com a forma "normal" de comportamento que observamos à nossa volta.

Como não nos sentirmos desconcertados e desafiados quando ouvimos palavras como essas? «Quando você der uma refeição ou um jantar, não convide seus amigos, nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos, porque eles retribuirão convidando você e você será pago... Quando você der um banquete, convidar os pobres, aleijados, coxos e cegos. Bem-aventurados sois, porque não vos podem pagar; eles te pagarão quando os justos ressuscitarem”.

Somos convidados a agir a partir de uma atitude de gratuidade e atenção aos pobres, o que não é usual. Somos chamados a compartilhar sem seguir a lógica de quem sempre procura cobrar dívidas, mesmo à custa de humilhar aquele pobre que está sempre devendo a todos.

Jesus pensa nas relações humanas a partir de um novo espírito de liberdade, gratuidade e amor fraterno. Um espírito que contraria o comportamento normal dentro do sistema, que acaba sempre abandonando os mais indefesos.

Os seguidores de Jesus devem sentir-se chamados a prolongar o seu estilo de vida, ainda que com gestos muito modestos e humildes. Esta é a nossa missão: introduzir na história esse novo espírito de Jesus; contradizer a lógica da ganância e da acumulação egoísta. Não conseguiremos mudanças espetaculares, muito menos imediatamente. Mas com nossa ação solidária, livre e fraterna criticaremos o comportamento egoísta como algo indigno de uma convivência saudável.

Quem acompanha Jesus de perto sabe que sua ação é absurda, incômoda e intolerável para a “lógica” da maioria. Mas também sabe que com seus pequenos gestos está apontando para a salvação definitiva do ser humano.

22 Tempo Comum - C

(Lucas 14,1.7-14)

28 de agosto

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 20 de agosto de 2022

“Uma frase difícil”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!


"Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu digo a vocês que muitos tentarão entrar e não conseguirão”. (13,24)

Abaixo, uma reflexão muito concreta e relevante para os dias de hoje, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 13,22-30 (A porta que dá acesso à vida). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Não deixe de ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

UMA FRASE DIFÍCIL

É sem dúvida uma das frases mais duras de Jesus para os ouvidos do homem contemporâneo: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita». O que pode significar hoje esta exortação evangélica? Devemos voltar a um cristianismo sombrio e ameaçador? Devemos novamente entrar no caminho de um moralismo estreito?

Não é fácil apreender com precisão a intenção da imagem usada por Jesus. As interpretações dos especialistas diferem. Mas todos concordam que Jesus exorta o esforço e a renúncia pessoal como atitude essencial para salvar a vida.

Não poderia ser de outra forma. Embora a sociedade permissiva pareça esquecê-lo, esforço e disciplina são absolutamente necessários. Não há outro caminho. Se alguém tenta alcançar sua realização pelo caminho do agradável e do prazeroso, logo descobrirá que é cada vez menos senhor de si mesmo. Ninguém alcança um objetivo realmente valioso na vida sem renúncia e sacrifício.

Essa renúncia não deve ser entendida como uma forma tola de se prejudicar, privando-se da dimensão prazerosa que o viver saudável implica. Trata-se de assumir os sacrifícios necessários para viver de forma digna e positiva. Assim, por exemplo, a verdadeira vida é harmonia. Coerência entre o que acredito e o que faço. Essa harmonia pessoal nem sempre é fácil. Viver coerentemente consigo mesmo exige abrir mão do que contradiz minha consciência. Sem essa renúncia, a pessoa não cresce.

A vida também é verdadeira. Faz sentido quando a pessoa ama a verdade, busca a verdade e caminha atrás dela. Mas isso requer esforço e disciplina; desistir de tantas mentiras e auto-enganos que desfiguram nossa pessoa e nos fazem viver em uma realidade falsa. Sem esta renúncia não há vida autêntica.

A vida é amor. Quem vive trancado em seus próprios interesses, escravo de suas ambições, pode conseguir muitas coisas, mas sua vida é um fracasso. O amor requer desistir do egoísmo, da inveja e do ressentimento. Sem essa renúncia não há amor, e sem amor não há crescimento pessoal.

A vida é um dom, mas também é uma tarefa. Ser humano é uma dignidade, mas também é um trabalho. Não há grandeza sem desapego; Não há liberdade sem sacrifício; não há vida sem renúncia. Um dos erros mais graves da sociedade permissiva é confundir "felicidade" com "facilidade". A advertência de Jesus mantém toda a sua gravidade mesmo em nossos dias. Sem renúncia, nem esta vida nem a vida eterna são obtidas.

21 Tempo Comum - C

(Lucas 13,22-30)

21 de agosto

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

  Fonte: Facebook