"Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu digo a vocês que muitos tentarão entrar e não conseguirão”. (13,24)
Abaixo, uma reflexão muito concreta e relevante para os dias de hoje, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 13,22-30 (A porta que dá acesso à vida). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
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Por José Antonio Pagola
UMA FRASE DIFÍCIL
É sem dúvida uma das frases mais duras de Jesus para os ouvidos do homem contemporâneo: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita». O que pode significar hoje esta exortação evangélica? Devemos voltar a um cristianismo sombrio e ameaçador? Devemos novamente entrar no caminho de um moralismo estreito?
Não é fácil apreender com precisão a intenção da imagem usada por Jesus. As interpretações dos especialistas diferem. Mas todos concordam que Jesus exorta o esforço e a renúncia pessoal como atitude essencial para salvar a vida.
Não poderia ser de outra forma. Embora a sociedade permissiva pareça esquecê-lo, esforço e disciplina são absolutamente necessários. Não há outro caminho. Se alguém tenta alcançar sua realização pelo caminho do agradável e do prazeroso, logo descobrirá que é cada vez menos senhor de si mesmo. Ninguém alcança um objetivo realmente valioso na vida sem renúncia e sacrifício.
Essa renúncia não deve ser entendida como uma forma tola de se prejudicar, privando-se da dimensão prazerosa que o viver saudável implica. Trata-se de assumir os sacrifícios necessários para viver de forma digna e positiva. Assim, por exemplo, a verdadeira vida é harmonia. Coerência entre o que acredito e o que faço. Essa harmonia pessoal nem sempre é fácil. Viver coerentemente consigo mesmo exige abrir mão do que contradiz minha consciência. Sem essa renúncia, a pessoa não cresce.
A vida também é verdadeira. Faz sentido quando a pessoa ama a verdade, busca a verdade e caminha atrás dela. Mas isso requer esforço e disciplina; desistir de tantas mentiras e auto-enganos que desfiguram nossa pessoa e nos fazem viver em uma realidade falsa. Sem esta renúncia não há vida autêntica.
A vida é amor. Quem vive trancado em seus próprios interesses, escravo de suas ambições, pode conseguir muitas coisas, mas sua vida é um fracasso. O amor requer desistir do egoísmo, da inveja e do ressentimento. Sem essa renúncia não há amor, e sem amor não há crescimento pessoal.
A vida é um dom, mas também é uma tarefa. Ser humano é uma dignidade, mas também é um trabalho. Não há grandeza sem desapego; Não há liberdade sem sacrifício; não há vida sem renúncia. Um dos erros mais graves da sociedade permissiva é confundir "felicidade" com "facilidade". A advertência de Jesus mantém toda a sua gravidade mesmo em nossos dias. Sem renúncia, nem esta vida nem a vida eterna são obtidas.
21 Tempo Comum - C
(Lucas 13,22-30)
21 de agosto
Jose Antonio Pagola
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Fonte: Facebook
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