Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 28 de outubro de 2023

“Paixão por Deus e compaixão pelos seres humanos”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento.  E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mt 22, 36-40)

Hoje temos uma excelente reflexão, muito atual, que se refere ao texto bíblico Mateus 22,34-40 (O principal mandamento). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


Por José Antonio Pagola

25 Outubro 2023

Paixão por Deus e compaixão pelos seres humanos

Quando se esquecem do essencial, entrarão facilmente nas religiões pelos caminhos da piedosa mediocridade ou da casuística moral, que não só os tornam incapazes de uma relação saudável com Deus, mas podem prejudicar gravemente as pessoas. Nenhuma religião escapa deste risco.

A cena narrada nos evangelhos tem como pano de fundo um clima religioso em que sacerdotes e mestres da lei classificam centenas de mandamentos da Lei divina em “fáceis” e “difíceis”, “sérios” e “leves”, “pequenos” e grande". Quase impossível se movimentar com o coração saudável nesta rede.

A pergunta que fazem a Jesus procura recuperar o essencial, descobrir o "espírito perdido": qual é o mandamento principal? Qual é o essencial? Onde está o núcleo de tudo? A resposta de Jesus, como a de Hillel e de outros professores judeus, capta a fé básica de Israel: “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu ser”. “Você amará o seu próximo como a si mesmo”.

Que ninguém pense que, ao falar de amor a Deus, estamos falando de emoções ou sentimentos em relação a um Ser imaginário, ou de convites para orações e devoções. “Amar a Deus de todo o coração” é reconhecer humildemente o Mistério último da vida; compreender com confiança a existência segundo a sua vontade: amar a Deus como Pai, que é bom e nos ama bem.

Tudo isto marca decisivamente a vida, pois significa enaltecer a existência desde as suas raízes. Então, participe da vida com gratidão; opte sempre pelo bom e pelo belo; viva com um coração de carne e não de pedra; resista a tudo o que trai a vontade de Deus, negando a vida e a dignidade dos seus filhos e filhas.

É por isso que o amor a Deus é inseparável do amor aos irmãos. É assim que Jesus se lembra: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. O verdadeiro amor a Deus não é possível sem a escuta do sofrimento dos seus filhos e filhas. Que religião seria aquela em que a fome dos subnutridos ou o excesso dos satisfeitos não suscitasse quaisquer dúvidas ou preocupações aos crentes? Aqueles que resumem a religião de Jesus como “paixão por Deus e compaixão pela humanidade” não estão errados.

30 Tempo Comum – A

(Mateus 22,34-40)

29 de outubro

José Antonio Pagola

Fonte: Facebook

sábado, 21 de outubro de 2023

“ A Deus o que é de Deus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

“Dize-nos, pois: Qual é a tua opinião? É certo pagar imposto a César ou não? Mas Jesus, percebendo a má intenção deles, perguntou: Hipócritas! Por que vocês estão me pondo à prova?” (Mt 22,17-18)

Abaixo, uma ótima reflexão baseada no texto bíblico Mt 22,15-21 (Dai a César o que é de César). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

18 Outubro 2023

Para Deus o que é de Deus

A armadilha que eles fizeram para Jesus é bem pensada: “É lícito pagar tributo a César ou não?” Se responder negativamente, poderá ser acusado de rebelião contra Roma. Se ele aceitar os impostos, será desacreditado por aquelas pessoas que vivem oprimidas pelos impostos, e a quem ele tanto ama e defende.

Jesus pede que lhe mostrem “a moeda usada para pagar o imposto”. Ele não a tem, pois vive como um vagabundo itinerante, sem terra nem trabalho fixo; ele não tem problemas com cobradores de impostos. Então ele lhes pergunta sobre a imagem que aparece naquele denário de prata. Representa Tibério, e a inscrição diz: «Tiberius Caesar, Divi Augusti Filius Augustus». No verso podia-se ler: «Pontifex Maximus».

O gesto de Jesus já é esclarecedor. Os seus adversários vivem como escravos do sistema, porque, ao utilizarem essa moeda cunhada com símbolos políticos e religiosos, estão a reconhecer a soberania do imperador. Este não é o caso de Jesus, que vive de forma pobre mas livre, dedicado aos mais pobres e excluídos do Império.

Jesus então acrescenta algo que ninguém lhe perguntou. Perguntam-lhe sobre os direitos de César e ele responde, lembrando-se dos direitos de Deus: “Pague a César o que é de César, mas pague a Deus o que é de Deus”.

A moeda traz a imagem do imperador, mas o ser humano, como nos lembra o antigo livro do Gênesis, é “a imagem de Deus”. É por isso que ele nunca deve ser submetido a nenhum imperador. Jesus havia registrado isso muitas vezes. Os pobres pertencem a Deus; os mais pequenos são os seus filhos preferidos; o reino de Deus pertence a eles. Ninguém deveria abusar deles.

Jesus não diz que a metade da vida, a material e econômica, pertence à esfera de César, e a outra metade, a espiritual e religiosa, à esfera de Deus. A sua mensagem é outra: se entrarmos no reino, não devemos permitir que nenhum César sacrifique o que pertence apenas a Deus: os famintos do mundo, os subsaarianos abandonados que chegam em barcos, os “indocumentados” das nossas cidades. Que nenhum César conte connosco.

 29 Tempo Comum – A

(Mateus 22,15-21)

22 de outubro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 14 de outubro de 2023

“Também hoje é possivel escutar Deus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.


"Pois muitos são chamados, mas poucos são escolhidos". (Mt  22, 14)

Hoje temos uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Mateus 22,1-14 (Convidados para a festa do Rei). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

12 Outubro 2023

HOJE TAMBÉM É POSSÍVEL ESCUTAR DEUS

Todos os estudos dizem isso. A religião está em crise nas sociedades desenvolvidas do Ocidente. Há cada vez menos pessoas interessadas em crenças religiosas. As elaborações dos teólogos quase não têm eco. Os jovens abandonam as práticas religiosas. A sociedade está a deslizar para uma indiferença crescente.

Há, no entanto, algo que os crentes nunca devem esquecer. Deus não está em crise. Aquela Realidade suprema para a qual apontam as religiões com nomes diferentes ainda está viva e operando. Deus também está hoje em contato imediato com cada ser humano. A crise religiosa não pode impedir que Deus continue a oferecer-se a cada pessoa no misterioso fundo da sua consciência.

Nesta perspectiva, é um erro “demonizar” excessivamente a atual crise religiosa, como se fosse uma situação impossível para a ação salvífica de Deus. Não é assim. Cada contexto sociocultural tem as suas condições mais ou menos favoráveis ​​para o desenvolvimento de uma determinada religião, mas o ser humano mantém intactas as suas possibilidades de abertura ao Mistério último da vida, que o interpela desde o fundo da sua consciência.


A parábola dos “convidados do casamento” lembra isso de forma expressiva. Deus não exclui ninguém. O seu único desejo é que a história humana termine numa alegre celebração. Seu único desejo é que o espaçoso salão de banquetes esteja cheio de convidados. Já está tudo preparado. Ninguém pode impedir que Deus faça chegar o seu convite a todos.

É verdade que o apelo religioso é rejeitado por muitos, mas o convite de Deus não para. Todos podem ouvi-lo, “bons e maus”, aqueles que vivem na “cidade” e aqueles que estão perdidos “nas encruzilhadas”. Cada pessoa que escuta o chamado do bem, do amor e da justiça está acolhendo a Deus.

Penso em tantas pessoas que ignoram quase tudo sobre Deus. Eles só conhecem uma caricatura de religião. Eles nunca poderão suspeitar da “alegria de acreditar”. Tenho certeza de que Deus está vivo e operando no mais íntimo do seu ser. Estou convencido de que muitos deles aceitam o seu convite de maneiras que me escapam.

28 Tempo Comum – A

(Mateus 22,1-14)

15 de outubro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

 Fonte:Facebook