“Dize-nos, pois: Qual é a tua opinião? É certo pagar imposto a César ou não? Mas Jesus, percebendo a má intenção deles, perguntou: Hipócritas! Por que vocês estão me pondo à prova?” (Mt 22,17-18)
Abaixo, uma ótima reflexão baseada no texto bíblico Mt 22,15-21 (Dai a César o que é de César). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
18 Outubro 2023
Para Deus o que é de Deus
A armadilha que eles fizeram para Jesus é bem
pensada: “É lícito pagar tributo a César ou não?” Se responder negativamente,
poderá ser acusado de rebelião contra Roma. Se ele aceitar os impostos, será
desacreditado por aquelas pessoas que vivem oprimidas pelos impostos, e a quem
ele tanto ama e defende.
Jesus pede que lhe mostrem “a moeda usada para pagar o imposto”. Ele não a tem, pois vive como um vagabundo itinerante, sem terra nem trabalho fixo; ele não tem problemas com cobradores de impostos. Então ele lhes pergunta sobre a imagem que aparece naquele denário de prata. Representa Tibério, e a inscrição diz: «Tiberius Caesar, Divi Augusti Filius Augustus». No verso podia-se ler: «Pontifex Maximus».
O gesto de Jesus já é esclarecedor. Os seus adversários vivem como escravos do sistema, porque, ao utilizarem essa moeda cunhada com símbolos políticos e religiosos, estão a reconhecer a soberania do imperador. Este não é o caso de Jesus, que vive de forma pobre mas livre, dedicado aos mais pobres e excluídos do Império.
Jesus então acrescenta algo que ninguém lhe perguntou. Perguntam-lhe sobre os direitos de César e ele responde, lembrando-se dos direitos de Deus: “Pague a César o que é de César, mas pague a Deus o que é de Deus”.
A moeda traz a imagem do imperador, mas o ser humano, como nos lembra o antigo livro do Gênesis, é “a imagem de Deus”. É por isso que ele nunca deve ser submetido a nenhum imperador. Jesus havia registrado isso muitas vezes. Os pobres pertencem a Deus; os mais pequenos são os seus filhos preferidos; o reino de Deus pertence a eles. Ninguém deveria abusar deles.
Jesus não diz que a metade da vida, a material e econômica, pertence à esfera de César, e a outra metade, a espiritual e religiosa, à esfera de Deus. A sua mensagem é outra: se entrarmos no reino, não devemos permitir que nenhum César sacrifique o que pertence apenas a Deus: os famintos do mundo, os subsaarianos abandonados que chegam em barcos, os “indocumentados” das nossas cidades. Que nenhum César conte connosco.
29 Tempo Comum – A
(Mateus 22,15-21)
22 de outubro
José Antonio Pagola
Fonte: Facebook
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