Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 31 de julho de 2021

“Como acreditar em Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

"Disseram eles: Senhor, dá-nos sempre desse pão! Então Jesus declarou: Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim nunca terá fome; aquele que crê em mim nunca terá sede”.  (Jo 6, 34-35)

A reflexão que trago hoje para o blog Indagações-Zapytania, do padre e teólogo espanhol José Antônio Pagola, é muito precisa e importante. Tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 6, 24-35 (Jesus, o pão da vida).

Foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

WCejnóg

IHU – ADITAL

30 Julho 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 6,24-35, que corresponde ao 18º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Como acreditar em Jesus 

Segundo o evangelista João, Jesus conversa com as pessoas nas margens do Lago da Galileia. Jesus diz-lhes que não trabalhem por qualquer coisa, que não pensem apenas num «alimento perecível». O importante é trabalhar tendo como horizonte a «vida eterna».

Sem dúvida que é assim. Jesus tem razão. Mas qual é o trabalho que quer Deus? Esta é a pergunta das pessoas; como podemos nos ocuparmos nos trabalhos que Deus quer? A resposta de Jesus não deixa de ser desconcertante. O único trabalho que Deus quer é este: «Que acrediteis em quem Deus vos enviou». Que significa isto?

«Acreditar em Jesus» não é uma experiência teórica, um exercício mental. Não consiste simplesmente numa adesão religiosa. É um «trabalho» em que os seus seguidores se hão de ocupar ao longo das suas vidas. Acreditar em Jesus é algo que se tem de cuidar e trabalhar dia a dia. 

«Acreditar em Jesus» é configurar a vida a partir Dele. Convencidos de que a sua vida foi verdadeira: uma vida que conduz à vida eterna. A sua maneira de viver Deus como Pai, a sua forma de reagir sempre com misericórdia, o seu compromisso em despertar esperança é o melhor que pode fazer o ser humano. 

«Acreditar em Jesus» é viver e trabalhar por algo último e decisivo: esforçar-se por um mundo mais humano e justo; fazer mais real e mais credível a paternidade de Deus; não esquecer aqueles que correm o risco de ser esquecidos por todos, mesmo pelas religiões. E fazer tudo isto sabendo que o nosso pequeno compromisso, sempre pobre e limitado, é o trabalho mais humano que podemos fazer. 

Por isso, ignorar a vida dos outros, viver tudo com indiferença, encerrarmo-nos apenas nos nossos interesses, ignorar o sofrimento das pessoas que encontramos no nosso caminho... são atitudes que indicam que não estamos a «trabalhar» a nossa fé em Jesus.

Fonte: IHU – Comentário ao Evangelho

sábado, 24 de julho de 2021

“A Eucaristia e crise econômica”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

“Então Jesus tomou os pães, deu graças e os repartiu entre os que estavam assentados, tanto quanto queriam; e fez o mesmo com os peixes.” (Jo 6,11)

Abaixo temos uma reflexão muito relevante e atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 6, 1-15 (O milagre do pão). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. Foi publicada na no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

23 Julho 2021

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de João 6,1-15, que corresponde ao 17º domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

A Eucaristia e crise econômica

Todos nós, cristãos, sabemos disso. A Eucaristia dominical pode facilmente converter-se num «refúgio religioso» que nos protege da vida conflitiva em que nos movemos ao longo da semana. É tentador ir à missa para partilhar uma experiência religiosa que nos permite descansar dos problemas, tensões e más notícias que nos pressionam de todos os lados.

Às vezes somos sensíveis ao que afeta a dignidade da celebração, mas preocupa-nos menos esquecer as exigências que envolve celebrar a Ceia do Senhor. Incomoda-nos que um padre não cumpra estritamente a norma ritual, mas podemos continuar a celebrar a missa rotineiramente sem ouvir os apelos do evangelho.

O risco é sempre o mesmo: comungar com Cristo no íntimo do coração sem nos preocuparmos em comungar com os irmãos que sofrem. Partilhar o pão da Eucaristia e ignorar a fome de milhões de irmãos privados de pão, de justiça e de futuro.

Nos próximos anos, os efeitos da crise irão agravar-se muito mais do que temíamos. A cascata de medidas que são ditadas de maneira inapelável e implacável irá fazer crescer entre nós uma desigualdade injusta. Veremos como pessoas do nosso ambiente próximo se vão empobrecendo até ficarem à mercê de um futuro incerto e imprevisível.

Conheceremos de perto imigrantes, privados de assistência sanitária, doentes sem saber como resolver os seus problemas de saúde ou medicação, famílias obrigadas a viver da caridade, pessoas ameaçadas de despejo, gente sem assistência, jovens sem um futuro claro.... Não o poderemos evitar. Ou endurecemos os nossos hábitos egoístas de sempre ou nos tornamos mais solidários.

A celebração da Eucaristia no meio desta sociedade em crise pode ser um local de consciencialização. Necessitamos nos libertar de uma cultura individualista que nos habituou a viver pensando somente nos nossos próprios interesses, para aprender com simplicidade a ser mais humanos. Toda a Eucaristia está orientada para criar fraternidade.

Não é normal ouvir todos os domingos ao longo do ano o evangelho de Jesus sem reagir às suas chamadas. Não podemos pedir ao Pai «o pão nosso de cada dia» sem pensar naqueles que têm dificuldades para o obter. Não podemos comungar com Jesus sem nos tornarmos mais generosos e solidários. Não podemos dar paz uns aos outros sem estarmos dispostos a estender a mão àqueles que estão mais sozinhos e indefesos perante a crise.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho