Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sexta-feira, 29 de abril de 2022

“Você me ama?” – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Pela terceira vez, ele lhe disse: <Simão, filho de João, você me ama?>"
Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez <Você me ama?> e lhe disse: <Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo>.
Disse-lhe Jesus: <Cuide das minhas ovelhas>. (Jo 21, 17)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico João 21,1-19 (O amor em primeiro lugar). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

28 Abril 2022

VOCÊ ME AMA?

Esta pergunta que o Ressuscitado dirige a Pedro lembra a todos nós que nos dizemos crentes que a vitalidade da fé não é uma questão de compreensão intelectual, mas de amor a Jesus Cristo.

É o amor que permite a Pedro entrar em relação viva com Cristo ressuscitado e que pode também nos introduzir no mistério cristão. Quem não ama dificilmente pode "entender" alguma coisa da fé cristã.

Não devemos esquecer que o amor brota em nós quando começamos a nos abrir para outra pessoa em uma atitude de confiança e dedicação que sempre vai além das razões, testes e demonstrações. De alguma forma, amar é sempre "aventurar-se" no outro.

Este também é o caso da fé cristã. Tenho motivos que me convidam a crer em Jesus Cristo. Mas, se eu o amo, não é em última instância pelos dados que os pesquisadores me fornecem ou pelas explicações que os teólogos encontram para mim, mas porque ele desperta em mim uma confiança radical em sua pessoa.

Mas há algo mais. Quando realmente amamos uma pessoa específica, pensamos nela, procuramos por ela, ouvimos, nos sentimos próximos dela. De alguma forma, toda a nossa vida é tocada e transformada por ela, por sua vida e seu mistério.

A fé cristã é "uma experiência de amor". Portanto, crer em Jesus Cristo é muito mais do que “aceitar verdades” sobre ele. Acreditamos realmente quando experimentamos que ele se torna o centro do nosso pensamento, do nosso amor e de todo o nosso viver. Um teólogo tão pouco suspeito de frivolidade como Karl Rahner não hesita em afirmar que só podemos crer em Jesus Cristo "na suposição de que queremos amá-lo e ter a coragem de abraçá-lo".

Esse amor por Jesus não reprime nem destrói nosso amor pelas pessoas. Pelo contrário, é justamente aquele que pode dar-lhe a sua verdadeira profundidade, libertando-o da mediocridade e da mentira. Quando se vive em comunhão com Cristo, é mais fácil descobrir que o que chamamos "amor" muitas vezes nada mais é do que o "egoísmo sensato e calculista" de quem sabe se comportar com habilidade, sem nunca arriscar amar com generosidade total.

A experiência do amor a Cristo pode nos dar força para amar mesmo sem sempre esperar algum ganho ou abrir mão – pelo menos às vezes – de pequenas vantagens para melhor servir a quem precisa de nós. Talvez algo realmente novo acontecesse em nossas vidas se pudéssemos ouvir com sinceridade a pergunta do Ressuscitado: "Você me ama?"

3 Páscoa – C

(João 21,1-19)

1º de maio de 2022

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

 

Fonte: Facebook

sexta-feira, 22 de abril de 2022

“Argila animada pelo Espírito”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

 

Novamente Jesus disse: "Paz seja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu os envio".  E com isso, soprou sobre eles e disse: "Recebam o Espírito Santo. Se perdoarem os pecados de alguém, estarão perdoados; se não os perdoarem, não estarão perdoados". (Jo 20, 21-23)

Abaixo, uma reflexão muito relevante e concreta atualmente, que tem como pano de fundo o texto bíblico João 20,19-31 (Jesus aparece duas vezes aos discípulos). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

 

Por José Antonio Pagola

ARGILA ANIMADA PELO ESPÍRITO

João cuidou muito bem da cena em que Jesus vai confiar sua missão aos seus discípulos. Ele quer deixar claro o que é essencial. Jesus está no centro da comunidade, enchendo todos com sua paz e alegria. Mas os discípulos têm uma missão pela frente. Jesus não os convocou apenas para desfrutá-lo, mas para torná-lo presente no mundo.

Jesus os "envia". Ele não lhes diz especificamente a quem devem ir, o que devem fazer ou como devem agir: "Assim como o Pai me enviou, eu vos envio". Sua tarefa é a mesma de Jesus. Eles não têm outro: aquele que Jesus recebeu do Pai. Eles têm que ser no mundo o que ele foi.

Já viram de quem ele se aproximou, como tratou os mais necessitados, como realizou seu projeto de humanização da vida, como plantou gestos de libertação e perdão. As feridas nas mãos e no flanco lembram sua total dedicação. Jesus agora os envia para "reproduzir" sua presença entre o povo.

Mas ele sabe que seus discípulos são frágeis. Mais de uma vez ele foi surpreendido por sua "pequena fé". Eles precisam de seu próprio Espírito para cumprir sua missão. É por isso que ele está prestes a fazer um gesto muito especial com eles. Ele não impõe as mãos sobre eles nem os abençoa, como fez com os doentes e os pequeninos: "Ele exala sobre eles o seu fôlego e lhes diz: Recebei o Espírito Santo".

O gesto de Jesus tem uma força que nem sempre sabemos captar. De acordo com a tradição bíblica, Deus formou Adão de "barro"; então ele soprou sobre ele seu "sopro de vida"; e essa lama tornou-se um "vivo". Esse é o ser humano: um pouco de barro encorajado pelo Espírito de Deus. E essa será sempre a Igreja: barro encorajado pelo Espírito de Jesus.

Crentes frágeis com pouca fé: cristãos de barro, teólogos de barro, padres e bispos de barro, comunidades de barro... Só o Espírito de Jesus nos torna uma Igreja viva. As áreas onde seu Espírito não é acolhido permanecem "mortas". Eles prejudicam a todos nós, porque nos impedem de realizar sua presença viva entre nós. Muitos não conseguem captar em nós a paz, a alegria e a vida renovadas por Cristo. Não devemos batizar somente com água, mas infundir o Espírito de Jesus. Não devemos apenas falar de amor, mas amar pessoas como ele.

2 Páscoa – C

(João 20,19-31)

24 de abril de 2022

Jose Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 9 de abril de 2022

“Morreu como viveu”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Domingo de Ramos.

 


"Chegados que foram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, como também os ladrões, um à direita e outro à esquerda. E Jesus dizia: <Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem>." (Lc 23, 33-34)

Domingo de Ramos

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lc 22, 14—23,56 (Paixão de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


Por José Antonio Pagola

08 Abril 2021

MORREU COMO VIVEU

Como Jesus viveu suas últimas horas? Qual foi sua atitude no momento da execução? Os evangelhos não param para analisar seus sentimentos. Eles simplesmente se lembram de que Jesus morreu como viveu. Lucas, por exemplo, quis destacar até o fim a bondade de Jesus, sua proximidade com quem sofre e sua capacidade de perdoar. Segundo o relato deles, Jesus morreu amando.

No meio da multidão que assiste a passagem dos condenados a caminho da cruz, algumas mulheres se aproximam de Jesus chorando. Eles não podem vê-lo sofrer assim. Jesus “volta-se para eles” e olha para eles com a mesma ternura com que sempre os olhou: “Não chorem por mim, chorem por vocês e por seus filhos”. É assim que Jesus caminha para a cruz: pensando mais naquelas pobres mães do que no seu próprio sofrimento.

Faltam poucas horas. Da cruz só se ouvem os insultos de alguns e os gritos de dor dos executados. De repente, um deles dirige-se a Jesus: «Lembra-te de mim». Sua resposta é imediata: "Eu lhe asseguro: hoje você estará comigo no paraíso". Ele sempre fez a mesma coisa: remover medos, incutir confiança em Deus, espalhar esperança. Continua a fazê-lo até ao fim.

O momento da crucificação é inesquecível. Enquanto os soldados o pregam no madeiro, Jesus diz: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem». Assim é Jesus. É assim que ele sempre viveu: oferecendo aos pecadores o perdão do Pai, sem que eles o mereçam. Segundo Lucas, Jesus morre pedindo ao Pai que continue abençoando aqueles que o crucificam, que continue oferecendo seu amor, seu perdão e sua paz a todos, mesmo àqueles que o estão matando.

Não é de estranhar que Paulo de Tarso convide os cristãos de Corinto a descobrir o mistério que está contido no Crucificado: «Em Cristo Deus reconciliou consigo o mundo, não tendo em conta as transgressões dos homens». É assim que Deus está na cruz: não nos acusando de nossos pecados, mas nos oferecendo seu perdão.

Domingo de Ramos - C

(Lucas 22,14—23,56)

10 Abril 2022

José Antonio Pagola

buenasnoticias@ppc-editorial.com 

Fonte: Facebook