Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 2 de abril de 2022

“Não lançar pedras”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

“Visto que continuavam a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: <Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela>. Inclinou-se novamente e continuou escrevendo no chão.

Os que o ouviram foram saindo, um de cada vez, começando pelos mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher em pé diante dele.

Então Jesus pôs-se em pé e perguntou-lhe: <Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou? >   <Ninguém, Senhor>, disse ela.

Declarou Jesus: <Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado>. "  (Jo 8, 7-11)

Abaixo, uma excelente reflexão, muito atual, que tem como pano de fundo o texto bíblico Jo 8, 1-11 (Jesus e a mulher pecadora). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado no site do Instituto Humanitas Unisinos (IHU).

Vale a pena ler!

WCejnóg

IHU – ADITAL

01 Abril 2021

A leitura que a Igreja propõe para este domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 8, 1-11, que corresponde ao 4° Domingo da Quaresma, ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Não lançar pedras

Em todas as sociedades há modelos de conduta que, explícita ou implicitamente, moldam o comportamento das pessoas. São modelos que determinam em grande parte a nossa forma de pensar, atuar e viver.

Pensemos na ordem jurídica da nossa sociedade. A convivência social está regulada por uma estrutura legal que depende de uma determinada concepção do ser humano. Por isso, ainda que a lei seja justa, a sua aplicação pode ser injusta se não se considerar a cada homem e mulher na sua situação pessoal única e irrepetível.

Mesmo na nossa sociedade pluralista é necessário chegar a um consenso que torne possível a convivência. Por isso configurou-se um ideal jurídico de cidadão, portador de direitos e sujeito a obrigações. E é este ideal jurídico que se vai impondo com a força de lei na sociedade.

Mas esta ordem jurídica, sem dúvida necessária para a convivência social, não pode chegar a compreender de forma adequada a vida concreta de cada pessoa em toda a sua complexidade, a sua fragilidade e o seu mistério.

A lei tratará de medir com justiça cada pessoa, mas dificilmente pode tratá-la em cada situação como um ser concreto que vive e padece a sua própria existência de uma forma única e original.

Que cômodo é julgar as pessoas a partir de critérios seguros. Que fácil e que injusto apelar ao peso da lei para condenar tantas pessoas marginalizadas, incapacitadas para viver integradas na nossa sociedade, de acordo com a «lei do cidadão ideal»: filhos sem verdadeiro lar, jovens delinquentes, vagabundos analfabetos, toxicodependentes sem remédio, ladrões sem possibilidade de trabalho, prostitutas sem amor algum, maridos fracassados no seu amor conjugal...

Frente a tantas condenações fáceis, Jesus convida-nos a não condenar friamente os outros desde a pura objetividade de uma lei, mas sim a compreendê-los a partir da nossa própria conduta pessoal. Antes de atirar pedras contra alguém, temos de saber julgar o nosso próprio pecado. Talvez descubramos então que o que muitas pessoas precisam não é a condenação da lei, mas sim que alguém as ajude e lhes ofereça uma possibilidade de reabilitação. O que a mulher adúltera necessitava não eram pedras, mas uma mão amiga que a ajudasse a levantar. Jesus entendeu-o.

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho

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