Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 26 de março de 2022

“A tragédia de um pai bom”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Vale a pena ler!


Então o pai lhe disse: <Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado>”.   (Lucas 15,31-32)

 

Abaixo, uma boa reflexão, muito interessante, que tem como pano de fundo o texto bíblico Lucas 15,1-3.11-3 (Parábola do Pai Misericordioso). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Não deixe de ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

25 Março 2021

A TRAGÉDIA DE UM PAI BOM

Exegetas contemporâneos abriram uma nova via de leitura da parábola tradicionalmente chamada de «filho pródigo», para descobrir nela a tragédia de um pai que, apesar do seu amor «incrível» pelos seus filhos, não consegue construir uma família unida. Essa seria, segundo Jesus, a tragédia de Deus.

A atuação do filho mais novo é "imperdoável". Ele deixa seu pai como morto e pede a parte de sua herança. Dessa forma, quebra a solidariedade do lar, estraga a honra da família e põe em perigo o seu futuro forçando a partilha das terras. Os ouvintes devem ter ficado escandalizados ao ver que o pai, respeitando a falha do seu filho, colocava em risco a sua própria honra e autoridade. Que tipo de pai é esse?

Quando o jovem, destruído pela fome e humilhação, volta para casa, o pai volta a surpreender a todos. «Comovido» corre ao seu encontro e beija-o efusivamente diante de todos. Esquece a sua própria dignidade, oferece-lhe perdão antes que se declare culpado, restabelece-o em sua honra de filho, protege-o da rejeição dos vizinhos e organiza uma festa para todos. Finalmente poderão viver em família de forma digna e feliz.

Infelizmente falta o filho mais velho, um homem de vida correta e ordenada, mas de coração duro e ressentido. Ao chegar em casa humilha publicamente seu pai, tenta destruir seu irmão e se exclui da festa. De qualquer forma, festejaria algo «com os seus amigos», não com o seu pai e o seu irmão.

O pai também sai ao seu encontro e revela-lhe o desejo mais profundo do seu coração de pai: ver seus filhos sentados à mesma mesa, compartilhando amigável um banquete festivo, acima de confrontos, ódios e condenações.

Povos confrontados pela guerra, terrorismos cegos, políticas insolidárias, religiões de coração endurecido, países afundados na fome... Nunca partilharemos a Terra de forma digna e feliz se não olharmos um para o outro com o amor compassivo de Deus. Este novo olhar é a coisa mais importante que podemos apresentar no mundo hoje os seguidores de Jesus.

4 Quaresma - C

Lucas 15,1-3.11-3

27 de março de 2022

Fonte: IHU – Comentário do Evangelho

Um comentário:

  1. Escelente texto. Na tradição judaica, muito apegada ao material, pedir a herança, estando vivo ainda o pai era um erro groceiro. No entanto o pai cede e depois perdoa.
    Acho que outra coisa dificil para o Pai deve ter sido ver ser filho partir para terras distantes. Que o diga eu que acabo de ver minha filha mais velha (tenho 3) sair para trabalhar em SPaulo.

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