Temas diversos. Observar, pensar, sentir, fazer crítica construtiva e refletir sobre tudo que o mundo e a própria vida nos traz - é o meu propósito. Um pequeno espaço para uma visão subjetiva, talvez impregnada de utopia, mas, certamente, repleta de perguntas, questionamentos, dúvidas e buscas, que norteiam a vida de muitas pessoas nos dias de hoje.

As perguntas sobre a existência e a vida humana, sobre a fé, a Bíblia, a religião, a Igreja (sobretudo a Igreja Católica) e sobre a sociedade em que vivemos – me ajudam a buscar uma compreensão melhor desses assuntos, com a qual eu me identifico. Nessa busca, encontrando as melhores interpretações, análises e colocações – faço questão para compartilhá-las com os visitantes desta página.

Dedico este Blog de modo especial a todos os adolescentes e jovens cuja vida está cheia de indagações.
"Navegar em mar aberto, vivendo em graça ou não, inteiramente no poder de Deus..." (Soren Kierkegaard)

sábado, 24 de fevereiro de 2024

“Ouvir Jesus”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

“Formou-se então uma nuvem que os encobriu com a sua sombra; e da nuvem veio uma voz: <Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o>.” (Mc 9,7)

 

Abaixo, uma excelente reflexão, que tem como base o texto bíblico Marcos 9,2-10 (Transfiguração de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola. O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

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Por José Antonio Pagola

24 Fevereiro 2024

Ouvir Jesus

Temos cada vez menos tempo para ouvir. Não sabemos aproximar-nos do coração do outro com calma e sem preconceitos. Não aceitamos a mensagem que todo ser humano pode nos comunicar. Presos em nossos próprios problemas, passamos pelas pessoas, mal parando para realmente ouvir alguém. Estamos esquecendo a arte de ouvir.

É por isso que não é tão estranho que os cristãos tenham esquecido em grande parte que ser crentes significa viver à escuta de Jesus. Contudo, só desta escuta nasce a verdadeira fé cristã.

Segundo o evangelista Marcos, quando no “monte da transfiguração” os discípulos se assustam com as sombras de uma nuvem, apenas ouvem estas palavras: “Este é o meu Filho amado: ouvi-o!”

A experiência de ouvir Jesus profundamente pode ser dolorosa, mas é emocionante. Não é o que imaginamos a partir dos nossos esquemas e tópicos. Seu mistério nos escapa. Quase sem nos darmos conta, arranca-nos das seguranças que nos são muito caras, para nos atrair para uma vida mais autêntica.

Finalmente conhecemos alguém que conta a verdade suprema. Alguém que sabe pelo que viver e pelo que morrer. Algo nos diz interiormente que ele está certo. Há verdade em sua vida e em sua mensagem.

Se perseverarmos na escuta paciente e sincera, a nossa vida começará a iluminar-se com uma nova luz. Começamos a ver tudo com mais clareza. Estamos descobrindo qual é a forma mais humana de enfrentar os problemas da vida e o mistério da morte. Percebemos os grandes erros que os humanos podem cometer e as grandes infidelidades dos cristãos.

Devemos ter maior cuidado nas nossas comunidades cristãs para ouvir Jesus fielmente. Ouvi-lo pode curar-nos de uma cegueira secular, pode libertar-nos de desânimos e covardias quase inevitáveis, pode infundir novo vigor na nossa fé.

2Quaresma-B

(Marcos 9,2-10)

25 de fevereiro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 17 de fevereiro de 2024

“Ouvir o chamado à conversão”. – Reflexão de José Antonio Pagola.

 

Dizia ele: <O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho!>.  (Mc 1,15)

Hoje temos à disposição uma excelente reflexão, baseada no texto bíblico Marcos 1,12-15 (O chamado à conversão). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg


 Por José Antonio Pagola

15 Fevereiro 2024

Ouvir o chamado à conversão

"Converta-se, pois o reino de Deus está próximo." O que estas palavras podem dizer a um homem ou mulher dos nossos dias? Ninguém se sente atraído por ouvir um chamado à conversão. Imediatamente pensamos em algo caro e desagradável: um rompimento que nos levaria a uma vida pouco atraente e desejável, cheia apenas de sacrifícios e renúncias. É realmente assim?

Para começar, o verbo grego traduzido como “converter” na verdade significa “pensar”, “rever o foco da nossa vida”, “reajustar a perspectiva”. As palavras de Jesus poderiam ser ouvidas assim: “Veja se não é preciso rever e reajustar algo na sua maneira de pensar e agir para que o projeto de Deus de uma vida mais humana se cumpra em você”.

Se for assim, a primeira coisa a rever é o que bloqueia a nossa vida. Converter-se é “libertar a vida”, eliminando medos, egoísmos, tensões e escravidões que nos impedem de crescer de forma saudável e harmoniosa. A conversão que não produz paz e alegria não é autêntica. Não está nos aproximando do reino de Deus.

Temos então que verificar se estamos cuidando bem das raízes. De nada adiantam grandes decisões se não alimentarmos as fontes. Não nos é pedido uma fé sublime ou uma vida perfeita; só é pedido que vivamos confiando no amor que Deus tem por nós. Converter-se não é insistir em ser santos, mas aprender a viver acolhendo o reino de Deus e a sua justiça. Só então poderá começar uma verdadeira transformação em nós.

A vida nunca é plenitude ou sucesso total. Temos que aceitar o que está “inacabado”, o que nos humilha, o que não podemos corrigir. O importante é manter o desejo, não ceder ao desânimo. Converter-se não é viver sem pecado, mas aprender a viver com perdão, sem orgulho nem tristeza, sem alimentar a insatisfação com o que deveríamos ser e não somos. Assim diz o Senhor no livro de Isaías: “Pela conversão e pela calma sereis libertados” (30,15).

1 Quaresma – B

(Marcos 1,12-15)

18 de fevereiro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte: Facebook

sábado, 10 de fevereiro de 2024

“Contra a exclusão”. – Reflexão de José Antonio Pagola. Excelente!

“E aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: <Se queres, bem podes limpar-me>.

E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: ,<Quero, sê limpo>.” (Mc 1,40-41 )

Hoje podemos usufruir de uma bela reflexão, muito atual, que tem como base o texto bíblico Marcos 1:40-45 (A fé do leproso e a compaixão de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.

O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.

Vale a pena ler!

WCejnóg

Por José Antonio Pagola

08 Fevereiro 2024

CONTRA A EXCLUSÃO

Na sociedade judaica, o leproso não era apenas um doente. Ele era, acima de tudo, impuro. Um ser estigmatizado, sem lugar na sociedade, sem acolhimento em lugar nenhum, excluído da vida. O antigo livro do Levítico dizia-o em termos claros: «O leproso terá as roupas rasgadas e a cabeça desgrenhada... Gritará: Impuro, impuro. Enquanto durar a lepra ele ficará impuro. Ele viverá isolado e viverá fora da cidade” (13:45-46).

A atitude correta, sancionada pelas Escrituras, é clara: a sociedade deve excluir os leprosos da convivência. É o melhor para todos. Uma postura firme de exclusão e rejeição. Sempre haverá pessoas excedentes na sociedade.

Jesus rebela-se contra esta situação. Certa ocasião, um leproso se aproximou dele, certamente alertando a todos sobre sua impureza. Jesus está sozinho. Talvez os discípulos tenham fugido horrorizados. O leproso não pede “ser curado”, mas sim “ser limpo”. O que ele busca é um verso livre da impureza e da rejeição social. Jesus comove-se, estende a mão, “toca” no leproso e diz-lhe: “Quero, sê limpo!"

Jesus não aceita uma sociedade que exclua os leprosos e as pessoas impuras. Não admite a rejeição social dos indesejáveis. Jesus toca o leproso para libertá-lo de medos, preconceitos e tabus. Ele limpa para dizer a todos que Deus não exclui nem pune ninguém com marginalização. É a sociedade que, pensando apenas na sua segurança, levanta barreiras e exclui do seu seio os indignos.

Há alguns anos todos pudemos ouvir a promessa que o chefe de um Estado fez aos cidadãos: “Vamos varrer as ruas dos pequenos criminosos”. Aparentemente, dentro de uma sociedade limpa, formada por pessoas de bem, existe “lixo” que precisa ser retirado para não nos contaminar. Lixo, aliás, não reciclável, já que o atual presídio não tem como objetivo reabilitar ninguém, mas sim punir os “maus” e defender os “bons”.

Como é fácil pensar na “segurança do cidadão” e esquecer o sofrimento dos pequenos criminosos, dos toxicodependentes, das prostitutas, dos vagabundos e dos desenraizados. Muitos deles não conheceram o calor de um lar ou a segurança de um emprego. Presos para sempre, eles não sabem nem conseguem sair do seu triste destino. E nós, cidadãos exemplares, só podemos pensar em varrê-los das nossas ruas. Aparentemente, tudo é muito correto e muito “cristão”. E também muito contrário a Deus.

6 Tempo Comum – B

(Marcos 1:40-45)

11 de fevereiro

José Antonio Pagola

goodnews@ppc-editorial.com

Fonte:Facebook