“E aproximou-se dele um leproso que, rogando-lhe, e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: <Se queres, bem podes limpar-me>.
E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: ,<Quero, sê limpo>.” (Mc 1,40-41 )
Hoje podemos usufruir de uma bela reflexão, muito atual, que tem como base o texto bíblico Marcos 1:40-45 (A fé do leproso e a compaixão de Jesus). É de autoria do padre e teólogo espanhol José Antonio Pagola.
O texto foi publicado pelo autor na sua página no Facebook.
Vale a pena ler!
WCejnóg
Por José Antonio Pagola
08 Fevereiro 2024
CONTRA A EXCLUSÃO
Na sociedade judaica, o leproso não era apenas um doente. Ele era, acima de tudo, impuro. Um ser estigmatizado, sem lugar na sociedade, sem acolhimento em lugar nenhum, excluído da vida. O antigo livro do Levítico dizia-o em termos claros: «O leproso terá as roupas rasgadas e a cabeça desgrenhada... Gritará: Impuro, impuro. Enquanto durar a lepra ele ficará impuro. Ele viverá isolado e viverá fora da cidade” (13:45-46).
A atitude correta, sancionada pelas Escrituras, é clara: a sociedade deve excluir os leprosos da convivência. É o melhor para todos. Uma postura firme de exclusão e rejeição. Sempre haverá pessoas excedentes na sociedade.
Jesus rebela-se contra esta situação. Certa ocasião, um leproso se aproximou dele, certamente alertando a todos sobre sua impureza. Jesus está sozinho. Talvez os discípulos tenham fugido horrorizados. O leproso não pede “ser curado”, mas sim “ser limpo”. O que ele busca é um verso livre da impureza e da rejeição social. Jesus comove-se, estende a mão, “toca” no leproso e diz-lhe: “Quero, sê limpo!"
Jesus não aceita uma sociedade que exclua os leprosos e as pessoas impuras. Não admite a rejeição social dos indesejáveis. Jesus toca o leproso para libertá-lo de medos, preconceitos e tabus. Ele limpa para dizer a todos que Deus não exclui nem pune ninguém com marginalização. É a sociedade que, pensando apenas na sua segurança, levanta barreiras e exclui do seu seio os indignos.
Há alguns anos todos pudemos ouvir a promessa que o chefe de um Estado fez aos cidadãos: “Vamos varrer as ruas dos pequenos criminosos”. Aparentemente, dentro de uma sociedade limpa, formada por pessoas de bem, existe “lixo” que precisa ser retirado para não nos contaminar. Lixo, aliás, não reciclável, já que o atual presídio não tem como objetivo reabilitar ninguém, mas sim punir os “maus” e defender os “bons”.
Como é fácil pensar na “segurança do cidadão” e esquecer o sofrimento dos pequenos criminosos, dos toxicodependentes, das prostitutas, dos vagabundos e dos desenraizados. Muitos deles não conheceram o calor de um lar ou a segurança de um emprego. Presos para sempre, eles não sabem nem conseguem sair do seu triste destino. E nós, cidadãos exemplares, só podemos pensar em varrê-los das nossas ruas. Aparentemente, tudo é muito correto e muito “cristão”. E também muito contrário a Deus.
6 Tempo Comum – B
(Marcos 1:40-45)
11 de fevereiro
José Antonio Pagola
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Fonte:Facebook
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